Não dá para esperar justiça da injustiça do Paraná. Sua balança, há tempos, só pende a favor dos poderosos. Isso porque o que pesa nesta vida, pelo menos nas terras das Araucárias, não é a consciência, mas a conivência entre os poderes. O Estado protege os ricos, a polícia persegue os que resistem e a justiça carimba esse modelo de democracia impositiva.
Completos um ano da ocupação da Alep, agora se acentua a minimização dos danos causados ao povo. É um novo massacre cuja impunidade das autoridades é a sentença contra os professores. O crime aos direitos humanos compensa.
O primeiro passo para a impunidade é o arquivamento do processo que investigava os excessos por parte da PM. Na avaliação, seis agentes da lei eram responsabilizados. Uma espécie de equívoco premeditado. Afinal, o que ocorreu foi um perfeito exercício militar em que cada setor executava sua tarefa: uns no cordão, outros vindo de trás e atirando bombas e balas de borracha, seguidos de jatos de gás de pimenta que o promotor Pimenta considerou conduta exemplar. Sendo assim, não houve excessos isolados, mas um corpo que se movia com objetivo de agredir e coagir.
E se de um lado, a justiça individualizou a ação coletiva da PM para poder inocentar a corporação, de outro, desmembrou a ação coletiva dos agredidos para que isoladamente cada um enfrente a força da justiça. É tipo fragmentar para não correr o risco de ser condenado. Ou alguém pensa que as vítimas de guerra, do atentado de 11 de setembro têm condições de sozinhos conseguirem reparação de seus danos?
Agora, vamos retirar a venda que nos cega. Não dá para esperar muito de uma justiça que se beneficiou financeiramente dos saques do Paranáprevidência, que preparou o campo com interditos proibitórios e mandados de segurança em favor do governo do estado. Muito menos com magistrados que não se envergonham de receber auxílios moradias e serem bajulados por garçons enquanto o país enfrenta crise econômica e desemprego. A Justiça não é o seio dos justus, mas uma casta de togados sempre disposta a manter equilibrada as desigualdades da sociedade.
Em tempo: não se escuta panelas ou se lê editoriais revoltados com essa impunidade, mostrando que existe uma base social no Paraná e no Brasil que sustenta e incentiva os desmandos seletivos. É a corrupção intelectual.
Por Manolo Ramires
Terra Sem Males