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OBAMA, A OPOSIÇÃO EXTERNA, DÁ LIÇÃO NA OPOSIÇÃO INTERNA

29 de Outubro de 2014, 8:55 , por Tânia Mandarino - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Por Ualid Rabah:

Ainda que Obama tenha esperado passarem dois dias da proclamação dos resultados para cumprimentar Dilma, diferentemente de outros líderes mundiais, alguns tão importantes quanto ele, podemos dizer que o mesmo foi mais maduro do que parte da oposição interna (ele, afinal de contas, é a oposição externa, que manda na interna). Sim, porque ter a coragem de afirmar que a reeleição de Dilma demonstra SOLIDEZ DA DEMOCRACIA é muito mais do que apenas dizer que a democracia se realizou, tenha sido eleito quem for. Ele afirmou que a democracia está mais sólida ao REELEGER Dilma. Poderia ter sido reeleito outro, como, aliás, se dera quando da reeleição de FHC, o que em nada macularia a democracia, como não maculou outrora. Estamos na sétima eleição presidencial após iniciado o novo ciclo democrático, o mais longo de nossa história, com a terceira reeleição. O campo conservador elegeu Collor em 1989 e depois elegeu e reelegeu FHC.

O campo democrático e popular, em uma composição ampla de forças quando tornado governo, chega ao poder pela quarta vez. Até então estávamos empatados, cada qual com três vezes à frente da presidência, ainda que a segunda metade do mandato de Collor tenha tido Itamar à frente, mais progressista que o campo que o elegeu (era vice). O que talvez impeça parte da oposição de entender isto tal qual Obama entende são dois fatores, em meu entendimento: primeiro, que nos EUA se elege o presidente sem interrupção a muito mais tempo, ainda que com sérios vícios, inclusive do seu sistema eleitoral; e, segundo, porque lá sempre houve a possibilidade de reeleição, sendo ele mesmo, Obama, um reeleito. Aliás, quanto à reeleição, importante destacar que nos EUA ela não é limitada, tal qual entre nós.

O que há, lá, é uma espécie de "acordo de cavalheiros" entre os partidos, pelo qual convencionaram que só pode haver uma recondução. Isto se deu após outros líderes terem sido reeleitos mais de uma vez. E lá, como cá, pode o outrora presidente, reeleito ou não uma vez, vir a disputar novo mandato, após intervalo em que este não ocupe o posto presidencial. Entretanto, também aí houveram por convencionar que aquele que já exerceu a presidência, tenha sido reeleito ou não, não disputará novo mandato após o intervalo em que restou afastado da presidência. Assim, sabemos que Carter, que não foi reeleito, jamais voltou a sequer pleitear a vaga entre os democratas, idem para Busch pai, aí já republicano, ou Clinton, este reeleito e democrata.

Enfim, a madureza de uma democracia depende muito mais da madureza de suas forças políticas e sociais, especialmente quando na oposição. Neste aspecto, sabendo que há os que assim não vêm, posso dizer, a partir de meu ponto de vista, já antigo, que o PT, quando oposição, não foi maduro ao não assinar a Constituição Federal de 1988, algo que muitos do partido reconhecem, e não de hoje, bem como que não está sendo madura parte da oposição atual ao querer relativizar a vitória de Dilma, que foi tanto mais expressiva quanto maior o conjunto de forças que buscaram impedi-la de se reeleger, sejam internas, sejam externas, sendo icônico neste particular o comportamento monolítico dos veículos de comunicação de massa em favor da oposição.

Aliás, neste particular podemos dizer que o maior derrotado neste pleito foram os grandes veículos de comunicação, que desta vez foram percebidos como aquilo que verdadeiramente são: PARTIDOS DE OPOSIÇÃO travestidos de jornais, revistas, canais de televisão, rádios e portais de internet. E isto não coaduna com a democracia. Acho que se as coisas forem assim colocadas, estaremos falando do que é fato. Do contrário, estaremos no campo das lendas e da feitiçaria. Ou, claro, do GOLPE. Neste aspecto tenho lado, e ele não é mitológico, mágico ou golpista.

Portanto, se as saídas não são míticas ou golpistas, Dilma deve seguir presidindo o Brasil e a oposição lhe fazendo o que deve, ou seja, oposição, de preferência honesta e com vistas à correção de seus reais pecados, tanto os já cometidos quanto aqueles que poderá vir a cometer. Afinal, ela deve governar o Brasil e a oposição se opor caso ela não o faça, jamais se opondo ao Brasil, como, me parece, alguns, consciente (sabemos que estes existem e quem são) ou inconscientemente, desejam. Se é assim, não há luto, porque o Brasil segue mais vivo do que nunca. Há, e a cada dia mais, vida para ser vivida. E governada. De preferência com oposição, maior sinal de que permanecemos uma democracia, dentre as maiores e mais vibrantes do mundo. Tomara que a oposição saiba ser a oposição que uma democracia de verdade merece ter.

De nossa parte, queremos a democracia em sua plenitude, inclusive com oposição política e social de verdade, que nos ajude a enxergar o que não enxergamos. Seremos, se isto se der, ou seja, se a oposição for uma oposição na democracia e não à democracia, mais governo. Quando há oposição de verdade, há governo de verdade e democracia de verdade. Que a oposição saiba escolher o seu caminho, de preferência expurgando de seu seio o golpismo alimentado pelo ódio irracional, não raro à beira da defesa da limpeza étnica de parcela de nossa população, imputando-lhe, para tanto, o pecado de não a ter escolhido, como se isto fosse um mandamento divino não cumprido.

Que Deus e os homens e mulheres de boa vontade nos governem, enquanto governo e oposição, em nome do Brasil e de nosso povo, este mais sagrado do que a escrituras sagradas.

 


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