Joaquim se foi, minha alma branca, negra está de luto
1 de Junho de 2014, 6:53 - sem comentários aindaUm dito popular sempre me ocorre: O lobo na pele de cordeiro.
Lula queria um ministro negro, escolheu Barbosa objetivando que o mesmo inaugurasse uma nova fase no conservador STF. Mais do que isso, mudar a alma da patética justiça brasileira.
A maioria dos brasileiros também acreditaram que Barbosa representaria a alma lavada do povo. Ledo engano.
Barbosa no processo AP470 vendeu sua alma negra ao diabo, leia-se PIG dirigido politicamente pela Globo/Veja/Folha/IstoÉ/Estadao/DEM/PSDB/PPS/PSOL/PSTU/Black Bloc
Agora, Barbosa pede pra sair e todos os jornaloes do PIG afirmam categoricamente: missão cumprida.
Triste do povo que é também enganado por pessoas tipo Joaquim Barbosa, o povo tem alma branca, negra, mas Barbosa não significa mais essa simbologia, pois traição com o povo não tem volta na história da humanidade, não que não queríamos que o ministro negro não julgasse os culpados, mas por quê ele julgou o processo AP470 em conluio com a pauta midiatica.
Finalmente, Joaquim Barbosa não contrubuiu em nada para avanços na justiça brasileira, ao contrário, foi pior do que todos que já estão encastelados no conservadorismo dos tribunais, etc...
Minha porção de alma branca, negra está de luto por tamanha decepção com Joaquim Barbosa. Mas sou teimoso, sigo a vida cantando o refrão de Raulzito Seixas:
Veja!
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus
Tenha fé na vida
Tente outra vez!
Dia 24 é o lançamento do Livro Negro da Ditadura Militar
21 de Maio de 2014, 11:45 - sem comentários aindaDa Fundação Maurício Grabois: no dia 24 de maio às 14h – num dos tradicionais Sábados Resistentes – haverá debate e lançamento da segunda edição em fac-símile do “Livro Negro da Ditadura Militar”, cuja primeira edição foi publicada e distribuída clandestinamente no auge da ditadura militar pelo grupo revolucionário Ação Popular (AP). O evento ocorrerá no Memorial da Resistência do Estado de São Paulo (Largo General Osório, 66, na Luz). Saiba mais aqui.
Cartografia da esquerda no Brasil
4 de Maio de 2014, 13:12 - sem comentários aindaArtigo interessante sobre a esquerda no Brasil, partidos e suas tendências.
Escrito pelo petista Leandro Eliel
http://espacoacademico.wordpress.com/2014/05/03/cartografia-da-esquerda-no-brasil/
Cartografia da esquerda no Brasil
LEANDRO ELIEL*
Este texto tem uma pretensão modesta: apresentar de maneira sintética o conjunto das organizações de esquerda atuantes, hoje, no Brasil. Certamente haverá erros de informação e resumos polêmicos, motivo pelo qual pedimos a ajuda dos leitores para que possamos corrigir os erros e registrar as divergências na próxima edição desta revista.
Partido dos Trabalhadores
O Partido dos Trabalhadores (www.pt.org.br) foi fundado em 1980. Quatro grandes setores confluíram na sua criação:
a) sindicalistas do chamado “novo sindicalismo”, especialmente os metalúrgicos, bancários e petroleiros;
b) militantes de organizações de esquerda atuantes na oposição contra a ditadura (alguns entraram em caráter individual no PT, outros entraram por decisão de suas respectivas organizações);
c) lideranças populares formadas pelas pastorais e comunidades da Igreja Católica, especialmente do setor progressista;
d) parlamentares e lideranças atuantes no Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB (durante muitos anos, o único partido de oposição legalizado no país).
Desde a sua fundação, o PT abrigou diferentes correntes de opinião, geralmente denominadas de tendências. A primeira tentativa de disciplinar a existência de tendências no interior do Partido ocorreu no 5º Encontro Nacional do PT, em 1987. A segunda tentativa ocorreu no Primeiro Congresso do PT, em 1991.
Uma compreensão do papel jogado pelas tendências no interior do PT deve levar em conta pelo menos duas variáveis: as posições políticas defendidas por estes grupos e a atitude geral que adotavam frente ao Partido.
De 1983 a 1993, por exemplo, existia uma tendência hegemônica e majoritária em âmbito nacional: a Articulação, cujas posições se refletiam nas resoluções partidárias.
Competindo com a Articulação, havia algumas lideranças e agrupamentos informais com posições mais moderadas (exemplo disso são os parlamentares que defenderam votar em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral). E havia, também, lideranças e agrupamentos com posições mais radicalizadas.
A maioria destes agrupamentos tivera origem anterior ou exterior ao PT. É o caso da Democracia Socialista (Organização Revolucionária Marxista/Democracia Socialista), do Partido Revolucionário Comunista (PRC), do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, da Organização Socialista Internacionalista (O Trabalho), da Ala Vermelha, da Convergência Socialista, entre outros.
Entre 1991 e 1995, em decorrência dos acontecimentos e debates descritos, ocorrem profundas alterações na vida interna do PT. Em primeiro lugar, todas as tendências passam a se considerar como “tendências internas” de um “partido estratégico”. Em segundo lugar, a Convergência Socialista e outros grupos saem do PT, criando o PSTU. Em terceiro lugar, a tendência majoritária passa por um processo de cisão, dando origem à Articulação Unidade na Luta e à Articulação de Esquerda. Em quarto lugar, lideranças e tendências situadas à esquerda e à direita da Articulação, invertem seus papéis (é o caso de Plínio de Arruda Sampaio, líder moderado nos anos 1980 e líder radical nos anos 1990; é o caso, também, de José Genoíno, que faz o percurso inverso).
De 1995 até o final de 2003, o quadro interno se estabiliza da seguinte forma. Um grupo majoritário denominado, talvez para que não restasse dúvida, de “Campo majoritário”, composto basicamente pela Articulação Unidade na Luta e pela Democracia Radical (esta por sua vez, oriunda da aliança do ex-PRC com outros setores). Uma esquerda, com quatro expressões mais conhecidas, a saber: a Democracia Socialista, a Articulação de Esquerda, a Força Socialista e O Trabalho. E um centro, cuja expressão principal viria a formar o chamado “Movimento PT”, agrupamento de lideranças parlamentares e grupos regionais.
No final de 2003, a expulsão de Heloísa Helena e de três deputados federais é o marco inicial de um novo processo de alteração no quadro interno. Em primeiro lugar, o Movimento de Esquerda Socialista e a Corrente Socialista dos Trabalhadores (duas tendências oriundas da antiga Convergência Socialista), acompanhadas de um número significativo de lideranças de esquerda independentes, saem do PT ainda em dezembro de 2003 e criam o PSOL. Outro grupo expressivo de petistas filia-se ao PSOL entre os meses de setembro e outubro de 2005. É o caso da Ação Popular Socialista (tendência resultante da fusão da antiga Força Socialista com outros grupos), de Plínio de Arruda Sampaio, de vários deputados federais e de certo número de militantes oriundos de várias tendências da esquerda petista ou independentes. Em segundo lugar, lideranças até então vinculadas ao “Campo majoritário” ou independentes de expressão desligam-se do PT, indo para outros partidos ou ficando sem filiação partidária (é o caso, por exemplo, de Hélio Bicudo, Cristovam Buarque e de Chico Whitaker). Em terceiro lugar, a crise de 2005 e o processo de eleição das novas direções partidárias altera a força do antigo “Campo majoritário”, que deixa de ter a maioria absoluta no Diretório Nacional do PT.
De 2005 em diante a esquerda partidária passa por um processo de divisão e redução de sua influência, que se expressa nos resultados das eleições internas. Em 2007 a correlação de forças se mantém quase inalterada, com a diferença de que dois representantes moderados disputam o segundo turno, Ricardo Berzoini (CNB) contra Jilmar Tatto (PTLM), com a vitória de Berzoini. Em 2009, a CNB compõe uma chapa com o PTLM e NR elegendo a maioria absoluta dos membros no Diretório Nacional e, no primeiro turno, conquistam também a presidência do PT com José Eduardo Dutra, que logo depois, por problemas de saúde, se afasta da presidência. O Diretório Nacional elege Rui Falcão para ocupar a presidência. Em 2013, num processo eleitoral bastante criticado, setores partidários que estavam no centro ou na esquerda petista aderem a candidatura do grupo majoritário para a presidência do PT.
As principais tendências do PT
Construindo um novo Brasil(www.contruindoumnovobrasil.com.br), também conhecida pela sigla CNB: oriunda da Articulação dos 113, passando pela Articulação Unidade na Luta e pelo Campo Majoritário. Reivindica o programa democrático e popular, concentrando esforço cada vez maior na luta institucional como caminho para as mudanças. No PED 2013 apoiou Rui Falcão, da tendência Novo Rumo, à presidência nacional do PT.
Novo Rumo (NR), originalmente uma cisão paulista da Articulação de Esquerda. Possui uma orientação política similar à da CNB, privilegiando uma estratégia institucional.
Partido de Luta e de Massas (PTLM, www.ptlmnacional.org.br): originário da Articulação Unidade da Luta. Também possui uma trajetória política similar à da CNB, privilegiando uma estratégia institucional. No PED 2013 apoiou Falcão à presidência nacional do PT.
Movimento PT (MPT, www.movimentopt.com.br): reúne oriundos de diferentes setores do Partido. Busca situar-se no centro, fazendo críticas ao campo majoritário e a esquerda petista. No PED 2013 apoiou Rui Falcão à presidência nacional do PT.
Esquerda Popular e Socialista (EPS, www.esquerdapopularsocialista.com.br): grupo originário da fusão entre a Tendência Marxista e um grupo que em 2011 saiu da AE. Define-se como marxista, defende a articulação das lutas sociais e institucionais na construção de uma sociedade socialista. No PED 2013 apoiou Rui Falcão à presidência nacional do PT e participou da chapa do Movimento PT.
Brasil Socialista (BS): tendência oriunda do antigo PCBR, compondo durante quase toda a história do PT o campo de esquerda. Foi a principal corrente a impulsionar a fundação do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). No PED 2013 apoiou Rui Falcão à presidência nacional do PT.
Mensagem ao Partido (www.mensagemaopartido.com.br): campo integrado por diversas personalidades, grupos regionais e por uma tendência nacional, a Democracia Socialista (DS). Entre 2003 e 2005, ao mesmo tempo que uma parte de seus integrantes funda o PSOL, o grupo majoritário na DS rompe seus vínculos com o Secretariado Unificado da Quarta Internacional e reorienta-se internamente no PT, passando a defender uma estratégia conhecida como “revolução democrática”. A Mensagem ao Partido lançou candidatura própria no PED 2007, 2009 e 2013. Antes disso, a DS já havia lançado candidatura própria no PED 2001 e 2005.
Militância Socialista (MS, www.militanciasocialista.org): fusão de diversas tendências regionais. Defende a articulação da luta social com a luta institucional, na defesa de reformas estruturais mais amplas. Compõe a esquerda petista. No PED 2009 apoiou a candidatura da Articulação de Esquerda. No PED 2013 lançou candidatura própria.
Articulação de Esquerda (AE, www.pagina13.org.br): cisão da Articulação dos 113, surgida em 1993 com o lançamento do manifesto “Hora da Verdade”. A AE defende uma estratégia e um programa democrático-popular e socialista. Lançou chapa e candidatura própria em todos os PED, desde 2001 até 2013. Edita o jornal Página 13.
O Trabalho (OT, www.otrabalho.org.br): oriunda da Organização Socialista Internacionalista, a tendência trotskista O Trabalho passou por uma importante cisão nos anos 1980, quando parte importante de sua militância adere a Articulação dos 113. Outra cisão ocorreu por volta de 2007, dando origem a um agrupamento denominado Esquerda Marxista. Reivindica a Quarta Internacional. Edita o jornal O Trabalho. Lançou chapa e candidatura própria em todos os PED, desde 2001.
Esquerda Marxista (EM, www.marxismo.org.br): cisão de O Trabalho. Filiada à Corrente Marxista Internacional, luta pela reconstrução da Quarta Internacional. Sua estratégia política é orientada pelo Programa de Transição de Trotski. Edita o jornal Esquerda Marxista. Desde que surgiu, participou com chapa e candidatura própria no PED nacional.
Partido Democrático Trabalhista (PDT)
O PDT, criado em 1979, é fruto da reorganização do trabalhismo histórico que atuava no PTB até extinção dos partidos políticos pela ditadura militar. Impedido pelos militares de controlar a legenda do PTB, Leonel Brizola, junto com outras lideranças, funda o PDT. Defende que a propriedade privada deve ser preservada e submetida ao bem estar social e a um Estado normativo. Em 1989, nas eleições presidenciais, Leonel Brizola quase foi para o segundo turno, momento em que apoiou a candidatura de Lula contra a de Collor. Em 1994, candidata-se novamente e obtém uma votação muito baixa. Em 1998, é candidato a vice-presidente na chapa de Lula, quando são derrotados por Fernando Henrique Cardoso. Nas eleições de 2002, o PDT apoia a candidatura de Ciro Gomes (PPS). Em 2006, lança Cristovam Buarque. Em 2010 apoia a candidatura de Dilma Rousseff (PT). O PDT edita o jornal O Trabalhador.
Partido Socialista Brasileiro (PSB)
O PSB, fundado em 1947 pela Esquerda Democrática, reorganiza-se em 1985, mantendo o mesmo programa e estatuto de origem. Defende um programa socialista gradual e legal, que preserve a propriedade privada. Nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998, o PSB apoiou a candidatura de Lula. Em 2002, lançou candidatura própria, a de Antony Garotinho, apoiando Lula no segundo turno. No primeiro turno de 2006 não apoiou formalmente nenhuma candidatura, apoiando Lula no segundo turno. Em 2010 apoiou a candidaturas Dilma Rousseff. Em 2013, sem conseguir organizar a própria legenda, Marina Silva filia-se ao PSB e soma esforços com os socialistas para viabilizar a oposição ao Governo Dilma.
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL, www.psol50.org.br)
Em 2003, o PT expulsa a deputada federal Luciana Genro e os deputados federais Babá e João Fontes, assim como a senadora Heloisa Helena. O motivo imediato da expulsão foi a reforma da previdência. Afirmando que o PT havia abandonado seu projeto estratégico socialista, esses parlamentares e setores da esquerda petista (como o Movimento de Esquerda Socialista e a Corrente Socialista dos Trabalhadores) iniciam a construção de um novo partido, regularizado em 2005, com o nome de PSOL. Naquele mesmo ano ganham o reforço de outros setores petistas, entre eles a tendência APS e lideranças como Plínio de Arruda Sampaio, Chico Alencar e Marcelo Freixo, entre outras.
Em 2006, o PSOL lança a candidatura de Heloisa Helena para a Presidência da República, numa coligação que contava com o PSTU e o PCB. Tendo como vice César Benjamin, até então um dos teóricos da chamada Consulta Popular, Heloisa Helena obtém 6,85% dos votos, ficando em terceiro lugar na corrida presidencial. Nas eleições de 2010, Heloisa Helena não aceita a candidatura a Presidência, preferindo a candidatura ao Senado pelo estado de Alagoas. Apesar da eleição dada como certa, não obteve sucesso, ficando em terceiro lugar. Em seguida, a ex-senadora renuncia a seu mandato na presidência do PSOL. Nesse ano, Plínio de Arruda Sampaio é o candidato do PSOL à presidência da República, sem conseguir fazer aliança com PSTU e PCB, que lançam suas próprias candidaturas presidenciais. Plínio recebe apenas 0,87% dos votos, ficando em quarto lugar. Em 2014, depois de um Congresso partidário marcado por denuncias de fraudes e pela rejeição de prévias internas, o senador Randolfe Rodrigues é escolhido como candidato do PSOL à Presidência da República. Em seguida, a Insurgência, tendência da esquerda psolista, lança a candidatura de Renato Roseno e reivindicou a realização de uma Conferência Eleitoral. Edita o jornal Página 50.
Atualmente, dois campos disputam o controle do partido: um setor moderado e majoritário (Unidade Socialista), capitaneado atualmente pela APS e por diversos grupos regionais; e um setor radicalizado (Bloco de Esquerda), composto por Insurgência, MES, APS-Corrente Comunista, CST, LSR, Plínio de Arruda Sampaio, Carlos Gianazzi, entre outras organizações e lideranças. Entre eles o Coletivo Rosa Zumbi, que lançou tese própria (PSOL Necessário) no último Congresso, originando-se de um racha da APS.
Recentemente, o MES, segunda maior corrente interna, indicou Luciana Genro candidata a vice na chapa à Presidência da República, consolidando uma nova maioria na agremiação.
A relativa hegemonia do campo moderado foi consolidada após a renúncia de Heloisa Helena, que foi presidente do partido entre 2004 e 2010, e que teve sua filiação ao PSOL questionada pela colaboração com a construção da Rede Sustentabilidade de Marina Silva. Afrânio Bopré (APS), naquele momento, assumiu a presidência do PSOL, ficando até 2011, quando Ivan Valente (APS) foi eleito para o cargo num mandato de dois anos. Em 2013, o setor moderado, a Unidade Socialista, obteve 52% dos votos dos/as delegados/as, indicando Luiz Araújo (APS) como presidente do PSOL, enquanto o Bloco de Esquerda conquistou 45% e o PSOL Necessário 3% dos votos. Na atual executiva nacional o setor moderado possui dez representantes, enquanto o Bloco de Esquerda possui nove, configurando um acirrado processo de disputa interna.
As principais tendências do PSOL
Ação Popular Socialista / Corrente Comunista (APS-CC,http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_Popular_Socialista): oriunda do Movimento Comunista Revolucionário e da Força Socialista, antigas tendências internas do PT, a APS adere ao PSOL em 2005, tornando-se a principal corrente partidária, mesmo com o racha de 2012/2013. No último congresso elegeu o presidente do Partido, compondo o campo moderado.
Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL): organização anterior à fundação do PSOL, que inicialmente reunia organizações atuantes no campo (MLST de Luta, MT e MLS) e que atraiu militantes de setores urbanos, principalmente do serviço público, tornando-se uma tendência do PSOL. Em 2012, com críticas “ao processo de moderação”, importantes lideranças do RJ e ES rompem com a tendência. Após as denuncias de retenção de verbas de assessores contra uma parlamentar do PSOL-RJ, o MTL dissolveu-se, tendo parte de seus integrantes aderido a Rede Sustentabilidade.
Movimento de Unidade Socialista-MUS / Fortalecer o PSOL (www.fortaleceropsol.com.br): oriunda da antiga Convergência Socialista, da CST e do MES, entre outros militantes que atuavam no PT. Também conhecidos como Fortalecer o PSOL, título da tese apresentada no 3º Congresso. No último congresso, junto com a APS e o MTL, compôs o campo moderado.
Somos PSOL : tendência com pouca expressão e que no último congresso compôs o campo moderado. Defende uma visão “de que estamos vivendo um momento histórico de transição do capitalismo da Era Industrial, a Era da Informação, que estaria em pleno desenvolvimento, a internet e sua arquitetura interna — em sua versão de uso 2.0 –, seria uma nova geografia, digitalizada, que permitiria aos seres humanos uma experiência sensorial intersubjetiva única e revolucionária na história da humanidade”.
Insurgência (www.insurgência.org): surge em 2013, fruto da fusão entre o Coletivo Socialismo e Liberdade (CSOL), racha do PSTU; o ENLACE e o Coletivo Luta Vermelha, filiado ao Secretariado Unificado da Quarta Internacional. Publica a revista À Esquerda, critica o processo de moderação do PSOL, a institucionalização e as alianças promovidas nas últimas eleições.
Movimento Esquerda Socialista (MES, www.lucianagenro.com.br/mes/): oriunda da antiga Convergência Socialista, o MES entra no PSOL e torna-se a segunda maior tendência interna, atuando inicialmente próximo à Senadora Heloisa Helena e ao MTL. Defendia posições mais moderadas, inclusive a aliança com o PV, que ocorreu nas eleições de 2008, em Porto Alegre. Desde o II Congresso disputa com a APS o controle do partido. Compõe o Bloco de Esquerda. Luciana Genro, do MES, foi confirmada como candidata a vice-presidência de Randolfe Rodrigues.
Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST, www.cstpsol.org): oriunda da antiga Convergência Socialista, atuava no PT. É filiada à Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI). Possui o periódico mensal Combate Socialista. A CST, que compõe o Bloco de Esquerda, acusa a Unidade Socialista de igualar o PSOL aos partidos do sistema.
Coletivo Resistência Socialista (CRS, http://www.resistenciapsol.xpg.com.br/): compõe o Bloco de Esquerda, apresenta críticas a condução da maioria e, alegando fraude, não aceita os resultados do último Congresso e a candidatura de Randolfe Rodrigues à Presidência, exigindo um novo processo.
Ação Popular Socialista / Nova Era (APS/NE, http://psol50sp.org.br/files/2013/07/Tese-da-APS-Congresso-Estadual-Psol.pdf): entre 2012 e 2013 a corrente majoritária APS sofre uma cisão. Surgem daí três agrupamentos: a APS/CC, o coletivo Rosa Zumbi e a APS/Nova Era ou APS de Esquerda, que reuniu, majoritariamente, setores sindicais de juventude críticos às alianças realizadas pela APS em Macapá e Belém. No último congresso compôs o Bloco de Esquerda.
Coletivo Primeiro de Maio (http://primeirodemaio.org/): tendência oriunda do Coletivo Rosa do Povo, é crítica do setor majoritário e da ampliação de alianças promovidas pelo PSOL no último período. No último congresso compôs o Bloco de Esquerda.
Coletivo Rosa Zumbi (http://coletivorosazumbi.wordpress.com/): tendência oriunda do racha da APS, é crítica tanto do setor moderado, por sua excessiva institucionalização, quanto dos setores à esquerda, pelo seu sectarismo. Defende a validade e atualização do Programa Democrático e Popular. No último congresso lançaram chapa própria com apoio do Deputado Federal Chico Alencar.
Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR, http://www.lsr-cit.org/): fusão das tendências Socialismo Revolucionário (SR) e Coletivo Liberdade Socialista (CSL), filiada ao Comitê por uma Internacional do Trabalhadores (CIT), trotskista, publica o jornal Ofensiva Socialista. Crítica dos rumos adotados pela maioria, assinou junto com o Grupo de Ação Socialista (GAS) e o Reage Socialista uma tese no último congresso, compondo também o Bloco de Esquerda.
Trabalhadores na Luta Socialista (TLS, http://trabalhadoresnalutasocialista.blogspot.com.br/): agrupamento com maior expressão em São Paulo, crítico do setor majoritário e compôs o Bloco de Esquerda no último congresso.
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU,www.pstu.org.br)
O PSTU originou-se da Convergência Socialista, tendência petista expulsa em 1991. No interior do PT, não consideravam o partido como estratégico pra a revolução socialista. Entre 1991 e 1994, a partir da junção com outros setores, fundam o PSTU. Posteriormente, romperam com a CUT e construíram a CONLUTAS, que originou a Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas. Trotskista, está vinculado à Liga Internacional dos Trabalhados – Quarta Internacional (LIT-QI).
O PSTU não prioriza o processo eleitoral, alegando que é um jogo de cartas marcadas, sendo apenas um momento de propaganda do programa. As eleições de parlamentares do partido servem como “ponto de apoio para as lutas sociais”. Participou das eleições de 1994, apoiando criticamente Lula. Em 1998, 2002 e 2010 lançou candidatura própria, a do metalúrgico José Maria. Em 2006, em aliança com PSOL e PCB, apoiou a candidatura de Heloisa Helena (PSOL).
Defende uma estratégia socialista, revolucionária, liderada pelo operariado industrial, aliado aos setores explorados do campo e da cidade, sem alianças com outras classes ou setores de classes, que impulsionaria a revolução internacional. Defende a construção de um partido revolucionário, coeso e sem tendências. As divergências são expressas apenas durante os processos congressuais. Publica o jornal Opinião Socialista.
Partido Comunista Brasileira (PCB, www.pcb.org.br)
Fundado em 1922, o Partido Comunista do Brasil muda de nome em 1962, passando a chamar-se Partido Comunista Brasileiro. O grupo contrário a esta mudança de nome dá origem, também em 1962, ao PCdoB. Após o Golpe Militar, o PCB passa por diversas cisões, originando agrupamentos que optaram pela luta armada contra a ditadura. No início da década de 1980, Luis Carlos Prestes, até então a principal liderança comunista do Brasil, também rompe com o PCB. Lança Roberto Freire candidato à Presidência da República em 1989. Em 1992, um congresso partidário aprova a extinção do PCB e a criação do Partido Popular Socialista (PPS). A minoria do congresso não aceita a decisão e consegue recuperar na justiça o direito a utilizar a sigla PCB. Nas eleições presidenciais de 1994 a 2002, o Partido Comunista Brasileiro apoia o candidato do PT. Nas eleições de 2006, em coligação com o PSOL e PSTU, apoia a candidata presidencial Heloisa Helena (PSOL). Em 2010, lança candidatura própria, a de Ivan Pinheiro. Para 2014, a pré-candidatura de Mauro Iasi foi lançada.
O PCB atual faz uma autocrítica da visão etapista da revolução brasileira, defendendo que as transformações necessárias seriam de caráter socialista. Essa análise inclui a crítica do programa e da estratégia democrático-popular proposta pelo PT. O PCB defende a construção do Poder Popular, que não é apenas um fórum de organizações de esquerda, mas um processo de articulação tática e estratégica de construção de espaços contra hegemônicos na luta cotidiana que evolua para a construção da dualidade de poderes, construindo assim o embrião do Estado proletário.
O PCB não permite a existência de correntes internas, defendendo um partido formado por militantes e quadros. Sua principal publicação é o jornal Imprensa Popular.
Partido Comunista do Brasil (PCdoB, www.pcdob.org.br)
O PCdoB, organizado em 1962, reivindica a tradição histórica do Partido Comunista fundado em 1922. Durante a ditadura militar, o PCdoB organizou a guerrilha do Araguaia. Desde 1962 até os anos 1990, o PCdoB defende uma estratégia etapista. Possui forte presença na UNE e na Ubes, através da União da Juventude Socialista (UJS); uma importante presença no movimento sindical, através da CTB; e uma representação institucional em todos os níveis. O PCdoB não permite tendências internas. Mantém o site Vermelho e publica o jornal A Classe Operária. Desde 1989, apoiou todas as candidaturas presidenciais do PT, participando dos governos Lula e Dilma.
Oriundo do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, que não se legalizou como partido e atuava no interior do PMDB. Em 2008 o MR-8 decidiu sair do PMDB e criar um partido. O PPL orienta-se, segundo seu estatuto, pela teoria do socialismo científico, defendendo a constituição de uma ampla frente nacional, democrática e popular para completar a independência do Brasil.
Partido da Causa Operária (PCO, www.pco.org.br)
O PCO originou-se de uma cisão da OSI, organização trotskista existente anteriormente ao PT. Ingressa no PT como tendência interna, desde 1980. Conhecida como Causa Operária, denominação do seu jornal, publicado até hoje, durante o processo eleitoral de 1989 questiona as alianças do PT com o PSB, iniciando um processo de rompimento com o partido. A partir de 1991, o PCO inicia seu processo de legalização, obtendo o registro provisório em 1995. Em 1997, consegue o registro definitivo. Nas eleições de 1994, apoia criticamente a candidatura de Lula. Em 2002, 2006 (candidatura indeferida pelo TSE) e 2010 lançou candidato à Presidência, o jornalista Rui Costa Pimenta.
Defende uma estratégia socialista revolucionária, baseada na aliança operário-camponesa, liderada pela classe operária. Defende a construção de um partido revolucionário para cumprir esse papel, sem tendências internas.
Partido Comunista Revolucionário (PCR)
O PCR foi formado inicialmente por militantes que romperam com o PCdoB em 1966. Organizado principalmente no nordeste brasileiro, quase desaparece durante a ditadura, fundindo-se com o MR-8 em 1981. Em 1995, por conta das divergências com a linha nacionalista do MR-8, o núcleo original do PCR rompe com a organização e refunda o partido. O PCR edita o jornal A Verdade e defende a reconstrução de uma Internacional Comunista, participando da Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML).
Liga Bolchevique Internacionalista (LBI,http://www.lbiqi.org)
A LBI é uma cisão à esquerda da Causa Operária, motivada pela avalição de que esta organização adaptou-se à burocracia lulista. Defende a reconstrução trotskista da Quarta Internacional. É contrária a formação de Frentes de Esquerda, sendo que em 1998 defendeu o voto nulo nas eleições presidenciais. Defende a greve geral revolucionária para a derrubada imediata do Estado. Edita o jornal Luta Operária e a revista Marxismo Revolucionário.
Liga Estratégica Revolucionária (LER-QI, http://www.ler-qi.org/)
A LER-QI foi fundada em 1999, com duras críticas ao PSTU e ao morenismo, criticadas por serem “variantes deformadoras do trotskismo”. Defende o programa de transição de Trotski e um programa revolucionário de tomada do poder, desferindo duras criticas às possibilidades institucionais. Edita o jornal Palavra Operária.
Partido Operário Revolucionário (POR, http://www.pormassas.org/site/index.htm)
O POR, fundado em 1989, trotskista, é uma cisão à esquerda da Causa Operária, motivada pela avaliação de que esta teria abandonado a perspectiva da ditadura do proletariado. Em 1990 defende o voto nulo nas eleições. Define-se como um embrião do partido revolucionário. Edita o jornal Massas.
Movimento Negação da Negação (MNN,http://www.movimentonn.org/?cat=4)
O MNN, trotskista, foi criado em 2005 com críticas ao PT por sua conciliação de classes e com o capital internacional. Critica o PT e a esquerda petista por duas questões principais: a ilusão que nutre sobre as possibilidades de administração do Estado e ao rebaixamento da luta sindical. Defende um programa transitório para o socialismo expresso no Programa Único, na construção da dualidade de poderes como preparação da construção do socialismo.
Consulta Popular (http://www.consultapopular.org.br)
Fundada em 1997, em torno de um programa nacionalista de esquerda (o Projeto Popular para o Brasil). A Consulta Popular é crítica do que denomina de esquerda eleitoral.
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LEANDRO ELIEL é historiador, professor da Faculdade Fleming-Uniesp. Publicado originalmente na Revista Esquerda Petista, n. 1, março de 2014.
Sem medo da Papuda II
27 de Abril de 2014, 14:56 - sem comentários aindaAinda sem medo da Papuda ou... com cada vez mais raiva da Papuda.
Após lermos o excelente texto do Tarso Genro, atual governador do RS, ficamos inspirados e com a certeza de que nem tudo está perdido, apesar das aparências (http://www.viomundo.com.br/denuncias/tarso-genro-uma-explicacao-para-a-ofensiva-midiatica-da-turma-da-petrobrax.html).
A esquerda no país vem sofrendo ataques diários de uma classe que não admite perder o status de “dominante”. São massacres diários pela mídia, que já confessou ser a única oposição ao governo petista no Brasil, em consonância com uma estratégia de escala mundial, comandada por países como o EUA, Alemanha e Inglaterra e França. Estratégia esta que visa acabar com qualquer possibilidade de distribuição de renda ou soberanias nacionais. Tarso explica bem este ponto em seu texto. O nosso, quer discutir o comportamento das esquerdas no Brasil, que mais parecem cordeiros esperando pela hora do abate.
Calamo-nos durante quase todo processo da AP 470 (mentirão) e continuamos calados em relação às tentativas de destruição da Petrobras e de algumas personalidades não neoliberais, da esquerda. O STF e a mídia estão fazendo o que querem e, salvo por algumas vozes dissonantes, assistimos intimidados as maiores baixarias e faltas de qualquer ética ou dignidade por parte deles.
É verdade que parte da culpa é nossa. A partir do momento em que o oportunismo toma conta da política, quando a governabilidade passa ser mais importante que as transformações tantas vezes exaltadas nos discursos, não se pode esperar tanto assim dos que estão à frente, encastelados em seus cargos. Podemos citar aqui Eduardo Galeano: “Hoje as torturas são chamadas de “procedimento legal”, a traição se chama “realismo”, o oportunismo se chama “pragmatismo”, o imperialismo se chama “globalização” e as vítimas do imperialismo se chamam “países em via de desenvolvimento”. O dicionário também foi assassinado pela organização criminosa do mundo. As palavras já não dizem o que dizem ou não sabemos o que dizem”.
Abrimos mão das campanhas calcadas na militância para priorizar o marketing, o parecer bom moço. A consequência não poderia ser outra para além de Lampedusa, “mudar para deixar tudo como está”.
Sabemos não ser a regra, mas se não “radicalizarmos” na discussão, como tentar entender o silencio da esquerda, seu bom comportamento frente às manipulações e mentiras tanto colocadas pela imprensa em apoio aos neoliberais e ao capital estrangeiro.
Estramos deixando companheiros serem rifados sem que ninguém saia em suas defesas, mesmo sabendo serem falsas e de interesse de uma classe que só pensa em aumentar seus lucros. Porque nos calamos?
O STF tira Hitler da tumba (apesar de não sabermos onde foi enterrado) para condenar José Dirceu sem provas, como admitiram não tê-las durante o julgamento. Já o Collor é absolvido devido as provas serem insuficientes. O julgamento da AP 470 não foi desmembrado, o julgamento do PSDB foi. São vários os exemplos que poderiam ser citados aqui. E a esquerda brasileira, o que fez para combater isso?
Esquecem eles que uma coisa não se pode negar, a direita é organizada e corporativa. Já nós esperamos o que? Herdarmos os cargos dos que forem sendo abatidos paulatinamente pela direita? Nunca permitirão.
Ainda não perceberam – o que é difícil de acreditar – que o processo em andamento é como as peças do dominó alinhadas, depois da queda de uma, inicia-se a queda da seguinte. Se omitir agora por que é de outro partido ou é seu desafeto que está sendo agredido, irá levar todos para o mesmo exílio, e quem perde é a população como um todo. Quando Freixo foi atacado pela Globo, Lindberg e o PT saíram em sua defesa, atentos ao que acontecia e acontece. Este talvez seja o único exemplo de solidariedade pela classe e pelos ideais de transformação.
Zé Dirceu, Genuíno, Cunha e outros foram linchados sem que ninguém se levantasse com horror, por conta do pano de fundo. Fomos tímidos e quase complacentes com a mídia e a direita. Quando muito, partimos para o embate do quem mais “rouba”. Nivelamos por baixo, mesmo sabendo que, nosso Caixa 2 na AP 470, confessado, foi com dinheiro privado conseguido através de empréstimos, que foi cobrado posteriormente pela Justiça mineira – apesar de Barbosa dizer serem fictícios. O do PSDB, que envolve FHC, Azeredo e mesmo o Gilmar Mendes, foi com dinheiro público, das empresas mineiras, da Saúde e outros órgãos públicos. Mesmo sabendo disso, ficamos caladinhos ou timidamente se manifestando. Há bravas e honrosas exceções, mas infelizmente poucas se comparadas com o tamanho da movimentação da direita reacionária.
Este quadro não mudando, perderá o Brasil, perderá a população mais necessitada e ganharão aqueles que sempre defenderam as torturas, os assassinatos e a concentração de renda. Se este quadro não mudar, o país será levado paulatinamente a um estado de caos, com a direita indo para a rua defender a violência e a derrubada “democrática” do governo, como já aconteceu em outros países. Como bem colocou Tarso: “A desmoralização de um ativo público da dimensão da Petrobras, os ataques ao seu “aparelhismo” político, a crítica aos gastos públicos excessivos (programas sociais, na verdade), os ataques às políticas do BNDES – de forma combinada com um permanente processo de identificação da corrupção com o Estado e com os Partidos em geral — fecham um quadro completo do cerco ao país: liquidem com a Petrobras e teremos o Estado brasileiro pela metade; acabem com os gastos sociais e teremos uma crise social mais profunda do que a das jornadas de junho; restrinjam o BNDES e o crescimento – que já é pífio — se reduzirá ainda mais; desmoralizem os partidos e a política e a técnica neoliberal substituirá o contencioso democrático”.
Como os militares estão aferrados às suas funções profissionais e constitucionais e não estão para aventuras, o golpismo pós-moderno vem se constituindo através da direita midiática. Esta, se bem sucedida no convencimento a que está devotada, encarregaria um novo Governo social-liberal da desmontagem do atual Estado Social “moderado”, obtido no Brasil num cenário mundial adverso.
O problema, para os que estão quietinhos, é que a direita ao reassumir o governo, não vai se contentar somente em nos tirar dos cargos, vai continuar trabalhando nosso massacre (de toda a esquerda), na busca da perpetuação de seu domínio e do governo. Não se iludam.
Sérgio Mesquita PT – Secretário de Cultura de Maricá
Marcos de Dios PT _ Assessor da Secretaria de Cultura de Maricá
Comissão da Verdade para José Dirceu
19 de Abril de 2014, 13:37 - sem comentários ainda
DIRCEU NA COMISSÃO DA VERDADE
Brutalidade contra Dirceu é uma tentativa de nos convencer de que não adianta reagir
Num país que levou um mais de 40 anos para constituir uma Comissão da Verdade para apurar os crimes do passado do regime militar, talvez seja o caso de pedir a abertura de um novo item de sua pauta para investigar ataques aos direitos humanos que tem sido cometidos nos dias de hoje. O primeiro nome é José Dirceu.
Como se fosse um delírio, assistimos a um ato de terrorismo que não ousa dizer o seu nome, mas não pode ser definido de outra forma.
Ou como você vai definir um pedido de grampo telefônico que envolve o palácio da Presidência da República, o Congresso? Vamos fingir que não é um ataque à privacidade de Dilma Rousseff, constranger 513 parlamentares, humilhar onze ministros, apenas para maltratar os direitos de Dirceu?
Vamos encarar os fatos. É um esforço -- delirante? quem sabe? -- para rir do regime democrático, gargalhar sobre a divisão de poderes, atingir um dos poderes emanam do povo e em seu nome são exercidos.
Pensando em nossos prazos históricos, eu me pergunto se vale à pena deixar para homens e mulheres de 2050 a responsabilidade de coletar informações para apurar fatos desconhecidos e definir responsabilidades pelo tratamento abusivo e injusto que tem sido cometido contra Dirceu.
Sim, Dirceu foi um entre tantos combatentes que a maioria de nós não pode conhecer pelo nome nem pelo rosto, lutadores corajosos daquele Brasil da ditadura.
Depois de ajudar a liderar um movimento de estudantes que impediu, por exemplo, que o ensino brasileiro fosse administrado por pedagogos do governo norte-americano, Dirceu tomou parte da vitória do país inteiro pela democracia. Sem abandonar jamais uma ternura pelo regime de Fidel Castro que ninguém é obrigado a partilhar, mostrou-se um líder político capaz de negociar com empresários, lideranças da oposição e governantes estrangeiros.
Hoje ele se encontra no presídio da Papuda, impedido de exercer direitos elementares que já foram reconhecidos pelo ministério público e até pelo serviço Psicossocial. Trabalha na biblioteca. Já se ofereceu para ajudar na limpeza.
Sua situação é dramática mas ninguém precisa esperar até 2050 para tentar descobrir que há alguma coisa errada, certo?
Basta caráter. Em situações políticas determinadas, este pode ser o dado decisivo da situação politica. Pode favorecer ou pode prejudicar os direitos das vítimas e também iluminar a formação das novas gerações. Os direitos humanos elementares, as garantias sobre a vida e a liberdade, costumam depender disso com frequência.
Vejam o que aconteceu com o general José Antônio Belham. Em 1971, ele exibia a mais alta patente na repartição militar onde Rubens Paiva foi morto sob torturas.
Quando precisou explicar-se, 43 anos mais tarde, Belham afirmou que não se encontrava ali. Estava de ferias. Acabou desmentido de forma vergonhosa. Consultando suas folhas de serviços, a Comissão da Verdade concluiu que o general não era verdade. Ele não só estava lá como recebera os proventos devidos pelo serviço daqueles dias.
Esse é o problema. Ninguém é obrigado a ser herói. Como ensina Hanna Arendt, basta cumprir seu dever. Caso contrário, a pessoa se deixa apanhar numa situação que envergonha a mulher, os filhos, os netos – sem falar nos amigos dos filhos, nos amigos dos netos. Nem sempre é possível livrar-se do vexame de prestar contas pela própria história.
Lembra daquele frase comum em filmes de gangster, quando o herói recebe uma advertência criminosa: “você vai se arrepender de estar vivo?” Isso também pode acontecer com pessoas que não tem caráter.
Imagine como vai ser difícil, para homens e mulheres de 2050, explicar seu silêncio diante de tantos fatos que envolvem o tratamento dispensado a Dirceu. Ele foi cassado em 2005 por “quebra de decoro parlamentar”, essa acusação que, sabemos há mais de meio século, é tão subjetiva que costuma ser empregada para casos de vingança e raramente serviu para fazer justiça -- porque dispensa provas e fatos, vale-se apenas de impressões e convenções sociais que, como se sabe, variam em função de tempo e lugar, de pessoa, de geração e até classe social.
Em 2012, não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT. A necessidade de garantir sua punição de qualquer maneira explica a importação da teoria do domínio do fato. Inventaram uma quadrilha porque era preciso condenar Dirceu como seu chefe mas o argumento não durou dois anos. Depois que o STF concluiu que não havia crime de quadrilha, ficou difícil saber qual era a atuação real de Dirceu nessa fantasia.
Pensa que o Estado brasileiro pediu desculpas, numa daquelas solenidades que nunca receberão a atenção merecida, com as vítimas dos torturadores do pós-64? Pelo contrário. O sofrimento imposto a Dirceu aumentou, numa forma perversa de punição.
Numa sequencia da doutrina Luiz Fux, que disse no STF que os acusados devem provar sua inocência, coube-lhe tentar provar o que não falou ao celular com um Secretário de Estado da Bahia.
Foi invadido em sua privacidade, desrespeitado em seus direitos humanos. Para que? É um espetáculo didático.
Como cidadão, tenta-se fazer Dirceu cumprir a função de ser humilhado em publico – ainda que boa parte do público não se dê conta de que ele próprio também está sendo ultrajado. Através desse espetáculo, tenta-se enfraquecer quem reconhece seu papel político, quem reconhece uma injustiça – e precisa ser convencido de que não adianta reagir para tentar modificar essa situação.
Não poderia haver lição mais reacionária, própría daqueles homens que fogem da Comissão da Verdade com mentirinhas e desculpas vergonhosas.
Não se engane: o esforço para inocular um sentimento de fraqueza em cidadãos e homens do povo é próprio das ditaduras. Fazem isso pela força -- e pela demonstração de força, também.
Outra razão é política. Tenta-se demonstrar que o sistema penitenciário do governo do Distrito Federal – cujo governador é do PT, como Dirceu e todos os principais réus políticos dessa história, você sabe -- não é capaz de cuidar dele, argumento sob medida para que seja conduzido a uma prisão federal, onde não poderá cumprir o regime semiaberto.
Este é o objetivo. Vai ser alcançado? Não se sabe.
Animal consciente dos estados de opressão, o que distingue os homens dos vegetais – e de alguns animais inferiores – é o reconhecimento da liberdade.
O que se quer é encontrar uma falta disciplinar grave, qualquer uma, que sirva como pretexto para revogar os direitos de Dirceu. Pretende-se obter uma regressão de sua pena e conseguir aquilo que a Justiça não lhe deu, apesar do show – o regime fechado.
Isso acontece porque o projeto, meus amigos, é o ostracismo – punição arcaica, típica dos regimes absolutistas. Você lembra o que disse Joaquim Barbosa:
"Acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena".
Imagine a maldade que é deixar tudo isso para os homens e mulheres de 2040. Imagine as páginas nobres da imprensa, dos jornais, das revistas. Pense como vai ser difícil, para os leitores do futuro, entender o que Joaquim Barbosa quis dizer com isso.
Mais uma vez teremos uma página horrenda da história e cidadãos perplexos a perguntar: como foi possível? O que se queria com tudo aquilo?
E, mais uma vez, num sinal de que se perdeu todo limite, vamos pedir desculpas. As futuras gerações merecem um pouco mais, concorda? Não precisam encarar esta derrota colossal de todos que lutaram com tanta coragem pela democracia.