Produto já pode ser encontrado a R$ 7,50 o quilo, quando está disponível para venda.
Para quem gosta de cozinhar, um ingrediente é essencial para incrementar o cheiro e o sabor do prato: cebola refogada. Pois nas últimas semanas, encontrar cebola (com boa qualidade e preço acessível) tornou-se uma difícil tarefa a cumprir.
“Estamos pagando R$ 7,50 no quilo da cebola. Está impossível”, relata Débora, proprietária de um restaurante por quilo no centro de Curitiba. Ela depende de supermercados e compra a preço direto para o consumidor final.
Alguns fatores coincidiram para justificar o preço elevado, a diminuição da oferta do produto e a falta de qualidade. “Nos meses de maio e junho não tem cebola paranaense”, explica o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). “É uma situação normal para essa época do ano”, explica.
De acordo com dados do Deral, nessa entressafra paranaense quem fornece cebolas são os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia. E as importadas vêm de países como Chile, Holanda e Itália, mas a principal fonte é a Argentina, que passou por problemas climáticos que desfavoreceram a produção de cebola.
Nos meses de 2015, por exemplo, a produção argentina representa 16% do mercado, a paranaense 26% e outros 27% vêm de cidades de Santa Catarina. O restante, dos demais fornecedores.
Preço da cebola é o dobro de 2014
Atualmente, o valor de venda para atacado diretamente na Ceasa de Curitiba (Centrais de Abastecimento do Paraná S/A) é de R$ 80 o saco de 20 quilos do produto nacional e de R$ 95 o importado. “Esse ano foi bem atípico, com alta acima do esperado”, explica Antonio Evandro Pilati, técnico de comercialização da Ceasa Curitiba.
Pilati explica que no mesmo período do ano passado, o saco de 20 quilos de cebola era vendido para o atacado com valores entre R$ 45 e R$ 50, quase metade do valor praticado agora. E teve como consequência a queda no volume de vendas em quase 50%.
Contudo, a cebola não está em falta. Na Ceasa Curitiba, por exemplo, o volume de comercialização é de, em média, 4 mil sacos por dia. “O produto não está em falta, mas com tendência de baixa. Acredito que dentro de 15 ou 20 dias haverá uma pequena queda no preço porque começam as safras de São Paulo e Minas Gerais”, informa Pilati.
Agricultura da cebola
O Paraná é o 6º no ranking nacional de produção de cebola, com 8% do que é produzido no país, que é liderado por Santa Catarina. A safra de 2014/2015 teve maior produção nas regiões de Curitiba e de Irati. Carlos Salvador, do Deral, explicou que não existe tabelamento de preços controlado pelo Estado, mas que existe um controle dos valores de compra e venda.
No mês de maio, os produtores receberam, em média, R$ 65,97 pelo saco com 20 quilos (lembrando que o preço de venda para o atacado é de R$ 80). Já o preço médio de venda para o consumidor final seria, de acordo com o Deral, de R$ 4,67 o quilo da cebola. Bem diferente dos preços praticados em Curitiba, que estão variando entre R$ 6 e R$ 7,50 o quilo.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou em seu Boletim Hortigranjeiro referente ao mês de maio de 2015 um gráfico que expõe bem essas diferenças: um comparativo entre o preço médio e a quantidade ofertada de cebola desde o ano de 2013 pelo Ceasa Curitiba.
Boletim Hortigranjeiro da Conab mostra alterações na oferta e no preço da cebola praticados pela Ceasa PR. Reprodução.
Em maio de 2013 foram ofertadas quase três toneladas de cebola, a um preço médio de R$ 2,40 o quilo. No mesmo período de 2014, a oferta foi de menos de 2 toneladas, com valor de R$ 1,50 o quilo. Em abril de 2015, a oferta da cebola se manteve em duas toneladas, mas o preço estava, oficialmente, acima de R$ 2,50 (no atacado).
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males