Relatos de moradores das ocupações são de invasão das casas de forma truculenta. Polícia ronda as ocupações e dispara tiros ainda durante o dia após policial ser baleado
O Instituto Democracia Popular está recebendo diversas denúncias de famílias que moram nas ocupações Dona Cida, Tiradentes, Nova Primavera e 29 de Março, no bairro CIC, em Curitiba, que estão assustadas com a ação policial no local nesta sexta-feira, 07 de dezembro.
Diversas viaturas rondam a região e policiais entraram nas casas no dia de hoje, com ou sem moradores dentro, quando saem para trabalhar, chegando a arrombar as portas, na presença de mulheres, crianças e idosos, deixando toda a comunidade assustada com a ação.
Os policiais circulam nas ocupações à procura de uma pessoa, o responsável por balear um policial que atendia uma ocorrência na madrugada e morreu quando chegou a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para receber socorro.
O Instituto Democracia Popular está encaminhando as denúncias para instituições como Ministério Público, Defensoria Pública, OAB, mandatos parlamentares e entidades da advocacia popular e entende que é uma situação lamentável a morte de um policial em serviço mas que as ocupações são comunidades de moradores com núcleos familiares diversos, com centenas de crianças e idosos, em que a maioria das casas é chefiada por mulheres e que esse contexto deve ser considerado nas ações policiais de busca.
O IDP atua junto às comunidades prestando assessoria para a regularização fundiária e recebeu relatos de medo e incertezas dessas mulheres, especialmente agora durante a noite e madrugada e durante o final de semana e apela às autoridades para que a situação de ação policial leve em consideração a preservação dos direitos constitucionais dos moradores.
Confira alguns relatos enviados pelos moradores das ocupações ao IDP:
“Eu não estava em casa, preferi passar o dia fora de casa. Minha porta estava trancada com cadeado. Eu cheguei o portão estava aberto e o cadeado estourado. Nem autorização eles estão pedindo, estão estourando os cadeados e entrando. Não sei como vai ficar essa situação, tá complicado”.
“Está ficando tenso aqui. Os policiais estão querendo reprimir a gente. Represália contra nós. Não estão perdoando ninguém, estão dando tiro direto à toa pra cima, estão invadindo barraco, arrombando. Bateram bastante numa pessoa que tá aqui comigo, ele tá com medo de voltar pra casa dele, com medo de coisa pior. Eles estão misturando as coisas, usando de covardia e autoridade. A gente entende a perda deles, a tristeza deles, mas tem um monte de inocente e tão querendo fazer a gente pagar”.
“Pessoal, a polícia não para de dar tiro aqui na vila. Cheio de morador, cheio de criançada na rua”.
“Estão dando tiro, não deixam ninguém sair pra rua” (barulhos de tiro)
“Atiraram com criança ali, de dois, três anos. Pra quê fazer isso?”
Fonte: Instituto Democracia Popular