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Organização no Local de Trabalho

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Blog

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

O grupo tem o objetivo de apresentar conteúdos que auxiliem os trabalhadores na busca pela auto organização a partir dos seus locais de trabalho.

Entendemos por locais de trabalho, não somente o espaço confinado das fábricas e dos escritórios, mas indo muito além destes.

Ao produzir a sua existência a partir do trabalho, o ser humano constrói também a sua identidade e torna-se sujeito da sua própria história. Por isso, o local de trabalho é o principal meio onde se estabelecem as relações sociais. E estas, vão muito além dos espaços confinados onde se executa a atividade laboral.

Neste contexto, as OLTs têm uma missão importantíssima que é instigar a reflexão sobre as condições de vida, e de trabalho, das pessoas e orientá-las quanto ao exercício do direito de liberdade de organização para então impulsionar a construção contínua de uma sociedade mais digna, solidária e justa para todos.


OLT e o Sindicato

10 de Janeiro de 2018, 12:58, por Flavio Casas de Arcega

Em uma conversa de um grupo de algum aplicativo de mensagens instantâneas por  aí...

 

[trabalhador 1]

Clientelismo!

As pessoas não vêem o sindicato como sendo uma instância delas, a ser disputada.

 

[trabalhador 2]

Entendo que sindicato deve nos atender sim!

Pra isso q ele existe, não?

A insatisfação se dá exatamente por ele não cumprir sua obrigação.

 

[trabalhador 1]

Errado.

O sindicato somos nós!

A nossa união, a nossa coesão, a nossa disposição para lutar é que faz o sindicato.

Se a gente não tem coesão na base, se a gente está fragmentado, se a gente não participa das assembleias, se a gente não se organiza e pauta a campanha, se a gente não vai lá em grupo bater na porta da diretoria do sindicato exigindo que se faça o que foi decidido em assembleia, não há sindicato.
Se a gente não consegue se reunir dentro da empresa, no nosso local de trabalho, para lutar contra chefias imediatas que abusam do poder e tratam nossos colegas de forma injusta, não há sindicato!

A CLT ao formatar os sindicatos, transformá-los em verdadeiras instâncias do estado, acabaram com o sentido do sindicato.

Sindicato não é um CNPJ, não é uma carta sindical, muito menos um prédio ou uma diretoria.

Sindicato é, por exemplo, isso aqui que fazemos nesse grupo. Debater e refletir sobre nossas condições de trabalho e como podemos nos organizar para mudar a nossa realidade, tanto como categoria, quanto como classe.

Trabalhadores unidos fazem o sindicato. A entidade, a diretoria, são apenas percepções superficiais da realidade...



OLT e as mulheres

8 de Março de 2017, 17:06, por Flavio Casas de Arcega - 0sem comentários ainda

A luta das mulheres por direitos

Historicamente, a mulher ficou subordinada ao poder masculino, tendo basicamente a função de procriação, de manutenção do lar e de educação dos filhos, numa época em que o valor era a força física. Com o passar do tempo, porém, foram sendo criados e produzidos instrumentos que dispensaram a necessidade da força física, mas ainda assim a mulher içou numa posição de inferioridade, sempre destinada a ser um apêndice do homem, jamais seu semelhante.

Esta compreensão acorrentou culturalmente a mulher, moldando-lhe sua existência conforme estas possibilidades apresentadas.
Durante anos o direito de cursar o ensino superior foi negado às mulheres, a busca pelo direito à educação é uma bandeira que passou a ter força só no século 19. A entrada das mulheres na universidade aconteceu primeiramente nos EUA, em 1837, com a criação de universidades exclusivas para as mulheres. Na Europa o processo foi mais demorado e começou pelas universidades menores. No Brasil, Rita Lobato Velho Lopes foi a primeira mulher a receber um diploma superior e a segunda da América Latina. Ela formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia em 1887

No século XX, depois das grandes guerras mundiais, dos avanços científicos e tecnológicos, surge irrevogavelmente a possibilidade de outro espaço para a mulher. Por volta da década de 40, o feminismo dá seus primeiros passos, e com isso começa a pensar na possibilidade de um futuro diferente daquele que lhe reservaram culturalmente e historicamente. As mulheres já vinham em um processo, lento e gradual de conquistas sociais, econômicas e jurídicas, mas é a partir de então que se intensificam as discussões e lutas pela superação da situação das mulheres e pelo seu espaço na sociedade especialmente quanto o direito ao voto.
A primeira experiência eleitoral viria a acontecer em 24 de fevereiro de 1932, ainda assim, apenas para as casadas (com a autorização dos maridos), viúvas e solteiras com renda própria. As restrições acabaram em 1934, quando as mulheres conquistaram finalmente o direito de voto, ainda que facultativo (apesar de ser obrigatório para os homens). Em 1946, com o fim do Estado Novo, o volto feminino foi garantido na Constituição aprovada.
(Trechos retirados do artigo: https://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/1944790/a-mulher-e-a-evolucao-dos-seus-direitos)


O Dia Internacional das Mulheres

Ainda no século 19, no contexto da Revolução Industrial, o número de mulheres empregadas aumentou significativamente, iniciando um período de longas jornadas de trabalho nas fábricas, mas com os salários significativamente mais baixos em comparação aos homens. Foi a partir desse momento que o feminismo se fortificou como um aliado do movimento operário e em busca de melhorias trabalhistas.

Em 8 de março de 1917, operárias russas foram às ruas em protesto contra o czar Nicolau 2º, a entrada do país na 1ª Guerra Mundial, contra a fome e os baixos salários. (Mais informações em: http://blogoosfero.cc/news/politica/8-de-marco-o-dia-da-mulher-nasceu-vermelho)

Foi também em Nova York que dois episódios importantes para a conquista dos direitos das mulheres aconteceram: as greves de 1857 e 1911. A primeira aconteceu em 8 de março e está ligada à luta das operárias têxteis, que paralisaram suas atividades durante uma semana e foram duramente reprimidas pela polícia. Em 1911, uma nova greve em 25 de março terminou com a morte de 146 pessoas (mais de 100 mulheres) em um incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company. Tais acontecimentos acima ajudaram a instituir o março como mês da mulher e o dia 8 como o Dia Internacional da Mulher, mesmo sem relatos e documentos que comprovem o ocorrido em 1857.


A entrada das mulheres no mercado de trabalho e sua atuação no meio sindical

Com as fortes mudanças de pensamento ocorridas no século XX a participação feminina no mercado de trabalho aumentou, e aumentou também o número de reivindicações específicas nas campanhas salariais sindicais como os de proteção a maternidade e paternidade (auxílio creche, licenças e outros benefícios), igualdade de oportunidades e salários, contra o assédio moral e sexual.

O meio sindical se modifica na medida em que novos atores se inserem no mercado de trabalho e passam a participar da construção de propostas para o mundo do trabalho. Portanto, a luta da mulher por espaços nos sindicatos é a sua própria batalha por afirmação na sociedade.

Tornar os espaços de trabalho mais atraentes e justos, vencer os preconceitos e consquistar o espaço merecido, são tarefas que passam pela soberania e protagonismo das mulheres. Todos temos capacidade de fazer qualquer coisa e, na medida que as mulheres passarem a se colocar de forma diferente, os espaços de trabalho também passarão a tratá-las de forma diferente.

A democracia é o lugar onde todos têm espaço e voz. A OLT e os sindicatos são por natureza os espaços para reflexão, pensamento, organização, luta e solidariedade dos trabalhadores.

Neste Dia Internacional das Mulheres, gostaria de destinar essa mensagem à todas as mulheres que ainda não se engajaram no meio sindical, e reforçar a importância da participação "delas" na ação de reflexão sobre suas condições de trabalho bem como na construção de propostas que visem transformar o mundo em que vivemos.

 



História da OLT

29 de Setembro de 2016, 13:14, por Flavio Casas de Arcega - 22 comentários

Origem da OLT

A Organização por Local de Trabalho (OLT) tem sua origem nas comissões de segurança, criadas pelo Estado da Inglaterra, como resultado dos protestos dos trabalhadores contra as péssimas condições de trabalho.

Os pontos críticos em que ocorria grande número de acidentes era na mineração subterrânea e na indústria têxtil. Porém os acidentes eram vistos pelos trabalhadores, neste período, como “castigo”.

1662 – 1o ato importante de protesto dos mineiros contra os patrões, exigindo a instalação de sistemas de ventilação nas minas e proteção contra acidentes. Os trabalhadores romperam com a noção de que os acidentes eram castigo;

1864 – Nasce em Londres a Primeira Associação Internacional Operária;

1895 – Instituição dos primeiros Delegados de Segurança nos locais de trabalho, na Bélgica;

1906 – Os mineiros britânicos também conquistaram o direito de designar representantes como inspetores de segurança do trabalho.

 

Origem da OLT no Brasil

A história sindical brasileira foi marcada por forte influência do movimento comunista que organizava nas empresas as chamadas “células”, onde só era permitido a participação de trabalhadores (as) filiados ao partido.

Foco principal de atuação era a luta política e ideológica de classe, sem estar voltada para a atuação e intervenção no sindicato, até porque eram controlados por agentes da polícia política pra mantê-los a serviço do desenvolvimento capitalista.

Com a reorganização do sindicalismo independente do Estado e dos patrões e a derrocada do regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1984, formas de OLT independentes – como Comissões de Fábrica – voltaram a ser organizadas, enfrentando todo tipo de resistência e repressão dos patrões e do Estado;

Na Constituição Federal promulgada em 1988 conquistamos a garantia da obrigação de eleição de um delegado sindical nas empresas com mais de 200 empregados.

 

Fonte: História da Organização por Local de Trabalho - http://www.appsindicato.org.br/adm/multimidia/coletivos/caminhoarquivo/18.pdf