“Controle de javalis selvagens requer articulação de governo e sociedade, dizem especialistas
(Agência Senado – 17/03/2016)”
Conto de Pedro Carrano
Terra Sem Males
Os javalis não são nativos daqui.
Eles vieram da Europa e se espalharam pelas lavouras, com fome e ferocidade, prometendo acabar com os tempos de conciliação, tranquilidade e bonança.
Crescidos com a conivência do Estado, voltados agora contra ele, desenterrando do lodo o que há décadas estava escondido, os javalis seguem no galope firme, sem grandes projetos que não a destruição.
Às vezes pelas esquinas à noite, às vezes nos ataques de madrugada.
Dominam poucas palavras. Atacam primeiro e perguntam depois o que está acontecendo. Não conhecem mais limites, agora que o clima econômico do nosso país está semelhante ao da Europa.
Babantes e incisivos, agora apresentam grande ódio das cores que não sejam iguais às do próprio pelo.
Carregam mandíbulas prontas para atacar sem permitir nenhuma aproximação.
Não adianta subir em muros, os javalis não os toleram, e logo fazem o cerco para desmoronar indecisos.
“Altera nascentes e pequenos cursos de água; e é predador de anfíbios, répteis e pequenos mamíferos. Além dos impactos econômicos, pela destruição de lavouras, frisou, os animais atacam trabalhadores nas fazendas e transmitem doenças ao ser humano”*, afirma relatório das autoridades.
Cascudos e de couro duro, a pergunta que fica é:
Alguém terá coragem de agarrar essas bestas pelas presas?
Os javalis já não aceitam mais qualquer conciliação.
*(Agência Senado – 17/03/2016)