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Eleições internas na APP-Sindicato não desmobilizam dia histórico de paralisação dos educadores

31 de Julho de 2017, 11:36 , por Terra Sem Males - | No one following this article yet.
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Candidatos à presidência da entidade, professor Hermes e professor Paixão falam ao Terra Sem Males durante assembleia estadual que aprovou greve geral dia 30 de agosto

Os professores e funcionários das escolas públicas estaduais do Paraná se reuniram na última sexta e sábado (28 e 29 de julho), em Curitiba, para a Conferência Estadual da APP Sindicato e a assembleia geral das categorias. Em meio ao processo eleitoral da entidade, com disputa entre quatro chapas, a assembleia aprovou greve geral em 30 de agosto, dia histórico de paralisação dos educadores, e jornada de lutas contra os retrocessos impostos pelo governo de Beto Richa no Paraná e pelo golpe que ocorreu no país.

Os mais de mil trabalhadores da educação presentes na assembleia deliberaram que no dia 30 de agosto um ato terá concentração em Curitiba, na praça Santos Andrade, com caminhada até o Centro Cívico.

No mesmo final de semana, as chapas 1 e 2, presididas respectivamente pelos professores Hermes Silva Leão, candidato à reeleição, e Luiz Carlos Paixão, promoveram o lançamento oficial de suas campanhas para a direção da APP Sindicato.

Em entrevista ao Terra Sem Males, Hermes Silva Leão, da Chapa 1 – Somos mais APP, afirmou não estar surpreso com o embate entre quatro chapas. “Por ser o maior sindicato do Paraná, a APP fez a luta intensa que colocou o governo de Beto Richa (PSDB) em desaprovação e isso forçou o desenvolvimento de forças políticas”, justificou. Ele acredita que a gestão que preside atualmente tem um balanço positivo de luta pela manutenção de direitos dos professores e funcionários. “A APP tem papel central em defesa da escola pública e conseguiu agregar os estudantes, familiares e a sociedade por conta da não valorização da educação pelo governo de Beto Richa”, define.

Professor Hermes Silva Leão é o candidato a presidente da APP-Sindicato pela chapa 1.

Durante o lançamento da chapa 1, que ocorreu na sede do Sintracon, diversas frentes de mobilização no Estado, como entidades estudantis (UPE e UPES), as frentes nacionais Brasil Popular e Povo Sem Medo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Marcha Mundial das Mulheres e a Central Única dos Trabalhadores do Paraná declararam apoio. Os representantes dessas entidades situaram a APP como o sindicato que “sempre esteve ao lado dos movimentos sociais”, “dos trabalhadores, dos professores”, “não tem medo de se posicionar”. “defendendo a escola 100% pública, gratuita e de qualidade”, “que construiu uma frente de defesa solidária à classe trabalhadora e aos movimentos sociais”. A APP é o maior sindicato de trabalhadores do Paraná.  “Nessa conjuntura de ataques, a direção da APP se envolveu fortemente na defesa da classe trabalhadora”, defendeu Hermes.

Ao ser questionado sobre críticas públicas à gestão quanto ao encaminhamento pelo encerramento da greve de 2015, após o massacre de 29 de abril, num contexto de apoio popular ao movimento, Hermes afirmou que essa avaliação é “residual”. “A greve foi encerrada após 72 dias, numa assembleia com 25 mil pessoas e aprovação da maioria”, disse. Para ele, a greve cumpriu seu papel central naquele momento.

Para Luiz Carlos Paixão Rocha, candidato à presidência da APP Sindicato pela Chapa 2 – APP Independente, a greve de 2015 foi encerrada quando muitos “não sentiam mais segurança porque acompanharam a narrativa estabelecida pela direção”. Segundo professor Paixão, a série de proposições apresentadas para a categoria para encerrar a greve pareciam garantidas. “Passada a greve, o governo foi negando um a um do que tinha acordado no final da greve, que iniciamos com quase 100% da categoria e a falta de habilidade da direção fez que uma greve tão forte tivesse um resultado tão pequeno, o que leva a um desencanto”.

Luiz Carlos Paixão Rocha, o professor Paixão, é candidato de oposição à atual direção pela chapa 2.

Ele afirmou que é perceptível na base uma insatisfação com a atual direção e atribui a desmobilização dos trabalhadores da educação a uma postura centralizadora da atual gestão. “Entendemos que estamos num novo momento político-histórico, as relações têm que ser mais horizontalizadas e essa estrutura de boa parte do movimento sindical vertical, pra nós não dá mais conta de atender a luta sindical”, contestou Paixão, afirmando que a maior discordância de seu grupo com a atual direção estadual é a forma de ação sindical. O grupo que disputa pela chapa 2 dirige atualmente 12 dos 29 núcleos regionais da APP no Estado. “Negociação e mobilização devem caminhar juntas para avançar e não ter tantas derrotas. Estamos acumulado derrotas. Conquistas de dez anos de luta foram perdidas em um ano. Pela conjuntura atual mas também por método de política sindical”, finalizou. A chapa 2 lançou sua campanha também na sexta-feira, no Clube Urca.

Os dois candidatos foram questionados sobre matérias publicadas por jornais comerciais de Curitiba, que deram especial visibilidade à candidata da chapa 3, que afirmou que, se eleita, não haverá greve. Hermes avalia que a matéria mais prejudicou do que ajudou a candidata. Paixão disse que grande parte da categoria não tem ideologia mais à esquerda mas tem sentimento de auto-preservação. “Ela só montou chapa estadual e uma regional então terá muitas dificuldades. Mas espelha desejo de parte da categoria e é preciso respeitar”.

Hermes Silva Leão é professor de Educação Física e começou a atuar nas escolas públicas estaduais de Apucarana em 1990.

Luiz Carlos Paixão da Rocha é professor de Língua Portuguesa em Curitiba e começou a atuar nas escolas públicas estaduais de Florestópolis em 1991.

As eleições sindicais serão realizadas no dia 19 de setembro e a jornada de lutas no mês de agosto está mantida paralelamente com caravanas, atos, mobilizações e participação dia 17/08 na manifestação chamada Ocupa Brasil, convocada pelas frentes populares e centrais sindicais contra a Reforma da Previdência.

Acesse aqui as publicações do Terra Sem Males sobre a greve dos educadores de 2015 

Por Paula Zarth Padilha
Fotos Joka Madruga
Terra Sem Males


Fonte: http://www.terrasemmales.com.br/eleicoes-internas-na-app-nao-desmobilizam-dia-historico-de-paralisacao-dos-educadores/