Não existe nenhuma surpresa na escolha o deputado Fábio Camargo (PTB) para ocupar a cadeira deixada por Hermas Brandão no TCE-PR. Fábio Camargo é filho do desembargador Clayton Camargo que, desde dezembro de 2012, ocupa a presidência do Tribunal de Justiça do Paraná.

Também não foi por simples coincidência que este mesmo TJ-PR presidido pelo pai do novo conselheiro do TCE-PR, aprovou que os valores dos depósitos judiciais aos cuidados do TJ fossem parar nas contas do Caixa Único do governo Richa. Uma medida descaradamente inconstitucional barrada a tempo pelos membros do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), mas que serviu de barganha para que o governador do estado abrisse mão dos votos da base aliada ao governo estadual em favor de seu nome preferido, Plauto Miró, do Democratas.

O cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado é essencialmente político. O Tribunal possui uma equipe técnica de carreira para analisar as contas do estado e dos municípios e seus conselheiros, com cargos vitalícios e salários equivalentes aos dos ministros do supremo estão lá somente para defender os interesses do grupo político que o colocou no cargo.

Então, não existe mesmo nenhuma surpresa em termos mais um Fábio Camargo como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. O cargo em si, é nada mais que um resquício dos tempos do império. Com a diferença de que, nos tempos do império, o imperador trocava títulos de nobreza por favores políticos e/ou financeiros e hoje, os poderes estabelecidos, trocam os mesmos favores políticos e/ou financeiros por cargos muito bem remunerados com grande status social.

Apesar de vivermos no terceiro milênio da era cristã, a política no estado do Paraná ainda segue uma linha provinciana e ainda temos por aqui nossos coronéis e barões exatamente como duzentos anos atrás.

Só que desta vez um grupo de excluídos tentou melar o esquema. Um grupo de quarenta e poucos cidadãos com reputação e conhecimentos suficientes para pleitear a vaga de Conselheiro do TCE-PR. Entre eles, o companheiro de blogosfera Tarso Cabral, do Blog do Tarso. Claro que suas chances eram mínimas, mas suas candidaturas serviram para mostrar a todos nós até onde vão os esquemas e negociatas de nossa classe política. Um sistema de troca de favores completamente imoral visando sempre benefícios pessoais ou corporativos e onde o cidadão, o eleitor, o pagador de impostos é deixado sempre em segundo plano, como um mero figurante no teatro político, sem vez, nem voz cuja única função é servir de massa de manobra para estes grupos em épocas de campanhas eleitorais.

O que mais entristece nessa história toda é saber que o Partido dos Trabalhadores no Paraná, um partido que ao longo de sua história sempre combateu este tipo de política coronelista dos tempos do império, tem sete deputados na ALEP, destes sete, pelo menos quatro votaram em um dos dois deputados candidatos. Uma traição não só ao partido e a militância, mas principalmente uma traição ao eleitor que acreditava que sua escolha faria alguma diferença na condução política do estado do Paraná.

Conheça um pouco mais das atribuições do novo conselheiro do TCE-PR.

http://www.gazetadenovo.com/?edicao=31/8/2011

http://www.gazetadenovo.com/?edicao=1/9/2011

Polaco Doido