Thiago Ferreira (Pará) é militante do Levante Popular da Juventude e diretor da atual gestão da União Nacional dos Estudantes (UNE). No final da tarde de ontem (04 de novembro), ele foi detido pela Depol, a polícia legislativa da Câmara Federal, em Brasília, junto com a também militante do Levante Carla Bueno, após jogarem umas notas de dólares falsas na cara do presidente da casa, o deputado Eduardo Cunha.
Após a ação, Thiago conta que foram dezenas de ligações e entrevistas. “Muitos e-mail e muitas mensagens de força e coragem, mensagens de carinho. Muita gente vindo falar que nossa ação representou o que milhares de jovens desejariam fazer. Isso era o que queríamos, poder representar o sentimento e e a expectativa da juventude”.
Hoje ele concedeu entrevista ao Terra Sem Males para contar um pouco sobre a ação:
Terra Sem Males – Em que circunstâncias você e sua colega foram detidos ontem em Brasília?
Thiago Ferreira (Pará) – Ontem fomos alvo da seletividade do presidente da Câmara, sr Eduardo Cunha. Minutos antes de fazermos nossa intervenção, um grupo pró-impeachment protagonizou uma briga, ninguém foi sequer detido. Na nossa intervenção, que jogamos notas de dólar com o rosto do deputado, em referência aos 5 milhões de dólares depositados em contas secretas na Suíça, fomos arrastados com muita violência e brutalidade.
Por quais procedimentos vocês passaram na polícia?
Lá na DEPOL (Delegacia de Polícia Legislativa), nos foi negado o contato com nosso advogado, até que os deputados e senadores solidários intervieram e nos garantiram este direito. Fomos pressionados psicologicamente, e ouvimos lá dentro que partiu do próprio Cunha o pedido para que fôssemos detidos e enquadrados. Não fomos algemados, mas fizeram esta ameaça. À noite fomos liberados e voltamos para casa.
Por que somente vocês dois foram detidos? Foram identificados como lideranças do Levante Popular da Juventude?
Nós dois protagonizamos a ação, os seguranças nos viram jogando as cédulas e nos identificaram. Nos levaram a mando do Eduardo Cunha. Os demais companheiros estavam nas demais tarefas, de segurança e comunicação.
Como foi o planejamento e a ação promovida pelo Levante?
A ação de ontem é o que chamamos de “escracho” que é uma forma de denúncia pública.”Enquanto não houver justiça, haverá escracho popular”. Fizemos o mesmo em 2013, contra os torturadores da ditadura, ainda impunes.
Qual a avaliação do Levante Popular da Juventude sobre o desfecho do escracho?
Nossa avaliação foi positiva. Nossa intenção era romper o cerco da grande mídia e a ação saiu em todos os jornais e telejornais. Foi um ato que pretendeu chamar a atenção para a luta do dia 13 de novembro, no Ato Nacional “Fora Cunha”. Muita gente vindo falar que nossa ação representou o que milhares de jovens desejariam fazer. Isso era o que queríamos, poder representar o sentimento e e a expectativa da juventude.
Acesse aqui o informe no blog do Levante Popular da Juventude sobre o ato
Thiago Ferreira (Pará) já publicou um conto no Terra Sem Males. Acesse aqui para ler.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males