TERCEIRA PARTE
::Capítulo VII – Sangue ‘no zóio’
Ela gozou ‘lindamente’ e eu sabia que havia entrado no seu jogo. Cat Blake então contra atacou ao tirar meu pau pra fora e já ir chupando como se não houvesse amanhã.
Achei forçado.
Lembrei de uma vez, quando uma antiga namorada, toda intensa, se empolgou e deu uma mordida na cabeça da minha rola. Doeu pra caralho, literalmente. Por isso a acalmei.
Talvez a cocaína que ela vive cheirando a deixe precipitada. Ou pelo fato de ser bem mais nova… sei lá…
Mas a verdade é que depois que eu ‘dei a letra’, ela caprichou na pegada. O que deixou o jogo ainda mais interessante, pois tenho certeza que foi seu belo boquete que fez Tião e Tim cair na rede.
Mas comigo não é bem assim. E ela logo percebeu quando perguntei como ela gostava de foder. Cat Blake não vive num mundo onde há conversa e sexo. Ela sempre se envolveu com bandidinhos solitários. Era bombar, gozar, se vestir e acabou. Por isso estranhou. Depois fez uma cara de nostálgica e disse que queria sentar no meu pau.
E foi o que aconteceu. O problema é que, mesmo transando com a mulher mais gostosa da minha vida, a consciência denunciava: “por que toda essa traição?”.
Mas esqueci de tudo quando ela sussurrou mais uma vez: “vou gozar… vou gozar…” – aí gozei junto.
Após a trepada, ela olhou pra mim, surpresa, e tentou ser a Cat Blake de sempre:
– Quero vê vc me caguetar, seu véio tarado. Quero ver se sua ‘nega’ fica sabendo… – se vestiu rápido e voltou pro trampo. Antes, parou no banheiro pra dar mais um teco.
Uma coisa me chamou a atenção: aquele olhar de superioridade que a jovem tinha em relação ao velhote aqui sumiu.
…
Agora, aqui na minha solidão, concluo, com toda certeza, que Cat Blake quer tomar tudo que é nosso. Controlar a porra toda. Literalmente. Ainda mais com essa excitação juvenil e sua beleza rara.
Porém, eu só queria saber qual o razão pra isso tudo. Quem é essa mulher?
…
Depois daquele dia nossa relação mudou. Estranhamente ela ficou acuada. Ainda mais depois que eu desencanei um pouco de observar o triângulo amoroso deles.
O futebol, mesmo chato e a cada dia me enchendo mais o saco, trazia um exército de clientes. O que me ocupava a mente.
Enquanto o juiz errar e o torcedor se desesperar, ótimo. Cada erro de arbitragem é cerveja gelada, nóia vendida e cliente feliz; ou infeliz, dependendo do resultado.
Entendi que o futebol envolve toda uma estrutura emocional de torcedores. Move uma paixão irracional que se reflete na felicidade do trabalhador, do marido, da mulher, do rico e do pobre.
Aqui na vila, por exemplo, reúne todo tipo de gente durante os jogos.
Mas há coisas que não mudam. Por exemplo: o rico sempre vai comprar o melhor pó do Tim, mas vai torcer ao lado do fumador de crack. Nessa hora eles estão no mesmo barco. Discutem tática, técnica, arbitragem, impedimento, etc. O futebol os deixa de igual pra igual.
…
Como vocês perceberam, as coisas iam bem, até Cat Blake jogar pesado.
Aí o pau pegou.
Tudo começou quando Tião mandou Tim fazer uma correria descabida, mesmo com o bar lotado.
Tião não aguentou a provocação de Cat Blake. Por isso mandou Tim e Bigode irem cobrar um playboy lá no asfalto.
Mas não deu nem cinco minutos e Tim voltou. Entrou e foi direto para o depósito. Bigode ia atrás, mas segurei: “fica aqui!” – eu disse.
Já estava com minha pistola carregada quando cheguei. Cat Blake chupava Tião. Tim viu tudo. Ela estava de costas, não percebeu.
Tim saiu em disparada, tentei segurá-lo, pra conversar, mas seu olhar me congelou. Tião empurrou a cabeça dela e tentou seguir o irmão.
…
Mas eles não se encontraram e, após sobrar apenas eu pra fechar o bar, Tim apareceu e me entregou uma pasta cheia de documentos.
No seu rosto, vi apenas raiva.
Fechei o bar e fui pra casa com aquela pasta. Quando cheguei, minha mulher logo perguntou:
– Aconteceu alguma coisa?
– Acho que o Tim vai recair. Apareceu no bar agora há pouco e me entregou isso. Vou ler, entender e depois te explico.
Minha mulher, que sabia de tudo que acontecia no bar, ficou com os olhos cheios de lágrima e saiu.
…
Eu estava com sono, então peguei um pouco de pó, que guardo pra ocasiões especiais, e cheirei. Coloquei uma dose de conhaque e comecei a analisar os documentos que, agora sei, podem mudar a história desse país.
Por Jornaldo.
Leia Capítulo VI.