A chapa “Algo Novo na Advocacia” prioriza paridade na composição e maior interação com as diversas carreiras jurídicas para além da magistratura
Buscando um novo modelo de gestão participativa e a derrubada do que denominam como “dominação de meio século”, advogadas e advogados do Paraná constroem um plano de gestão chancelado por advogados trabalhistas progressistas, advogadas criminalistas, professores de cursos de Direito, entre outras carreiras jurídicas, formando a chapa “Algo Novo na Advocacia Paranaense”.
Apoiada por coletivos que notoriamente se posicionam e atuam em defesa dos direitos humanos, dos movimentos sociais e dos trabalhadores, mas prioritariamente em defesa da Constituição Federal nas interpretações das leis e decisões, o movimento tem se organizado com encontros abertos para novas adesões, como uma reunião de mulheres advogadas num café, ocorrida no dia 19 de outubro.
A roda de conversa foi mediada pela experiente advogada Ivete Caribé, uma das poucas mulheres formadas na época da ditadura, e que compôs a Comissão da Verdade. Ivete lembrou notória frase de Adail Sobral junto às colegas, lembrando que é dever do advogado defender o oprimido, tendo a consciência de que é um ser político.
A advogada trabalhista Denise Filippetto é uma das entusiastas desse projeto que desde o início pensou a composição da chapa com paridade. Durante o lançamento da chapa, que ocorreu na noite da última quarta-feira, 31 de outubro, ela explicou que o movimento Algo Novo surgiu considerando a importância de espaços de debate sobre cultura política, crise institucional – e também – de desprestígio da advocacia, que atribui à omissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “É importante que seja um modelo de gestão participativa e transparente na OAB”, falou ainda no encontro com as mulheres. “A chapa foi construída por um grupo de se reúne há anos e que se discute os temas da advocacia e as dificuldades. Essa representação não está deslocada da realidade da advocacia”.
A chapa é encabeçada pelo advogado Manoel Caetano, professor da Universidade Federal do Paraná. Ele declarou que já se sente vitorioso e mencionou que em todos os cargos em disputa a representação é, no mínimo, paritária, e contempla advogadas e advogados das diversas regiões do Paraná.
A crítica da proposta de oposição é pelo “desrespeito da justiça” com a advocacia. “O advogado nunca foi tão desrespeitado pela justiça, ele é vilipendiado e não encontra braço forte na OAB. Reconquistemos o respeito das instituições”, discursou.
O programa de campanha buscou o diálogo coletivo, especialmente com o movimento de mulheres, para ocupação de lugar de fala e espaços decisórios. A luta pelo espaço da representatividade se mistura com a última trincheira da democracia, que para esse grupo são as mulheres advogadas.
A eleição da OAB Paraná será dia 22 de novembro.
Por Paula Zarth Padilha, texto e foto