Governo Richa utiliza Copel para explorar o povo e beneficiar sistema financeiro e acionistas privados da companhia
Nos últimos três anos, a tarifa de energia elétrica aumento mais de 100% no estado do Paraná. Parte deste aumento é reflexo do governo do estado não ter aderido à Medida Provisória (MP) 579 (renovação das concessões do setor elétrico) no início de 2013, que reduziu a tarifa de energia, em média, em 18%. Isso levou a COPEL Distribuidora a ficar com energia descontratada (faltava energia pra distribuir) e, portanto deve de comprar esta energia no mercado de curto prazo.
A diferença é que a energia “renovada” pela MP 579 custava R$ 33,00/MW (descartada pela Copel) e a energia no mercado livre (que a Copel deve de comprar) estava custando R$ 822,00/MW, ou seja uma diferença de 25 vezes. Junto com a Copel, a Cemig de Minas Gerais – então governada pelo PSDB e a CESP de São Paulo, também não aderiram à renovação das concessões.
Na prática estas empresas estaduais, vendiam energia que custava entorno de R$ 33,00/MW a R$ 822,00 e as distribuidoras repassaram esta diferença para as tarifas. No caso da Copel isso possibilitou um lucro líquido nos três primeiros meses de 2014 de R$ 853 milhões, cobrados do povo paranaense, das pequenas e micro empresas. Além destes equívocos a Copel adotou outra medida que penalizou o povo paranaense: elevou a distribuição de dividendos de 25% para 50% do lucro líquido da empresa.
Essa medida transferiu aos acionistas da Copel quase R$ 1,7 bi entre 2011 e 2015, dinheiro que poderia ser investido em obras, escolas, casas populares, melhoria da qualidade da energia no campo, previdência dentre outras. Consequências econômicas e sociais Estes equívocos da Copel têm efeitos perversos sobre a sociedade paranaense.
Foi fator importante para que Curitiba e região metropolitana tivessem uma inflação bem acima da média nacional nos últimos anos. Além disso, aumenta o custo da produção e do comercio, especialmente das micro, pequenas e médias empresas e de outros serviços públicos como de água e saneamento, tendo em vista que a energia elétrica é um dos principais custos deste serviço.
Neste caso a Sanepar atua na mesma lógica e segue os mesmos erros da Copel, o resultado é que a tarifa de água aumentou mais de 100% nos últimos 5 anos e a distribuição de lucros para os acionista, que também é de 50%, foi de quase R$ 800 milhões desde 2011.
Consequências sobre a vida das mulheres
As mulheres chefiam cerca de 40% das famílias no Brasil e recebem salários 30% inferiores aos homens que ocupam os mesmos cargos. Estas distorções levam a consequências ainda mais graves quando às tarifas aumentam e as empresas estatais atendem os interesses privados. No caso das mulheres negras, estes antagonismos são ainda maiores. Associado a isso as tarefas e a rotina também são afetadas, tendo em vista que o trabalho doméstico depende em grande medida do uso da eletricidade. A substituição do uso da lava-roupas pela lavagem manual, Aa não utilização do chuveiro elétrico e de vários outros eletrodomésticos são algumas das situações que ocorrem.
Neste dia 08 de março, as atingidas por barragens aliadas com outras organizações, coletivos e setores feministas, como Marcha Mundial de Mulheres, CUT, APP, UBM, Levante Popular da Juventude, Fetraf, estarão denunciando os equívocos que a Copel vem cometendo e dando visibilidade para as consequências que o aumento das tarifas causa. Consequências sobre os atingidos por barragens e trabalhadores no campo No que se refere às populações atingidas por barragens existem várias violações e negação de direitos no estado do Paraná.
A ausência de uma política de direitos e de planos de recuperação e desenvolvimento das regiões atingidas acentuam as condições de precarização e abandono das famílias atingidas hoje e no passado, pela construção de barragens, confirmando um senário de desestruturação social e comunitária e de ausência de políticas públicas. Além disso, nos últimos dias o governo do estado anunciou a retomada da cobrança do ICMS (29%) sobre as contas de energia elétrica no campo, prejudicando milhares de pequenos agricultores em todo estado, elevando seus custos de produção e consequentemente ao encarecimento do preço dos alimentos.
MULHERES, ÁGUA E ENERGIA NÃO SÃO MERCADORIAS! ÁGUA E ENERGIA, COM SOBERANIA, DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA E CONTROLE POPULAR!
Dia 08 de março – mobilização das 09hs as 16hs Local: Sede da COPEL – Rua Coronel Dulcídio, 800 – Batel Concentração e Marcha: 16hs em frente sede da COPEL em direção a Boca Maldita
Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens