Um momento para esta disputa deve acontecer nas eleições municipais
Por Pedro Carrano, com informações de Sismuc
Terra Sem Males
O sociólogo Emir Sader defende que, frente aos ataques contra a democracia, é necessária maior representação dos trabalhadores no Legislativo e no Congresso Nacional. Sua exposição aconteceu durante o XI Congresso do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), realizado em Praia de Leste (PR), nos dias 12, 13 e 14 de agosto.
“Não há tradição de eleger parlamentares dos movimentos sociais. Cadê a bancada da educação pública, da saúde pública, do movimento negro, dos jovens, dos metalúrgicos etc. Não conseguimos avançar com esse Congresso. Temos que democratizar o Estado”, aponta Sader, para quem os trabalhadores têm a obrigação de conseguir maior representação no Legislativo.
Um momento para esta disputa deve acontecer nas eleições municipais. “É a nível dos municípios que se desenvolvem as políticas democráticas e populares. Mesmo que restrinjam a participação na televisão, é possível fazer um debate sobre a cidade, que políticas queremos, que tipo de proteção aos jovens, às mulheres” , conclama.
Papel do governo Temer
O professor falou também sobre o papel do governo interino de Michel Temer (PMDB) depois do golpe parlamentar.
Os objetivos do governo estão dados, na avaliação de Sader. Para ele, a primeira meta do presidente interino é “privatizar, começando pelos recursos do pré-sal. O segundo objetivo “é a retirada de recursos para saúde e educação, dentro da ideia de que, se a economia cresce, há recursos para as políticas sociais, apenas assim”, lamenta.
Genocídio do povo negro
“Antes mesmo do impeachment, já víamos retrocessos nas terceirizações, nos direitos das mulheres, o genocídio dos jovens negros, 8 a 10 mortos pela polícia, que é paga pelos impostos ao Estado. E a mídia fabrica a imagem de que são os agentes da violência, quando na verdade são vítimas. São jovens sem cara, sem família, chacinados todos os dias”, criticou Emir.