A Cidade Modelo Campeã Mundial do “Faz de conta”
10 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaHoje o sítio da prefeitura de Curitiba anuncia que pela sétima vez consecutiva a cidade venceu o Dia do Desafio realizado no último dia 30 de maio.
Segundo informações da Prefeitura, replicada por vários veículos de informação, a cidade de Curitiba este ano competiu com as cidades de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e Tegucigalpa, capital de Honduras. A capital dos paranaenses atingiu o invejável índice de 46,1% de adesão do total de munícipes da terrinha de muito pinhão! A cidade boliviana teve 9,77% de adesão e a capital hondurenha contou apenas com 0,01% de participação.
O Dia do Desafio foi criado no inverno de 1983 numa cidade do Canadá. O prefeito, preocupado com a saúde de seus munícipes, propôs que as 15 horas todos apagassem as luzes, saíssem de casa e caminhassem ao redor do quarteirão mais próximo durante 15 minutos. Um convite ao exercício do corpo.
Outras cidades brasileiras vencedoras do desafio deste ano foram: Bertioga-SP, Bombinhas-SC, Maranguape-CE e mais uma infinidade de municípios brasileiros.
Eu aqui, meio sem entender este negócio, fico bastante encafifado.
46% de adesão dos curitibanos?
Bom, eu provavelmente fiz minha caminhada diária no dia 30 de maio, afinal faço isso quase todos os dias, a não ser que chova muito. Porém, não lembro de ter entrado em contato com o SESC ou a prefeitura para que computassem minha adesão ao movimento.
Além disso, também não houve nenhum anúncio na TV, rádio, jornais ou internet convocando a população curitibana para participar deste movimento.
Como então que conseguiram esta adesão de 46,10% curitibanos ao movimento?
Estranho, muito estranho. Curitiba tem uma população de 1.764.540 habitantes. 46,10% disso são nada menos que 813.453 pessoas.
Ora, que legal. Numa quarta-feira a tarde mais de 800 mil pessoas da cidade largaram tudo o que estavam fazendo e foram praticar alguma atividade física só para dar mais um título para a cidade! Que bonito! Que povo engajado com a saúde e bem estar do município!
Mas onde é que estava este povo todo se exercitando?
Segundo a própria prefeitura, o evento central foi executado na boca maldita, como pode ser observado nestas duas imagens do sítio da prefeitura.
Porém, no mesmo local e na mesma hora, um amigo do facebook capturou esta imagem mais abrangente do local:
Olha isso. Pela imagem percebe-se que não tem nem 50 pessoas na concentração para o evento!
Quanto será que a secretaria municipal de esportes e juventude, sob a batuta de Marcello Richa, o filho do todo poderoso governador, gastou num evento deste porte? E qual foi a real adesão dos curitibanos no evento?
E você que está lendo esta birosca, participou do dia do desafio? É um dos 46,10% da população que fez seu exercício escondido e depois ligou para prefeitura para informar de sua adesão ao movimento?
Conta aí nos comentários como foi a emoção de saber que graças a seus 15 minutinhos de caminhada a cidade ganhou mais um título internacional.
Eu aqui Polaco Doido e incrédulo acho que é só mais um migué para enganar incautos eleitores.
Pois já faz tempo que Curitiba é só mentira, propaganda enganosa e prêmios e mais prêmios internacionais de origem pra lá de duvidosa.
De qualquer maneira. Parabéns Curitiba por mais esta conquista. Se serve para alguma coisa não sei, mas pelo menos deixa o Ducci e o Filhote de governador secretário de esportes bonitos na foto, isso deixa. Ah, se deixa!
E que venha a campanha para as eleições municipais de outubro.
Polaco Doido
A morte dos imortais
6 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaSurrupiado d’O Ornitorrinco e do Com Texto Livre
Em sua festa anual, os deuses conversam preocupados sobre seu futuro Ahura Mazda, o deus do zoroastrismo, cochichava no ouvido de Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência): “O ateísmo está crescendo. Até no Brasil. Na década de 1960, os sem-religião representavam 0,5% da população. Hoje chegam a 7,8%”.
Era a festa anual dos deuses, que este ano aconteceu em Asgard, onde o arco-íris é ponte.
Odin, o anfitrião, desfilava com todo seu garbo, usando tapa-olho na vista direita e piscando para os amigos com o olho esquerdo. Já seu filho Thor, por conta do filme Os Vingadores, distribuía autógrafos aos outros convidados.
Num canto, Xangô, Zeus e Tupã comparavam seus raios para ver quem tinha o maior. Noutro, Ganesha, com sua cabeça de elefante, conversava com Rá, com sua cabeça de falcão. Na varanda, Ceci e Diana falavam sobre a Lua, enquanto Quetzacoatl tomava um chocolate.
No jardim, Itzamna, o deus maia, trocava ideias sobre sacrifícios humanos com Viracocha, o deus inca. E Ahura Mazda, o deus do zoroastrismo, cochichava no ouvido de Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência):
- Sabe?, sem mim você não seria nada. Antes era uma tremenda bagunça.
- É verdade, mas eu fui muito mais longe. Enquanto você ficou ali pela Pérsia, eu me espalhei pelo mundo.
- Ok, mas não esqueça que graças a mim é que começaram a pensar num deus único. E num paraíso, no juízo final e num messias.
- Pode ser. Mas eu é que entendo de mercado. Tenho o judaísmo, o cristianismo, o islamismo e o espiritismo. Dividi para conquistar.
- Não se gabe muito. O ateísmo está crescendo. Até no Brasil. Lembra daquele país?
- Claro. Diziam que eu era de lá.
- Pois é, no Brasil o time dos sem-religião vem aumentando muito. Mais que o grupo dos evangélicos.
- Mesmo sem aquelas músicas ruins e as ex-atrizes pornôs?
- Mesmo. Na década de 1960, os sem-religião representavam 0,5% da população. Em 2003 este grupo já havia alcançado 5,1% e, em 2009, 6,1%. E agora chegaram a 7,8%.
- Se os brasileiros continuarem assim…
- Podem ficar como os nórdicos. Você sabia que 72% da população da Noruega é de ateus ou agnósticos? Na Dinamarca é pior: 80%. E na Suécia, um horror: 85%!
- Os números são altos, mas as populações destes países são pequenas.
- Pois na China só cerca de 20% das pessoas crê num deus. Quando eles dominarem o mundo de vez…
- Isso me dá um pouco de medo. Eu me dei bem com o império romano, não me saí mal com o inglês e me mantive por cima com o norte-americano. Mas com o império chinês…, não sei, não…
Com certo ar sádico, Mazda começa a cantar, apontando os indicadores para cima:
-Ai, ai, ai, ai, ai-ai-ai, tá chegando a hora… A China já vem, chegando meu bem, é hora de ir embora…
-Ir embora? Não seja radical.
-Mas é isso mesmo, meu chapa. Se não acreditam em nós, desaparecemos. Lembra de Nammu, Dagon, Anath e Molech?
-Lembro, claro.
- Pois eles desapareceram como fumaça. E também Marduk, Damona, Ésus, Dervones e Nebo; e Yau, Drunemeton, Inanna e Enlil; e Deva, Borvo, Grannos, Mogons e Sutekh, o deus do vale do Nilo.
- É mesmo…
- Mesmo os deuses desta festa estão quase transparentes. É que pouca gente crê neles. Zeus e Toth, por exemplo, são mais folclore que religião. E eu só sobrevivo por conta de uns duzentos mil adeptos. Uma mixaria. Meus dias estão contados…
A esta altura, todos os outros deuses já cercavam os dois deuses únicos. E tinham semblantes preocupados. Então todos deram as mãos e Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência), para levantar o moral da turma, puxou uma oração que era assim:
“Homem nosso que estais na terra,
santificado seja o nosso Nome,
chegue a vós o nosso Reino,
e seja feita a nossa vontade
assim no céu como na Terra.
A oração de cada dia nos dai hoje,
e perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem desprezado.
Não nos deixeis cair em esquecimento
mas livrai-nos do limbo,
Amém.”
José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.
No Carta Maior
Entenda tudo sobre a crise financeira dos países ricos
5 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaSurrupiado do Dr. Sérgio Cruz
Culinária Doida #8 – Abobororão (Abóbora com camarão)
3 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Na última quinta feira estava eu, como sempre, cuidando de meus afazeres. Códigos fonte, atualizações e o sempre bem vindo fechamento mensal de contas, quando recebo uma inusitada mensagem privada no Face.
Minha amiga Lu me vem com a seguinte proposta:
Como a dona Lu está esperando neném e até já me escalou para ser padrinho da herdeira, claro que me prontifiquei a preparar a iguaria. Desejos de mulher grávida são coisas muito sérias.
Depois de dar uma fuçada em vários sítios de culinária e de me considerar apto na preparação do bagulho, agendamos para saborear o prato no sábado durante o almoço. Na sexta feira fui almoçar no Mercado Municipal e já aproveitei para comprar todos os ingredientes necessários.
Nada de mais.
Primeiro precisamos escolher uma abóbora do tipo moranga com um tamanho suficiente para servir bem o número de convidados. Escolhi um belo exemplar com pouco mais de dois quilos. Depois os camarões, um quilo de camarões médios e limpos, para decorar o prato, meia dúzia de camarões bem graúdos e vistosos. De resto, um vidrinho de leite de coco, coco ralado sem açúcar, salsinha desidratada, um tomate para cada 200 gramas de camarão, cebola, alho, requeijão cremoso, creme de leite em caixinha ou latinha e queijo.
É claro que precisa de incentivos. No caso, meu incentivo foram duas garrafas de Ventisquero Merlot Reserva 2010. Uma durante a preparação da iguaria e outra na hora de servir.
O primeiro passo é abrir o vinho, lógico!
Eu prefiro o merlot na temperatura ambiente. Depois de sacar a rolha, deixo a garrafa respirar por uns 10 minutinhos e só então encho a taça. Uma cheiradinha para sentir todo o empenho do enólogo que preparou o vinho, depois o primeiro gole em homenagem a Baco(1) , o segundo gole para dar confiança e vamos ao que interessa.
Preparando a abóbora.
Tire uma tampa o mais redonda possível do lado do talo da abóbora, fica bem fácil se usar uma faca fina, corte um círculo e depois com ajuda de outra faca como alavanca retire esta tampa e tire todas as sementes e fiapos de dentro da abóbora.
Agora é preciso dar uma pré-cozida na abóbora com água e um pouco de sal. Este animal metido cozinheiro não se deu conta de que precisaria de uma panela com tamanho suficiente para cozinhar a bichinha inteira. Foi realmente complicado cozinhar a abóbora a prestação, um pedaço de cada vez. Certifique-se de que tem uma panela com tamanho suficiente para a abóbora inteira coberta de água.
Muito cuidado no pré-cozimento. Se cozinhar demais ela pode se partir, se cozinhar de menos fica dura. Vai testando a textura, quando conseguir perfurá-la com o grafo sem nenhum esforço está pronta.
Isso feito escoe toda a água e deixe a abóbora descansando em uma assadeira.
Agora a parte legal.
Lave e tire as sementes dos tomates, corte em cubinhos pequenos e reserve. Pique uma cebola grande também em cubinhos pequenos e também reserve em outro recipiente. Numa panela com tamanho suficiente derreta, em fogo baixo, uns duzentos gramas de manteiga (se preferir use azeite de oliva, ou óleo de cozinha, ou o que achar melhor). Junte a cebola e refogue um pouco. Feito isso junte os camarões e alho picado e vai mexendo até que peguem uma corzinha. Agora junte aqueles tomates e deixa aí refogando. Vai notar que os camarões e tomates soltam muita água. Vai com calma, fique mexendo até diminuir bastante a água, o nome técnico para isso é reduzir, eu acho.
Depois que mais da metade de toda aquela água tiver evaporado junte umas pitadas de salsinha desidratada, uma colher de leite de coco para cada meio quilo de camarão, sal e pimenta. Cuidado com o sal.
(agora está na hora de preparar o arroz. Faça um arroz branco simples como de costume, o resto vem depois.)
Dê umas mexidas para mesclar os ingredientes com os temperos e teste o sal.
Agora abaixe bastante o fogo.
Segredinho de um colega que é chefe de cozinha.
Todos os fogões possuem um falso fogo alto, logo antes ou depois do fogo alto existe uma posição onde a chama fica bem fraquinha, chama suficiente apenas para manter o calor da panela. É bem essa que você deve achar. Antes de iniciar teste as bocas de seu fogão até encontrar a posição ideal.
Agora junte o creme de leite, uma caixinha para cada meio quilo de camarão. Preste muita atenção para não deixar ferver, se não o creme de leite talha e todo seu empenho vai para o saco. Fica cuidando aí.
Daí chegou a hora de deixar o bagulho metido a besta. Neste caso, usei uma combinação de mussarela e provolone defumado. Mole! Pega um pedaço destes queijos, um ralador e vai ralando sobre a panela. A quantidade depende do gosto de cada um. Vai mexendo até o queijo derreter e pronto!
Se por acaso achar que o bagulho ficou muito pálido, pode colocar umas colheres de massa de tomate só para dar uma cor, não tem problema.
Prove e caso necessário, acerte o sal e vamos para a próxima etapa.
Lembra da abóbora que a gente cozinhou lá em cima?
Pois é, tá na hora de usar a bichinha.
Primeiro espalhe um vidro de requeijão cremoso dentro da abóbora. Tá sei que não é fácil, o requeijão não adere na abóbora, mas vai lá, vai tentando, paciência e perseverança são as maiores virtudes em qualquer atividade na vida.
Agora pegue aqueles camarões com creme de leite e coloque-os dentro da abóbora, pode encher até a boca. Mais um pouco de queijo ralado por cima para fazer uma casquinha e ficar bonito. Cubra com papel alumínio e bota no forno em fogo baixo.
Enquanto a abóbora está no forno vamos partir para as frescuras.
Para decorar a abóbora vamos usar aqueles camarões vistosos e graúdos. Frite-os como preferir e está pronto.
E o arroz?
Nesta hora ele já deve estar pronto. Junte duas colheres de leite de coco para cada xícara de arroz, umas colheres de coco ralado, misture tudo e está feito nosso arroz de coco. Simples, fácil e dá um “tchananan!” no arroz de todos os dias.
Já pode tirar a abóbora do forno, decorar com os camarões fritos e servir acompanhado do arroz de coco e uma saladinha de sua preferência.
De novo, show! A combinação abóbora, camarão e coco é realmente muito legal. Eu que tenho várias restrições com relação a abóbora, achei realmente saboroso.
Custou uns R$ 60,00 fora o vinho e serviu muito bem seis pessoas.
Vale o esforço, pode experimentar!
(1)Baco, ou Dionísio para os gregos, nasceu de uma virgem em 25 de dezembro, transformou água em vinho, tinha doze seguidores, foi traído, assassinado, ressuscitou depois de três dias e ainda, depois de tudo isso, ascendeu ao céu. (Muito loco esse Baco!)
Polaco Doido
Queda 16,9% nos lucros da Copel?
3 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaApesar do considerável aumento na arrecadação da Companhia Paranaense de Energia, R$ 2.024,6 milhões para o primeiro trimestre de 2012 (no mesmo período em 2011 este valor foi de R$ 1.826,2 milhões), um aumento de 10,9%. Os lucros da empresa sofreram uma queda de quase 17% para o mesmo período.
Como explicar essa queda nos lucros da empresa?
Mais investimentos? Não é o que parece.
A compra do avião para uso do poder executivo do estado também não justifica esta queda.
Seriam talvez, os estetoscópios distribuídos para estudantes de medicina para os colegas da filha de um dos diretores da empresa? Também não.
Mas com base no informativo Trimestral da Copel, disponível aqui: http://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos/rel0312/$FILE/Rel0312.pdf fica fácil perceber o real motivo da diminuição destes lucros.
Algum espertalhão resolveu aumentar o percentual dos lucros distribuídos aos acionistas da empresa. Até 2010 este percentual era de 25%. Em 2011 esse valor saltou para 35%, só para agradar os investidores da bolsa de Nova York.
Essa “paga” aos acionistas tem nome: Juros Sobre Capital Próprio ou (JCP) e em 25 de maio os acionistas receberam R$ 195,3 milhões remanescentes do exercício 2011. No total foram repassados R$ 421,1 milhões aos investidores pelo exercício 2011.
Se juntarmos estes R$ 195,3 milhões ao lucro anunciado de R$ 319,7 milhões, o lucro da empresa seria bem maior e, este lucro, poderia ser convertido em mais investimentos, valorização de funcionários e até quem sabe, uma considerável diminuição nas tarifas.
Infelizmente a Copel está em poder de acionistas na maioria estrangeiros e são eles que determinam os destinos da empresa paranaense de energia.
Claro que esta queda nos lucros também pode servir para justificar um futuro projeto de privatização da mesma. Afinal, como todos sabemos, para os governos demotucanos Privatizar é preciso, viver não é preciso!
Nós, o povão, só pagamos as tarifas.
Polaco Doido