Na manhã deste sábado, 27 de junho, a programação do 13ª Congresso Estadual da CUT Paraná, realizado em Praia de Leste, teve a abordagem sobre conjuntura política.
Rafael Freire, representante da CUT na Central Sindical das Américas, falou sobre o cenário internacional, especialmente na América Latina. “O que nós passamos no Brasil não é uma realidade específica brasileira, também acontece em outros países”. O dirigente traçou uma cronologia desde crise em 1929, que teve como consequência a expansão do capitalismo.
Ele falou que a década considerada perdida no Brasil, por causa do aumento do desemprego, foi a década ganha para os movimentos sociais. E as resistências culminaram com a criação do Fórum Social Mundial em 2001. “Para juntar todo mundo que era contra o capitalismo”.
Nesse contexto, além dos países como China, Cuba e Coreia do Norte, o principal espaço de combate ao neoliberalismo são os países da América Latina. Alguns, inclusise, tiveram mudanças constitucionais. Mas em outros, a estrutura permaneceu intacta. “A direita produz manifestações localizadas e muito violentas. Cria-se uma sensação de caos”.
Rafael explicou, ainda, que a direita atacou em diversas áreas de forma muito consistente, primeiro na comunicação, com a oposição partidária da mídia, depois na tentativa de ganhar a juventude da classe média”. Ele acredita que, atualmente, há muita chance da direita brasileira começar a agir da mesma forma violenta que a direita na Venezuela.
“As manifestações de junho de 2013 geraram uma reação da direita, que saem do patamar político e passam ao patamar do ódio. Se não tivermos posições políticas articuladas dos movimentos sociais e sindicais, vai crescer o fundamentalismo e o terrorismo no país”, finalizou.
Rosane Silva, secretária da mulher da CUT Nacional, falou sobre a conjuntura do país. “O mandato da presidenta Dilma vem de um processo de conquistas importantes desde o governo Lula, ampliando direitos sociais, com a política de valorização do salário mínimo e com a garantia de direitos de um setor importante da classe trabalhadora: as domésticas”, falou.
A dirigente também expôs outros importantes debates, como do pré-sal, do marco civil da internet, da democratização da mídia, ampliação das politicas públicas de transferência de renda, com o estado brasileiro participando ativamente de políticas sociais.
“Mas mesmo esse conjuto de conquistas tivemos perdas que a gente não conseguiu destravar, como o crescimento do ódio, da intolerância”. Rosane também fez referência ao enfentamento de governos estaduais aos direitos sociais, como ocorreu no Paraná com os episódios da greve dos professores e do massacre do dia 29 de abril. Citou também a truculência com a greve de São Paulo.
O deputado estadual Tadeu Veneri foi o convidado para expor a conjuntura estadual. “A crise não é do sistema, é uma crise do governo Richa”. Tadeu relembrou que no dia seguinte à sua posse, em 2010, o governador tinha 47 deputados em sua base e chamou para pacificar com o movimento sindical e empresarial.
“Nós falamos muito do movimento dos servidores públicos e mais de 60% votaram no Beto Richa. Isso resultou numa ação de massa, contundente, e mais uma vez que na história do Paraná foram ocupados espaços da Assembleia Legislativa fora do plenário”, relembrou, falando do dia 12 de fevereiro, quando a Alep foi ocupada e os manifestantes impediram a votação do projeto de lei da previdência. “Esse movimento repercute no processo que vai desembocar no dia 29 de abril”, situou.
Veneri falou da cronologia dos fatos nesses meses de 2015, da greve dos servidores públicos, do massacre e por fim na finalização da greve e a votação do reajuste salarial dos professores. Depois, ele falou dados de arrecadação do governo estadual, dizendo que Beto Richa conseguiu pagar uma dívida de R$ 3 bilhões e fazer caixa para o ano seguinte, eleitoral.
A mesa foi coordenada por Walquíria Mazetto, da APP Sindicato. “É importante trazermos estes cenários para mais próximo e ficarmos mais atentos”, alertou.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males