Lançado esta semana na Câmara dos Deputados, filme mostra contexto de vida e violações de direitos enfrentadas pela infância indígena em Dourados, no MS
O documentário Guarani-Kaiowás Ivy Poty – Flores da Terra, que debate a situação da infância indígena na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, foi lançado nacionalmente nesta terça-feira (7), durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, na semana do Dia Internacional dos Povos Indígenas.
Realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias em conjunto com a Comissão de Educação, a audiência discutiu as políticas públicas educacionais dos povos indígenas e quilombolas, em especial para a permanência no ensino superior. O coordenador do projeto do filme, Lucas José Ramos Lopes, diz que foi uma grande oportunidade para apresentar a produção e acompanhar as reivindicações das lideranças e coletivos ali presentes. De acordo com ele, “o documentário é uma contribuição à urgência das reflexões e tomadas de decisão necessárias para a proteção e o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens indígenas”.
A deputada federal Janete Capiberibe, que propôs a audiência, parabenizou a produção do documentário, destacando um dos temas abordados nele que é o elevado índice de suicídios de meninos e meninas Guarani-Kaiowás. “E isso acontece, nós sabemos os motivos, a educação é um deles, também o direito à terra e outros direitos que são retirados dessa juventude, dessas crianças brasileiras”, disse.
Infância Guarani-Kaiowá
Produzido pela Rede Marista de Solidariedade, o filme mostra que a garantia dos direitos das crianças e dos jovens Guarani-Kaiowá está ameaçada em muitos aspectos, como o direito à língua, à educação e à convivência familiar e comunitária. O trabalho ressalta a importância da valorização da cultura e da identidade das etnias no processo de desenvolvimento das crianças indígenas e aborda o cenário das políticas públicas que atendem a esta população.
“O documentário promove uma escuta dos indígenas, de atores da rede de atendimento, de organizações da sociedade civil e outros profissionais sobre questões sociais, políticas, culturais e identitárias da população Guarani-Kaiowá, com a proposta de contribuir para a promoção e defesa de seus direitos, em especial das crianças e jovens”, apontam os diretores Camilla da Silva e Souza e Vinícius Gallon.
Segundo Juliana Kuwano Buhrer, que também coordena o projeto do filme, “a expectativa é de que a produção contribua para os debates e formações das redes locais e seja utilizada como subsídio para os agentes que participam da formulação, implementação e monitoramento das políticas públicas”. O documentário teve um pré-lançamento exclusivo para as comunidades indígenas durante a “VI Kuñangue Aty Guasu – Grande Assembleia das Mulheres Kaiowá Guarani”, em julho. A versão completa está disponível em www.bit.ly/ivypoty.
Por Douglas Moreira