Dê uma passada de olho nesta matéria da Folha de São Paulo:
Agora, para manter o brasileiro neste estado de torpor, completamente conformado com o status auto-afligido de nação de terceira categoria, nossa síndrome do país de vira-latas, algum “jornalista” bate o olho no quadro de medalhas da olimpíada de Londres e desanda a desconstruir todo o trabalho de nossos atletas na olimpíada que foi encerrada ontem.
Ora, não concordo com a maneira que o Comitê Olímpico Brasileiro trata do esporte no país, mas devo admitir que apesar das graves falhas, o trabalho do comitê nos últimos anos merece elogios.
Só o fato de termos a maior delegação olímpica de todos os tempos já seria motivo para comemoração, afinal, mais atletas atingiram o índice olímpico, mais equipes se classificaram para disputar uma olimpíada e só isso já seria motivo de orgulho nacional.
Mas não, um “jornalista de aluguel” analisa mal e porcamente o quadro de medalhas e me vem com comparações dissimuladas com o PIB, total da população e até o tamanho da delegação olímpica. Um serviço de porco e, com toda certeza, feito sob encomenda.
Um texto recheado de falácias e sem nenhum embasamento factual.
- Pelo tamanho do PIB: A Argentina, Índia Espanha, Holanda, Nova Zelândia e tantos outros também têm um PIB superior ao Cazaquistão e nem por isso tiveram um melhor desempenho no quando de medalhas. Cuba, com o PIB pífio como afirma o Jornalista (esquecendo propositadamente de mencionar o embargo criminoso contra o país) incentiva o esporte dede 1959.
- Pelo tamanho da População: A índia é o 2º país mais populoso do mundo e apesar disso, conseguiu apenas seis medalhas em Londres, duas de Prata e quatro de bronze.
- Pelo tamanho da delegação Olímpica: De toda a delegação jamaicana apenas um único atleta não disputou o atletismo. E três das quatro medalhas de ouro que o país ganhou, vieram graças ao fenômeno Usain Bolt.
Eu, que nem sou jornalista, bato o olho no quadro de medalhas, faço meia dúzia de pesquisas no Google e concluo que o desempenho brasileiro foi muito bom e dentro das expectativas.
Para começo de conversa, parafraseando o Barão de Coubertin, “No esporte o mais importante é COMPETIR.”
Nesta última olimpíada foram disputadas 302 modalidades esportivas e é claro, distribuídas medalhas em todas elas.
Os Estates e a China juntos faturaram nada menos que 84 medalhas de ouro. Foram 530 atletas dos Estates e a China com mais outros 500 disputando todas as 302 modalidades olímpicas.
O Reino Unido, como país sede, teve a maior delegação e também disputou todas as 302 modalidades conquistando 29 medalhas de Ouro.
Apenas estes três países abocanharam mais de 1/3 de todos os ouros disputados.
O Brasil disputou apenas 116 modalidades com seus 267 atletas. (Confira a tabela no final do post)
E aqui um ponto importantíssimo.
267 atletas, boa parte deles disputando medalhas em esportes de equipe. O futebol, com 36 atletas disputou apenas duas medalhas. O vôlei e vôlei de praia, com 34 atletas, disputou 4 ouros e trouxe no peito um ouro duas pratas e um bronze.
Tudo bem que foram frustrantes as “pratas” do futebol e do vôlei masculinos ou, os 40 atletas da delegação de atletismo que não conseguiram nenhuma medalhinha, mas isso são coisas que acontecem em qualquer esporte.
Por outro lado, Arthur Zanetti, conseguiu um inédito ouro olímpico para a ginástica brasileira. A ginástica brasileira que só começou a receber a devida atenção em 2002 quando o Técnico Ucraniano Oleg Ostapenko veio treinar a equipe brasileira. Em menos de 10 anos o país já formou uma equipe de ponta disputando finais olímpicas. Há quanto tempo os papões de medalhas da modalidade já têm suas equipes formadas treinadas e muito bem patrocinadas?
E as agradáveis surpresas de Sarah Menezes do judô e Yane Marques do Pentatlo. Atletas beneficiadas pelo programa Bolsa Atleta do Governo Federal.
Ora, mas o Brasil nunca teve uma tradição olímpica, tanto é que de todas as medalhas que o país ganhou até hoje, mais da metade foi conquistada nos últimos quatro jogos.
Eu sei lá quais motivos levam um jornalista a escrever um texto como esse. Ainda que fosse para atiçar as dúvidas do leitor com relação ao real destino das verbas de incentivo ao esporte ou para incentivar os leitores à prática de esportes cujo o Brasil não tem representação olímpica eu até entenderia, mas não, parece que a única intenção é manter viva a idéia que somos sim um país de vira-latas, que nossos atletas não passam de mercenários e que o Bolsa Atleta, assim como o bolsa Família, não passa de um programa do governo para sustentar vagabundos e comprar resultados eleitorais.
O que eu tenho certeza é que nossos atletas deram seu máximo nos jogos olímpicos. Nem todos voltam com uma medalha no peito, mas todos merecem nosso respeito pelo suor derramado e pelos anos de preparação. Afinal as medalhas são apenas um detalhe.
E que venha as olimpíadas do Rio em 2016, não importando qual seja o resultado no quadro de medalhas, pois o importante é a celebração ao esporte e a felicidade de finalmente sermos dignos de sediar um evento do tamanho que é uma Olimpíada.
Polaco Doido
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