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Polaco Doido

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O capitalismo nosso de cada dia

22 de Abril de 2013, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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O Empresário austríaco, Peter Brabeck-Letmathe, que desde 2005 é um dos presidentes do grupo Nestlé, declarou que os governos mundiais deveriam privatizar o abastecimento de água para que a sociedade tomasse consciência desse importante recurso natural e acabasse com o  desperdício que vemos hoje em dia.

Só como curiosidade, a Nestlé é a empresa líder mundial na venda de água engarrafada. Um setor que representa 8% da receita da empresa e que no ano de 2011 foi de 68.580 milhões de Euros.

Mas Brabeck não é um monstro capitalista, corre sangue humanitário em suas veias e para garantir que as populações com menor poder aquisitivo não morram de sede, ele sugere que os governos do mundo garantam pelo menos 30 litros de água/dia gratuitos. Assim, as pessoas terão por dia, 5 litros para beber e mais 25 litros para higiene pessoal. Àqueles que extrapolarem a cota, é claro, serão cobrados valores de mercado, segundo critérios determinados pelos acionistas e diretores das empresas donas do recurso natural que, é lógico, vivem dos lucros de seus acionistas.

Confira a notícia: http://www.abadiadigital.com/presidente-de-nestle-el-agua-no-es-un-derecho-deberia-tener-un-valor-de-mercado-y-ser-privatizada/

Em princípio, a ideia de Brabeck não é tão absurda.

Faça as contas: 30 litros/dia por pessoa equivalem a 900 litros/Mês. Vamos arredondar para 1000 litros ou 1m3 de água, pelo qual em Curitiba, o consumidor paga algo próximo de R$ 2,20 pelo tratamento e distribuição, não pelo líquido, esse, teoricamente, é gratuito.

O consumo médio em grandes centros urbanos é de algo próximo a 5,4 m3/mês por pessoa. Além de beber e tomar banho o cidadão dá descarga, lava a louça, a roupa o carro a calçada, rega o jardim ou coisas do tipo. Com isso cada um deverá pagar uma taxa pelos 4.000 litros excedentes do consumo gratuito mensal.

Acho que o presidente da Nestlé esqueceu de mencionar que o consumidor urbano doméstico não é o maior responsável pelo consumo e poluição da água. Toda a cadeia de produção tem como um dos componentes principais o solvente universal e responsável pela vida. É esta cadeia de produção quem mais consome o recurso natural. Nós, seres viventes, por mais numerosos que sejamos, representamos apenas uma pequena fração do consumo total do precioso líquido.

Dê uma olha no quadro abaixo:

Consumo de água para a produção em valores aproximados

Tipo Consumo de
água

produto
Laticínios 2,5litros 1litro de leite
Bebida 5 litros 1 litro de cerveja
Têxtil 100 litros 1 quilo de tecido
Papel celulose 150 litros 1 quilo de papel
Tijolos 2 mil litros para cada tonelada
Aço 250 mil litros para cada tonelada
Alumínio 1.500 mil litros para cada tonelada

Sem contar ainda a agricultura e pecuária. Que consomem quantidades exorbitantes de água.

Ao se privatizar o recurso natural a cobrança ficará restrita apenas a água encanada e tratada?

Pois é, seu Peter Brabeck-Letmathe, é bem expertão mesmo. Vai que jogando esse verde ele consegue que algum governante desatento tope a idéia de se privatizar a água. A empresa que garantir o contrato vai controlar tudinho. Daí nem vamos precisar de governo. Pra que governo se quem controla a água controla os meios de produção e controla a vida?

O perigo é que conheço alguns governantes que não podem ouvir idéias privatistas que já ficam todos excitados querendo vender tudinho. (né não governador?)

Que medo dessas idéias! Se a moda pega…

Polaco Doido


Fonte: http://www.skora.com.br/?p=4611

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