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Polaco Doido

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Ney Leprevost tenta impedir que “Mais Médicos” atue no Paraná

3 de Setembro de 2013, 19:22 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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O Deputado Estadual Ney Leprevost (PSD-PR), quando vereador de Curitiba, propôs e deu inicio a excelente ideia da linha Inter-hospitais. Uma linha de ônibus especial que circula entre os principais hospitais, clínicas e laboratórios da cidade, atendendo inclusive aos residentes no interior do estado, com uma parada estratégica na Rodoferroviária. (sei lá por que cargas d’água, a linha não tem nenhuma parada nas proximidades do terminal do Guadalupe. Vai ver, esqueceram dos moradores da região metropolitana).

A linha Interhospitais já está em atividade há 16 anos, mas Ney  sempre se esforça em nos lembrar o tempo todo que isso é uma criação dele. Quase que uma releitura do Ex-Deputado Afonso Camargo, que a todo tempo nos lembrava ser o pai do vale transporte e que nos dava a impressão de que este foi seu único feito em toda sua carreira política.

Por este e outros projetos de autoria do deputado, tem-se a impressão de que o mesmo se emprenha em proporcionar um atendimento de saúde de qualidade para os paranaenses e curitibanos. Infelizmente, na prática, parece se tratar apenas de puro marketing político eleitoral, com a finalidade de cooptar os votos daqueles que mais necessitam do atendimento público de saúde.

No último 4 de junho, durante as polêmicas sobre a vinda de médicos estrangeiros para prestar serviços emergenciais nas áreas mais carentes do país, Ney Leprevost apresentou um projeto de lei proibindo que médicos que não tenham passado pelo exame do REVALIDA, possam atuar no estado do Paraná. aqui

O próprio Ney está convocando profissionais da saúde e estudantes para comparecer à plenária sobre o tema que acontecerá amanhã, 04/09, no plenarinho da ALEP. aqui

Nas entrelinhas fica muito clara que a real intenção de Leprevost não é preservar a saúde da população carente, exigindo o REVALIDA dos médicos estrangeiros e sim, evitar que médicos cubanos atuem no Paraná.

Acho que o nobre deputado não se deu conta de alguns detalhes antes de dar continuidade aos trâmites de sua proposta.

Se não vejamos:

No Paraná, 27 municípios foram contemplados pelo programa Mais Médicos. Entre estes, nada menos que 10 municípios não receberam nenhuma inscrição de médicos brasileiros. aqui

  • Arapongas;
  • Capanema;
  • Contenda;
  • Faz. Rio Grande;
  • Guarapuva;
  • Iguaraçu;
  • Mandaguari;
  • Marialva;
  • Pinhais;
  • Tamarana.

Estas cidades receberão 17 médicos estrangeiros só porque nenhum médico brasileiro teve interesse em atuar nestas localidades. Quase a totalidade delas receberá apenas um médico.

Se a proposta do deputado passar, estas cidades continuarão sem médicos?

O exame REVALIDA é feito apenas uma vez ao ano e, para o ano de 2013, o exame que seria realizado em 25 de agosto, foi adiado devido a baixa adesão. Apenas 505 inscritos.

E se o médico indicado para Tamarana fizer o REVALIDA e não passar?

A cidade de Tamarana ficará sem médicos e que se dane a população daquela cidade?

Os médicos estrangeiros que atuarão no país recebem um CRM temporário que lhes permite atuar apenas na região estabelecida pelo contrato, durante a duração deste contrato.

Caso tivessem o diploma validado e um CRM definitivo, nada impediria que estes médicos abandonassem seus contratos e viessem atuar nos grandes centros, competindo no mercado de trabalho com os médicos brasileiros formados aqui.

É difícil entender?

Evidente também que nenhuma destas justificativas é suficiente para o nobre Deputado Leprevost. Tenho quase plena convicção de que sua postura contrária a vinda dos médicos estrangeiros deve-se muito mais a picuinhas eleitorais e ideológicas.

Claro que o nome responsável pela vinda dos médicos estrangeiros vai colher grandes benefícios eleitorais em 2014. Estas regiões carentes de saúde pública quase sempre servem como feudos eleitorais das famílias que detém o poder no estado desde os tempos do império. E este ciclo interminável está ameaçado pela vinda dos médicos cubanos.

Mais o evidente viés ideológico. Leprevost é assumidamente contrário a tudo e qualquer coisa ligada às agendas da esquerda. Foi assim quando propôs que o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chavez, fosse considerado persona non grata no Estado do Paraná. Foi assim quando o mesmo propôs que a TV estadual deixasse de retransmitir os noticiários da Telesur e também foi assim quando de seu posicionamento a respeito da entrada da Venezuela no MERCOSUL.

Ney Leprevost, como representante e defensor dos ideais da direita tupiniquim, apenas faz sua parte. Defendendo o corporativismo dos conselhos de medicina e planos privados de saúde e tentando salvar preciosos votos dos feudos eleitorais nos rincões afastados dos grandes centros. E é claro, reacendendo o medo da ameaça comunista dos tempos da guerra fria, para não ver o PT mais uma vez ganhando uma eleição presidencial em 2014.

Mas eu pergunto.

Se ao invés do convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e sua maioria de médicos cubanos, o governo federal firmasse convênio com o MSF (Médicos sem Fronteiras) a chiadeira de Leprevost seria a mesma?

Tenho cá minhas dúvidas.

Polaco Doido


Fonte: http://www.skora.com.br/?p=5133

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