Para o leitor mais atento não é nenhuma novidade a constatação de que a administração Beto Richa conseguiu a proeza de literalmente quebrar os cofres do estado com seu tão alardeado “Xoque de Jestão.”
A fórmula do fracasso é simples e conhecida por todos aqueles que administram desde um pequeno orçamento doméstico até as contas milionárias de uma grande empresa.
Nunca se deve gastar mais do que se arrecada e se isso por ventura vier a acontecer, providências devem ser tomadas para evitar novos rombos no orçamento nos meses futuros.
Infelizmente, no “Xoque de Jestão” de Richa, esta regra básica não existe.
Exemplos não faltam:
- Os telefones de atendimento da polícia militar, o serviço 190, foram cortados por falta de pagamento às operadoras de telefonia no final de 2013.
- Os mais de 18 mil presos do estado quase ficaram sem alimentação no mesmo período por falta de pagamento aos fornecedores das quentinhas. (aqui)
- São muito comuns os relatos de viaturas da polícia paradas por falta de combustível ou ainda, encostadas nas oficinas por falta de pagamento aos fornecedores.
- A dívida do estado para com seus fornecedores já ultrapassa a cifra de R$ 1 bilhão.
O engraçado é que ao mesmo tempo em que o estado sofre pela falta de dinheiro em caixa e reclama diuturnamente por causa da não liberação de empréstimos pelo governo federal, a arrecadação do estado só aumenta. Desde janeiro de 2011, o aumento na arrecadação total foi da ordem de 30%. Em 2013, o estado arrecadou com impostos nada menos que R$ 32,14 bilhões. Onde foi parar toda esta grana?
Eu aqui, me recuso a acreditar que esta má gestão do dinheiro público no estado se deva a incompetência de Richa e de sua equipe de governo. Eles não são marinheiros de primeira viagem, Richa e sua equipe ganharam muita experiência durante o período em que estiveram à frente da administração aqui da capital por dois mandatos.
Então, só existe uma explicação lógica:
Richa sacrifica o orçamento público para quitar as dividas com seus patrocinadores de campanha nas eleições de 2010 e com isso, garantir os mesmos patrocínios nas eleições deste ano.
Parece absurdo?
Sim, parece. Mas acompanhe este exemplo divulgado hoje pelos jornalões do estado.
Sanepar dispensa licitação e faz contrato de 23 milhões
Pela sétima vez consecutiva a Sanepar renova contrato de vigilância com as empresas Embrasil e Auxiliar. Ambas foram recontratadas com dispensa de licitação para prestarem serviços por mais 180 dias, a um custo de 23 milhões no período.
Segundo Celso Nascimento, em sua coluna na Gazeta do Povo, os agentes públicos só podem dispensar licitações para contratar fornecedores em caso de emergências ou calamidades públicas. Não parece ser este o caso, mas como manda quem pode e obedece que tem juízo, o Governo do Estado continua usando dos nossos recursos para pagar seus patrocinadores de campanha.
A Embrasil e a Auxiliar constam da lista de doadores da campanha para o governo do estado de Richa em 2010. Como pessoas jurídicas independentes, juntas doaram quase R$ 100.000,00 diretamente para a campanha do governador.
Não sei de outras doações escondidas por trás de pessoas físicas ou outras empresas ou, até mesmo, doações destas empresas para os diretórios estaduais, federais ou municipais ligados a campanha do governador.
Quantos outros casos do mesmo tipo estarão escondidos nas páginas do Diário Oficial do Estado?
O que fica bastante claro é que investimentos em campanhas eleitorais vitoriosas é realmente um excelente negócio, o retorno é garantido e os lucros acima de qualquer aplicação financeira.
Os cofres do estado, a segurança pública, a saúde e educação que se danem. Afinal, para quem pode torrar R$ 30 ou R$ 65 mil numa campanha eleitoral a qualidade dos serviços públicos é o último item na sua lista de preocupações.
Acho que o negócio é nós, como eleitores, nos juntarmos e fazermos uma vaquinha para bancar a candidatura de algum governador. Quem sabe assim, o futuro governador direcione o “Xoque de Gestão” para nossas necessidades e não, para as necessidades de alguns poucos empresários carentes das verbas públicas.
Polaco Doido
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