O Empresário austríaco, Peter Brabeck-Letmathe, que desde 2005 é um dos presidentes do grupo Nestlé, declarou que os governos mundiais deveriam privatizar o abastecimento de água para que a sociedade tomasse consciência desse importante recurso natural e acabasse com o desperdício que vemos hoje em dia.
Só como curiosidade, a Nestlé é a empresa líder mundial na venda de água engarrafada. Um setor que representa 8% da receita da empresa e que no ano de 2011 foi de 68.580 milhões de Euros.
Mas Brabeck não é um monstro capitalista, corre sangue humanitário em suas veias e para garantir que as populações com menor poder aquisitivo não morram de sede, ele sugere que os governos do mundo garantam pelo menos 30 litros de água/dia gratuitos. Assim, as pessoas terão por dia, 5 litros para beber e mais 25 litros para higiene pessoal. Àqueles que extrapolarem a cota, é claro, serão cobrados valores de mercado, segundo critérios determinados pelos acionistas e diretores das empresas donas do recurso natural que, é lógico, vivem dos lucros de seus acionistas.
Confira a notícia: http://www.abadiadigital.com/presidente-de-nestle-el-agua-no-es-un-derecho-deberia-tener-un-valor-de-mercado-y-ser-privatizada/
Em princípio, a ideia de Brabeck não é tão absurda.
Faça as contas: 30 litros/dia por pessoa equivalem a 900 litros/Mês. Vamos arredondar para 1000 litros ou 1m3 de água, pelo qual em Curitiba, o consumidor paga algo próximo de R$ 2,20 pelo tratamento e distribuição, não pelo líquido, esse, teoricamente, é gratuito.
O consumo médio em grandes centros urbanos é de algo próximo a 5,4 m3/mês por pessoa. Além de beber e tomar banho o cidadão dá descarga, lava a louça, a roupa o carro a calçada, rega o jardim ou coisas do tipo. Com isso cada um deverá pagar uma taxa pelos 4.000 litros excedentes do consumo gratuito mensal.
Acho que o presidente da Nestlé esqueceu de mencionar que o consumidor urbano doméstico não é o maior responsável pelo consumo e poluição da água. Toda a cadeia de produção tem como um dos componentes principais o solvente universal e responsável pela vida. É esta cadeia de produção quem mais consome o recurso natural. Nós, seres viventes, por mais numerosos que sejamos, representamos apenas uma pequena fração do consumo total do precioso líquido.
Dê uma olha no quadro abaixo:
Consumo de água para a produção em valores aproximados
Tipo | Consumo de água |
produto |
Laticínios | 2,5litros | 1litro de leite |
Bebida | 5 litros | 1 litro de cerveja |
Têxtil | 100 litros | 1 quilo de tecido |
Papel celulose | 150 litros | 1 quilo de papel |
Tijolos | 2 mil litros | para cada tonelada |
Aço | 250 mil litros | para cada tonelada |
Alumínio | 1.500 mil litros | para cada tonelada |
Sem contar ainda a agricultura e pecuária. Que consomem quantidades exorbitantes de água.
Ao se privatizar o recurso natural a cobrança ficará restrita apenas a água encanada e tratada?
Pois é, seu Peter Brabeck-Letmathe, é bem expertão mesmo. Vai que jogando esse verde ele consegue que algum governante desatento tope a idéia de se privatizar a água. A empresa que garantir o contrato vai controlar tudinho. Daí nem vamos precisar de governo. Pra que governo se quem controla a água controla os meios de produção e controla a vida?
O perigo é que conheço alguns governantes que não podem ouvir idéias privatistas que já ficam todos excitados querendo vender tudinho. (né não governador?)
Que medo dessas idéias! Se a moda pega…
Polaco Doido
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