Por Manolo Ramires
Terra Sem Males
1 – A disputa pelo poder no Brasil está mais embaralhada do que jogo de buraco. As cartas se misturam e já há dúvida se no país não se está jogando truco com o baralho todo. Por isso, algumas cartas e regras da disputa precisam ser reforçadas para que o pica fumo não seja considerado maior do que o gato.
2 – Na primeira mão, é importante não esquecer, ou recordar, que o pedido de impedimento de Dilma trata das pedaladas fiscais que já foram, inclusive, aprovadas pela Câmara dos Deputados e que contra Dilma não pesa nenhuma acusação no seio da Lava Jato. Quem conduz o processo é Eduardo Cunha, o rei dos blefes, pego na Lava Jato e com contas no exterior.
3 – As mãos de Sérgio Moro, que deu “all in” na mesa, também estão sob questionamento de outros especialistas. Primeiro, com uma trinca de grampos, emparedou Dilma, Lula e seu corpo jurídico. Mas, atentos à legalidade, outros jogadores questionaram a ilegalidade do grampo, com o vazamento de informações após o período autorizado. Em seguida, perceberam cartas por debaixo da manga, quando o Ministério Público Federal grampeou o escritório de advogados alegando que era a LILS. A casa da legalidade, OAB do Rio de Janeiro e Paraná, gritaram seis na mesa. Nenhuma investigação pode jogar cacheta com baralho de uno. As regras devem ser respeitadas na democracia. E Moro, que era um exímio jogador, está se caracterizando como blefador.
4 – Também cabe desembaralhar o motivo que querem levar Lula à prisão. A acusação é de que o ex-presidente se beneficiou de propina recebida das construtoras no esquema da Petrobras. Conversas vazadas posteriores, Moro e os golpistas querem ganhar o jogo com um par de pedalinhos, um tríplex e um sítio que seriam de Lula. Mas e a relação com a Lava Jato?
5 – Bom, depois que a mesa vira, fica difícil juntar as cartas e recomeçar o jogo com acordo de todo mundo.