Durante Ciclo de Debates promovido pelo Instituto Democracia Popular na tarde desta sexta-feira, 19 de junho, em Curitiba, o professor da Unicamp Marcelo Proni falou sobre aspectos que considera relevantes para o desenvolvimento de um país. “Não existe desenvolvimento sem crescimento econômico, distribuição de renda e ampliação de políticas sociais”, explicou.
Ele acredita que cinco fatores são essenciais: progresso tecnológico, sustentabilidade, transformação da estrutura produtiva, aprimoramento institucional e bem estar social. “O desenvolvimento não vem de forma espontânea, não é fatalidade. Um país precisa saber para onde quer ir”, diz o professor.
Ele explicou os padrões de desenvolvimento diferenciados no Brasil: durante o regime militar houve o descompasso do milagre econômico com desigualdade social; na redemocratização, nos anos 1980, houve o resgate da “dívida social” com a formalização da chamada Constituição Cidadã, em vigor até hoje, que afirmou valores e direitos sociais; já nos anos 1990, com o neoliberalismo, criou-se um padrão que desfigurou esse conceito de desenvolvimento; nos últimos 12 anos, com os governos Lula e Dilma, observa-se essa tentativa de construir outro padrão, com o bem estar social no centro do padrão de desenvolvimento.
“O Estado define qual é o padrão de desenvolvimento, é o único capaz de dar direcionamento ao processo, para o bem ou para o mal”, falou Proni, que destacou a importância da luta de classes para pressionar o governo ao definir as prioridades e onde será gasto o dinheiro dos recursos públicos. “A luta dos trabalhadores pode influenciar que país seremos daqui 30 ou 40 anos, cenário que está em aberto”, definiu.
Marcelo Proni falou sobre as dimensões da desigualdade e da pobreza. Ele explica que existem três questões sobre a desigualdade: de renda (relativa ao mercado de trabalho), de patrimônio (não existem indicadores das concentrações funcionárias e de propriedade urbana), e dos direitos sociais. Para ele, o mercado de trabalho gera grande diferença na remuneração das pessoas.
Ele também explicou que a transferência de renda ocorre nas diversas classes: R$ 25 bilhões anuais via bolsa família para 14 milhões de famílias. Em contrapartida, 10 mil famílias mais ricas são beneficiadas com R$ 300 bilhões anuais oriundos da lógica da valorização financeira, com pagamento de juros e da dívida pública, uma outra forma de transferência de renda em vigor no país.
Proni também defendeu que sindicatos e movimentos sociais devem possam conversar sobre um projeto maior, além das questões salariais nas categorias, com participação política maior.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males / Sindicato dos Bancários de Curitiba