Sandro Silva, do Dieese, fala sobre o cenário econômico de 2015 para as negociações coletivas. Foto: Paula Padilha
Na manhã desta quinta-feira, 23 de abril, foi realizada em Curitiba a 10ª edição regional da Jornada Nacional de Debates promovida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os dados conjunturais foram apresentados pelo diretor técnico do Dieese no Paraná, o economista Sandro Silva. O evento tem a participação de representantes dos movimentos sindicais de trabalhadores para embasar as campanhas salariais e negociações coletivas.
Para Sandro Silva, o desafio para o ano de 2015 é enfrentar um cenário adverso. O Dieese defende que o ano será de dificuldades e com um novo elemento: a queda na atividade econômica, tendo como consequência um crescimento menor na geração de empregos e até mesmo um aumento no desemprego no país.
Para o Dieese, a economia parou de crescer devido aos seguintes fatores: crise mundial; queda dos investimentos gerada por incertezas; uma das maiores taxas de juros do mundo, que está em 12,75% (as empresas preferem deixar o dinheiro render do que investir); valorização do real diante do dólar (fator que prejudica as exportações e facilita importações, prejudicando a economia do país).
E para reagir a essa estagnação, algumas medidas econômicas anunciadas pelo governo federal foram explicadas durante a jornada de debates. “O Brasil deu um cavalinho de pau na economia”, sintetiza Sandro Silva, com o aumento da taxa de juros, de impostos e contenção de despesas. Para ele, o aumento da taxa de juros é uma contradição, já que não serviria para reduzir a inflação, que seria impactada por pressões pontuais nos preços, e faz com que as indústrias deixem de investir na produção para investir no mercado financeiro.
“Na leitura do mercado, o Brasil não cumpria os preceitos básicos para a economia crescer, que é o controle da inflação, o superavit primário e o câmbio flutuante, e com isso as empresas deixaram de investir. Para recuperar esse prestígio e atender o mercado, as medidas econômicas foram anunciadas acreditando que a economia voltará a crescer”, explica. “O problema é que essas medidas geram impactos muito negativos para a economia. Se o país entrar em recessão, para sair é complicado”, finaliza.
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Por Paula Padilha
Terra Sem Males