Nova rodada de negociação acontece nesta quinta-feira, 23, em São Paulo e paralisações nas agências se espalham pelo país
Na manhã desta quinta-feira, 23 de agosto, agências bancárias amanheceram com as atividades paralisadas em diversas regiões do país. Os atos foram iniciados na quarta (22). Em Curitiba, uma ação foi realizada no Bradesco Palácio Avenida, e no Paraná também foram realizados atos em Londrina e Umuarama.
A intenção dos trabalhadores bancários organizados pelos sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) é denunciar para a população os retrocessos que os banqueiros tentam impor aos bancários nas negociações de 2018.
Na última terça-feira, 21 de agosto, entre as propostas apresentadas pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) estava o corte no pagamento de Participação nos Lucros para mulheres bancárias em licença-maternidade, para que recebessem a remuneração somente pelo período em que permanecessem nos locais de trabalho, ainda grávidas, cumprindo metas. Essa discriminação também previa o corte de PLR para afastados por doenças.
O Comando Nacional dos Bancários, formado por dirigentes sindicais que representam os trabalhadores nas negociações com os banqueiros, rejeitaram esses e outros itens ainda na mesa. “A negociação continua nesta quinta-feira e se continuar travada, há possibilidade de mobilizações mais ostensivas e pode culminar num movimento de greve”, explica Junior Cesar Dias, presidente da FETEC e um dos representantes do Paraná nas negociações.
Entenda
Os bancos lucraram R$ 77,4 bilhões em 2017, crescimento de 33,5% em relação a 2016. No primeiro semestre de 2018 os lucros recordes somaram R$ 42 bilhões, 18% a mais do que o obtido no mesmo período de 2017.
“Os cinco maiores bancos do país, que dominam a representação da Fenaban na mesa de negociações, insistiram em uma proposta de reajuste desproporcional à lucratividade que só cresce, mesmo na crise, porque eles ganham até com essa crise que o país vive”, afirma Elias Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, também representante dos trabalhadores nas negociações, referindo-se a BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander.
Após a aprovação da reforma trabalhista, os bancários retomaram pela primeira vez a negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que tem abrangência nacional e é válida para os trabalhadores de todos os bancos, públicos e privados. A assinatura do último acordo, em 2016, foi formalizada com vigência para dois anos e isso protegeu os trabalhadores no período de transição. Nas negociações de 2018, diversas garantias conquistadas nesses 26 anos de CCT nacional estão ameaçadas, especialmente pela recusa dos representantes dos banqueiros em garantir a ultratividade a partir de 01 de setembro, que era a permanência da CCT em vigência durante o período de negociação até que nova convenção seja assinada. Paralelamente à negociação para toda a categoria, que ocorre entre a Fenaban e o Comando Nacional dos Bancários, formado por dirigentes sindicais de todo o país, são realizadas mesas de negociação em separado com os públicos Banco do Brasil e Caixa Econômica, que estabelecem um Acordo Coletivo a mais para esses trabalhadores. As reuniões de negociação são temáticas por eixos: remuneração e igualdade de oportunidades, saúde, segurança e condições de trabalho, e emprego. Até o momento foram oito rodadas de negociação até a apresentação da primeira proposta, em 07 de agosto.
A pauta de reivindicação dos trabalhadores bancários tem como uma das prioridades a proteção ao emprego bancário e o combate às terceirizações no setor, pois a reforma trabalhista e a lei da terceirização oportunizou a substituição de trabalhadores da categoria com diversos direitos assegurados por contratações fora da abrangência da convenção, reduzindo custos para os bancos, mas também piorando consideravelmente as condições de trabalho e precarizando o atendimento à população.
Lucro líquido dos bancos – 1º semestre 2018
Itaú – R$ 12,8 bilhões
Bradesco – R$ 10 bilhões
Caixa – R$ 6,6 bilhões
Banco do Brasil – R$ 6,3 bilhões
Santander – R$ 5,9 bilhões
Demissões no setor
Os bancos fecharam 2.846 postos de trabalho no país, entre janeiro e junho de 2018. Em 2017, foram 17.905 postos de trabalho fechados no Brasil, com demissões sem reposição de vaga.
Juros cobrados para a população
Em 2017, as tarifas de serviços bancários ocasionaram aumento de 10% nos ganhos dos bancos na comparação com o ano anterior, somando R$ 126,4 bilhões.
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Por Paula Zarth Padilha
FETEC-CUT-PR
Foto: Divulgação