Plenária Popular do Transporte foi realizada na última quinta-feira (14) para organizar mobilização contra aumento da tarifa, que custa atualmente R$ 4,25
Por Paula Zarth Padilha
Instituto Democracia Popular
O Prefeito de Curitiba, Rafael Greca, vem sinalizando que em breve irá aplicar reajuste na tarifa de ônibus da capital, que desde fevereiro de 2017 está congelada em R$ 4,25. Esse congelamento veio atrelado à extinção da chamada “domingueira”, valor mais baixo que antes era cobrado aos domingos. O problema é que, ainda que sem reajuste há dois anos, a tarifa é alta.
“Os movimentos sociais, partidos e sindicatos estão se organizando para barrar o aumento da tarifa de transporte público de Curitiba porque se prevê um aumento muito superior à inflação do período”, explica Luiz Calhau, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) e membro da Plenária Popular do Transporte, que se reuniu na noite da última quinta-feira, 14 de fevereiro, para organizar a mobilização popular contra o aumento da tarifa.
A prefeitura ainda não divulgou qual será o novo valor e nem quando ele será implementado, mas diversas divulgações institucionais colocam investimentos e gastos do transporte coletivo como justificativas veladas para esse reajuste ocorrer agora, como o encontro de Greca com o novo governador Ratinho Jr para tratar da renovação ou não do subsídio do governo estadual para integrar a região metropolitana; a data-base agora em fevereiro dos motoristas e cobradores de ônibus do sistema, que pedem 10% de reajuste nas verbas salariais; as isenções (como de idosos e estudantes), que representam R$ 0,80 na tarifa de R$ 4,25; e até mesmo a renovação da frota, que tem origem num acordo de 2017, entre a prefeitura e as empresas concessionárias, mediada pelo MP, que prevê a troca de 450 veículos até 2020.
Outro critério utilizado para definição da passagem é o valor da tarifa técnica paga pela prefeitura às empresas de ônibus, que é maior que a cobrada dos passageiros e que atualmente é de R$ 4,79. A forma de cálculo dessa tarifa, assim como os contratos de concessão com as empresas, são questionados pela Plenária Popular do Transporte. “Há todo um histórico no transporte público de Curitiba que nos indigna e que mobiliza as pessoas a lutarem por um transporte mais justo e democrático. Em meio a fraudes em licitações, denúncias do Ministério Público e foto do Prefeito jantando com Donato Gulin, um dos mais influentes empresários do transporte curitibano, é imperativo que se questione: quais as reais justificativas para o reajuste da tarifa?”, explica Calhau.
A Plenária Popular definiu uma agenda de lutas, que inclui panfletagem junto à população e um ato contra o reajuste, que será realizado na terça-feira, 26 de fevereiro, a partir das 17h30, na Praça Rui Barbosa. O movimento também articula realização de audiência pública na Câmara Municipal e a solicitação de uma audiência com o prefeito Greca.
Da parte do governo estadual, Ratinho Jr divulgou que pretende rever o atual sistema, que inclui o subsídio, defendendo a necessidade de atuar novos modelos de transporte público, como tarifas diferenciadas, de acordo com os horários do dia; implantação de VLP na Linha Verde e fornecimento de wi-fi para usuários, protelando a confirmação ou não do repasse do subsídio.
Em outubro de 2018, Greca divulgou um balanço de gestão relativo ao transporte público, anunciando que tinha recomposto o Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC), responsável pelo pagamento de salários de motoristas e cobradores e pela remuneração das empresas que operam o sistema.