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Sociedade

28 de Fevereiro de 2014, 13:45 , por Blogoosfero - | No one following this article yet.

Placa mercosul: como a placa atual do seu carro ficará no novo padrão

21 de Dezembro de 2018, 10:34, por Desconhecido

As novas placas para os países do Mercosul começaram a ser implantadas em vários estados do Brasil.

Placa mercosul1

A troca das placas para os veículos já emplacados será de maneira gradual.

Inicialmente as placas mercosul serão usadas em veículos novos, automóveis que tiveram a placa danificada, tiveram que mudar de proprietário, estado ou município.

Também poderá ser feita a troca voluntariamente, basta pagar as taxas atuais.

A grande diferença está na sequência alfanumérica, além do visual. O atual sistema com três letras e quatro números (AAA-0000) passa a ser com três letras, um número, uma letra e dois números (AAA0A00).

As letras usadas em sua placa atual não mudarão. Somente o segundo número será trocado por uma letra, de acordo com a tabela abaixo:

Segundo número da placa atual  Letra correspondente na nova placa
0 A
1 B
2 C
3 D
4 E
5 F
6 G
7 H
8 I
9 J

Desta forma, uma placa atual com os caracteres, por exemplo, BAN 6978 passará a ser BAN 6J78

A cor de fundo, que nos modelos anteriores identificava o tipo de uso do veículo, nas novas placas será sempre branca. Agora o que passa a identificar o tipo de uso do veículo é a cor das letras e números.

Placa mercosul2

Embora o desenho das novas placas obedeça à uma padronização, a numeração das mesmas continuará diferente nos cinco países que compõem o Mercosul, sendo que Argentina, Brasil, Paraguai e Venezuela adotam 3 números e 4 letras (em ordens distintas) e Uruguai 3 letras e 4 números.




Decisão de Marco Aurelio sobre liberdade de Lula levanta divergências no STF

20 de Dezembro de 2018, 21:38, por Desconhecido

No meio militar, Mello gerou um maremoto. O alto comando das Forças Armadas se reuniu, em caráter de urgência, na noite passada, para avaliar a decisão do ministro. Na ativa, o general Paulo Chagas confirmou a pressão que os militares exercem sobre o STF.

 

Por Redação – de Brasília

A decisão do ministro Marco Aurelio Mello, de libertar os presos com algum grau de recurso, na noite passada, gerou uma onda de críticas e elogios à sua conduta. Junto ao governo eleito, a reação foi se aproxima do ódio. E, nas redes sociais, a hashtag #UmCaboUmSoldado esteve entre as principais citações no Twitter. O termo alude, diretamente, à frase de Eduardo Bolsonaro, de que para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), basta um soldado e um cabo.

O ministro Marco Aurelio Mello teve sua liminar cassada em tempo recordeO ministro Marco Aurelio Mello teve sua liminar cassada em tempo recorde

Após determinar a soltura dos presos em segunda instância, que poderia beneficiar, diretamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril, a divergência explodiu nas redes sociais. Os cinco principais tópicos sobre o tema eram #LulaLivre, #STFVergonhaNacional, #IntervençãoNoSTF, #UmCaboUmSoldado e #CaboESoldado.”

No meio militar, Mello gerou um maremoto. O alto comando das Forças Armadas se reuniu, em caráter de urgência, na noite passada, para avaliar a decisão do ministro. Na ativa, o general Paulo Chagas confirmou a pressão que os militares exercem sobre o STF. Ele postou em seu Twitter mensagem direcionada a Marco Aurélio Mello, em que sugere sua cassação.

“A atitude unilateral contrária a uma decisão colegiada é uma demonstração de indisciplina intelectual e de escárnio ao STF e à sociedade brasileira. Marco Aurélio Mello merece cassação!”, escreveu o general.

Falta de coesão

A publicação foi ao ar às 16h15, mas às 16h40 o general reafirmou a pressão sobre os magistrados da Corte Suprema:

“Dias Toffoli tem a melhor oportunidade da vida dele para justificar a sua nomeação para a mais alta corte da magistratura brasileira, mesmo sem ter tido mérito para integrar a sua primeira instância”, acrescentou.

As fraturas internas no colegiado judicial mais alto do país também ficaram à mostra, a 10 dias da posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Um dos ministros, que não foi identificado por sua declaração a um dos diários conservadores paulistanos, disse que entendia a frustração de Mello com a ausência de resposta definitiva do STF para a questão; mas lamentou a exibição da falta de coesão na Corte. Outro, sem ter o nome revelado, disse que o presidente do STF, ministro Dias Tóffoli, acertou ao reverter a medida.

— Era o melhor a fazer — afirmou.

Tutela militar

O PT, por sua vez, classifica o episódio como um “verdadeiro motim judicial”. Segundo o partido, “não há precedentes, na tradição brasileira, de uma perseguição tão cruel a um líder politico reconhecido internacionalmente”.

“O Brasil se encontra diante de um verdadeiro motim judicial, com um claro viés político-partidário. Temos hoje dois sistemas judiciais: um que existe para garantir os direitos – e até para se omitir – diante de corruptos, corruptores e amigos do poder, e outro que existe para negar os direitos de Lula, atuando como verdadeiros carrascos do maior líder político e popular do país”, afirma a nota oficial da legenda.

No documento, o PT afirma que o episódio aponta para “tutela inconstitucional das Forças Armadas sobre a mais alta corte de Justiça”. Também foi lembrada as pressões do comandante do Exército, general Villas Bôas, na véspera do julgamento que negou habeas corpus a Lula em abril.

Desobediência

“Temos hoje dois sistemas judiciais: um que existe para garantir os direitos – e até para se omitir – diante de corruptos, corruptores e amigos do poder, e outro que existe para negar os direitos de Lula, atuando como verdadeiros carrascos do maior líder político e popular do país”, diz o documento assinado pela executiva.

O partido criticou, ainda, a atuação da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, que “rebelou-se” contra a decisão de Marco Aurélio e agiu especificamente para prejudicar o ex-presidente Lula, quando a medida não se restringia apenas a ele. A nota também aponta “flagrante desobediência” juíza de execuções Penais de Curitiba, Caroline Lebbos, que em vez de cumprir a decisão, pediu posicionamento ao MPF de Dodge.



A ELITE DO ATRASO - trechos do livro de Jessé Souza

6 de Dezembro de 2018, 19:40, por Desconhecido

A ELITE DO ATRASO - trechos do livro de Jessé Souza.

(Livro: A Elite do Atraso: da escravidão à Lava Jato. Um livro que analisa o pacto dos donos do poder para perpetuar uma sociedade cruel forjada na escravidão. Jessé Souza. Editora Casa da Palavra. Rio, 2017.)

 

RACISMO, CULTURALISMO E A TEORIA DA MODERNIZAÇÃO.

A colonização da elite brasileira mais mesquinha sobre toda a população só foi e é ainda posssível pelo uso, contra a própria população indefesa, de um racismo travestido em culturalismo que possibilita a legitimação para todo ataque contra qualquer governo popular.

Todo racismo, inclusive o culturalismo racista dominante no mundo inteiro, precisa escravizar o oprimido no seu espírito e não apenas no seu corpo. Colonizar o espírito e as idéias de alguém é o primeiro passo para controlar seu corpo e seu bolso.

 

No mundo moderno, a dominação de fato tem que ser legitimada cientificamente. Quem atribui prestígio hoje em dia a uma idéia é o prestígio científico, assim como antes era o prestígio religioso ou supostamente divino. É a ciência hoje, mais que a religião, quem decide o que é verdadeiro ou falso no mundo. Por conta disso, toda informação midiática, no jornal ou na TV, procura se legitimar com algum especialista na matéria que esteja sendo discutida. ….é a posse do que é tido como verdadeiro que permite também se apoderar do que é percebido como justo e injusto, honesto ou desonesto, correto ou incorreto, bem ou mal e assim por diante…...Não por acaso, a dominação do culturalismo racista é um efeito da dominação americana a partir do século XX…..o racismo cultural americano vai substituir – com enormes vantagens – o racismo fenotípico ou racial do racismo científico que vigorou no colonialismo europeu…

 

O novo racismo culturalista americano foi implementado como política de Estado e não foi deixado à ação espontânea de ninguém. A teoria da modernização recebeu dinheiro pesado do departamento de Estado americano sob o comando de Harry Truman no pós-guerra, para se tornar paradigma universal. A partir daí, a teoria da modernização americana virou uma espécie de coqueluche mundial. Milhares de trabalhos foram realizados nas duas décadas seguintes… e os EUA viraram modelo universal para o planeta. Todos os outros países eram uma espécie de realização incompleta desse modelo. ….. Mas no Brasil onde a comparação com os EUA foi a obsessão de todos os intelectuais desde o começo do século XIX, a elaboração de nosso culturalismo racista invertido (contra nós mesmos) foi realizada por mãos nativas...a elaboração de teorias racistas que nos rebaixam e humilham foi relativamente independente do movimento internacional…..

 

Assim enquanto na década de 1930, Talcott Parsons dava os primeiros passos em seu engenhoso esquema da teoria da modernização no mundo e construia a imagem dos americanos superiores como objetivos, pragmáticos, antitradicionais, universalistas e produtivos…..no Brasil a sua contraparte “vira-lata”…nossos pensadores mais influentes iriam construir o brasileiro como pré-moderno, tradicional, particularista, afetivo e com uma “tendência irresistível à desonestidade.”…. Gilberto Freyre foi a figura demiúrgica desse período…. Freyre foi o criador do paradigma culturalista brasileiro vigente até hoje dominado pelas falsas idéias da continuidade com Portugal e da emotividade como traço singular dessa cultura. ….Freyre literalmente construiu a versão dominante da identidade nacional em um país que, antes dele, não tinha construído nada realmente eficaz nesse sentido. … Sérgio Buarque de Holanda vai aproveitar todas as idéias de Freyre…. Todo o esforço de Freyre em ver aspectos positivos ou pelo menos ambíguos no que ele via como “legado brasileiro” foi invertido e transformado em unicamente negativo…. Sérgio Buarque constrói a idéia do “homem cordial” como expressão mais acabada do brasileiro…. O culturalismo racista, na versão vira lata de Buarque se torna o porta-voz oficial do liberalismo conservador brasileiro. …. a legitimação perfeita para o tipo de interesse econômico e político da elite econômica que manda no mercado e se tornaria a interpretação dominante da sociedade brasileira até hoje.

 

Sérgio Buarque ao negar Freyre, aceita a vira-latice do brasileiro como lixo da história de bom grado e degrada e distorce a percepção de todo um povo como intrinsecamente inferior. E ainda tira onda de crítico, seguido por cerca de 90% da intelectualidade nacional, por ter supostamente descoberto as razões da fraqueza nacional. O embuste se torna completo por ter também inventado o conceito mais fajuto e mais influente de todo o pensamento social brasileiro , que é a noção de patrimonialismo. O patrimonialismo defende que o Estado no Brasil é um alongamento institucionalizado do homem cordial e tão vira lata quanto ele. Abriga elites que roubam o povo e privatizam o bem público…. Essa noção é um contrabando malfeito da noção weberiana inutilizável no caso brasileiro…..mas esta noção se tornou dominante…. É a própria interpretação dominante dos brasileiros sobre si mesmo, seja na direita seja na esquerda do espectro político. ….os discípulos apenas repetem o paradigma….é a visão da singularidade brasileira a partir do homem cordial, do homem emotivo como negatividade e como potencialmente corrupto, já que dividiria o mundo entre amigos e inimigos e não de modo “impessoal”…. O Estado patrimonialista seria a principal herança do homem cordial e principal problema nacional. ….. está criada a ideologia do vira lata brasileiro, inferior, posto que percebido como afeto e, portanto, como corpo, opondo-se ao espírito do americano e europeu idealizado, como se não houvesse personalismo e relações pessoais fundando todo tipo de privilégio também nos EUA e Europa. …..

 

A emoção nos animalizaria, enquanto o espírito tornaria divinos americanos e europeus.

Como seres divinos os americanos seriam seres especiais que põem a impessoalidade acima de suas preferências, explicando com isso a excelência de sua democracia, assim como sua honestidade e incorruptibilidade. O capital do homem cordial é o capital de relações pessoais, ou aquilo que Roberto DaMatta, discípulo de Sérgio Buarque como quase todos, chamaria mais tarde de “jeitinho brasileiro”, uma suprema bobagem infelizmente naturalizada pela repetição e usada como explicação fácil em todos os botecos de esquina do Brasil. …. Sua explicação nega portanto a origem de toda a desigualdade que separa classes com acesso privilegiado aos capitais econômico e cultural das classes que foram excluídas de todo acesso a esses capitais.

 

Mas Sérgio Buarque cria muito especialmente a “Geni” brasileira….que seria o Estado sempre corrupto. O mercado é divinizado pela mera oposição com o Estado definido como corrupto, e sua corrupção tanto “legal” quanto “ilegal”, tornada invisível. Sérgio Buarque ao localizar a “elite maldita” no Estado, torna literalmente invisível a verdadeira elite de rapina que se encontra no mercado. O Estado se torna o suspeito preferido de todos os malfeitos…..essa idéia favorece os golpes de Estado baseados na corrupção seletiva…. Como acontece até hoje, essa concepção tornou possível fazer do mote da corrupção apenas do Estado o núcleo de uma concepção de mundo que permite a elite mais mesquinha fazer todo um povo de tolo. Todo brasileiro aprende na formação escolar a perceber o Brasil com os pressupostos envenenados desta teoria culturalista e da corrupção só no Estado e assim não perceber os reais problemas brasileiros. É por meio desses “óculos” composto por idéias que se tornam tão óbvias que não mais refletimos sobre elas, que não mais percebemos o mundo que nos rodeia.

 

Restou à mídia apenas o trabalho facilitado de selecionar contra quem seria mobilizado o ataque moralista conservador que nossos intelectuais construíram contra o povo e em benefício de uma ínfima elite….. Sem esse consenso intelectual prévio a mídia não poderia ter sido tão eficaz na sua obra de fraudar sistematicamente a realidade para a legitimação da trama do golpe de 2016.

 

A ESCRAVIDÃO MODERNA….O excluído, majoritariamente negro e mestiço, é estigmatizado como perigoso e inferior e perseguido não mais pelo capitão do mato, mas, sim, pelas viaturas de polícia com licença para matar pobre e preto. E essa continuação da escravidão com outros meios se utilizou e se utiliza da mesma perseguição e da mesma opressão cotidiana e selvagem para quebrar a resistência e a dignidade dos excluídos. O resumo dessa passagem dramática entre as duas formas de escravidão pode ser visto deste modo: como a escravidão exige a tortura física e psíquica cotidiana como único meio de dobrar a resistência do escravo a abdicar da própria vontade, as elites que comandaram esse processo foram as mesmas que abandonaram os seres humilhados e sem auto estima e autoconfiança e os deixaram à própria sorte. Depois, como se não tivessem nada a ver com esse genocídio de classe, buscaram imigrantes com um passado e um ponto de partida muito diferente para contraporem o mérito de um e de outro, aprofundando ainda mais a humilhação e a injustiça. Esse esquema funciona até os dias de hoje, sem qualquer diferença. Esse abandono e essa injustiça flagrante é o real câncer brasileiro e a causa de todos os reais problemas nacionais.

 

O Brasil passou de um mercado de trabalho escravocrata para formalmente livre, mas manteve todas as virtualidades do escravismo na nova situação. Os ex-escravos da “ralé de novos escravos” continuam sendo explorados na sua “tração muscular”, como cavalos aos quais os escravos de ontem e de hoje ainda se assemelham. Os carregadores de lixo das grandes cidades são chamados literalmente, de cavalos. O recurso que as empregadas domésticas usam é, antes de tudo, o corpo, trabalhando horas de pé em funções repetitivas, com a barriga no fogão quente, do mesmo modo que faxineiras, motoboys, cortadores de cana, serventes de pedreiros, etc. Uma classe reduzida ao corpo, que representa o que há de mais baixo na escala valorativa do Ocidente. ….essa mesma classe, do mesmo modo que os escravos, é desumanizada e animalizada. A ralé de novos escravos será não só a classe que todas as outras vão procurar se distinguir e se afastar, mas, também, vão procurar explorar o trabalho farto e barato.

 

NADA DE NOVO EM RELAÇÃO AO PASSADO ESCRAVISTA. Ela permite que todas as classes acima se sintam superiores a ela e possam explorá-la se possível sem limites legais. A reação violenta da classe média à lei das empregadas domésticas, que procura limitar e garantir direitos mínimos, comprova sobejamente o que estamos dizendo. A grande questão econômica, social e política do Brasil é a existência continuada dessa ralé de novos escravos….. A escola republicana igual para todos, conquistada pelos franceses a partir da Revolução Francesa, jamais aconteceu entre nós. Iniciativas como a escola de tempo integral de Brizola, foram destruídas no nascedouro com apoio da mídia elitista, como sempre, com a Rede Globo à frente. A tentativa light petista de melhorar minimamente as condições dessa classe levou ao golpe de 2016 com amplo apoio midiático da classe média e até de setores populares. ….. se um governo existir para redimí-los (a ralé de novos escravos) deve ser derrubado sob qualquer pretexto de ocasião. … pois é necessário continuar a escravidão com outros meios….. é isso que explica o golpe recente no seu conteúdo mais importante e mais assustador. … Por que nossa elite trata a ralé dos novos escravos como sub-humanos com tamanha violência material e simbólica e não os consideram seres humanos ? Essa é a principal herança da escravidão para o Brasil moderno….a naturalização de um ódio tão mesquinho em circunstâncias modernas…..essa é a grande questão brasileira do momento… nenhuma outra se compara a ela em magnitude e urgência.

 

A OPERAÇÃO LAVA-JATO foi desde seu começo uma caça aos petistas e a seu líder maior, como forma de garantir e assegurar a mesma distância social em relação aos pobres que não os torne tão ameaçadores como eles haviam se tornado com Lula. O maior perigo representado pelos pobres foi quando eles começaram a poder entrar para a universidade pública, reduto dos privilegiados da classe média, pois durante a administração do PT aumentou de 3 para 8 milhões o número de matriculados. Se não fosse essa a razão, o que faria os “camisas amarelas” ficarem em casa quietinhos, agora, em meados de 2017, quando a corrupção real mostra sua pior face ? Se fosse a corrupção que indignasse esse povo, o panelaço deveria ser ensurdecedor agora, não concorda, caro leitor ? É a seletividade da corrupção não só apenas no Estado, mas apenas dos partidos de esquerda, que querem diminuir a distância entre as classes sociais, o que verdadeiramente move e comove nossos “camisas amarelas”.

 

PATRIMONIALISMO E ESCRAVIDÃO. A noção de patrimonialismo passa a ser fundamental exatamente por sua imprecisão conceitual. Ela está no lugar da noção de escravidão e serve para tornar invisíveis as relações sociais de humilhação e subordinação criados nesse contexto. ….Somos nós brasileiros, portanto, filhos de um ambiente escravocrata, que cria um tipo de família específica, uma Justiça específica, uma economia específica. Aqui valia tomar a terra dos outros à fôrça para acumular capital, como acontece até hoje, e condenar os mais frágeis ao abandono e à humilhação cotidiana. Isso é herança escravocrata e não portuguesa. O patrimonialismo, percebido como herança portuguesa, substitui a escravidão como núcleo explicativo de nossa formação. Essa é sua função real. Por conta disso, até hoje, reproduzimos padrões de sociabilidade escravagistas, como exclusão social massiva, a violência indiscriminada contra os pobres, chacinas contra pobres indefesos que são comemoradas pela população, etc. O patrimonialismo esconde as reais bases do poder social entre nós…..uma noção do senso comum, uma noção absurda, mas tida como verdade acima de qualquer suspeita – a noção de que a elite poderosa está no Estado, com isso invisibilizando a ação da elite real, que está no mercado. O conceito de patrimonialismo serve para encobrir os interesses organizados no mercado. A real função da noção de patrimonialismo é fazer o povo de tolo e manter a dominação mais tosca e abusiva de um mercado desregulado completamente invisível.

 

A elite do atraso e seu braço midiático fazem parte, portanto, do mesmo esquema de depenar a população em seu benefício. É o que explica a constante necessidade de criar espantalhos para desviar a atenção do público do que lhe é surrupiado e explicar a penúria que seu saque provoca por outras causas. O espantalho da criminalização da política só serve para que a economia dispense a mediação da política e ponha seus lacaios sem voto e que se vangloriam de sua impopularidade vendida como cartão de visitas para a elite do atraso,…. Já o espantalho da criminalização da esquerda e do princípio da igualdade social só serve para que a justa raiva e o ressentimento da população, que sofre sem entender os reais motivos do sofrimento, percam sua expressão política e racional possível.

 

MÍDIA E BOLSONARO. Foi assim que a mídia irresponsável possibilitou e pavimentou o caminho para a violência fascista do ódio cego dos bolsonaros da vida. O ódio fomentado todos os dias ao PT e a Lula produziu, inevitavelmente, Bolsonaro e sua violência em estado puro, agressividade burra e covarde. Agora, uma população pobre e à mercê de demagogos religiosos está minando as poucas bases civilizadas que ainda restam à sociedade brasileira. Essa dívida tem que ser cobrada da mídia que cometeu esse crime. …. A conta do ódio aos pobres foi o empobrecimento de todos. Será que valeu a pena tudo isso para pagar salários de fome às empregadas domésticas e não ver mais pobres nos aeroportos, nos shopping centers e, principalmente, nas universidades ? Afinal, a educação, a saúde e a previdência, agora sucateadas pelo Estado capturado, abrem caminho para que essas áreas se tornem o novo negócio dos bancos…. Será que vale a pena tudo isso para manter os escravos no seu lugar ?

 

Daniel Miranda Soares é economista, ex-professor e mestre pela UFV.



Militarismo com neoliberalismo - tragédia no governo Bolsonaro.

10 de Novembro de 2018, 9:45, por Desconhecido

Militarismo com neoliberalismo, tragédia para a economia.

por Pedro Rossi* publicado 24/10/2018 18h51, última modificação 24/10/2018 18h54.

Há uma nítida contradição entre o desejo do mercado financeiro e as promessas de Bolsonaro de fortalecer a segurança pública e as Forças Armadas.

A leitura do programa econômico do Bolsonaro aponta para dois eixos centrais e contraditórios. De um lado uma proposta de redução substancial do Estado, de outro, o militarismo. Essa combinação não deve atender às expectativas de ajuste fiscal, tampouco gerar emprego e crescimento econômico. Trata-se de um projeto de Estado máximo para a segurança e mínimo para os direitos sociais. Tudo para dar errado.

O militarismo é mensagem evidente no programa. São oito menções à palavra “guerra” e uma forte ênfase em um “Brasil livre do crime, da corrupção e de ideologias perversas”. Trata-se do que há de mais genuíno no projeto de Bolsonaro e teria tudo para ser prioridade em seu governo.

Diferentemente de Temer, que abraçou por inteiro a agenda do mercado financeiro, Bolsonaro teria um capital político a zelar e se lançaria em uma estratégia militarista com intuito de apresentar resultados aos seus apoiadores no campo da segurança publica e do combate à corrupção.

Para além dos custos humanos e sociais, esse militarismo tem um custo fiscal que vem do fortalecimento das carreiras ligadas à justiça e à segurança publica, investimentos em equipamentos, tecnologia e inteligência, e do aumento do encarceramento dada a dimensão da “guerra ao crime” e as propostas do seu programa de “redução da maioridade penal para 16 anos”, “acabar com a progressão de penas e as saídas temporárias” e a obsessão em “prender e deixar preso”.

 

O aumento de gastos públicos, para financiamento do encarceramento em massa e da guerra ao crime organizado, estaria em conflito permanente com a estratégia neoliberal. Sua viabilidade dependeria da revogação do teto de gastos ou de um forte corte de despesas nas áreas sociais, o que incluiria a desvinculação de recursos de saúde e educação e a exoneração de servidores públicos. Ambas as opções seriam custosas politicamente, seja pela desaprovação dos mercados financeiros seja por seus impactos sociais e políticos dadas as inevitáveis mobilizações contrárias.

A questão fiscal não se restringe ao teto de gastos. Do lado tributário, a reforma proposta geraria uma perda de arrecadação de 27 bilhões de reais por ano, considerando os cálculos de Sergio Gobetti. As pressões do lado do gasto com queda da arrecadação pressionariam o déficit fiscal e a dívida pública.

Nesse aspecto, o plano de usar as privatizações para abater a dívida dificilmente seria significativo dadas as resistências da ala nacionalista do militarismo, que levou o candidato a recuar quanto à privatização da Petrobras e Eletrobrás.

Mais uma vez, o projeto neoliberal entra em contradição com o militarismo e o mercado financeiro iria reagir toda vez que perceber que os ganhos com a venda do patrimônio publico não são assim tão significativos.  

Por fim, não há, no horizonte de um eventual governo Bolsonaro, nada que aponte para uma recuperação consistente do emprego e da atividade econômica.

O gasto público estaria travado e comprometido com o militarismo, o consumo não reagiria significativamente à redução de impostos que beneficia principalmente os mais ricos e os investimentos em infraestrutura dificilmente sairiam do papel sem espaço orçamentário, apoio do BNDES e a depender apenas da atração de capitais estrangeiros. Dessa forma, o crescimento dependeria muito de uma improvável melhora substantiva no cenário externo para estimular as exportações.

Como consequência, o militarismo com neoliberalismo em um contexto de restrições fiscais é um projeto econômico contraditório, pífio em termos de resultados econômicos e que promoveria um aumento substancial da desigualdade social, em especial quando medida no acesso à serviços públicos essenciais como saúde e educação. 

  • É professor do Instituto de Economia da Unicamp.

 

REPRODUZIDO DO SITE CARTA CAPITAL.

https://www.cartacapital.com.br/economia/militarismo-com-neoliberalismo-tragedia-para-a-economia



Opção pela ultradireita é fenômeno ainda em crescimento no Brasil

5 de Novembro de 2018, 7:54, por Desconhecido

Um olhar mais distante, apurado e despido de paixões, no entanto, revela que havia, desde 2014, o pulsar de uma aversão extremada à corrupção e às bandeiras progressistas.

 

Por Gilberto de Souza – do Rio de Janeiro

 

O volume de mensagens com notícias falsas nas redes sociais, durante a campanha eleitoral encerrada há uma semana na vitória do candidato neofascista, Jair Bolsonaro (PSL), chegou a ser apontado por analistas políticos ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, ao longo dos últimos meses, um dos principais motivos para o sucesso do discurso radical de direita. O ódio disseminado contra a esquerda e os partidos que a integram teria sido decisivo para criar o ambiente propício ao crescimento da doutrina pela barbárie, ora em curso.

L Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou em seu portal ter aberto procedimento para investigar a disseminação de notícias falsas na Internet. Não funcionou

Um olhar mais distante, apurado e despido de paixões, no entanto, revela que havia, desde 2014, o pulsar de uma aversão extremada à corrupção e às bandeiras progressistas. Principalmente, junto às camadas da sociedade com rendimentos acima dos 10 salários mínimos, segundo constatam pesquisas de opinião. Em especial, nos dois maiores centros urbanos do país. Rio de Janeiro e São Paulo, motores da opinião pública turbinados com a concentração da mídia, funcionaram feito ‘caixas de ressonância’ para o que fora apenas um sussurro em 2010, na primeira eleição da presidenta Dilma Rousseff (PT).

Bolinha de papel

Encerrada a Era Lula, em pleno emprego e posição inédita de liderança do país no cenário internacional, ainda assim o ‘poste’ número um precisou de dois turnos para superar o tucano José Serra. Por pouco não pereceu sob a pecha de ‘matadora de criancinhas’, em uma campanha sórdida detectada e denunciada, em primeira mão, aqui no CdB.

Embora o prestígio do ex-presidente não encontrasse parâmetros, o fato é que Dilma era o tal Plano B, na época, após anos de implacável perseguição midiática e jurídica aos quadros do partido. Ainda que jamais colocada à prova do escrutínio popular, a ministra mais proeminente do Planalto tinha o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Era o que bastava, imaginaram os dirigentes do PT de então. O critério se manteve inalterado, até hoje.

No fundo, ainda feito um zumbido que aumentava na surdina e começava a ser notado, a experiência da dissipação do ódio religioso e das notícias falsas se mostrava eficaz. O episódio da bolinha de papel transformada em pedra assassina no noticiário da mídia conservadora pode ser considerado um marco histórico da prática capaz de mudar os destinos de uma nação, na década seguinte.

Novo vírus

A farsa, orquestrada pela máquina de propaganda tucana de então, apenas engatinhava. Duas eleições depois, ganhou o brilhantismo de um atentado a faca que ainda deixa embasbacados os mais astutos observadores da cena política nacional. Desta feita, apesar da camisa limpa, o agressor é preso e confessa o crime. Ocorre uma cirurgia real, em um hospital de verdade, e a narrativa ganha forma e conteúdo.

Em 2010, o publicitário Rui Rodrigues, sócio na agência transnacional de publicidade e propaganda MPM e Ben Self, o estrategista que esteve à frente da campanha digital de Barack Obama, dominavam — de lado a lado — a planície do deserto fértil de maldades para a guerra híbrida que se desenvolveria, oito anos depois. O estrategista de ultradireita Steve Bannon, assessor informal do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para questões digitais, ainda trabalhava nas sombras. Assumiria, contudo, papel decisivo no pleito deste ano.

Mas, desde o primeiro governo da presidenta deposta, estava lançada a plataforma para o vírus carregado com os valores fascistas. O ódio aos pobres, aos movimentos e programas sociais; a subserviência ao capitalismo norte-americano e às suas diretrizes; o pacote completo, eleito sete dias atrás, estava carregado no vetor que se dissipou, ao longo dos últimos oito anos, por toda a sociedade brasileira.

Fenômeno

Feito ataque ao formigueiro, o que se percebe após a primeira semana dos próximos anos, sabe-se lá quantos mais, é a polvorosa nas trincheiras da resistência. A natureza odeia o vácuo, já constatava Aristóteles. E, na ânsia de preencher o imenso espaço vazio deixado pela derrota de Fernando Haddad, ‘poste’ número dois na escala do lulismo, atropelam-se os fatos que causaram a hecatombe eleitoral recém-efetivada nas urnas.

No lugar de perceber que o Brasil foi apenas mais um dos países a perecer na pandemia causada pela infecção neofascista, encapsulada e distribuída de forma eficiente pelas redes sociais norte-americanas, imensos setores da esquerda preferem buscar uma explicação mais simples. Fazem contas esquisitas sobre o colégio eleitoral. Escolhem um possível aliado para bode expiatório; acreditam em teorias conspiratórias ou, simplesmente, desiludem-se, prostrados diante dos novos tempos.

O fenômeno que gerou ‘o mito’, no entanto, parece o mesmo que colocou os neofascistas de volta ao governo da Itália; na Áustria, no Chile; na Argentina e em países periféricos, a exemplo da Indonésia; Bolívia e Honduras. Por pouco não leva na França, apesar da guinada à direita com Emmanuel Macron.

Novas moscas

O roer das unhas e ranger dos dentes após a decepção são próprios do ser humano, portanto, compreensíveis. Mas, há um método no avanço da maldade e, se não for rapidamente neutralizado, representa um risco sem fronteiras para o sonho de um mundo mais justo e igualitário, para todos os seres humanos. A tarefa parece medonha, embora mais simples do que aparenta ser.

Antes de falar em uma ‘frente ampla pela democracia’, como teria sido uma ação inteligente antes das eleições, no entanto, seria recomendável que os mais diferentes matizes do pensamento humanista nacional refletissem sobre a necessidade de integrar um centro de discussão mais amplo, capaz de abranger a nova realidade da Comunicação Social, no país.

Sem um debate franco sobre a resistência dos meios de comunicação independentes, progressistas e libertários torna-se ainda mais alto o risco de acreditar que a Globo era ‘nossa’, como se chegou a ventilar por todos os governos petistas. Isso justificou a sangria dos cofres públicos para o conglomerado central no cartel da mídia conservadora e a perseguição burra à mídia alternativa. Ou mesmo, agora, ficar com pena da Folha de S. Paulo, de um golpismo atávico, por estar afastada do butim publicitário a ser repartido, no ano que vem, para as novas moscas.

Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do Correio do Brasil.



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