Por Roger Pereira
Terra Sem Males
Na minha primeira coluna neste espaço, abordei a teimosia de nosso hoje presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia e suas tentativas, nem sempre bem sucedidas, de trazer inovações ao futebol brasileiro. Pois, agora, a coluna se rende a uma decisão, tomada pelo Conselho na noite da última segunda-feira, 29 de fevereiro, que tem tudo para ser histórica e potencial para mudar muita coisa no cenário esportivo nacional.
O Atlético aprovou a proposta de cessão dos direitos de transmissão em canal fechado de seus jogos no Campeonato Brasileiro ao grupo americano Turner, proprietário do Canal Esporte Interativo, para o período entre 2019 e 2024. A proposta do EI segue o modelo da inglesa Premier League: dividindo os recursos de televisão 50% de forma igualitária, 25% pelo desempenho técnico e 25% a partir da audiência. E não com critérios apenas de audiência, como prevê a Globosat, dos canais Sportv e Premiere (pay-per-view), que permite que um clube receba até 20 vezes mais que outro no contrato de televisão, causando um desequilíbrio econômico gigantesco entre as equipes que disputam o campeonato nacional.
O valores não foram revelados, mas o próprio Esporte interativo afirmou ter destinado ao rateio R$ 27,5 milhões para cada clube que assinar, o que pode chegar a R$ 550 milhões se os 20 clubes da Série A aderirem a proposta. Além da divisão mais justa dos recursos o Esporte Interativo promete exibição equilibrada em número de partidas entre os clubes que assinarem, horários de jogos mais adequados (sem partidas às 22h) e, o mais importante: o fim do monopólio sobre o futebol Brasileiro, uma vez que a Globosat pertence às Organizações Globo.
Vários outros clubes brasileiros, como o Coritiba, Internacional, Bahia e Figueirense estão em negociações avançadas com o novo canal. A proposta do Esporte Interativo é extremamente atrativa a, pelo menos, 12 dos 20 clubes da elite do Brasileirão, que estão fora do eixo Rio-São Paulo, e recebem, pelo contrato de TV valores inferiores aos grandes do eixo, mesmo tendo um desempenho esportivo há anos superior à muitos deles, como as equipes do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais.
Para outros seis, mesmo do eixo é preciso pegar a calculadora para avaliar qual a proposta mais vantajosa, tanto que o Santos também negocia o contrato. Apenas para Corinthians e Flamengo, que estão no topo da pirâmide de repasses da Rede Globo é que a proposta representaria perdas, caso as equipes não conseguissem se manter entre as primeiras colocadas do certame, recebendo mais por índice técnico.
A quebra do monopólio na transmissão do futebol brasileiro e a divisão mais justa das cotas é fundamental para o desenvolvimento do esporte, trazendo equilíbrio e competitividade ao Brasileirão. Desta vez, o Atlético sai na frente e com poucas chances de errar. Resta saber se não haverá retaliação no período em que ainda vigora o contrato com a Globosat, que ainda dura mais três temporadas.