O ESTRANHO SONHO DE BENJAMIN NETANYAHU
Depois de um longo dia de trabalho criando estratégias, fazendo planos e dando ordens, Benjamin Netanyahu chegou em casa, beijou seus filhos e foi para a cama.
Ao lado da mulher, fez suas orações e adormeceu. Sonhou que subia uma montanha íngreme apoiado em um cajado.
Uma vez no topo, contemplou campos verdes arados, lindos pastos, cidades e povoados a perder de vista. Pode entrever até o mítico Rio Jordão que irrigava cidades, bosques e lindas plantações de maçãs e laranjas que naquela hora da tarde brilhavam ao sol.
Sorriu com júbilo e percebeu que estava diante da terra prometida. Mais que depressa, desceu as colinas e correu para ver de perto todas aquelas maravilhas.
Ao chegar às portas da cidade, ouviu um “psiu!”, vindo de uma torre. Olhou em torno e viu uma figura de uniforme e várias insígnias. “Um general”, pensou.
O militar se aproximou conduzindo um animal estranho com uma coleira de ferro: um cachorro de três cabeças que resfolegava e salivava.
Ao se aproximar, o vigilante piscou o olho e proferiu: - “Benjamin! Estávamos esperando você!”
Netanyahu esfregou os olhos, sentiu um arrepio na espinha, esquivou a mão do focinho gelado de uma das cabeças do cachorro e deixou escapar de sua boca crispada: - “Ariel…?” Ao que a figura corpulenta respondeu, com uma expressão fraternal: - “Bibi, até que enfim você apareceu… Vamos entrar? Você precisa ver nossa obra”.
Netanyahu, então, respirou fundo e indagou: - “Ariel, me diga. Onde estão os Palestinos?”
E o condutor do Cérbero, cada vez mais agitado, respondeu com entusiasmo: - “Eles se foram Bibi, não sobrou ninguém. Você acabou com todos eles, não lembra? Somos eternamente gratos”.
Atravessando as portas do enorme muro, Netanyahu suspirou fundo e com lágrimas nos olhos, exclamou: - “Nós conseguimos!” E, para sua graça e contentamento, o espectro de Ariel Sharon respondeu: - “Sim, só há judeus agora”.
Netanyahu percebeu que estava em casa.
Quando as portas se fecharam atrás de si, ouviu um estrondo terrível que ecoou por muito tempo. Elevou os olhos e leu uma inscrição em letras moldadas em ferro fundido que pendiam do alto de uma grade gigante.
Leu e balbuciou para si: “Arbeit macht frei” (“O trabalho liberta”). – “Mas o que é isso?” – perguntou, perplexo.
- “Bibi, esse sempre foi o nosso lema” – respondeu Sharon.
Antes mesmo de pedir esclarecimentos a seu bizarro anfitrião, cujo cão negro de três cabeças agora se autodevorava em um ritual terrível e sangrento, Netanyahu recebeu uma pá e um rifle das mãos de seu algoz, que determinou: - “Vamos soldado, temos muito trabalho pela frente”.
(por Rodrigo Jardim Rombauer )
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