Palmério Dória, Beto Almeida e Renata Mielli apresentam elementos sobre a necessidade de democratização dos meios de comunicação
Na manhã desta sábado, 13 de junho, teve início a 2ª mesa, sobre Democratização dos Meios de Comunicação, durante o 3º Encontro de blogeiros e ativistas digitais do Paraná (#3ParanáBlogs), que está sendo realizado na sede da APP Sindicato, em Curitiba.
Renata Mielli é jornalista e Secretária-Geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e Diretora do Barão de Itararé. Ela iniciou os debates contextualizando que a luta pela democratização da mídia não é de agora. “Em vários momentos da história desse país é uma pauta fundamental dos movimentos democráticos da nossa sociedade”.
Ela também explicou que a Constituição Federal diz que a comunicação não pode ser objeto de monopólio e oligopólio, mas não diz como vedar, uma distorção que reflete na situação atual, em que temos a radiodifusão totalmente concentrada em seis ou sete famílias que detém grande parte das emissoras de rádio e TV. “São grupos econômicos familiares que pertencem ao mesmo setor econômico e político”.
Para Renata Mielli, com o passar dos anos, a existência de dois projetos antagônicos ao país foi ficando mais evidente e esse é mais um motivo para a ampliação da discussão da democratização da comunicação. “A elevação do tom agressivo desses meios de comunicação contra os governos Lula e Dilma, com pautas que vão contra os interesses do Brasil, sabotam o próprio crescimento e desenvolvimento do país”, finaliza.
Beto Almeida, diretor da Telesur e do jornal Brasil de Fato, falou sobre o andamento das discussões, pelo governo federal, da Democratização dos Meios de Comunicação. Para ele, “os governos criaram a sua própria armadilha, caíram e estão paralisados nela”, citando a realização de grandes debates nacionais sobre o tema, incluindo a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). “As resoluções dos debates saíram da conferência sobre mídia direto para a gaveta do ministro Paulo Bernardo”, diz.
Ele também falou da prática do governo federal em publicar anúncios na imprensa. “No Brasil é praticamente proibida a leitura de jornais e revistas. O número vai diminuindo a cada dia que passa por perda de credibilidade. Há queda e falsificação de tiragem para receber dinheiro público do próprio governo, que paga para apanhar”.
Beto Almeida acredita que o Brasil tem alternativas para a mídia.”A Venezuela fortaleceu a mídia pública. Isto está previsto na Constituição brasileira. É preciso que o governo assuma esta tarefa, com fortalecimento das TVs educativas e das rádios comunitárias”.
Palmério Dória, jornalista e autor do livro “O Príncipe da Privataria”, rebateu as bandeiras levantadas de que o governo pode agilizar a democratização das mídias. “Não devemos esperar que o governo tome as devidas providências. Eles não vão tomar. O governo não vai fazer nada”.
O jornalista usou muito o termo golpe para referir-se às estratégias de mídia e divulgação de informação dos grandes meios de comunicação. “O golpe está acontecendo todos os dias, no parlamento, no judiciário. O último grande golpe aconteceu aqui no Paraná, que foi a (divulgação da suposta) morte do Youssef”. Para ele, somos todos cúmplices desse golpe. “Nós vivemos um golpe todos os dias. É só abrir os jornais que o golpe está armado. Nós compartilhamos esses jornais, somos cúmplices deles”.
A mesa foi coordenada por Camilla Hoshino, estudante de jornalismo, Frentex-PR e Levante Popular, que também colabora para o Terra Sem Males.
O Encontro de blogueiros continua nesta manhã com uma oficina sobre judicialização de blogueiros. Na parte da tarde, outras duas mesas de debates serão realizadas. Acesse aqui a programação completa.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males