Na manhã da última segunda-feira, 17 de agosto, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região realizou o ato de lançamento da Campanha Nacional dos Bancários 2015, com o mote “Exploração não tem perdão”. Os bancários percorreram agências bancárias da região central de Curitiba expondo os temas da campanha e dialogando com a população e com os trabalhadores sobre o início das negociações.
“Esse foi o primeiro lançamento que fizemos e em breve vamos divulgar um calendário de atos, mas possivelmente estaremos em frente aos centros administrativos e em cidades da região metropolitana de Curitiba a partir da semana que vem. Os bancários também estarão presentes no grande ato das centrais sindicais no próximo dia 20″, explica Carlos Copi, diretor de Mobilização e Organização da base do Sindicato.
As centrais sindicais estão convocando os trabalhadores para uma manifestação nas ruas dia 20 de agosto, Dia Nacional de Resistência e Defesa da Democracia, da não retirada de direitos dos trabalhadores. “Queremos fazer que o governo governe pelo programa que ele foi eleito para governar. É fundamental que a classe trabalhadora tenha consciência que se nós não formos pra rua disputar esse governo, ele vai ser entregue a 5 ou 6 grupos de comunicação, a 5 ou 6 banqueiros que mandam no sistema financeiro nacional, a 5 ou 6 empresários do latifúndio, então nós precisamos resistir organizados para que esse governo pela pauta que ele foi eleito e para garantir a democracia”, convoca Marcio Kieller, secretário geral da Central Única dos Trabalhadores do Paraná.
Negociações
A primeira reunião de negociação com os representantes dos bancos será nesta quarta-feira, 19 de agosto, em São Paulo, sobre o tema emprego. “Depois da construção que fizemos nas conferências regional, estadual e nacional, e montamos a nossa pauta muito bem elaborada que foi entregue aos banqueiros, nós temos enfim uma rodada de negociação, já com um calendário sobre emprego, que é um dos temas mais importante pra nós. É aquilo que a gente sempre diz: a gente quer remuneração justa e digna por conta dos lucros que os bancários geram para os bancos, é muito justo. Mas a gente entende que não vale a pena você ter uma boa remuneração se você não tiver no emprego saúde e condições de trabalho”, defende Elias Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

Elias Jordão, presidente do Sindicato, dialoga com a população e os bancários sobre as negociações. Foto: Joka Madruga.
Sobre as expectativas do dirigente com o início das negociações, Elias diz que os bancos vão utilizar o argumento de crise para dificultar o avanço na pauta de negociações, que a categoria terá dificuldades mas que a cada ano avança um pouquinho e que em 2015 não será diferente.
“Os bancos já apontaram que a situação não é das melhores, que tem uma crise, que é preciso que a economia e o sistema financeiro do país estejam estáveis e isso aponta e sinaliza que irão dificultar. Nesse momento se tornam inclusive coadjuvantes na questão do ajuste fiscal. Nós queremos uma economia estável, um sistema financeiro estável, mas nós queremos acima de tudo a garantia dos empregos dos trabalhadores, saúde e condições de trabalho, e uma remuneração justa e digna”, afirma o dirigente.
Mobilização
A Campanha Nacional dos Bancários conta com a mobilização dos trabalhadores para avançar nas conquistas. “Quando a gente fala com os trabalhadores, conta pra eles como está o processo de negociação, eles entendem que apenas com mobilização é que vamos conseguir avançar ou melhorar nas propostas. Os bancários têm atendido o nosso apelo. Tenho certeza que mesmo com tanta dificuldade vamos sair com novos avanços e novas conquistas”, acredita Elias.
Acesse aqui o álbum de fotos do lançamento da Campanha em Curitiba
Categoria bancária tem direitos iguais em todo o país
Os bancários são beneficiados por uma Convenção Coletiva de Trabalho aplicada em todo o país há mais de 20 anos. Os mesmos direitos de um bancário de Curitiba são também de um bancário de qualquer outra região do Brasil. A negociação nacional garante o mesmo piso salarial, valor de participação nos lucros e de benefícios como vale-refeição, vale-alimentação, vale-creche para todos. Os bancários estão há anos conquistando reajustes com aumento real nos salários (índices acima da inflação).
E a cada ano novas conquistas são inseridas nesta convenção coletiva, como extensão da licença-maternidade para 180 dias, igualdade de direitos para homoafetivos, vale-cultura, abono assiduidade. Já as questões como plano de saúde, auxílio educação, programa próprio de remuneração, entre outros, são debatidos banco a banco e estipulados em acordos aditivos, mas também com vigência nacional. Os empregados de bancos públicos também possuem acordos aditivos específicos.
“A categoria bancária é uma das nossas principais categorias da CUT com negociação no segundo semestre, junto com petroleiros, e outras menores. Então a negociação dos bancários dá linha e norteia outras categorias, inclusive na argumentação e atuação. O que nós temos conseguido fazer na categoria bancária nos últimos dez anos é um exemplo de organização e de mobilização e que se estende para outras categorias sem sombra de dúvidas. Então nós da CUT olhamos com muita atenção à questão da campanha dos bancários justamente porque ela tem reflexo nas outras categorias e nas outras campanhas salariais. Isso sem falar que a gente almeja o que os bancários têm há muito tempo que á a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) nacional que é o grande ponto forte desses avanços dos últimos tempos. Isso também tem um significado muito grande nas outras categorias e causa uma inveja boa, de querer conquistar também essa CCT nacional para todas as categorias”, avalia Marcio Kieller, secretário geral da Central Única dos Trabalhadores do Paraná.
Os principais problemas da categoria são as condições de trabalho. Os bancários sofrem com adoecimentos causados por cobranças excessivas por metas relacionadas a planos de remuneração; assédio moral (mesmo tendo em aditivo a garantia de um programa de prevenção); alta rotatividade que reduz salários; terceirização em atividades do sistema financeiro (em que os trabalhadores não têm os mesmos benefícios); segurança bancária ainda não é adequada; falta de funcionários para atender a alta demanda de clientes. A minuta de reivindicações é extensa e prioriza os diversos aspectos da profissão.
Acesse aqui a íntegra da minuta de reivindicações dos bancários.
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Negociação sobre emprego bancário será nesta quarta, 19
Texto e edição: Paula Zarth Padilha
Fotos e reportagem: Joka Madruga
Terra Sem Males