O editorial “Última Chance”, do jornal tucano Folha de São Paulo, não deve ser visto apenas como uma ameaça a Dilma. Muito mais do que isto, a tese do jornal é punir os trabalhadores. A Folha de São Paulo rompeu com o desenvolvimento do país ao querer impor duras restrições para sair da crise econômica. Por isso, trabalhadores, servidores e pequenos empresários devem se opor à Folha.
Para os primeiros, a FSP defende a redução de direitos trabalhistas, benefícios, salários e ampliação das terceirizações. Isso aparece quando alega que “Deve mirar ainda subsídios a setores específicos da economia”. Por outro lado, o jornal não propõe que os ricos dividam a conta. Isso ocorre com a tributação das grandes fortunas, com a redução dos juros bancários e com a repatriação de dinheiro sonegado que foi encaminhado ao exterior. Se a agenda da Folha for seguida, novas demissões e o estrangulamento do poder de contra do trabalhador serão o caminho.
Para os servidores, o jornal propõe congelamento de salários e redução de investimentos em serviços públicos. O editorial é taxativo ao dizer que “As circunstâncias dramáticas também demandam uma desobrigação parcial e temporária de gastos compulsórios em saúde e educação e mecanismos legais que resultem em efetivo controle das despesas –incluindo salários para o funcionalismo”.
Mas a Folha não questiona os super salários e regalias do Poder Judiciário, como se vê nos auxílios moradias, os gastos com publicidade, entre outros. Tampouco questiona os contratos dos governos com empresas terceirizadas. O efeito dessa proposta é que qualquer mobilização ou greve daqui para frente será marginalizada e noticiada como fruto da ganância de servidores públicos.
A Folha também pouco se preocupa com o pequeno negócio e o setor de serviços quando propõe mais ajuste fiscal. A pequena loja, o camelô, a lanchonete não são anunciantes da Folha. Já a Bolsa de Valores e multinacionais com ações do mercado, sim. O que jornal propõe, portanto, é que para manter o lucro dos especuladores os pequenos devem ser sacrificados.
E ainda é preciso ir além. A Folha, surfando na Lava Jato, questiona a ética, mas rasga seu próprio manual ao não agir com imparcialidade na cobertura do combate a corrupção ou com os trabalhadores. Se fosse assim, dava destaque ao pedido de devolução de 1 bilhão de reais referente ao cartel do metrô paulista, berço do periódico, ou denunciaria a manobra que não pune fazendas e latifúndios que lançam mão de trabalho escravo.
Por fim, é preciso combater o editorial da Folha. Ele mira na Dilma, mas acerta em cheio no povo. O remédio que propõe para sair da crise é venenoso. É a mesma dose que foi aplicada na Espanha, em Portugal e na Grécia. E nesses países, ao invés de curar a crise econômica, trouxe seqüelas irreparáveis à população.
Por Manolo Ramires
Terra Sem Males