Dezenove anos se passaram daquele 17 de abril de 1996, quando uma marcha de trabalhadores rurais organizados pelo MST foi bloqueada, emparedada e atacada por uma operação da Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará. Dezenove foram executados na hora e dois morreram dias depois. O dia do Massacre de Eldorado de Carajás se tornou oficialmente o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
O Massacre de Eldorado dos Carajás é um retrato da impunidade dos crimes do latifúndio em todo o país. O coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira foram presos apenas 16 anos após o massacre, em maio de 2012.
Em memória e respeito aos 21 mortos em Eldorado dos Carajás e a muitos outros que tombaram pela terra, que permanecemos na luta pela reforma agrária, pelo combate à pobreza, contra o uso dos agrotóxicos e o contra o agronegócio.
AOS NOSSOS MORTOS NEM UM MINUTO DE SILÊNCIO, MAS TODA UMA VIDA DE LUTA!
1. ALTAMIRO RICARDO DA SILVA, 42 anos, executado após ter caído ao solo em virtude dos disparos recebidos nas pernas.
2. ANTONIO COSTA DIAS, 27 anos, morto com dois tiros no peito.
3. RAIMUNDO LOPES PEREIRA, 20 anos, assassinado com três tiros, dois na cabeça e um no peito. Haviam marcas de tentativa de defesa.
4. LEONARDO BATISTA DE ALMEIDA, 46 anos, morto devido à agressão no rosto de algum instrumento pérfuro-cortante.
5. GRACIANO OLIMPIO DE SOUZA (BADÉ), 46 anos, executado com um tiro na cabeça.
6. JOSÉ RIBAMAR ALVES DE SOUZA, 22 anos, foi alvejado com dois projéteis de arma de fogo, um dos quais, à “queima-roupa”, perfazendo uma trajetória de cima para baixo.
7. OZIEL ALVES PEREIRA, 17 anos, Consta nos autos o depoimento de nove testemunhas que afirmam terem presenciado a detenção de Oziel. A vítima foi presa, algemada e espancada pelos policiais militares Pargas, Pinho e Vanderlan, na companhia de outros dois PMs. Conduziram-no arrastado pelos cabelos até um ônibus da empresa Transbrasiliana. A vítima foi algemada com as mãos para trás, impossibilitando qualquer meio de defesa. Foi morto com três tiros na cabeça e um no peito.
8. MANOEL GOMES DE SOUZA, 49 anos, assassinado com três disparos de arma de fogo, todos na cabeça, caracterizando a vontade deliberada de execução.
9. LOURIVAL DA COSTA SANTANA, 26 anos, alvejado com um disparo de arma de fogo no coração.
10. ANTONIO ALVES DA CRUZ, 59 anos, morto com dois tiros no peito.
11. ABÍLIO ALVES RABELO, 57 anos, executado com seis tiros, em diversas regiões do corpo.
12. JOÃO CARNEIRO DA SILVA, fotógrafo, a causa da morte foi o esmagamento de crânio e também dos ossos do braço.
13. ANTONIO, CONHECIDO COMO “IRMÃO”, morto com três tiros pelas costas, sendo um deles no pescoço.
14. JOSÉ ALVES DA SILVA, 65 anos, a causa da morte foi hemorragia na região do toráx. O projétil fez um trajeto de cima para baixo, caracterizando execução sumária.
15. ROBSON VITOR SOBRINHO, 25 anos, alvejado por quatro tiros, dentre eles, dois foram disparos à “queima-roupa” pelas costas.
16. AMÂNCIO DOS SANTOS SILVA, 42 anos, a causa morte foi hemorragia intracraniana.
17. VALDEMIR FERREIRA DA SILVA, conhecido como “Bem-Te-Vi”, também executado.
18. JOAQUIM PEREIRA VERAS, 32 anos, morto com dois tiros.
19. JOÃO RODRIGUES ARAÚJO, a causa morte foi hemorragia, em conseqüência de ter recebido dois tiros nas regiões dos braços e várias apunhaladas de arma branca na região das pernas.
20. JOÃO PEREIRA, não resistiu aos ferimentos e morreu dias depois.
21. JÚLIO, não resistiu aos ferimentos e morreu dias depois.
Abril do descobrimento. Abril da inconfidência. Abril lá do carajás , que nos tira a paciência. Abril das marchas e lutas, de combates e resistências. Abril de esperanças vivas que animam nossas consciências, e nos faz seguir em frente, lutando por terra e justiça.