Seis portarias recentemente publicadas na UTFPR abrem sindicância contra estudantes que participaram da ocupação da universidade em 2016 e contra professores que mediaram conflitos
A Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR – Andes) lançou um Manifesto contra a criminalização dos estudantes que ocuparam a UTFPR e dos servidores públicos que atuaram na mediação da ocupação, uma entre as mais de 1.000 ocupações de escolas e universidades no Estado no ano de 2016, que se espalhou por diversas regiões do Brasil, em defesa do ensino público de qualidade (o Terra Sem Males deu visibilidade ao movimento Ocupa Paraná).
O mesmo processo de ocupação ocorreu na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em outubro de 2016, estudantes e professores realizaram também um abraço simbólico no prédio da Universidade, ato em defesa do ensino e contra a precarização.
De acordo com o manifesto da APUFPR, “a atual reitoria e o diretor-geral do Campus da UTFPR/Curitiba decidiram criminalizar o movimento de ocupação, implementando um grave processo de perseguição aos estudantes e também aos servidores que mediaram os conflitos oriundos desta ocupação”.
As ocupações eram uma tentativa de alertar a população sobre a PEC, enviada por Temer ao Congresso, que congelou os gastos públicos em saúde e educação por 20 anos, foi aprovada, implementada e já apresenta graves consequências, como a ameaça de fechamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e as informações de que diversas outras universidades federais só têm verba para funcionar até o final de 2017, conforme preveem os orçamentos disponibilizados após aprovação da PEC do Fim do Mundo.
A reitoria e a direção geral da UTFPR publicaram seis portarias (130, 308, 309, 310, 311 e 324) que determinam sindicâncias internas para criminalizar e punir estudantes que ocuparam a UTFPR e servidores e professores que mediaram conflitos da ocupação.
Relatos de professores são de preocupação nesta conjuntura atual até mesmo com o que se fala em sala de aula, que a exposição crítica de conteúdos pertinentes às teorias, possa de alguma forma criminalizá-los através de denúncias. O Escola Sem Partido, que ainda é projeto de lei (867/2015) e está com a tramitação paralisada na Câmara Federal desde outubro de 2016, e prevê punição a professores que estimularem o pensamento nas escolas, na prática já começou.
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Por Paula Zarth Padilha
Foto: Rodolfo Stanski
Terra Sem Males