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April 3, 2011 21:00 , von Unbekannt - | No one following this article yet.

Agentes penitenciários marcham nesta quarta no Centro de Curitiba para chamar atenção para a situação do sistema

April 12, 2017 15:27, von Terra Sem Males

Ato acontece nesta quarta-feira, dia em que a direção do SINDARSPEN será recebida pela SEFA

Os agentes penitenciários do Paraná fazem nesta quarta-feira (12) uma mobilização no Centro de Curitiba para chamar a atenção da sociedade para os reflexos do caos do sistema penitenciário na segurança pública. O ato acontecerá no mesmo dia em que a direção do sindicato da categoria, SINDARSPEN, será recebida pelo coordenador de orçamento da pasta, João Giona.

Entre as várias pautas dos agentes penitenciários, está a contratação de mais efetivo. O último concurso realizado vence em 05 de julho. Ainda restam 1.200 aprovados aguardando para serem chamados. Com as promoções realizadas em janeiro deste ano, 545 vagas foram abertas na classe de acesso à carreira (classe III), porém, a SEFA tem se negado em autorizar as contratações, mesmo diante de pedidos da Secretaria da Segurança Pública e do Departamento Penitenciário.

A falta de profissionais nas unidades penitenciárias vem sendo denunciada pelos agentes há anos e está chegando a patamares cada dia mais alarmantes. No dia 2 de abril, por exemplo, houve rebelião Cadeia Pública Laudenir Neves, em Foz do Iguaçu, e um agente de cadeia ficou por quase duas horas como refém. A escala da unidade mostra que havia apenas 8 agentes de plantão no dia, quando deveria haver, pelo menos, 26 para dar conta dos 385 presos da unidade. O trabalhador que ficou como refém era contratado por PSS (agente de cadeia) sem o devido preparo para lidar com a massa carcerária. Em março, outra agente de cadeia passou 22 horas tendo a vida ameaçada em rebelião na Penitenciária Feminina de Piraquara. Ana Paula Valeriano também era temporária e não integrava a carreira de agente penitenciário.

“Rebeliões e fugas são reflexo da falta de investimentos no sistema. Os agentes arriscam a vida todos os dias trabalhando nessas condições precárias, mas toda a sociedade paga a conta do descaso, como quando há fugas de pessoas perigosas que deveriam estar cumprindo pena”, explica a presidente do SINDARSPEN, Petruska Sviercoski.

Waleiska Fernandes
Sindarspen



Sindicatos da Unioeste fazem atividade preparatória para Greve Geral

April 11, 2017 19:38, von Terra Sem Males

Servidores técnicos e professores da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) participaram na manhã desta terça-feira (11/4), em Cascavel-PR, de uma atividade unificada convocada pelo Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos do Ensino Superior do Oeste do Paraná) e Adunioeste (Sindicato dos Docentes da Unioeste).

Alusivas ao Dia de Luta e Mobilização em Defesa das Universidades Públicas do Paraná, as ações que aconteceram nas universidades estaduais, também foram convocatórias para a paralisação da Greve Geral de 28 de abril convocado pelas centrais sindicais em todo o país contra as reformas da Previdência e Trabalhista, a o projeto de lei das terceirizações e demais retrocessos propostos pelo Governo Temer à classe trabalhadora.

A atividade na Unioeste foi coordenada pela professora Francis Mary Guimarães, vice-presidente do Sinteoeste e o professor Luiz Fernando Reis, presidente da Adunioeste, que apresentaram um balanço do Governo Beto Richa (PSDB) e da atual ofensiva às IEES; como o ataque à autonomia universitária, corte de concessão de licenças, corte do TIDE para professores temporários e totalidade dos técnicos, cortes de carga horária e restrição na contratação de técnicos e docentes.

Luiz Fernando citou o discurso do “ajuste fiscal” do Governo Richa, que tem como principal alvo os servidores. Ele lembrou que o funcionalismo já vem pagando há muito tempo por esse “ajuste”: “O calote da data-base e o saque ao Paranaprevidência já rendeu ao cofres do governo quase R$ 4 bilhões de aposentadorias dos servidores e renderá outros R$ 1,9 bi do reajuste não pago”.

Na opinião do representante da Adunioeste “foi esgotada qualquer margem de diálogo e negociação com o governo estadual”. “O projeto do Governo Beto Richa é claro. É de destruição da universidade pública”, afirmou.

Para Francis, do Sinteoeste, o atual momento pede unidade de técnicos e professores contra o projeto de sucateamento e privatização do ensino superior. “Recentemente tentaram aprovar uma PEC [Proposta de Emenda à Constituição], de autoria do deputado Alex Canziani, que pretendia abrir a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. A intenção é que a universidade pública seja como faculdades particulares, meramente o ensino, sem pesquisa e extensão”, comentou.

A dirigente sindical fez uma convocatória aos trabalhadores da Unioeste para participarem dos atos programados para 28 de abril em todo país. “A greve geral é momento da classe trabalhadora retomar as rédeas deste país. Se não nos protegermos como um corpo, seremos destruídos com mais facilidade por esse governo que quer retirar todos os direitos da classe trabalhadora”, concluiu.

As paralisações de 28 de abril já foram aprovadas por unanimidade em assembleias dos servidores técnicos e professores da Unioeste na última semana. Os professores da Rede Municipal de Cascavel e da Rede Estadual também já aprovaram, em assembleias, adesão a movimento convocado pela unidade das centrais sindicais.

Texto e foto por Júlio Carignano



Pressão popular faz Temer convocar base aliada para pedir aprovação da Reforma da Previdência

April 11, 2017 14:09, von Terra Sem Males

Michel Temer pediu aos deputados de sua base que aprovem a Reforma da Previdência e transmitiu anúncio ao vivo pelas redes sociais

Na manhã desta terça-feira, 11 de abril, a assessoria oficial da presidência transmitiu ao vivo discurso de Michel Temer em reunião com líderes da base aliada na Câmara Federal e membros da comissão da Reforma da Previdência.

Em uma clara resposta à pressão popular contra a Reforma da Previdência vista nas ruas de todo o país, transformada em pressão aos deputados que votam na Câmara Federal a reforma, Temer argumenta que “quatro cinco pontos levantados estão sendo negociados com as bancadas e resolvemos mais uma vez fazer a chamada e o convite para que os senhores estejam conosco novamente”, referindo-se ao pedido para que a Reforma da Previdência seja aprovada pelos deputados.

Enquanto o discurso era transmitido ao vivo, a assessoria oficial de Temer publicava em seu twitter, também oficial, frases que não são equivalentes às declaradas pelo presidente no vídeo, disponibilizado no facebook do Palácio do Planalto.

Acesse aqui o vídeo 

 

Enquanto no twitter as declarações dão conta de “estabelecer o salário mínimo para pensões e para o benefício das pessoas com deficiência”, as declarações de Temer foram “Ressaltando mais uma vez que isso não vai alcançar os povos, porque quem ganha salário mínimo está garantido e é um número infindável”, sem especificar.

No vídeo, Temer também não menciona professores, policiais ou trabalhadores rurais. O que Temer faz é um jogo de palavras para tentar reverter a negatividade da resposta popular ao ponto que a reforma estabelece 49 anos de contribuição para se aposentar e, ainda, trata como pormenor a idade mínima de 65 anos.

“Queria ressaltar que os senhores agora estão sendo atendidos pelo relator, vai elaborar seu relatório sem quebrar a espinha dorsal da previdência e basicamente se atem à questão da idade. Em vários países a idade mínima nunca é inferior a 65 anos. Nós queremos buscar aprovação por meio do diálogo, entre nós e os membros da sociedade, eu verifico há esta possibilidade”, disse.

Sobre os 49 anos de contribuição: “Nós até mudamos no relatório. Se você tiver 25 anos de contribuição, você se aposenta com 76%. Se você contribuir 35 (anos), você se aposenta com 86%. Estas verdades sendo colocadas como estão sendo divulgadas começam a fazer o convencimento”, afirmou Temer, mas sem ainda chegar na aposentadoria integral em nenhum cenário.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles utilizou um seminário promovido pelo jornal O Globo sobre a Reforma da Previdência para afirmar, na segunda-feira (10), que a reforma não vai prejudicar os trabalhadores de menor renda e que as regras atuais beneficiariam quem tem renda maior e consegue permanecer mais tempo no mesmo emprego.

De acordo com a Agência Câmara de Notícias, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), presidente da comissão especial que discute a reforma da Previdência (PEC 287/16), afirmou na segunda-feira (10) que as mudanças no texto original apresentado pelo Executivo são viáveis. Ele informou que a previsão é que o relatório seja apresentado no dia 18 de abril e o texto seja votado na comissão especial até o dia 27.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males, de Curitiba
Foto: Marcos Corrêa/PR



Corta essa de tapetão, o Paraná Clube deve olhar para frente

April 10, 2017 18:40, von Terra Sem Males

Não adianta ficar revoltado, o campeonato paranaense tem uma péssima fórmula, uma péssima organização e ponto. Em campo tudo isso é esquecido e são onze contra onze. Seja qual regra esteja valendo, é ali que o jogo deve ser resolvido, e o Paraná Clube não conseguiu resolver. Empatou sem gols com o Atlético e foi eliminado.

Disputou de igual para igual com um time de orçamento infinitamente maior, mas não conseguiu vencer. Aliás, se tivesse vencido pela diferença de um gol ainda teria que disputar a vaga nas penalidades.  Mesmo se classificando em primeiro lugar, 17 pontos na frente do oitavo, não jogava por dois resultados iguais. Coisas do nosso estadual.

O pior de tudo é que há tempos o Atlético tenta desmoralizar a competição. Escala um time sub 23, se classifica às custas da limitação dos clubes do interior e na reta final escala o primeiro quadro, muito mais descansado. É certo que a estratégia já os fez disputar o torneio da morte, mas a Federação jamais se mexeu para impedir a manobra.

A tese de que teríamos que enfrentar o Rio Branco, o real oitavo colocado, está certa. Agora, se a Justiça não foi ágil para parar os jogos no momento certo, não devemos ser nós os encarregados de melar o campeonato.

Desde o começo não nos dizem que o foco é o acesso? Pois vamos em busca dele. Também tem a Copa do Brasil, que estamos sabendo jogar, que gera uma receita fundamental e que é um atalho para a Libertadores.

Tudo o que conquistamos até aqui foi na bola e na luta. Devemos olhar para frente. Reverter uma eliminação na Justiça, mesmo com toda a bagunça que rolou, só vai gerar mídia negativa. Entre o respeito à nossa marca e à vaga, devemos optar pelo respeito!

Por Marcio Mittelbach
Coluna Guerreiro Valente
Foto: Joka Madruga
Terra Sem Males



Tirem os doze projetos da Casa e podemos debater

April 10, 2017 15:31, von Terra Sem Males

“O foco deve ser justiça social e não ajuste fiscal”, defendem sindicatos.

Os sindicatos se reuniram com 34 dos 38 vereadores de Curitiba para debater os doze projetos enviados pelo prefeito Rafael Greca (PMN). Na reunião aberta, as entidades pediram a retirada de todos os textos para iniciar a discussão. De acordo com os sindicatos, é impossível dialogar com “doze armas apontadas contra si prontas para disparar”. Os representantes dos trabalhadores dizem que o Pacote de Maldades pune os servidores e a população mais pobre, poupando os donos da cidade. A alternativa seria promover justiça social, cobrando mais dos ricos, retirando isenções, cobrando devedores, no lugar de ajuste fiscal.

De acordo com o presidente da Câmara Municipal, Sérginho do Posto (PSDB), os projetos estão sendo avaliado pelo departamento jurídico – Projud. A expectativa é que essa análise termine no dia 18. Data inclusive marcada para o início da greve dos municipais. Em seguida, os projetos devem tramitar pelas comissões. O presidente reforçou que a Casa tem tomado cuidado em analisar todos os projetos, inclusive solicitando pareceres do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e não descartando a realização de uma audiência pública. O debate ampliado é uma solicitação dos sindicatos.

Na reunião com os vereadores, os sindicatos desconstruíram os principais pontos do Pacote de Maldades. Para eles, a Prefeitura de Curitiba tem faltado com transparência na divulgação dos números e forçado um prejuízo. Os sindicatos afirmam que o secretário diluiu os valores para enfim chegar em R$ 1,2 bilhão em dívidas. “O prefeito diz que herdou uma dívida. Mas o secretário de finanças VitorPuppi, em prestação de contas, mostrou um resultado positivo de R$ 713 milhões”, comparou Wagner Batista, do Sismmac.

Outro ponto de questionamento dos sindicatos é fazer um plano que foque exclusivamente na retirada de direitos daqueles que menos têm. “Nós queremos substituir ajuste fiscal por justiça social. Nela, os mais ricos podem contribuir mais, ao invés de cobrar dos trabalhadores. Quem tem dívida, que pague. A prefeitura, por exemplo, nos nega a lista de seus devedores”, criticou Irene Rodrigues, coordenadora geral do Sismuc.

As entidades também enfatizaram que o aumento do ITBI para 2,7% na faixa entre R$ 140 mil a R$ 300 mil afeta diretamente o povo e os servidores públicos. Ou seja, o aumento pega as mesmas famílias que perdem isenção do lixo e carente de serviços públicos.

“Os donos da cidade não foram atingidos pelo ajuste. Podemos ver no reajuste da tarifa técnica em 8%, o dobro da inflação”, comparou Irene.

Serviço público

Para os sindicatos, o projeto mais perverso é a limitação dos investimentos nos servidores municipais em 70% do crescimento da cidade. É isso que o projeto sobre a “Lei de Responsabilidade Fiscal Municipal” trata. O limite foi criticado pela vereadora Professora Josete (PT).

“São muitos os direitos dos servidores que estão sendo retirados com esses projetos. Chamo atenção para a LRF municipal. Ela cria barreira para o investimento em servidores, pois limita em 70% o valor investido após o aumento de receita. Isso é perverso”, alerta Josete. Ou seja, se a lei for aprovada, os servidores podem receber reajuste abaixo da inflação, além de condicionar crescimentos verticais e horizontais.

Por outro lado, os sindicatos desmentem a versão do prefeito Rafael Greca de que Curitiba estaria investindo demais com servidores e serviços públicos. O resultado oficial revela que a LRF está em 45%. “No resultado, a folha de pagamento não é o problema. Agora o prefeito quer incluir o transporte. Mas, historicamente, a Prefeitura de Curitiba usava o valor para o cálculo do orçamento. É uma manobra no método do cálculo para elevar os gastos públicos”, reforçam os sindicatos. Para as entidades, se Curitiba crescer 5% em 2017, o aumento de despesas chega a 47%. Isso mantém planos de carreiras e reajustes.

Com base nesses números, foi solicitada autonomia do Legislativo diante do Executivo. “O prefeito diz que o plano de carreira foi um cheque sem fundo dado por Gustavo Fruet. Na verdade, ele falta com o respeito aos vereadores. Mas esse cheque também foi assinado por vocês”, compromete Wagner Batista. Pensamento complementado pelo Sismuc: “Vocês concordaram com as leis que definiram os planos de carreira. Nós fizemos o debate aqui. Agora vocês concordam com a suspensão dos planos de carreira”, comprometeu Irene.

Os sindicatos ainda questionaram a tese de cheque sem fundo de em torno de R$ 500 milhões de dívidas da cidade com fornecedores. Para eles, a atual gestão tem inflado os números. Na verdade, um dos projetos na Casa quer pagar valores para terceirizados. São contratos de limpeza, merenda, entre outros. São essas dividas que Greca quer honrar, retirando recursos e direitos dos servidores. “O vereador é da cidade. A mudança do pagamento da taxa de lixo vai punir os mais pobres que os servidores atendem. Ou seja, é mais uma maldade com o povo”, expõe o Sismuc.

IPMC

Rafael Greca trocou toda a direção do Instituto de Previdência Municipal de Curitiba (IPMC) e do ICS (Instituto Curitiba de Saúde) de servidores de carreira por pessoas do mercado. O foco é privatizar os institutos. O prefeito ainda revogou a comissão que analisava a lei 9626/96, retirando a paridade do grupo entre gestores e sindicatos. Essa comissão foi formada em 2013. Os sindicatos foram impedidos de participar de reunião que definia as mudanças no IPMC, como a instituição do fundo privado. Ação que os sindicatos vão questionar judicialmente.  “Se o IPMC está na UTI, como se registrou superávit de R$ 60 milhões no começo de 2017?”, questionam as entidades.

Portanto, as dúvidas sobre a saúde financeira dos institutos devem ser comprovadas por uma auditoria externa. Afinal, o IPMC registra patrimônio de R$ 2,3 bilhões. Nesse sentido, se questiona por que fazer saque de R$ 600 milhões se tem parcelado recursos com os servidores. “Outra retirada de direitos é o aumento de alíquota. Ou seja, são recursos tirados da folha de pagamento dos servidores”, completa Irene. Os sindicatos ainda sugeriram que imóveis do IPMC que são utilizados pela Prefeitura de Curitiba sejam comprados.

Posição dos vereadores

A vereadora professora Josete considera que os projetos estão amarrados e é necessário muito estudo sobre eles. A parlamentar cobrou diálogo do executivo com o legislativo. “Não houve diálogo e sequer respeito com os vereadores, que estão com a batata quente”, questiona. Josete ainda solicitou a realização de uma audiência pública para que todos os aspectos sejam discutidos. A ela se somou a vereadora Noêmia Rocha (PMDB): “Não há ajuste fiscal que possa retirar direitos dos servidores”, protestou.

O vereador Tico Kuzma (Pros) disse tenta intermediar o diálogo com os servidores. Ele perguntou se, por exemplo, os trabalhadores aceitariam a mudança da data-base para novembro ou se a rejeição é total do projeto. Questionamento rechaçado imediatamente pela plateia.

Já Felipe Braga Cortes (PSD) solicitou que as comissões façam uma força tarefa para analisar os projetos. Dentro delas, pede que os vereadores se inteirem mais dos assuntos. “Evidente que há uma tensão. A gente quer buscar uma ponte para o entendimento”, ponderou.

Para o Professor Euler (PSD), é dever do governo apontar quais pontos do projeto ele pode recuar. Ele criticou que a solução é aumentar impostos e retirar direitos. Euler afirma que isso é transferência de problemas.

Sem expor sua posição, Sabino Picolo (DEM) criticou a gestão de Gustavo Fruet (PDT), dizendo que algumas sugestões para melhorar a arrecadação de Curitiba não foram acatadas. Ele disse que levou novas sugestões ao prefeito Rafael Greca e entende que alguns setores não contribuem o necessário. Em resposta, o representante do Sinfisco, Alisson Matos, alegou que Curitiba está em primeiro no ranking de arrecadação dos impostos da cidade: IPTU, ITBI e ISS. No entanto, sugestões não foram acatadas. Ele criticou o fato de Curitiba não ter informatizado muitos processos, tendo que digitalizar manualmente atuações.

Ainda no sentido de rebater os projetos, o vereador Dr Wolmir (PSC) sugeriu que os sindicatos proponham pontos para contrapor os projetos. Ele disse que a CMC não pode retirar os projetos, pois é uma atribuição do Executivo. O parlamentar também disse que os sindicatos devem cobrar o Ministério Público com relação a CPI do Transporte e o Tribunal de Contas do Estado sobre o documento entregue pelo prefeito Greca.

Em resposta, a coordenadora do Sismuc Irene Rodrigues informou que um dossiê está sendo preparado para ser entregue aos vereadores questionando os projetos e seus aspectos legais. Ela destacou que o líder do governo, Pier Petruzziello (PTB), pode pedir a retirada do projeto. “Isso foi feita recentemente em Jaraguá do Sul (SC), que retirou um projeto para ampliar o debate”, exemplificou. Irene destacou que todos os organismos serão procurados, mas recordou que o projeto está na CMC, por isso “é fundamental a audiência pública”, reforçou.

Para encerrar o encontro, Pier Petruzziello afirmou que é líder do governo e não do prefeito. O vereador reforçou que tem tentado estabelecer o diálogo entre o governo e as entidades sindicais. Ele diz que discorda de alguns projetos, mas sem listar quais. No entanto, Pier disse que não manda na Prefeitura e que as decisões cabem ao prefeito Rafael Greca. “Não há por parte do prefeito nenhum ódio com os servidores. Precisamos encontrar o entendimento”, definiu.


Manoel Ramires
Terra Sem Males



Sheherazade amarrada ao poste

April 10, 2017 13:32, von Terra Sem Males

Sílvio Santos dá aula de machismo e violência moral ao enquadrar a apresentadora do Jornal SBT Brasil

Certa vez, Mahatma Gandhi escreveu “olho por olho, e o mundo acabará cego”, em acertada crítica à lei do talião, que consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena. A arcaica legislação foi colocada em prática na noite deste domingo (09), durante o Troféu Imprensa 2017, uma espécie chinfrim de Oscar da Televisão Brasileira promovido pelo SBT.

A advogada paraibana e apresentadora do Jornal SBT Brasil, Rachel Sheherazade, famosa por suas opiniões polêmicas e exponencial defensora do conceito de “bandido bom é bandido morto”, foi moralmente violentada pelo seu patrão Silvio Santos. Ao reclamar dos comentários políticos de Sheherazade nos telejornais, o homem do baú disse que “você foi contratada para ler notícias, não foi para contratada para dar a sua opinião. Se você quiser fazer política, compre uma estação de televisão e vai fazer por sua conta”.

A tentar argumentar e já visivelmente constrangida, a apresentadora disse que havia sido chamada para opinar. Foi aí que a situação piorou muito. Silvio rebateu: “não. Chamei para você continuar com a sua beleza, com a sua voz, para ler as notícias no telepromter. Não foi para você dar a sua opinião”.

Ao entregar o troféu de melhor jornalista pela votação na internet, Silvio Santos ainda largou que “ganhou dos internautas, merece. Merece ficar quietinha. É melhor pensar no seu novo casamento”.

Declarações deste cunho feitas no âmbito privado, apenas entre chefe e funcionária, caracterizam assédio moral e machismo. Em cadeia nacional, me parece linchamento público. Excluída a violência física, seria algo como o caso do menino despido, dilacerado e amarrado ao poste no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Ao comentar a reportagem exibida em 2014, Sheherazade defendeu os agressores. “Num país que sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. (…) O que resta ao cidadão de bem, que ainda por cima foi desarmado? Se defender, é claro”.

A postura conversadora midiática de Sheherazade, que por tantas vezes demonstrou parcialidade, partidarismo e preconceito, é algo passível de críticas, sem dúvidas. Celebrar que a apresentadora tenha sido humilhada e violentada moralmente é algo pior até do que a lei do talião.

Por Davi Macedo



“O partido deve ser um instrumento dos movimentos sociais”. Entrevista com André Machado, novo presidente do PT de Curitiba

April 10, 2017 13:06, von Terra Sem Males

André Machado Castelo Branco. Esse é o nome que comandará o PT de Curitiba nos próximos anos. Dirigente sindical, foi candidato a vereador por duas vezes. Na primeira, em 2012, fez 3.211 votos e na eleição seguinte, em 2016, foram 3.986. Formado em história pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestre em tecnologia do trabalho pela UTFPR, Machado tem uma missão considerada pra lá de difícil. Organizar o partido na cidade que virou sinônimo de resistência contra o PT: Curitiba.

O novo dirigente foi aclamado neste domingo (9) em uma eleição com chapa única. Resultado da articulação de diversas correntes em torno de um nome que possa agregar forças sem a disputa das forças internas do partido. André, aliás, diz não ser de nenhuma corrente específica, mas de um movimento que prega a reorganização do partido em torno de suas bases. “O partido é que deve servir de sustentação para os movimentos sociais e não o contrário”, enfatizou durante a entrevista.

Movimentos sociais, lava-jato, Sérgio Moro, jantares com empresários da mídia, Lula em 2018, mobilizações em Curitiba em busca das diretas e agora em busca da direita, tudo entrou na pauta e Machado não fugiu das perguntas.

Ele recebeu, na sede estadual do partido, os jornalistas Davi Macedo, Gibran Mendes, Leandro Taques e Manoel Ramires para uma entrevista onde falou dos seus planos para o PT, sua visão da atual política e sobre como renovar o partido voltando para suas bases.

TSM: Você assumirá o comando do PT na cidade que se autointitulou de “República de Curitiba”. É algo semelhante a presidir o  partido de oposição ao regime na Coreia do Norte?

André Machado: (risos). Eu vejo que passamos por um processo intenso de ataques ao partido, que continua existindo, mas estamos em uma situação diferente. Estamos em uma situação onde o governo começa a mostrar a que veio. O golpe começa a mostrar seu real conteúdo político e as reformas apresentadas são tão intensas que o povo começa a compreender de fato o que está acontecendo no País.

Tivemos a primeira grande medida que foi a PEC que corta os gastos sociais por 20 anos. Mas para a população em geral isso é muito nebuloso, de difícil compreensão sobre quais serão os reais impactos em suas vidas. Mas quando isso chega à Reforma da Previdência e fazem a conta, vendo o tempo a mais que deverão trabalhar antes da aposentadoria, começa a cair a ficha.

É inegável que o PT passa por um processo difícil e em Curitiba é muito mais difícil que no resto do Brasil. Aqui é o epicentro de todo esse desgaste do PT por conta da Lava-Jato. É verdade também que há uma oportunidade de retomada, que aqui existe resistência. Creio que é esse contraponto que me motiva, que me anima a assumir o PT nesse momento. Esse discurso de vítima não funciona, precisamos fazer uma retomada dos princípios do partido e voltar a organizar as bases sociais.

TSM: Mas isso não está atrasado? Esse discurso de retomada vem há tempos. E ainda: existe esquerda em Curitiba? Nos atos são sempre as mesmos e não há pessoas diferentes…

André Machado: Existe um processo. O PT passou por um processo diferente nos últimos 13 anos. Foi assumido um discurso de que tudo se resolvia dentro do estado e obviamente isso tem consequências na organização popular do partido. Todas as lutas sociais de massa que participamos, e foi ali que comecei a minha militância, no final do governo FHC, nas lutas que fizemos contra a venda da Copel (Estatal de Energia Elétrica do Governo do Paraná que Jaime Lerner tentou privatizar em 2001) por exemplo, foram lutas de massa. No próprio movimento estudantil, quando fizemos luta contra a privatização das universidades, naquele período do Lerner, existia uma esquerda mobilizada. Existia massa na rua para lutar pelas pautas da esquerda, por um outro modelo de desenvolvimento, por outras pautas sociais. Isso ficou adormecido. Mas não significa que não seja possível resgatar. Curitiba já foi palco de grandes manifestações, mesmo antes dessas…

TSM: Continua sendo?

André Machado: Continua sendo, mas com pautas conservadoras, principalmente. É possível que essas mobilizações populares sejam resgatadas? Eu acredito que sim. Até por conta do que falei. Acredito que a situação concreta e objetiva das pessoas leva à resistência. É o papo que está rodando no ônibus. A discussão hoje não é somente a Lava-Jato, sem desconsiderar sua influência, mas a pauta é: vai acabar a aposentadoria no País, principalmente para os mais pobres.

Então, é isso. Existe hoje um novo caldo e desse novo caldo é possível retomar essa mobilização. Acredito que não é tarde. Existiu um discurso durante os 13 anos de governo do PT de que era possível fazer uma conciliação. A direção do PT alimentou isso, de que era possível fazer um acordo com o Sarney, com algumas oligarquias locais, com o PMDB, para manter uma governabilidade. Esse discurso acabou. Com quem vai fazer o acordo?

TSM: Você fala que esse período acabou, mas o que vemos na prática é o contrário. O que vemos em certas lideranças do PT é a continuidade desta tentativa de conciliação e de alianças com a direita, como aconteceu no caso de eleições em mesas diretoras nas casas legislativas, até mesmo no Senado e na Câmara. Isso mostra uma diferença do que a militância pede e o que as decisões políticas mostram. Acrescento: como o diretório municipal pode atuar neste sentido?

André Machado: Quando eu digo que acabou é porque não há mais condição de alimentar um discurso de que essa conciliação pode apresentar resultados positivos, ou seja, aquele discurso que ouvíamos muito: “é necessário fazer um grande acordo para que possamos implementar políticas positivas para a população”. Era esse o discurso da governabilidade. Isso não tem mais espaço, isso acabou. Não significa que as pessoas que estão hoje na cúpula do partido, ou estão assumindo mandatos no congresso, senadores e deputados, mudaram sua concepção. Eu acredito que muitos continuam errando.

Por isso neste processo de discussão do PT nós temos que discutir uma nova direção nacional. Nessa questão toda, fizemos um acordo aqui em Curitiba por uma direção municipal que tem essas questões como princípio: a mudança dentro do partido em relação à política de alianças, o papel que o PT deve desempenhar nesse período, como ele deve se organizar, radicalizar a democracia interna do partido “nucleando” o PT. Tudo isso são os acordos que chegamos para que pudéssemos ter somente uma chapa. É uma chapa de mudança, não de continuidade. Mas isso do ponto de vista nacional ainda é um debate a ser feito.

TSM: Você é identificado como um militando da corrente do Trabalho, minoritária dentro do partido. Como fazer um acordo para que alguém deste grupo possa comandar o partido em Curitiba?

André Machado: Eu não sou dessa corrente, que tem sua própria organização e dinâmica, mas que construiu junto neste processo. Nós temos um grupo chamado “PT Novo de Novo”, que é um agrupamento dentro do partido que tentou impulsionar esse debate de mudanças e aglutinou várias lideranças, lideranças importantes e lideranças populares do partido. Nós indicamos algumas direções zonais importantes, temos uma influência dentro do PT de Curitiba.

A primeira coisa que fizemos foi lançar um documento colocando as críticas a esse caminho que o PT assumiu nos últimos anos e propondo uma mudança de rumos. Tivemos a adesão de muitas lideranças importantes aqui de Curitiba e a partir desse texto começamos a discutir a chapa, que vem a partir de um processo de debate político desse manifesto. Democratização do partido e retomada do PT como um instrumento de organização da classe trabalhadora. Porque o que colocamos como um sintoma desse PT que foi se burocratizando aos poucos é que as lideranças do partido passaram a compreender a democracia a partir, somente, da disputa do Estado.

Isso leva a uma adaptação ao sistema político como ele é hoje, um sistema apodrecido, mas é o que temos. Então, a partir do momento que se vê como única forma de democracia a disputa  do estado, você começa a compreender os movimentos sociais como um instrumento do partido passa a ter uma visão de instrumentalizar o partido a partir dos movimentos sociais para conseguir voto. É simples assim, não é? Porque a lógica é essa. É o que está incutido como lógica de construção da democracia.

O que estamos propondo é uma inversão disso. O movimento social não pode ser instrumento do partido, o partido é que deve ser um instrumento dos movimentos sociais. Então, quando você pensa a lógica assim, o que você entende? Que inclusive a disputa eleitoral deve servir para a disputa real que está sendo feita da luta de classes, da luta popular nos bairros, dos sindicatos que estão lutando para ter reajustes salariais, condições de trabalho. Essa inversão é que estamos propondo, é o PT da década de 80, o princípio do partido.

TSM: Mas como fazer isso na prática, a partir de um diretório municipal?

André Machado: Eu vejo dois papéis. O primeiro deles é na disputa do congresso estadual. Não está definido o que será do PT. Nós fazemos parte deste processo que vai discutir a mudança de rumo do partido. Esse é um primeiro aspecto. O segundo é que estamos em uma das principais capitais brasileiras. Não é um lugar qualquer, uma “cidadezinha”, que não fará diferença no cenário nacional. Eu acredito que temos um papel importantíssimo no cenário nacional.

Por ter esse papel importante, mesmo que no diretório nacional ainda tenhamos questões não alteradas que desejamos mudar, creio que possamos fazer a diferença aqui para que apareça como exemplo para os militantes. Eles querem essa retomada do PT. Basta ver o que aconteceu quando a maioria dos deputados desejava fazer um acordo para eleger o Rodrigo Maia. Mas por não terem coragem de aprovar, eles jogaram essa decisão para o diretório nacional, que por sua vez, devolveu para os deputados. Mas por conta da mobilização que aconteceu na base do partido – que foi impressionante, com reuniões, plenárias, atos em todos os lugares do Brasil – a bancada dos deputados decidiu votar contra.

Esse movimento “Petista Não Vota em Golpista” foi um movimento de baixo para cima, que mudou uma posição. É verdade que alguns deputados não votaram no candidato que o PT apoiou? É verdade. Na matemática você vê isso. Mas é secundário nesse processo. O principal é que quando a base se movimenta e impõe sua vontade, nós conseguimos fazer as mudanças que o PT precisa. Porque precisamos desse instrumento, o PT está construído.

O PT é um instrumento fabuloso. Tem 1,7 milhão de filiados. É o principal instrumento de transformação na América Latina e um dos principais do mundo. Não podemos abrir mão disso, mesmo que tenhamos crítica, que tenha problemas. O que precisamos é trabalhar para tentar mudar e essas mudanças eu acredito que podemos implementar em Curitiba, fazendo diferente, construindo uma forma de organização mais interessante. Mostrar como exemplo e participar desse processo de disputa nacional.

TSM: Mas insistimos e na prática? Como fazer isso? O André, presidente eleito do PT de Curitiba, chega no diretório pela manhã, senta na cadeira e muda isso como?

André Machado: Eu não acho que é o André. Foi um acordo em todas as correntes organizadas do partido aqui [em Curitiba], entre todas as lideranças regionais do partido, de que esse seria o nosso objetivo nesse mandato.

Nós tivemos um mandato passado que teve vários avanços, com mudanças importantes, mas em um momento difícil de organizar o partido. O momento era de encontrar uma saída. Era muito difícil. Mas existia essa busca por uma unidade, uma tentativa de caminhar junto e que se concretizou agora.

Acredito que não é o André. É um novo diretório que está sendo eleito com 112 membros que vão buscar “renuclear” o partido, principalmente, a partir das zonais. O que significa isso? A ideia é que a pessoa não seja só filiada ao partido, mas que ela viva o partido e o utilize para se organizar a partir de suas lutas.

As zonais têm papel geográfico. Já os núcleos funcionam com os militantes de uma certa região, de uma certa rua, de uma certa categoria profissional, que tenham afinidades e desejem se reunir porque tem uma disponibilidade de horário ou pauta em comum. Eles se encontram e discutem. Precisamos dar política para esses núcleos discutir. É isso que falta. Precisamos estimular, dar um filme para debaterem, um texto para lerem e debaterem, sobre a reforma da previdência, sobre a conjuntura. Precisamos estimular pautas, propor agendas e os núcleos vão surgindo. As pessoas querem se organizar.

TSM: Qual o projeto para o partido? Não é preciso discutir plataformas, além de nomes como vem sendo declarado exaustivamente o nome de Lula?

André Machado – Eu acredito que o Lula dentro do PT é um nome inquestionável. Não só pela história dele, mas do ponto de vista pragmático eleitoral. Ele tem uma capacidade eleitoral que nenhum outro filiado ao partido no Brasil inteiro tem. Então, eu não acredito que a questão seja questionar a candidatura do Lula, que está colocada e vai ser importante para o partido em 2018, e que está sendo duramente atacada para que ela não possa ocorrer pelo golpe que está colocado no país. Temos que ter clareza disso. Agora, eu acredito que transformar o congresso do partido, que justamente é aonde podemos definir isso, para definir que caminho vai o PT.

A gente está discutindo isso. Qual vai ser o projeto de Lula 2018? Qual é o projeto econômico que nós queremos? Quais vão ser as estratégias de organização do partido? Porque se não é a conciliação, tem que mudar alguma coisa. Se você não faz um acordo com o PMDB, você tem que fazer um acordo com alguém para poder governar. Na nossa concepção, esse é um acordo estreito com os movimentos sociais. Quando queremos aprovar alguma coisa, e sempre foi assim, mesmo nos governos Lula e Dilma, para aprovar alguma coisa e passar no Congresso Nacional, o que definiu foi a mobilização.

Foi parar carro de som na frente da casa de deputado, foi fazer mobilização de rua, enfim, é isso que define, muito mais do que fazer um grande acordo nacional. Eu acho que a grande disputa nesse congresso do PT, onde pode-se discutir os rumos, é um setor querer transformar o congresso em um lançamento da campanha do Lula 2018 sem conteúdo, abandonando o que é imediato. Porque a gente tem que passar por 2017.

Esse é o problema, nós temos que atravessar 2017 e esse ano é fundamental, porque se perdemos a previdência, se passa a reforma trabalhista, e ela vai ser brutal. Porque liberar, como o Rodrigo Maia tá dizendo ou como o Temer está dizendo, as terceirizações como está proposto, é muito brutal para o mundo do trabalho. Vai ser terrível, é muito acelerado o processo de retirada de direitos. O terceirizado não só ganha menos, mas tem uma organização muito mais frágil do ponto de vista sindical. A partir do momento que se permite também que o negociado prevaleça sobre o legislado, em organizações frágeis como é a dos terceirizados, você contrata sob qualquer regime. Estamos rumando na prática para um regime de trabalho extremamente precário.

Deixar passar tudo isso, em nome de um projeto de 2018 que vai fazer uma política diferente, é uma irresponsabilidade. O que temos que colocar hoje é o Fora Temer. Temer tem menos de 10% de aprovação, é menos do que Dilma no seu pior momento de avaliação. Ele anda numa corda bamba, se o PT empurrar ele cai. O que a gente não pode é abandonar a pauta que está na rua e que está na boca do povo, que é o Fora Temer. O Fora Temer é importante hoje não só porque teve o golpe e tiraram a Dilma da Presidência, mas porque se ele continuar vão passar todos esses projetos de aniquilação da classe trabalhadora. Os laços da classe trabalhadora se dão pelos seus direitos também. A capacidade da classe trabalhadora para poder impor um projeto diferente para o Brasil passa também por defender os seus direitos que estão constituídos, porque se não houver direitos a gente vai caminhando para um processo de desagregação social tão violento que não consegue nem mais se ter uma relação de classe entre os trabalhadores.

TSM: Sobre essa campanha difamatória contra o PT que sempre existiu, desde a fundação do partido, mas que foi intensificada no governo Dilma e arranhou a imagem do partido. Como pode ser recuperada a credibilidade que o PT tinha no final da década de 90, a pujança social que o partido tinha?

André Machado: Não é o debate de se igualar aos outros que vai recuperar a imagem do PT. Nem é tanto por se fazer o debate que é imposto pela Lava Jato. O PT ganhou uma audiência na massa por conta das suas decisões políticas corretas de se alinhar de forma correta na década de 80 e conseguiu estabelecer raízes na classe trabalhadora, principalmente por conta do processo de diretas já, naquele momento de redemocratização do país, o PT teve um papel fundamental quando ele recusou o colégio eleitoral, ali o PT ganha massa. Acredito que a saída hoje também é a partir da política. Se o PT tiver uma política certa hoje, se o PT tiver uma política que as pessoas compreendam que está do lado delas, ele vai retomar o prestígio que já teve e que vai ter no futuro se tomar as decisões certas. O problema é se o PT não acordar. Se continuar repetindo a fórmula que foi aplicada nos governos que passaram, a gente não conseguir dar essa guinada.

TSM: Me parece um pouco mais difícil agora, porque no final da década de 90 existia uma sensação de grandes anseios sociais, inclusive por meio da política. Agora que parece que a campanha contra o PT fez com que as pessoas desacreditassem na política. O que se escuta hoje do cidadão comum é nem direita, nem esquerda, tudo ladrão. Um discurso construído justamente por quem de fato é ladrão. Isso não torna a recuperação mais complicada?

André Machado – Está difícil não só por isso. Acredito que isso contribui, mas, por exemplo, quando a Dilma indicou o Levi e o Barbosa para comandar a economia do país, o que ela estava mostrando para as pessoas, que só existe um caminho. E o caminho era o que o Aécio estava dizendo na eleição, inclusive. Foi ao contrário da plataforma da campanha da Dilma. O que eu acho que as pessoas dizem que é tudo igual, elas dizem que é tudo igual porque, do ponto de vista político, mesmo que hoje a gente veja claramente que a velocidade do processo é muito maior com o Temer, sem dúvida nenhuma, mas a gente vê que o caminho também estava sendo apontado desde o final de 2013 até o impeachment também era um caminho errado.

As pessoas olham e veem que do ponto de vista político só tem uma saída e todo mundo diz a mesma coisa e do ponto de vista ético atacam o PT através da mídia dizendo que o PT é o partido da corrupção e tal, aí as pessoas realmente confundem. A saída para tudo isso está justamente na política. Se as pessoas enxergarem o PT fazendo uma política de fato diferente e é esse o nosso desafio enquanto direção que vai assumir o partido, eu acredito que as pessoas retomem a confiança no PT. O partido já teve essa confiança, principalmente daqueles que foram mais favorecidos pelos governos do Lula e da Dilma. Precisamos retomar a confiança dessas pessoas. Acredito que um ponto é esse, apresentarmos uma política responsável, com os anseios da classe trabalhadora; o outro é recusarmos esse sistema político.

TSM: Qual é o peso da comunicação para a recuperação da imagem do PT e quão estratégica é ou deveria ser a comunicação para o partido? E quando a esquerda vai ter a Folha de São Paulo dela?

André Machado: Quando se fala em estratégia, a comunicação sozinha não responde. Então a gente precisa reencontrar um caminho, que aí a gente encontra aonde quer chegar. A partir do momento que a gente sabe aonde quer chegar, nós buscamos comunicar para as pessoas o que a gente quer. O problema da comunicação do PT nesse período de governo é que se perdeu aonde se queria chegar. O que se produziu nesses anos todos de governo? Se produziu políticas interessantes do ponto de vista da educação e saúde, o Estado foi gerido de uma forma muito mais republicana.

Se você for ver hoje como estão as estruturas dos ministérios, você percebe a diferença brutal entre os governos. Agora, você não mudou as estruturas e a gente perdeu isso, perdeu a discussão sobre a estrutura política. A própria rediscussão das instituições que estava coloca ficaram intactas. Então, acredito que nesse debate de comunicação a gente precisa resolver juntos aonde queremos chegar. Precisamos ter um debate estratégico novamente sobre o PT. Qual que é a estratégia petista? A gente ainda acredita no socialismo? E se a gente ainda acredita no socialismo, a mudança mais radical, mais estrutural da sociedade, qual que é o caminho para se chegar lá? Mesmo aqueles que não acreditam mais no socialismo, mas são críticos ao capitalismo, como faremos para reduzir os danos que esse sistema econômico produz, as desigualdades sociais que ele produz?

Eu acredito que hoje no Brasil nós temos uma tarefa fundamental que é a discussão da Constituinte.  Retomar esse debate, porque como é que nós vamos fazer essas mudanças com esse Congresso que está aí? Ou com esse modelo de financiamento eleitoral? Ou com essas estruturas das instituições que impedem que se faça qualquer mudança? Então, a gente precisa retomar esses debates, uma Constituinte para uma reforma política, uma Constituinte soberana onde se elejam deputados constituintes para fazer esse debate, para poder aprovar uma mudança na estrutura política do país. Sem isso eu acho que não vai mudar nada. As pessoas vão se reeleger na próxima eleição de 2018 sobre a mesma base. Aí entra a discussão da comunicação. O PT governo, mesmo com os pontos positivos do governo Lula, mas o Lula mais que a Dilma acreditou nessa conciliação com os grandes meios de comunicação.

TSM: Você acredita nessa conciliação?

André Machado: Eu acredito que ela é impossível. Os caras têm lado. É claro que a gente não pode abrir mão de escrever um artigo de um jornal desses de grande circulação, de disputar espaços, de dar entrevistas. Não sou radicalmente contra, mas é claro que páginas amarelas da Veja eu acho que já é um exagero, mas acredito que são espaços que têm que ser disputados nessa microesfera pública, porque não é uma esfera pública que nós temos no país. No entanto, é uma inocência acreditar que a partir disso a gente comunica, que a gente consegue dialogar do ponto de vista ideológico, que a gente consegue fazer contraposição a esse discurso que está colocado das classes dominantes.

Existem elites dominantes no Brasil. Quando se abandonou o discurso de luta de classes, eu acho que a direção do PT por um momento achou que isso não existia mais, o impeachment só que foi dar um banho de água fria em muita gente, quando se esqueceu da luta de classes, se acreditou que a classe dominante no país não tinha posição ideológica, não tinha seus meios de comunicação, não comunicava com seus aparelhos ideológicos. Acredito que precisa sim constituir um novo projeto, um projeto com retomada dos princípios da década de 80, aqueles princípios de fundação do PT, e nós precisamos aprender a comunicar. Ter um jornal de alcance nacional eu acredito que hoje é uma necessidade central do PT. Se ele quer comunicar ele precisa ter um jornal nacional. Precisa ter um portal incrível que tenha uma posição mais à esquerda.

TSM: Institucional?

André Machado – Precisa ser um jornal amplo, com jornalismo que vá cobrir a realidade política, o cotidiano, enfim, que vá fazer suas matérias baseado numa linha editorial progressista. Uma linha editorial que de certa forma a Carta Capital faz. Com todas suas peculiaridades, como o Brasil de Fato, ainda muito incipiente, muito menor do que a nossa necessidade, apesar de ser o caminho. A gente precisaria ter um jornal Brasil de Fato com dimensões nacionais. Ele é amplo, tem uma linha editorial que busca agregar setores mais progressistas. Eu acredito que o problema é de escala. Tem aquela discussão se teria que ser de papel ou não, mas acredito que as pessoas ainda leem o papel.

TSM: Mas a discussão não é mais ampla do que apenas um jornal?

André Machado – Eu falei um negócio que não é verdade. Assim, o PT não tem um jornal, não é? Eu acho que as coisas têm que se combinar. Tem que ter esse jornal como o Brasil de Fato em escala nacional, que a gente possa estar distribuindo para o povo, enfim, que chegue no povo, por meio digital ou por meio impresso e precisa ter a comunicação do partido. Não precisamos ter a ilusão de que os meios de comunicação numa sociedade capitalista vão reproduzir as ideias que não são hegemônicas. Quem tem o domínio do mundo econômico, tem o domínio do mundo espiritual, como dizia o Marx. Tem o domínio do mundo das ideias. A gente não pode ser idealista, achar que teremos uma mídia progressista em um sistema econômico conservador, capitalista, não vai ter…

O que a gente precisa é constituir nossos instrumentos de comunicação e construindo unidade com amplos setores para além do PT. Também ter um bom instrumento dentro do PT que comunique a sua estratégia, que passa pela organização popular. Em Curitiba, entendo que a gente pode ter um jornal com essa pauta. Um veículo que ajude a organizar o povo pela luta pela regularização fundiária, pela luta do transporte, da saúde. A cidade já teve um movimento muito forte na saúde e o partido era o coração nessa luta. Mas antes, a gente precisa entender onde a gente quer chegar. Consequentemente, a gente vai comunicar e envolver as pessoas.

TSM: Queria a sua opinião sobre o juiz Sérgio Moro. A postura dele é parcial e inquisitória? E como está sendo preparada a recepção para o presidente Lula, que deve depor no dia 3 de maio em Curitiba.

André Machado: A Lava Jato cada vez mostra que tem entre seus objetivos o desgaste do PT. Esse é um dos seus panos de fundo: a disputa política. Evidente que a operação nasce devido a problemas da estrutura política em que o partido se envolveu, como todos outros partidos também se envolveram. Afinal, as últimas campanhas políticas foram bilionárias e alguém financiou isso tudo. Quem tem estrutura para isso são as grandes empreiteiras. E quem paga a banda escolhe a música. O “retorno” dado em âmbito federal ou estadual foi manter um sistema de privilégios para essas empresas. Quanto ao Moro, ele parte de um problema real, mas se restringe a condenar o PT.

Essa seletividade da Lava Jato condiciona o resultado. A gente sabe que todos os partidos tiveram relações com as empreiteiras, mas apenas a campanha do PT está sendo criminalizada. E, na maioria das vezes, se percebe que não houve enriquecimento das pessoas. Bem diferente de Eduardo Cunha, de outros que receberam dinheiro em paraísos fiscais. A gente percebe que os delatados próximos ou do PSDB não sofrem as consequências. Portanto, para mim, a operação é um tribunal de exceção. Todo esse processo ocorreu para criar uma base social e legitimar o impedimento da presidente Dilma e aplicar esse caminho político e econômico adotado por Michel Temer. Do PT, é evidente que quem roubou deve pagar pelo o que fez. Só que o problema não é esse. A questão é acreditar que a operação pune quem roubou. Isso é uma ilusão.

Quanto ao Lula, eles vivem esquentando denúncias contra o presidente. É até um clichê no Brasil. A direita tenta desmoralizar as lideranças não pelo caminho da disputa política ou ideológica, mas a partir de questões pessoais, questionando valores éticos. É muito baixo. Portanto, a vinda do Lula, para nós, vai ser um dia para se marcar um processo de defesa da democracia. O que temos visto nesse país são direitos sendo desrespeitados, como no caso do Lula, que teve a condução coercitiva. Portando, na vinda do Lula, nós vamos reafirmar a bandeira democrática, independente de partido político.

TSM: Mas definindo o perfil do Moro. Qual é a sua percepção sobre ele?

André Machado: Ele é um instrumento que serve a um propósito que se utiliza do seu cargo e de instrumentos que ele tem para atacar o PT. Moro é o cara que não investiga o Aécio Neves, mas pune com rigor o José Dirceu.

TSM: Mas você o define como uma pessoa com perfil à direita?

André Machado: Eu tenho convicção que ele é conservador de direita que está atacando o PT por conta de um projeto maior. As motivações mais íntimas dele, não posso especular.

TSM: A Dilma Rousseff foi muito crítica, ainda no seu primeiro mandato, por participar de jantares comemorativos de donos dos grandes veículos de comunicação.  Recentemente, o Chico Alencar foi criticado por beijar a mão do Aécio Neves. Você iria em um jantar de aniversário de um Lemanski (família empresarial do Paraná, dona da RPCTV, filiada da Rede Globo)?

André Machado: Eu já vi políticos – inclusive do PT – posando para colunas sociais com esses figurões da mídia e do empresariado paranaense. Eles acreditavam que podiam fazer parte desse campo, que seriam aceitos por essa turma. Eu não tenho essa vontade, nem essa ilusão. Eu prefiro jantar com os militantes do partido, dos sindicatos e dos movimentos sociais. Eu acredito que muitos mudaram a partir desses pequenos gestos.

TSM: Qual é a sua história com o PT e porque não deixou o partido em momentos críticos.

André Machado: Eu entrei no PT em 1999, aos 18 anos. Meu pai e minha mãe eram petistas, sendo que meu pai foi dirigente da CUT. Logo, eu vivo o PT desde criança. Eu dormia nos sofás dos militantes durante as reuniões, entre outras coisas. Essa foi minha adolescência. Eu podia ter seguido dois caminhos: podia amar ou odiar. Dias desses, meu pai publicou no Facebook uma foto da última greve geral que teve, na década de 1980. Ele estava caminhando com a gente no meio do povo. Portanto, aos 18 anos me filiei. Só que a minha militância começou na universidade. Na primeira semana já me envolvi com centro acadêmico, participei do DCE e no segundo ano universitário já estava na direção nacional da UNE. Cheguei lá por conta da luta contra a venda da Copel. Toda essa turma despontou bastante. Eu aprendi muito nessa época. Depois do movimento estudantil, em 2005, eu fui para o movimento sindical por meio dos bancários.

Eu nunca me coloquei essa questão de sair do PT. Eu tinha muitas críticas ao partido. O PT não é um dogma. Só penso que eu “não deixaria o PT de barato”. Ninguém tem propriedade sobre o partido. E eu vou disputar esse partido enquanto ele tiver importância para a classe trabalhadora. Portanto, não que isso não seja um problema real. Contudo, entendo que o partido é um espaço importante para ser abandonado. Quem conhece o PT por dentro, conhece sua base popular, os movimentos sociais, que o partido ocupa um lugar no imaginário das pessoas. O PT ainda tem potencial de mobilização e transformação. E é isso que a gente precisa dar movimento. Esse é o meu desafio na direção do PT Municipal.

Por Davi Macedo, Gibran Mendes e Manoel Ramires
Foto: Leandro Taques



Evento para a comunidade marca o Dia do Parkinson em Curitiba

April 7, 2017 20:45, von Terra Sem Males

Hospital Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), celebra data da conscientização da doença em evento gratuito no Hospital. Especialistas falam como melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

No dia 11 de abril é comemorado o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson. A data estabelecida pela Organização Mundial da Saúde faz referência a James Parkinson, médico inglês que fez o primeiro diagnóstico da doença em 1817.

Este ano, além de enaltecer a data comemorada desde 1998, celebra-se também 200 anos do primeiro diagnóstico da enfermidade, marco significativo para o avanço dos tratamentos e conscientização sobre a doença neurodegenerativa.

Para lembrar a data, o Hospital Instituto de Neurologia de Curitiba (INC) irá promover um evento gratuito sobre o tema. A programação conta com palestras e bate-papo com médicos, pacientes e familiares de pacientes que convivem com a doença, e é aberto a comunidade em geral. Nesse dia acontece também uma mobilização mundial pela conscientização sobre a doença, com o uso da hashtag: #UniteForParkinsons.

A Doença de Parkinson é uma das patologias neurológicas mais comuns no mundo e de acordo com a Organização Mundial da Saúde atinge mais de 200 mil brasileiros. Segundo a Dra. Marcela Cordellini, Neurologista do Hospital INC e organizadora do evento, ainda não foram identificados todos os fatores desencadeantes para esta enfermidade, mas já estão sendo investigados causas genéticas. “Infelizmente é uma doença degenerativa ainda sem cura. Apesar disso, os medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento permitem um controle adequado dos sintomas e uma melhora da qualidade de vida do paciente, que pode ter uma vida normal. Porém, é importante o engajamento social e o entendimento da população sobre a doença”, finaliza a especialista.

No dia da ação, o Hospital INC convida toda a população a publicar em suas redes sociais a hashtag  #UniteForParkinsons para fortalecer a importância da data.

Serviço:

#UniteForParkinsons – INC Neuro – Serviço de Distúrbios de Movimentos

Data: 11 de abril de 2017

Horário: Das 17h às 19h30

Local: Auditório do Hospital INC

Endereço: Rua Jeremias Maciel Perretto, 300 – Ecoville.

Entrada gratuita

Informações e inscrição: goo.gl/nHeTr3 

PROGRAMAÇÃO:

17h – Boas vindas

17h15 – Entendendo a Doença de Parkinson

17h45 – Como a fisioterapia pode ajudar?

18h05 – Como a psicologia pode ajudar?

18h25 – Intervalo

18h45 – Experiência de pacientes e familiares (Convidados)

19h30 – Encerramento e agradecimentos

Por Juliana Fontes



Diante do portão da Colônia Penal

April 7, 2017 11:25, von Terra Sem Males

– Não sei onde fica a colônia penal e nem o lado de Piraquara, chefe, avisou o peão naquele trecho com uma obra de recapeamento.

Sol. Azul. Sol de sábado nos caminhos errados pela falta completa de placas, o que causou certa vergonha na pergunta desolada no meio da estrada.

– Não sabe mesmo, amigão?

– Sou daqui não, chefe. Todo mundo aqui é de Minas.

Jandira me questiona ainda no carro. Será que ele era da penitenciária? Talvez. Mas como não saberia o caminho de volta? Então chegamos finalmente à colônia penal de velhos telhados e fachadas desgastadas, espaços de canis onde o mato alto tomou conta, cenário de abandono inevitável na entrada para ser comparado com algum seriado do netflix.

Clichês vêm à mente na forma de realidade e nos assustam. O mundo lá dentro é mesmo o mundo real?

Ismael nos avisa na portaria que estamos atrasados em dez minutos para a visita, não podemos entrar, só deixar os mantimentos depois das quatro da tarde. Ficamos com as sacolas pesadas em punho, no meio do descampado, cães preguiçosíssimos nos farejam numa estranha forma de saudação, mas rosnam ao gesto do braço, acostumados talvez às ripas da vida.

– Mas é a primeira vez que estamos vindo, moço.

– Todo mundo fala que é a primeira vez, moça, avisa Ismael a Jandira, isso não muda nada, ele completa, inabalável. Sem sair desse estado, de repente o agente deixa de lado a marmita e avisa que vai nos ajudar, sacrifica o seu almoço e faz a triagem das nossas coisas. Ismael aproveita o momento oportuno para nos ensinar suas predições de verdade e retidão:

– Eu busco a verdade, e ele cita a Bíblia no trecho que eu já nem recordo. Ismael não aceita e afasta o saquinho de suco industrializado que restou da triagem e não entrou junto com o garfo e com a garrafa de sprite quente. Os cães também passam a nos desprezar e se afastam.

Jandira só queria passar as calças limpas para o irmão. Porteiro de uma história de Kafka, Ismael detinha o pequeno poder de nos ferrar ou dar a benção aos nossos embrulhos e caixinhas de chokomilk, mas Ismael era um bom sim, despachou todas as coisas e logo voltou à sua marmita fria, naquela extensão de matos e telhados sobre sonhos empacotados dentro de grades.

Eu e Jandira voltamos ao carro, a fome aperta e no bar da esquina onde o doguinho já estava embranquecido, um senhorzinho de cadeira de rodas, pendurado no tempo e no portão de entrada da colônia penal, definia o conceito de encruzilhada: afinal, o que ele fazia ali parado? Por que não ia embora?

O ônibus da Vila Macedo despeja dezenas de vidas para as visitas da tarde. São roteiros conhecidos no final dessa trilha: agachar sem roupa não sei quantas vezes; conseguir carta de algum lugar oferecendo trabalho para o semiaberto; passar na universidade e não conseguir a inscrição; ler o que indicam e ganhar três dias ao mês de remissão; o bife magro temperado com larvas; conversar sobre os outros presos políticos que estão no complexo penitenciário e ainda recebem algum holofote das notícias; trocar principalmente algum palavrão, quando vai sair dessa merda, dessa bosta, dessa pôrra desse lugar, tem amigo melhor do que um bom palavrão nessas horas? E também dizer e escutar que está tudo bem, tudo bem aqui, tudo bem, tudo bem, tudo bem sim, sempre tudo está bem, é o que sabemos dizer e o que às vezes estamos dispostos a ouvir.

Céu azul, meninos da vila arrastando raias na terra avermelhada desse lugar nenhum, e a nossa última mirada para trás, para o irmão de Jandira nalgum lugar lá de dentro, sonhando talvez maravilhas vendo aquela raia pálida cortar o azul, de dentro da colônia penal onde ele nos garante, em cartas censuradas, que o sol ainda não deixou de golpear com força. Mas só que de dentro. De dentro para fora. De dentro para fora o sol golpeando com força.

 

Por Pedro Carrano (texto e ilustração)
Mate, café e letras – crônicas latinoamericanas

 



Jornaldo*: “É tudo uma grande PELADA”

April 7, 2017 11:20, von Terra Sem Males

Aff… 

Agora mais essa… “o menino do Acre”….  o amiguinho dos ET’s. Eu hein!

Não preciso criptografar nada pra falar dos aliens do Sindijorzão 2017.

Então lá vai… 

Soroca Eterno: um ET. Ninguém sabe a sua idade, só sabemos que joga muito. 

Halanna: uma ET. Muito acima da média, não pode ser humana. 

Kássio: um ET. Mesário, Árbitro, artilheiro… não precisa falar mais nada. 

Carol Extraordinária: uma ET. Como disse o técnico Léo Coelho –  “reúne técnica, movimentação, passe e, especialmente, uma finalização calibrada”. 

Albari dos Gol Bonitos: um ET. Ninguém sabe a sua idade, aparentemente mais velho que o Soroca Eterno. Mas joga muuuiito. 

Nem Uma a Menos: um time de ET’s. Invictas. Super favoritas. Uniram perfeitamente raça e técnica. 

Na verdade, a lista dos aliens do Sindijorzão é enorme e eu falaria de tod@s, claro! Mas o problema é que nas últimas horas aconteceu um evento extraordinário! 

Preciso falar de conspiração. 

É minhas amigas e meu amigos, sinto informar, mas o Sindijorzão 2017 masculino corre o risco de ser anulado. Lógico, a investigação corre por baixo dos tapetes da justiça, mas, mesmo não tendo certeza, tenho convicção: rolou uma entregada. 

Explico: 

Depois da primeira rodada, eu, como excelente e humilde jornalista investigativo que sou, descobri um ritual entre os jogadores das equipes do Catadão e do Che Garotos. Para quem não se lembra do caso dos homens nus no vestiário da Stark, clique aqui

Porém, o que antes era apenas uma faísca, com a confirmação de Catadão e Che Garotos na final do maior campeonato de jornalistas do Brasil, agora ganha protagonismo. 

Você pode me perguntar: “Jornaldo, onde está a teoria da conspiração?”. Pequeno gafanhoto, eis a prova maior, a confirmação, o DNA no local do crime: o Sindijorzão 2017 é uma verdadeira PELADA.

Foda-se o “Caso Getterson”. A conversa aqui é muito mais profunda (sic). 

Preste atenção: 

Temos provas de que houve um ritual dos peladões? Temos. 

Temos como saber que os precursores da suruba foram os dirigentes do Catadão e do Che Garotos? Temos. 

Então, quem me garante que os outros times também não entraram nesse culto e entregaram as partidas pros líderes dessa seita? 

Se você me perguntar: houve conspiração? Minha resposta, obviamente, será: SIM. 

O que aconteceu, de verdade, foi que todos os outros times, através de laços ensaboados, se uniram e derrubaram quem não fazia parte do “clubinho”, da “panelinha”. 

Mesmo a organização do Sindijorzão sendo mais articulada que a da Federação Paranaense de Futebol, infelizmente, mais um campeonato vai acabar nos tribunais. 

E antes que você pense que essa judicialização tirará a purpurina do torneio, vejo um lado positivo nisso tudo. Uma mensagem: como é importante essa mistura! 

O maior exemplo é o “Caso Galdino”. Jogador do Che. 

Ano passado ele havia mostrado enorme qualidade futebolística, despertando interesse de vários cartolas. Agora, em 2017, ele conseguiu a proeza de tucanar os guevaristas. Um caso clássico de suruba! Não “aquela” que reza da cartilha do Romero Jucá. Não! Essa jamais… 

As misturas do Sindijorzão são transparentes e seguem o código de ética dos jornalistas. 

Portanto, não me venha com “feliz dia do jornalista”, nem hoje nem amanhã, afinal, somos jornalistas todos os dias, acordamos jornalista e dormimos jornalista. Seja nas quadras ou nas redações – menos da Gazeta do Povo, que não existe mais… 

Agora vou correr para os tribunais e acompanhar a Operação Vestiário. 

Fica assim, meu amigos. Até o churras. 

OBS: Fui orientado pelo meu advogado a não falar sobre o máster. Devido a sérias ameaças.  

*Jornaldo: é jornalista esportivo renomado internacionalmente. Sempre disputado pelas mídias convencionais, optou por fazer a crônica do Sindijorzão, o torneio de Futsal do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Os valores nunca foram divulgados.

Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males