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Desmonte do que resta dos bancos públicos é risco para o país

18 de Julho de 2017, 13:06 , por Terra Sem Males - | No one following this article yet.
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O economista do Dieese Felipe Freire Miranda, que atua auxiliando a Fenae, representação nacional dos trabalhadores da Caixa, esteve em Curitiba na última quinta-feira, 13 de julho, para participar da posse dos novos delegados sindicais do BB e da Caixa, promovida pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região. Ele destaca a importância das empresas públicas como subsídio para atuação do Estado para o desenvolvimento do país e o que está acontecendo é um processo de desmonte do que resta dos bancos públicos.

“A primeira distinção entre bancos públicos e privados é na atuação regional e a atuação além do lucro, com as políticas públicas. Os efeitos positivos regionais sobre a economia. Os bancos públicos competem com os oligopólios privados, auxiliam as contas públicas, atuam de forma setorial onde os privados não se interessam por não gerar lucratividade, além das atividades sociais que não são lucrativas”, exemplificou o economista. “A atuação com políticas públicas não volta para o balanço financeiro, mas para a sociedade”, ilustra.

Alguns elementos apresentados foram a estrutura oligopolista, num comparativo das últimas décadas, em que dezenas de instituições financeiras se transformaram atualmente em cinco bancos, dois públicos e três privados que detém 80% do mercado; o spread bancário que é o terceiro maior do mundo. Isso significa que os juros estrondosos no crédito rotativo do país só são menores que os de Madagascar e do Malaui.

Felipe também falou que o juros mais perverso para os comerciantes são vindos de um direito conquistado pelo trabalhador: aceitar o vale refeição num estabelecimento custa 12% de taxa pela transação financeira. “O que temos aqui é uma jabuticaba, só existe aqui. A lucratividade dos bancos no Brasil é o dobro do que ocorre no mundo”.

Estratégia econômica do Estado – O economista do Dieese esclareceu o papel fundamental do banco público como estratégia econômica para o governo federal. As chamadas “ações Robin Hood” promovidas pelos bancos públicos pegam recursos de quem tem mais e repassam em forma de políticas públicas para quem não tem. “Quando você vende um banco público, ao longo dos anos você não recebe em forma de dividendos”.

Segundo ele, o Brasil é um exemplo para o mundo de utilização dos bancos públicos, pois as mesmas políticas públicas sociais têm custo de 10% do que um ministério teria de custo para se fizesse diretamente. O BNDES atua em áreas que bancos privados não querem atuar. “Esses argumentos são fundamentais e vocês devem utilizar nas bases”, alertou.

O retorno social protagonizado pelos bancos públicos – Felipe Freitas de Miranda apresentou dados sobre o papel dos bancos públicos diante do mercado oligopolista, que são as instituições financeiras no Brasil, e da importante atuação no fomento de políticas públicos pelo Estado.O economista abordou o retorno social que a Caixa representa para a população brasileira e o lobby que o Santander tem exercido para ter acesso às contas do FGTS. “A Caixa não quebra porque tem fundo soberano, Ela só quebra se o país quebrar”, destacou.

O economista exemplificou que a cada R$ 1 investido em saneamento, a economia é de R$ 4 no sistema público de saúde. A Caixa também é responsável pela inclusão bancária, mas mesmo assim, ainda restam 36% dos municípios sem agência bancária. O Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Pronaf são três grandes projetos sociais viabilizados via Caixa e BB em que os retornos não são mensurados em lucratividade, mas para a sociedade.

“Na década de 70, a China veio ao Brasil saber como o país tinha tanto crescimento econômico e foi a receita brasileira de fortalecimento das empresas públicas, dos bancos públicos e do crédito direcionado que promoveu os chineses a serem o que são atualmente”, finalizou.

Por Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga, durante a Greve Geral de 28 de abril.

Terra Sem Males

 

Saiba mais sobre o encontro no site do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, acessando os links:


Fonte: http://www.terrasemmales.com.br/desmonte-do-que-resta-dos-bancos-publicos-e-risco-para-o-pais/