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Terra Sem Males

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Documentário “Arpilleras” estreia no Cine Belas Artes, em São Paulo

18 de Outubro de 2017, 18:33 , por Terra Sem Males - | No one following this article yet.
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Documentário que entrelaça histórias de mulheres atingidas por barragens por meio do bordado entre em cartaz nesta quinta-feira (19), no Cine Caixa Belas Artes, em São Paulo.

Após três anos de produção, o longa-metragem “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência” chega às telas dos cinemas. A estreia do documentário ocorrerá no dia 19 de outubro, às 19h, na Sala 4 – Aleijadinho, no Cine Caixa Belas Artes, em sessão aberta ao público. A partir de sexta-feira (20), o filme será exibido diariamente às 18h20 na Sala 6 – Mário de Andrade.  

O filme foi viabilizado por meio da plataforma de financiamento coletivo “Catarse”, no ano de 2015, e é uma produção do Movimento dos Atingidos por Barragens. O MAB, como é popularmente conhecido, atua há 26 anos para garantir os direitos de pessoas impactadas com a construção de barragens no Brasil.

Dentro desse segmento social, as mulheres são as que mais sofrem com as violações de direitos humanos. Com a chegada de milhares de operários nos pequenos municípios que abrigam os canteiros de obras, por exemplo, há um aumento exponencial dos casos de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro. Para mostrar essa realidade, o documentário cruza a história individual e coletiva de 10 atingidas espalhadas pelas cinco regiões do Brasil.

A partir da experiência de cada personagem, o filme aborda a problemática da hidrelétrica de Belo Monte, que atingiu aproximadamente 40 mil pessoas em Altamira (PA); a barragem de rejeitos de Fundão, que se rompeu em novembro de 2015 e causou a morte de 19 pessoas em Mariana (MG); a barragem do Castanhão, que canaliza água para a região metropolitana de Fortaleza (CE); a hidrelétrica de Itá (RS), idealizada no período da ditadura militar; e as hidrelétricas de Cana Brava e Serra da Mesa, ambas localizadas em Goiás.

Arpillera: bordado como ferramenta política

O fio condutor da narrativa fica por conta de um bordado denominado de “arpillera”. Essa técnica surgiu no início do século passado em Isla Negra, no Chile, quando as mulheres começaram a utilizar a juta de sacos de batata para criar histórias costuradas. De uma ocupação para gerar renda, as arpilleras ganharam mais potência durante o período da ditadura militar [1973-1990].

Nas periferias de Santiago, as mulheres começaram a costurar denúncias com pedaços das roupas de seus parentes, desaparecidos pelas forças de repressão comandadas pelo ditador Augusto Pinochet. Entre a juta, elas escondiam cartas que descreviam a situação política no país.

Inspiradas nesse exemplo histórico, o MAB iniciou em 2013 um trabalho com as atingidas por barragens. Foram mais de 150 oficinas desde então, com o intuito de fortalecer a auto-organização das mulheres e criar um amplo levantamento das violações que ocorrem na construção de barragens no Brasil.

No documentário, uma arpillera com o contorno do mapa do Brasil une as personagens de Norte à Sul do país, criando um mosaico multifacetado de histórias de luta e resistência que se completam. São mulheres que perderam suas casas e memórias alagadas pelos lagos das barragens.

Foto: Vinicius Denadai


Fonte: http://www.terrasemmales.com.br/documentario-arpilleras-estreia-no-cine-belas-artes-em-sao-paulo/