Atos descentralizados paralisaram atividades na última sexta-feira, 14 de junho, contra a Reforma da Previdência e em defesa da educação pública
Milhares de trabalhadores e estudantes ocuparam as ruas de Curitiba e região na última sexta-feira, 14 de junho, dia da greve geral da classe trabalhadora convocada pelas centrais sindicais com a apoio das frentes de mobilização de movimentos populares. As manifestações aconteceram em todo o país e em Curitiba teve início ainda na madrugada, com ações nas ruas, rodovias e locais de trabalho.
Grevistas travaram a saída das garagens de ônibus do transporte público e rodovias federais com queima de pneus e ocupação das estradas com faixas de protesto. Foram feitas ações na BR 277, na altura do centro politécnico da UFPR; na BR 116, no contorno sul, numa ação do Movimento Popular por Moradia com moradores das ocupações da CIC; e na Rodovia do Xisto, ao lado da Repar, em Araucária, onde o Sindicato dos Petroleiros organizou a greve na Petrobrás.
Foi na Rodovia do Xisto que diversas viaturas da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar do Paraná e da Guarda Municipal de Araucária reprimiram a manifestação, que contou com a ação dos movimentos sociais (MST, MAB e Consulta Popular) na queima de pneus: um agente da guarda municipal chegou ao local com uma arma em punho, disparando balas de borracha para dispersar os manifestantes. Um grevista foi atingido no rosto e teve que ser socorrido e levado ao hospital. A repressão não impediu que os trabalhadores mantivessem a rodovia ocupada por cerca de uma hora desde às 8h30.
Trabalhadores metalúrgicos organizados pelo Sindicato de Curitiba também paralisaram atividades nas trocas de turno.
Enquanto essas manifestações ocorriam nos bairros, no Centro Cívico de Curitiba uma grande manifestação era encorpada por servidores públicos estaduais de diversas categorias, como professores, policiais civis, trabalhadores da saúde e do judiciário. A pauta comum contra a Reforma da Previdência uniu as diversas vertentes de representação de trabalhadores. Uma marcha saiu às 11h em direção à Praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da UFPR e ao prédio central da Previdência Social na capital.
Ainda no centro, as agências bancárias foram paralisadas em greve organizada pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba. Uma ação de lavação de calçada com água e sabão foi realizada na sede do Ministério Público Federal, na Rua Marechal Deodoro, local de trabalho dos procuradores da Operação Lava Jato, alvo de denúncias de atuação combinada entre o coordenador Deltan Dallagnol e o ex-juiz federal Sergio Moro, que ganhou o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro após a operação prender o ex-presidente Lula, que foi impedido de concorrer à presidência em 2018.
Os trabalhadores se mantiveram na Praça Santos Andrade aguardando os manifestantes e realizaram outras duas marchas, em direção à Boca Maldita. A primeira saiu às 15h e a greve geral foi encerrada durante a noite, com a massiva adesão de estudantes e professores universitários.
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males