Por Manolo Ramires
Terra Sem Males
Agonia. Essa é a palavra que define o sentimento ao ver a esquerda e a militância cobrando coerência dos golpistas ao conduzir e votar o golpe contra Dilma Rousseff. Não se enganem, a lógica que move os golpistas é outra. Não dá para pedir respeito às regras de quem escolher subvertê-las.
Se para parte da população é incoerente que o processo contra Dilma seja acelerado no Senado Federal enquanto a cassação de Eduardo Cunha seja protelada na Câmara Federal, para os golpistas isso é perfeitamente normal. Faz parte do jogo salvar o deputado que deu seguimento ao processo de impedimento e tem mais de 200 deputados no bolso. Nesse sentido, os prazos regimentais são contorcidos conforme o interesse de quem os manipula.
Também tampouco adianta “denunciar” que o juiz Sérgio Moro não encontra o endereço de Cláudia Cruz para entregar uma intimação enquanto consegue conduzir coercitivamente ex-presidente da República e os mais importantes empresários do Brasil. Tem uma escolha aí, independente da grita geral. Vai ter gol impedido. Vai ter pênalti não marcado. O mesmo judiciário que prendeu Delcídio Amaral vai deixar Romero Jucá solto e sequer vai chamar José Serra para prestar depoimento sobre os R$ 23 milhões. Isso sem falar na atuação de Gilmar Mendes.
Escracho bonitinho
Escrachar. O método escolhido para expor os apoiadores do golpe é bonito, mas de pouca eficiência. O que move Cristovam Buarque, Romário, Marta, é o fisiologismo. É em nome disso que agem e aguentam algumas pancadas. Essa é a lógica deles. Falem mal, mas estão na moda e no poder.
Agora, se não dá para cobrar coerência da classe política, jurídica, midiática e dos coxinhas que, no fundo, só tem como certeza a saída da Dilma e que o resta se exploda, o que dá para fazer? Nada além das ruas. Nada além dos protestos, nada além de entrar no jogo dos golpistas. O contrato social e democrático está rompido. O diálogo deu lugar ao confronto. E é nele, na disputa sem regras definidas ou muita coerência, que a disputa será feita. Mesmo que isso gere mais caos do que ordem e progresso.