Conflito torna acesso à água potável e a cuidados médicos cada vez mais difícil
O número de casos de cólera no Iêmen chegou a 50 mil no dia 29 de maio, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Se a morbidade se mantém baixa (1,1%), o número de casos é muito maior se comparado ao surto anterior da doença – 23.506 casos entre outubro de 2016 e março de 2017 –, assim como sua disseminação pelo país. No atual surto, foram reportados casos em 19 das 22 províncias do país (o surto anterior atingiu o máximo de 15 províncias).
O baixo nível de saneamento, a falta de água potável e a vulnerabilidade cada vez maior da população devido ao atual conflito significam que ela está mais suscetível à cólera, particularmente se sofre de desnutrição crônica ou aguda. A população também tem cada vez mais dificuldade de chegar a unidades de saúde a tempo. O surto está chegando a comunidades mais remotas e pobres, onde as pessoas têm que se deslocar para centros de tratamento mais distantes e dispõem de menos dinheiro para transporte.
Desde 30 de março, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) tratou mais de 5 mil pacientes em 8 centros de tratamento de cólera, 6 unidades de tratamento de cólera e 2 unidades de estabilização em 7 províncias (Amran, Hajja, Al-Dhale, Hodeidah, Ibb, Taiz e Saná). MSF também presta suporte ao Ministério da Saúde em outras regiões, com doações e treinamento de profissionais.
Os primeiros casos de cólera tratados por MSF foram identificados no hospital rural de Abs, na província de Haija, em 30 de março. Desde então, MSF vem aumentando a capacidade de alguns dos seus centros de tratamento da doença e abrindo novos, além de apoiar estruturas de saúde por meio de doações. Além do tratamento de pacientes, o próximo passo é chegar a áreas de difícil acesso. No Iêmen, muitos domicílios usam poços individuais em que a contaminação da fonte de água é mais difícil de verificar. MSF vai trabalhar na promoção de medidas de higiene e de purificação da água. Em Saná, a cloração da água transportada em caminhões-pipa pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) contribuiu para a estabilização do surto. Atores humanitários devem multiplicar esforços similares nas demais províncias afetadas.
Assessoria de Imprensa dos Médicos Sem Fronteiras
Foto: PMA/Ammar Bamatraf