Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
1- A semana foi agitada e negativa para os golpistas no poder. Desde a queda parcial de Romero Jucá, as reportagens e áudios revelados pelo repórter Rubens Valente, da Folha de S Paulo, mostram como foi tramado o golpe contra a presidente Dilma Rousseff para encurralar a Operação Lava Jato. Se alguém perdeu a semana ou se escondeu debaixo do cobertor, vamos apresentar os melhores momentos e comentar um pouco a tática do time conspirador de Michel Temer.
2 – Além dos escândalos das gravações de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, muitas pessoas perguntam porque só após o afastamento da presidente que os áudios vieram à tona. Na linha do tempo, que se registre, as conversas foram gravadas em março. Ou seja, um mês antes da votação na Câmara dos Deputados. A explicação seria (porque é uma hipótese) que elas só se tornaram públicas após Machado ter sido abandonado pelos caciques do PMDB e do PSDB, recorrendo, dessa sorte, a delação premiada e tentando salvar a própria pele. Sérgio Machado, o homem bomba do governo ilegítimo.
3 -E o que as conversas de Romero Jucá, Machado, Renan Calheiros e José Sarney revelam? Em primeiro, até que enfim, o Aécio Neves está envolvido em diversas falcatruas. “O negócio do Aécio todo mundo conhece”, afirma Machado. Quase todo mundo, pois o povo ainda vaga na blindagem ao qual o tucano se beneficia.
4 – É golpe, sim, senhor. Senão um golpe nacional, um golpe político, com certeza. Essa constatação fica clara nas conversas. O PMDB, acuado pela Lava Jato, pelo juiz Sérgio Moro e pelo procurador Rodrigo Janot, “abandonou” o governo Dilma, uma vez que ela deixava a investigação ocorrer. Restou a trairagem, que se consumou naquela foto patética do PMDB com Romero Jucá, Eduardo Cunha, Marta ex-Suplicy e outros deixando o governo no fim de março. Ali, o golpe estava se consumando.
5 – Também desenhada está a chantagem feita PSDB. Machado, Renan e cia deixaram claro ao tucanato de que eles também poderiam ser investigados e presos. Mais do que isto, mostraram que o impedimento via TSE que deveria ocorrer no segundo semestre não ungiria Aécio Neves ao poder. Portanto, também embarcaram no pacto contra os patos de verde amarelo.
6 – Por falar em pato, pacto e verdes e amarelos. Com que cara estão os brasileiros pró-impeachment depois de todas essas revelações? Como bem definiu a jornalista francesa Chanta Reyes para o “Libération”, “a revolta popular foi instrumentalizada por políticos corrompidos para depor a presidente Dilma Rousseff”. Soma-se a essa revelação a notícia de que o MBL (Movimento Brasil Livre), que se dizia “apartidário” e sem partido, assumiu que foi financiado pelo PSDB, DEM, Solidariedade e PMDB, que acabara de embarcar na agenda golpista para se livrar das investigações.
7 – O golpe está escancarado no governo interino Michel Temer. Ninguém conseguirá tirar essa marca de seu DNA. O Brasil não tem outra opção a não ser prender os golpistas por seus crimes na Lava Jato e devolver o mandato a presidente Dilma. Agora, se após isso ela deve ficar ou convocar novas eleições, é debate a ser aprofundado.