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“O governo Temer é a síntese de Eduardo Cunha”, afirma a presidente Dilma Rousseff

10 de Junho de 2016, 10:41 , por Terra Sem Males - | No one following this article yet.
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Por Manolo Ramires
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Se voltar, ela vai governar com o povo e propõe a realização de plebiscitos.
A presidente Dilma Rousseff foi entrevistada pelo jornalista Luis Nassif na TV Brasil. A conversa foi gravada na segunda-feira (6) e veiculada na noite de quinta-feira (9). Ela só foi possível após o retorno do presidente da EBC, Ricardo Melo, que tinha sido exonerado por Michel Temer. Na conversa, a presidente afastada afirmou que o governo interino e golpista de Temer é reflexo das artimanhas do deputado federal Eduardo Cunha. A presidente ainda criticou o PSDB, que apostou no “quanto pior, melhor”. Por outro lado, Dilma Rousseff se mostrou confiante em seu retorno após o processo do impeachment e que deve governar com base em um novo pacto nacional, ampliando a democracia por meio de consultas e plebiscitos populares.
Na avaliação de Dilma, o uso político da operação Lava Jato, a postura nociva do PSDB, o oportunismo do PMDB e a capacidade de Eduardo Cunha de concentrar liderança com relação ao “centro” político foram fundamentais para a tentativa do golpe político. A presidente avalia que o chamado “centrão” sempre atuou conforme o governante de plantão, sem qualquer identificação ideológica. No entanto, desde o fim de seu primeiro mandato e a partir do segundo, se percebeu que Eduardo Cunha conseguiu conquistar essa fatia do congresso, ainda mais por seu caráter conservador. Com essa força, ele impôs sua agenda: “Não tem como negociar com Eduardo Cunha. Ele é chantagista. Isso ficou claro no pedido de abertura do impeachment quando quis trocar três votos (do PT) pela não abertura do processo”, recorda.
A presidente afastada ainda avalia que o governo Temer deve fracassar porque ele não consegue sobreviver sem o deputado estadual afastado pelo Supremo Tribunal Federal: “O governo Temer é a síntese da pauta de Cunha. O governo Temer governa com essa pauta”, reforça.
PARTICIPAÇÃO POPULAR
A democracia também foi alvo da conversa. Segundo Dilma, o golpe coloca em risco a credibilidade do país no mundo e a confiança dos brasileiros nas instituições públicas. “Não é só o meu mandato que estão caçando. São as instituições. A democracia está indo ‘para o vinagre’. Não são apenas meus votos, mas de todos. São os votos do futuro. Tem uma pauta estranha no congresso como eleição indireta e parlamentarismo que o povo não votou”, alerta.
A saída, de acordo com Dilma, é ampliar a democracia após o seu retorno. A presidente defende um novo pacto nacional e a realização de consultas populares. “Não se remonta o pacto com a população e a classe política em um dia. Mas acho fundamental o fim do golpismo se eu retornar. E isso não acaba com Temer. Continuando como está, com Cunha dando as cartas. Somente a pauta conservadora terá vez. Para mim, só tem um jeito para avançar que é um plebiscito. Não vou dizer como fazer isso agora, mas é o que eu acredito. Com Temer, não temos confiança. Quem vai confiar em algum contrato se o maior deles (a eleição) foi rompido?”, questiona.
PETROBRAS
A saúde financeira da Petrobras e a operação Lava Jato também foram discutidas na entrevista. Dilma Rousseff argumentou que a investigação não pode acabar com a empresa. Ela citou as investigações nos EUA sobre os bancos em 2008 como modelo de investigação, punição e multa. “No Brasil se criou a escandalização da Lava Jato. A investigação foi feita e divulgada de forma seletiva, como se fosse política. O que é grave na corrupção? É o controle privado que se faz do Estado. Para mim, se investiga, doa a quem doer. Investiga, pune e multa. Mas não se trabalha para destruir uma empresa”, pondera.
TUCANOS: PIOR É MELHOR
O PSDB não foi poupado pela presidente. O partido, segundo a presidente, apostou na piora do cenário econômico e não aceitou o resultado das urnas, questionando tanto no Tribunal Superior Eleitoral em novembro, como buscando argumento a favor do golpe. “O PSDB apostou no quanto pior melhor. Principalmente na economia. Fez isso para fortalecer o impeachment. E, no final, o governo caiu no colo do PMDB. No fim, ambos vão sair feridos”, previu.  Neste sentido, Dilma destacou que o Brasil precisa acabar com a cultura de impor-se política sem legitimidade: “No futuro, todo aquele que não tiver aprovação de projeto nas urnas tentará impor sua política pelo golpe. Isso é desastroso”, completa.
A entrevista termina com Dilma criticando a atual política externa brasileira. Para ela, José Serra (PSDB-SP), tem miopia diplomática: “A política externa de Serra tem visão minúscula como fechamento de embaixadas na África. Como não percebe o crescimento do continente? Não ver a importância dos BRICS no mundo, no plano comercial e político, é de uma cegueira gravíssima. Como não perceber o papel do Brasil na FAO/ONU, de ter saído do mapa da fome? Nós temos que dialogar com outros países, mesmo não tendo alinhamento ideológico. A América do Sul tinha isso. Nós conversávamos com Russia, China e EUA. Isso é diplomacia. Ninguém respeita quem não respeita seus vizinhos”, conclui.
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Fonte: http://www.terrasemmales.com.br/o-governo-temer-e-a-sintese-de-eduardo-cunha-afirma-a-presidente-dilma-rousseff/