O país – novamente – tem um vácuo de poder.
O meteoro que caiu sobre Michel Temer e o senador Aécio Neves são de danos irreparáveis. Por mais que eles tentem se segurar no cargo, vão ser derrubados pela pressão vinda de todos os lados. Nesse sentido, já é hora de pensar no dia seguinte. Momento de definir estratégias sobre quais serão as pautas prioritárias do Brasil e quem irá conduzi-las de forma legítima ou ilegítima mesmo. O país – novamente – tem um vácuo de poder.
Temer não se segura
A bombástica revelação dada pelo jornalista Lauro Jardim e vinda do ministro Edson Fachin – não do juiz Sérgio Moro, reparem – acabou com o governo Temer. No mesmo dia, o deputado Alessandro Molon pediu o impeachment do presidente. Além dele, outros pedidos devem ser feitos nas próximas horas. Um deles da Ordem dos Advogados do Brasil. Pedidos à parte, Temer caíra porque vem de seus ex-aliados o pedido de renúncia. Ronaldo Caiado já pediu sua saída. O mesmo será feito por outros parlamentares. Mais do que todos eles, o Mercado percebeu ontem mesmo que Temer não conseguirá conduzir as reformas. Com isso, ele, que seria dispensável mais tarde, tornou-se cadáver fétido na sala. Ou seja, houve um abalo na rota e o destino está em disputa.
Reformas balançam
Por horas, as reformas da previdência e trabalhistas estão derrotadas. A agenda do Brasil mudou completamente. A ordem do dia é a saída de Temer e quem vai substituí-lo de forma indireta ou direta. O Mercado, evidentemente, vai querer um nome que possa dar sequência a essas reformas. Contudo, não será fácil combinar com os russos. Ou seja, as ruas. E as ruas vão fervilhar para escolher um nome nas urnas. Somente uma presidência votada pode diminuir o conflito no Brasil. Pelo menos, construir um consenso mais palatável. Mesmo assim, lá se vão dias. Talvez meses e os direitos seguem mantidos, por hora.
Aécio foi comido
Dificilmente Aécio Neves se livra dessa. De personagem mais citado nas delações e eternamente blindado pela imprensa e judiciário, inclusive da República de Curitiba. O advogado dele, Alberto Toron, tentou dizer que os dois milhões de reais pedidos à JBS era um empréstimo. Contudo, não explicou porque esse dinheiro foi pedido às escondidas e pagos em dinheiro vivo, em malas de dinheiro, tendo como destino empresas dos Perrelas, donos do helicóptero apreendido com 500 quilos de cocaína. O PSDB já pediu a cabeça de Aécio. Mário Covas Neto pediu sua renúncia da presidência do partido. A Procuradoria Geral da República pediu a prisão de Aécio Neves. Fachin aceitou apenas seu afastamento e jogou para o Senado decidir sobre o xilindró. Enquanto isso, a irmã de Aécio, Andrea Neves, foi presa e a imprensa mineira comemora 18 de maio como Dia Estadual da Liberdade de Imprensa.

Feriado nacional
Com a queda do Flamengo e Aécio Neves, 17 de Maio é decretado oficialmente como o Dia do cheirinho .
Moro traído
Desde que a bomba explodiu, muita gente “100% Moro” saiu em defesa do seu herói e da operação dizendo que “agora os petistas comemoram”. Isso não muda em nada o argumento que vinha sendo utilizado, de que a “Lava Jato de Moro é seletiva”. É importante destacar que a ação da Polícia Federal ocorreu em seu braço de Brasília, sob o comando de Janot e Fachin, e não como uma ação de Moro e Dallagnol. Esses, inclusive, devem ter sido os últimos a saber da operação cala boca. Moro, pelo contrário, não viu Eduardo Cunha recebendo mesada de R$ 500 mil da JBS debaixo do seu nariz. Foi além, não deixou que Cunha fizesse perguntas a Temer, comprovando – agora – que o deputado não queria deletar, mas manter a corrupção. Pobre Moro, que se deixa fotografar aos risos com Temer e Aécio Neves. Tá namorando os corruptos.
Roubavam até ontem
Realmente é incrível que mesmo todo mundo sendo investigado Temer e Aécio “roubavam” até ontem. A revelação da JBS são de março e abril de 2017.
JN dos gagos
Pra quem vê uma grande conspiração se desenrolando como se tivesse tudo gravado, a gagueira de Bonner e da Renata estava ensaiada? Na Globo News, os olhares também estavam assustados. Saiu tudo do roteiro.
Mataram meu pai
É bom lembrar de Francisco Pehn Zavaski. Ainda mais quando na acusação contra Aécio Neves é mencionado que o receptador dos R$ 500 mil poderia ser assassinado. À época da morte de Teori Zavaski, Francisco desabafou: “Derrubaram Dilma e assumiu o Temer. Do que eles são capazes? Será que só pagar o silêncio alheio (antecipando o caso Cunha. Grifo meu)? Ou será que derrubar avião tá valendo?”
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Manoel Ramires
Pinga fogo
Terra Sem Males
Foto: Roberto Parizotti/CUT e Lula Marques/AGPT