Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males,
Nesta segunda, 29 de fevereiro, 18 agências bancárias do HSBC em Curitiba estarão fechadas durante todo o dia. “Queremos que o banco nos diga onde foi parar o resultado que produzimos”, afirma Cristiane Zacarias, que é dirigente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e coordenadora nacional da COE HSBC , representação dos trabalhadores nas negociações com o banco.
O ato é um protesto nacional pois, de acordo com Cristiane, o HSBC não divulga o balanço financeiro aqui no país, alega para os funcionários não ter acesso às informações sobre o lucro no Brasil e nem autorização de Londres para comentar. “No entanto, há uma nota dizendo o que o pagamento da PLR não acontecerá, embora a gente saiba que os executivos devem receber seus bônus normalmente. Isso é revoltante”, explica a dirigente.
No dia 23 de fevereiro, o HSBC anunciou em comunicado interno que não fará o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR 2015), nem do Programa Próprio de Remuneração (PPR Administrativo). A justificava para o não pagamento foi resumida a “considerando o resultado do Grupo HSBC no Brasil”. No dia anterior, o HSBC havia divulgado seu balanço financeiro global, apresentando lucro de US$ 13,52 bilhões.
Com prejuízo de R$ 549 milhões na filial brasileira em 2014, o HSBC Brasil registrou lucro de R$ 31,8 milhões no primeiro semestre de 2015, após anúncio de venda para o Bradesco por R$ 17 bilhões. “Solicitamos reunião com o banco, mas ele se nega em atender. Contamos com a união nacional dos bancários do HSBC para defender seus direitos, que os clientes entendam que nosso protesto é legítimo, pois após quase 20 anos no país, o HSBC vai embora dizendo ter tido prejuízo, e ao mesmo tempo levando no bolso R$ 17 bilhões”, finaliza Cristiane Zacarias.
Na semana passada, dia 24 de fevereiro, os bancários já haviam paralisado as atividades nos centros administrativos do HSBC em Curitiba, que é a sede do banco no Brasil. Mesmo com todas as manifestações, os representantes do HSBC se recusam a agendar reunião com o Sindicato para negociar o pagamento da PLR, que tem seus valores estabelecidos nas campanhas salariais unificadas da categoria bancária, com abrangência nacional.
Enquanto os bancários do HSBC aguardam a definição da venda do HSBC ao Bradesco pelo Cade e protestam contra o anúncio do não pagamento da participação nos lucros, trabalhadores dos demais bancos privados, como Itaú, Bradesco e Santander, receberam na semana passada valores majorados de PLR, já que os recordes de lucros ultrapassaram o valor mínimo estabelecido pelo acordo: a regra básica é distribuir no mínimo 5% do lucro líquido apresentado pelos bancos. O Itaú, por exemplo, que lucrou R$ 23,8 bilhões em 2015, após pagar o teto da PLR para seus funcionários, distribuiu somente 4,3% de seu lucro.