Conheça o projeto Poetas da América
December 2, 2016 15:28Textos e imagens de escritores que fizeram História e não constam no mercado editorial brasileiro
Por Pedro Carrano
Mate, café e letras
Quem conhece a poesia do boliviano Oscar Cerruto, ou do poeta negro jamaicano Claude Mackay, ou da nicaraguense Arlen Siu? O projeto Poetas da América foi feito em 2009, quando o mosaicista Javier Guerrero selecionou um escritor e uma escritora de cada país do continente, do Canadá à Patagônia, abrangendo também o Caribe. Selecionamos uma poesia de cada, Fátima Caballero fez as traduções e eu fiz um texto de perfil dos autores. Javier produziu 44 quadros em mosaico, que já foram expostos na Biblioteca Pública do Paraná.
Estou voltando a publicar os textos na fanpage Vértebras, crônicas e poesias
São autores dificilmente conhecidos do público, ausentes do mercado editorial brasileiro, o que é uma pena: precisamos conhecer a poesia nicaraguense produzida de forma massiva e de qualidade durante a revolução sandinista, a poesia do gigante Roque Dalton, de El Salvador, menor país do continente, a diversidade da poesia caribenha e de seus autores que a levaram aos EUA. Precisamos conhecer as escritoras deste continente, rompendo um histórico geralmente construído para os homens.
Temos poemas no pequeno continente da América Central que são a síntese do fazer poético somado à preocupação social:
Poema de amor
Roque Dalton
Os que ampliaram o Canal do Panamá
(e foram classificados como “silver roll” e não como “golden roll”)
os que prepararam a frota do Pacífico nas bases da Califórnia,
os que apodreceram nos cárceres da Guatemala, México, Honduras, Nicarágua por ladrões, por contrabandistas,
por vigaristas, por famintos
os de sempre suspeitos de tudo
(“me permito remeter-lhe ao assassinado por malandro suspeito, com o agravante de ser salvadorenho”)
os que encheram os bares e os bordéis de todos os portos e as capitais da zona
(“La gruta azul”, “El Calzoncito”, “Happyland”),
os semeadores de milho em plena selva estrangeira,
os réis da crônica policial,
os que nunca sabem de onde são
os melhores artesãos do mundo
os que foram cozidos a balaços ao cruzar a fronteira,
os que morreram de malária ou de picadas do escorpião ou a febre amarela no inferno
das bananeiras,
os que choraram embriagados pelo hino nacional sob o ciclone do Pacífico ou a neve do norte,
os arrimados, os mendigos, os maconheiros,
os guanácos filhos de uma grande puta,
os que penosamente puderam regressar,
os que tiveram um pouco mais de sorte,
os eternos indocumentados,
os fazemdetudo, os vendedetudo, os comedetudo,
os primeiros em tirar a faca,
os tristes mais tristes do mundo,
meus compatriotas,
meus irmãos
Arte em mosaico de Javier Guerrero
PERFIL. O quanto a palavra baleia, golpeia, incendeia? Esta é a inquietação que nos deixas. Tua palavra, guerrilheira, atravessou a história de El Salvador: as migrações, as picadas de cobra nos roçados, a insurreição de 1932, a guerra do futebol contra Honduras. Tua palavra mapeia? Onde ficava o pequeno país antes do teu canto? Já advertias que em El Salvador “Todos nacemos medio muertos, medio vivos” na grande rebelião de 1932. O poema político. Maior que Brecht foi Roque Dalton, meus amigos.
O prefeito eleito Rafael Greca quer o cancelamento da oficina de música de Curitiba
December 2, 2016 10:52FCC rebate e diz que cancelamento não ocorrerá na gestão Fruet
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
O prefeito eleito de Curitiba Rafael Greca usou sua conta no Facebook para criticar o prefeito Gustavo Fruet, que está em viagem ao México. Greca, que assume em primeiro de janeiro, pede o cancelamento da 35ª Oficina de Música de Curitiba, que ocorre tradicionalmente em janeiro. De acordo com Greca, na transição de governo, não está claro como será pago o evento orçado em R$ 1,7 milhões. Não é apenas a realização da oficina de música que se coloca como pedra no caminho de Greca para 2017. Ainda na cultura, ele terá que enfrentar a demanda dos servidores da Fundação Cultural de Curitiba. O governo municipal enviou em abril projeto de lei que reformula a carreira dos trabalhadores. No entanto, ela ainda não foi votada.
Na reclamação publicada pelo futuro prefeito Rafael Greca, ele diz que “depois de um mês de processo de transição, a um mês da minha posse, e a 40 dias do evento até agora a Prefeitura de Fruet não nos informou este provisionamento financeiro”. De acordo com Greca, a Oficina de música custa R$ 1,7 de investimentos e deve ser cancelada para que os recursos sejam empregados emergencialmente em saúde. “Nossa futura gestão na Prefeitura será prioritariamente compromissada com a mitigação da dor, buscando a eficiente satisfação da Saúde Pública”, prioriza.
No entanto, Greca não leva em consideração o dinheiro que a Oficina movimenta em Curitiba com a visita de músicos e turistas e com a população participando dos espetáculos. A Oficina conta com recursos do Governo Federal, da Prefeitura de Curitiba, do Itaú e com apoio de diversas instituições.
A Prefeitura de Curitiba rebateu a tentativa de Rafael Greca de suspender a 35ª Oficina. No site do evento (http://www.oficinademusica.org.br/) esclarece que a programação está mantida entre os dias 7 a 29 de janeiro. A Fundação Cultural de Curitiba reforça que o evento é importante para a cidade e lembra que nunca deixou de ser realizado, mesmo em momentos de dificuldades financeiras. “Em 2013, quando assumimos, não havia recursos para a realização da Oficina. Mas fizemos um grande esforço e mantivemos o evento, que atrai pessoas de todo o Brasil e de vários outros países”, afirma o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli.
A FCC ainda encerra a nota dizendo que será de inteira responsabilidade de Greca, quando assumir, a manutenção ou a realização do evento que reúne músicos, estudantes e plateia em geral.
Plano de Carreira
Outro debate entre as duas gestões que deve ser travado é o plano de carreira dos servidores da FCC. Enviado em abril de 2016, ele ficou parado até novembro, quando o sindicato cobrou agilidade na tramitação e votação do projeto. Caso ele não seja votado até 21 de dezembro, quando a Câmara Municipal entra em recesso e sancionada por Fruet, o projeto caduca, tendo que ser reencaminhado, ou pode parar na gaveta de Greca.
Sergio Moro é enquadrado em debate no Senado sobre Abuso de Autoridade
December 2, 2016 9:50Juiz diz que momento é inadequado para o debate e teme perseguição
Por Marcelo Veneri
Direito Sem Males
O debate sobre o projeto de abuso de autoridade (PLS 280/2016), discutido na quinta-feira (1) no Senado, contou com a participação de senadores, magistrados, do ministro do STF e presidente do TSE, Gilmar Mendes, e do juiz Sergio Moro, responsável pelos julgamentos da Operação Lava Jato.
O projeto de lei, que tramita há sete anos na casa, foi criticado por Moro, que afirmou que “talvez não seja o melhor momento” para aprovação do texto, tendo em vista as diversas operações policiais em curso. Ele alegou ainda que haveria risco às atuações de magistrados e promotores caso a lei venha a ser aprovada na forma proposta.
O juiz paranaense foi ironizado pelo ministro Gilmar Mendes. De acordo com ele, não se pode “esperar um ano sabático” para a aprovação de tais medidas e que o objetivo da lei é evitar abusos na base, como por policiais militares. Para Gilmar, portanto, não faz sentido não poder discutir o tema agora. Mendes ainda criticou o Ministério Público, que segundo o ministro, formulou um projeto com uma série de “concepções autoritárias”.
O debate teve ainda uma discussão acalorada entre o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o juiz Sergio Moro (veja o vídeo). Da tribuna, Lindbergh havia citado a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a divulgação de áudios com gravações telefônicas entre Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff como exemplos de abusos cometidos por Moro. O juiz paranaense, inclusive, pediu escusas ao Supremo Tribunal Federal em março deste ano. O STF havia determinado, por meio do ministro Teori Zavaski, que as investigações que incluíam a presidente Dilma Rousseff, inclusive o grampo ilegal, fossem remetidas à corte. Ao obedecer a decisão, Moro disse que “diante da controvérsia decorrente do levantamento do sigilo e da decisão de V.Ex.ª, compreendo que o entendimento então adotado possa ser considerado incorreto, ou mesmo sendo correto, possa ter trazido polêmicas e constrangimentos desnecessários”.
Pedido de desculpas considerado insuficiente pelo senador. Lindbergh ainda embasou sua crítica citando cobranças feitas pelos ministros do STF anos atrás acerca da atuação do magistrado paranaense. À época, o ministro Gilmar Mendes disse que o juiz Sergio Fernando Moro, “em atuação de inequívoco desserviço e desrespeito ao sistema jurisdicional e ao Estado de Direito, o juiz irroga-se de autoridade ímpar, absolutista, acima da própria Justiça, conduzindo o processo ao seu livre arbítrio, bradando sua independência funcional”, argumentou Mendes em voto no HC 95518/PR.
Após a intervenção do senador petista, Moro disse que estava “claro que se está afirmando que eu cometi abuso de autoridade e devo ser punido”. O juiz ainda criticou as mudanças ocorridas na Câmara dos Deputados sobre as 10 medidas contra a corrupção: “Peço ao Senado que não aprove esse crime de responsabilidade no projeto que veio da Câmara. Isso merece um debate de melhor qualidade como este que está sendo realizado aqui”, destacou, referindo-se ao projeto que agora passa a tramitar no Senado como PLS 80/2016.
De olho nos números
December 1, 2016 10:56Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
As 10 medidas contra a corrupção têm gerado bastante polêmica e interesses antagônicos. Propostas pelo Ministério Público Federal e com forte apoio dos investigadores da Lava Jato, do juiz Sérgio Moro e do procurador Rodrigo Janot, ela foi fortemente retalhada pelos deputados federais. Dos dez pontos, apenas dois sobraram “ilesos”.
A desfiguração promovida pelos mesmos deputados que rasgaram a constituição ao tomar a presidência de Dilma tem como ponto principal a “perseguição” a juízes e promotores por abuso de autoridade. Esses podem ficar até dois anos presos. Embora ninguém deva compactuar com autoritarismo e excessos, seja dos engravatados, seja dos togados, a emenda tem sim claro objetivo de censurar a Lava Jato, estancando a sangria prometida pelo PMDB, e agir como retaliação ao não avanço da anistia ao Caixa 2.
Os promotores reagiram prometendo abandonar as investigações. É tudo o que os parlamentares golpistas querem. Os paneleiros retornaram de sua hibernação cívica, mas apenas para protestar contra a desfiguração das 10 medidas. Quanto a PEC 55, eles dormem.
PEC da Maldade
61 a 14. Esse foi o placar no Senado Federal para aprovar a PEC 55, que congela recursos públicos por 20 anos. É “surpreendente” a base de apoio do decorativo presidente Michel Temer. Base mantida por causa dos belos cabelos grisalhos e jantares pomposos, como diria certo colunista twitteiro. 61, aliás, é o mesmo placar da cassação da presidente Dilma Rousseff no Senado.
Ainda na PEC do Fim do Mundo, mas quando seu número era 241 na Câmara dos Deputados, ela foi aprovada por 366 votos. Um voto a menos do que o impedimento de Dilma. Faltou apenas o voto do ex-deputado Eduardo Cunha, que já havia sido cassado.
Doze a zero
Esse é o placar favorável a Lula contra o juiz Sérgio Moro. 12 testemunhas de acusação negaram qualquer vinculação do ex-presidente com casos de corrupção na Petrobras e na compra do triplex do Guarujá. A última negativa ocorreu ontem (30). Armando Magri, da construtora Talento, que foi o executor da reforma realizada no apartamento 164-A do Edifício Solaris. Ele “afirmou desconhecer e nunca ter ouvido falar de qualquer ilicitude em que o ex-presidente Lula tenha se envolvido, muito menos que ele seria o ‘proprietário oculto’ do imóvel”.
PIBinho
O Produto Interno Bruto recuou mais uma vez. De acordo com o IBGE, a queda foi de “0,8% na comparação do terceiro trimestre de 2016 contra o segundo trimestre do ano”. No acumulado, “o PIB apresentou recuo de 4,0% em relação a igual período de 2015, a maior queda para este período desde o início da série em 1996”. Os números levam ao desânimo a indústria e desmontam a tese política de que Dilma tinha que sair para a economia melhorar. Demonstra também que o governo golpista não tem conseguido adotar políticas atuais para conter a economia enfraquecida, uma vez que a PEC tende a frear ainda mais a economia.
Salvem Renan
No sábado (03) completa um mês que o ministro do STF, Dias Toffoli, pediu vistas do processo que analisa o afastamento de políticos que ocupem cargo na linha sucessória presidencial e sejam réus na corte. É o caso do senador Renan Calheiros. A votação já estava decidida. Seis ministros do STF já haviam votado pelo afastamento.
Sancionada lei que retira obrigatoriedade da Petrobrás explorar o Pré-sal
November 30, 2016 15:18Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Na última terça-feira, 29 de novembro, além da aprovação em 1º turno no Senado da PEC 55, à revelia das manifestações reprimidas com violência em Brasília, e das 10 medidas contra a corrupção, sem o aval do poder judiciário, que considera o projeto de lei uma distorção do que foi formalizado pelo Ministério Público Federal, o presidente Michel Temer também sancionou a lei que retira obrigatoriedade de a Petrobras explorar pré-sal.
Atualmente, a Petrobrás tem participação mínima de 30% em todas as licitações de exploração na área do pré-sal como operadora. As mudanças foram aprovadas na Câmara e no Senado, e agora sancionadas pelo presidente da república, com o objetivo ampliar a entrada do capital privado na exploração do Petróleo, uma ameaça à soberania nacional sob a justificativa de satisfazer o mercado capitalista.
Ontem, o luto pela queda na Colômbia do avião que transportava os jogadores e comissão técnica do time de futebol Chapeconese, que matou 73 pessoas, incluindo tripulantes da aeronave e jornalistas, causando manifestações públicas de comoção em todo o país, da parte dos políticos só houve a proclamação de luto oficial e bandeira a meio mastro. O tratoraço na população continuou passando sem trégua.
Medidas neoliberais aprofundam crise
Desde que assumiu interinamente a presidência, em maio de 2016, posteriormente efetivada via golpe parlamentar, Michel Temer promoveu canetadas via medidas provisórias, eliminando ministérios que efetivamente construíam medidas efetivas direcionadas à igualdade, aos direitos humanos, à previdência social e desenvolvimento de infraestrutura no país; abrindo as portas da privatização imediata para obras de infraestrutura; conduziu o Congresso Nacional a aprovar o déficit do orçamento, posteriormente encaminhado como a proposta de emenda à Constituição para estabelecer teto nos gastos públicos (PEC da Maldade) sob a justificativa de restabelecer o crescimento da economia e frear o desemprego.
Os dois aspectos (crescimento e emprego) ainda não engrenaram, continuam caindo, sendo consequências das próprias medidas restritivas promovidas unilateralmente e sem debate pelo novo governo federal que gosta de se identificar como de austeridade. Ao contrário, a economia não vai se recuperar sem a expansão dos gastos públicos, possível somente com a intervenção do Estado para ampliar investimentos.
Desemprego em alta, PIB em queda
Os indicadores econômicos continuam na contramão dos discursos de Temer e sua equipe econômica. Divulgado nesta quarta (30/11) pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) continua recuando, a sétima queda seguida. No acumulado do ano até o mês de setembro, o PIB apresentou recuo de 4,0% em relação a igual período de 2015, a maior queda para este período desde o início da série em 1996, de acordo com o IBGE. A agropecuária (-1,4%), a indústria (-1,3%) e os serviços (-0,6%) apresentaram queda no trimestre. Já o número de desocupados subiu para 11,8%, atingindo 12 milhões de pessoas, a maior taxa da série histórica no país.
Em Havana, despedida de Fidel é marcada por renovação de votos da revolução
November 30, 2016 13:59Por Gibran Mendes, de Havana, Cuba
Fotos de Leandro Taques
Até onde a vista alcança. Esta é a medida mais exata para definir a quantidade de pessoas que participaram na noite desta terça-feira (29) da cerimônia de despedida dos restos mortais de Fidel Castro Ruz, o comandante de Cuba. Além das milhares de pessoas que tomaram a Praça da Revolução, dezenas de chefes de estados e representantes de países das mais diversas partes do mundo compareceram para prestar a última reverência ao líder cubano.
O movimento na praça era ininterrupto desde que suas cinzas foram colocadas para visitação pública. Mas ao longo desta terça-feira o povo cubano começou a chegar para ocupar o espaço e garantir os melhores lugares possíveis para o último adeus na capital do País.
Entre eles estava Violeta Gonzales, de 63 anos, que carregava consigo um cartaz com uma foto de Fidel. Mas o qual o motivo desta idolatria? “Todos nós somos Fidel, ele é nosso pai. Nos ensinou a lutar pela nossa independência, nos ensinou a sermos solidários e humanos. Sem ele estaríamos como antes de 1959, com a exploração do homem sobre o homem, a prostituição e não teríamos saúde e educação. Nós, os negros, não teríamos direitos pois devemos isso a Fidel”, disse a senhora com brilho nos olhos antes de embargar a voz.
Mesmo emocionada, ela não parecia nenhum pouco triste. “Fidel não morreu. Ele está conosco com seu legado”, afirmou. Este parecia ser o sentimento generalizado na Praça da Revolução. Com momentos de emoção, mas sem uma tristeza exagerada.

Foto: Leandro Taques
Os 90 anos do comandante e a certeza de que tudo está planejado para que o País siga o rumo do socialismo, ditando o exemplo de uma sociedade que busca a igualdade entre os seus e os outros povos. Foi o que disse um membro do comitê esportivo que preferiu não ser identificado. Segundo ele, não há mudanças previstas para Cuba com a morte de Fidel. Assim como não terá com a saída do seu irmão, Raul Castro, do comando do País em 2018, data estipulada por ele. “Está tudo planejado”, garantiu.
Ele também reforçou a importância de Fidel para os negros, a exemplo de dona Violeta. “Antes dele, os negros engraxavam sapatos e vendiam jornais. Hoje, eu, por exemplo, conclui a graduação e tenho mestrado. Antes de Fidel isso era impossível”, sentenciou. Para ele, a expectativa é que a aproximação com os EUA traga mais recursos para o País por meio do turismo. Mas, a exemplo dos outros cubanos e líderes internacionais, condenou veementemente o embargo imposto pelos Estados Unidos.
No meio deste cenário era possível perceber alguns estrangeiros acompanhando atentamente a movimentação. A maioria deles já com viagem programada acabou sendo pega de surpresa com a situação. É o caso da sueca Clara Rudelius, de 19 anos, que estava no País há dois meses e prestes a voltar para casa.
Mas o que exatamente Clara sabe sobre Fidel? “Eu sei que algumas pessoas o odeiam e outras o amam. Eu sei o que todos sabem, mas não sou uma expert no assunto. Eu acho que as pessoas mais velhas sentem por ele, mas vejo muitas pessoas jovens que parecem não ligar muito, pois as vejo tirando fotos em poses que não combinam”, afirmou antes de lamentar o luto imposto pelo governo cubano que impediu suas últimas festas em Havana.
Contudo, a opinião da sueca contrastava com uma serie de outros jovens que carregavam cartazes e falavam na manutenção dos ideais da revolução. Um taxista que prefere não ser identificado explica. “Hoje temos dois tipos de jovens: os que apoiam Fidel e querem a continuidade de todas as suas políticas e uma outra parcela que demanda a liberdade econômica, com facilidades de consumo e viagens, por exemplo”, explicou.

Foto: Leandro Taques
Cada país, uma história – É provável que Clara tenha voltado para a Suécia com mais informações sobre o líder cubano. A cada novo chefe estado ou representante de nação convidado a prestar sua última homenagem ao comandante, ficava claro que Fidel era não só um exemplo para Cuba, mas um elo que ligava vários outros países.
Da integração regional, passando por outros países como a África, a colaboração de Cuba e Fidel está registrada na memória de cada povo.”A derrota histórica das forças racistas consolidaram a vitória em Angola e também garantiram as bases para a independência da Namíbia e a própria liberação da África da Sul. Saudamos ao companheiro Fidel por esse sacrifício. Cuba não estava olhando para o outro, diamantes ou petróleo na África. Os cubanos só queriam ver a liberdade e o fim da África como playground das nações poderosas”, recordou o presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
O primeiro ministro grego, Aléxis Tsípras, ressaltou as políticas sociais de Cuba, a coragem do povo cubano e Fidel e disse que o comandante da ilha ensinou muito ao mundo, inclusive sobre o socialismo. “A Cuba de Fidel também nos ensinou que o caminho para o socialismo não está coberto de rosas, também está cheio de dificuldades e revezes”, comentou.
Boa parte dos líderes presentes exaltaram que Fidel continuará vivo, a exemplo de Violeta, a partir de suas ideias e projetos que concretizou. “Fidel seguirá vivendo no rosto das crianças que vão à escola, dos doentes que têm suas vidas salvas. Sua luta continua no esforço de cada jovem idealista empenhado em mudar o mundo”, disse o presidente do Equador, Rafael Corrêa.
“Fidel foi um verdadeiro construtor da paz com justiça social. Quero dizer que Fidel não está morto porque os povos não morrem, principalmente aqueles que lutam por sua independência. Fidel não está morto porque as ideias não morrem. Fidel não morreu porque as lutas não morrem, principalmente aquelas que estão destinadas a dignificar a humanidade. Fidel está acima de sua própria vida. Está instalado para sempre na história da humanidade. Fidel e Cuba mudaram o mundo”, garantiu o presidente da Bolívia, Evo Morales.
Snowden, o filme
November 30, 2016 13:35Estreamos hoje no Terra Sem Males – Jornalismo Independente – a coluna sobre economia, política, ciência e meio ambiente “Dicas do Professor Dowbor”
Por Ladislau Dowbor
Terra Sem Males e dowbor.org
Para inaugurar a coluna, começamos com a sugestão do filme Snowden, de Oliver Stone, muito bem montado, que apresenta um dos desafios mais importantes e subestimados da atualidade: a universalização e individualização do sistema de informações sobre todas as pessoas do planeta, utilizando os nossos computadores, celulares, comunicações no facebook ou outros meios sociais, pesquisas no google, compras no cartão etc. Está se gerando a sociedade do controle e vigilância (surveillance).
É filme, mas acompanha rigorosamente o histórico do processo. E não é coisa “lá de cima”: na era do poder corporativo, implica na perda de um emprego, no seguro mais caro, na negação de um crédito. Deep Mind da Google, para dar um exemplo (não está no filme), adquiriu do sistema de saúde britânico o acesso às fichas médicas de toda a população, e tem acordos de colaboração com a NSA americana e a GCHQ britânica.
Confira abaixo o trailler:
“Eu só não vou se eu não quiser”. E a gente precisa ouvir isso.
November 30, 2016 13:08Noite de aprendizado e compartilhamento de sensações com as Promotoras Legais Populares de Curitiba
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Ao som de uma adaptação do clássico de 1939 de Chiquinha Gonzaga, as mulheres que se tornaram oficialmente naquela noite novas Promotoras Legais Populares entraram no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná cantando e dançando, à capela, “Oh abre alas, que as mulheres vão passar…”
Esse foi só o primeiro dos diversos momentos de mística que pudemos presenciar na noite da última sexta-feira, 25 de novembro, durante a solenidade de formatura de 2016 das Promotoras Legais Populares, turma Dilma Vana Rousseff.
Dilma foi a homenageada, junto com outras quatro outras mulheres de lutae m defesa de direitos, que se tornaram nome de turma nos anos anteriores em que o projeto das PLPs se concretizou. “Todos os anos são homenageadas mulheres de luta que dão poder ao povo” definiu a formanda Adriana, que foi a responsável por narrar a história de vida da presidente Dilma.
O projeto reúne mulheres de diversas profissões, com visibilidade nas comunidades e situações em que atuam, de variadas situações financeiras, que se reuniram, durante seis meses, todas as segundas, por duas horas, para refletirem sobre a importância do protagonismo das mulheres nas lutas, sobre ser fundamental passar a mensagem adiante, sobre apoio mútuo em situações de violência contra mulheres, e também sobre como “meter a colher” e não se omitir nestas situações. Coordenado pela professora Melina Fachin, da UFPR, as promotoras legais populares ensinaram a pluralidade e a diversidade para a representante da academia, como ela própria mencionou.
A solenidade de formatura teve o relato das diversas histórias de lutas das mulheres ao longo da história do Brasil pela advogada e PLP Naiara Bittencourt. Ela destacou o desafio de falar sobre conjuntura no contexto atual e com recorte de gênero, reforçando o protagonismo do feminismo. “O projeto me construiu como mulher. É preciso falar de resistência, força, garra e lutas”, saudou a militante.
Cada intervenção de uma promotora legal popular em formação despertava a empatia e a vontade de propagar e dar visibilidade à mensagem destas mulheres. “Não julgue, não filtre, pega sua colega pela mão e leva ela junto”, exemplificou a professora Gisele, da turma de 2015, sobre como os conceitos que aprendeu no projeto são implantados em sala de aula.
A bancária Ana Busato é uma das novas Promotoras Legais Populares. Ela levou a família toda para prestigiar sua formatura e explicou que o que aprendeu no curso será utilizado em todos os ambientes em que atua como militante sindical e feminista.
Das oradoras de turma, frases que poderiam ter sido verbalizadas por todas as outras mulheres ali presentes:
“Eu me descobri dona de mim mesma, dona das minhas decisões”.
“Não podemos deixar de dividir esses saberes com outras mulheres”.
“Quebramos tabus que ao longo do tempo reproduzimos, sem voz e sem vez”.
“Eu só não vou se eu não quiser”.
“Cortar o cabelo na hora que eu quero tira mais do que o peso do cabelo das minhas costas”.
“Sozinhas vamos bem, mas juntas vamos melhor”.
“Vivemos numa sociedade patriarcal que tenta nos oprimir e nos silenciar todos os dias”.
“Não é preciso saber os conceitos feministas para uma mulher compreender que sua vida precisa do feminismo”.
A cada frase proferida, pelas formandas, pelas oradoras, pelas mulheres que compuseram a mesa, cada música cantada nas místicas reforçaram valores de independência, de ajuda mútua, de companheirismo entre essas mulheres, as novas formandas Promotoras Legais Populares que, agora, estão prontas para partilhar saberes e passar esse conhecimento de solidariedade adiante. 50 novas disseminadoras das lutas feministas de todos os dias. Viva a turma Dilma Vana Rousseff das Promotoras Legais Populares de Curitiba!
PEC da Maldade passa em 1º turno no Senado sob protestos
November 30, 2016 10:55PM do DF reprimiu com bombas e gás de pimenta as manifestações contra o texto
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
O Senado Federal aprovou o texto base da PEC da Maldade (55) que congela recursos públicos federais por 20 anos. Foram 61 votos favoráveis contra 14. Os senadores ainda vetaram emendas da oposição que deixavam de fora o limite mínimo de gastos com saúde e educação e referendo popular que poderia aprovar ou rejeitar o ajuste fiscal. A votação foi concluída perto da meia noite. Durante a tarde, as manifestações foram duramente reprimidas pela Polícia Militar do Distrito Federal. A alegação para uso excessivo da força foram o incêndio de um carro e cestos de lixo e algumas pixações. No plenário, a oposição acusou de terem “infiltrados”.
Os senadores ignoram a tragédia com o time de futebol da Chapecoense e o confronto na Praça dos Três poderes para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional 55. Com as galerias vazias, 61 senadores votaram a favor do relatório de Eunício Oliveira (PMDB–CE). Para aprovar a medida que congela recursos públicos primários por 20 anos, os governistas alegaram que é necessário o ajuste fiscal e que a PEC não congela verbas da saúde e educação. O presidente do Senado, Renan Calheiros, ainda defendeu o teto de gastos e o fim dos super-salários, de acordo com a Agência Senado.
No entanto, os governistas se negaram a aceitar emenda ao texto da PEC que deixava de fora o limite de gastos constitucionais com a saúde e com a educação. De acordo com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em 10 anos, a PEC fará com que a saúde destine menos de 15% com a saúde e menos de 18% com a educação. Farias lembrou que os recursos atuais comprometem 23% para investir em creches, institutos federais e universidades. “Os senhores vão se envergonhar do dia de hoje, quando o Brasil voltar ao mapa da fome. Os senhores ainda têm que se envergonhar em votar em uma sessão com as galerias vazias com a polícia duramente soltando bombas de gás lacrimogêneo contra estudantes”, protesta.
Outra emenda rejeitada pelos governistas previa a realização de um referendo. Nele, a população seria consultada sobre o modelo de ajuste fiscal proposto. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) argumentou que o povo deve ser soberano ao decidir se somente ele deve pagar pela crise. Ela lembrou que no Brasil é necessária uma reforma tributária, uma vez que se tributa o consumo e os trabalhadores são os que mais pagam impostos. Contra a emenda, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), investigado na Operação Lava Jato, argumentou que a “consulta” já foi feita no primeiro e segundo turno das eleições municipais.
A votação da PEC em segundo turno deve ocorrer no próximo dia 12 antes de seguir para sanção do presidente não eleito Michel Temer.
Repressão policial
À tarde, as forças policiais haviam reprimido com dureza as manifestações em Brasília contra a votação da chamada PEC da Morte ou do Fim do Mundo, como ficou conhecida. Cavalaria, bombas de gás lacrimogênio, cassetetes, helicópteros à espreita, porrada. O cenário de praça de guerra já se instalava antes mesmo de os manifestantes chegarem a 1 km do prédio do Congresso. Lembrava os tempos de ditadura militar.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse que os estudantes eram baderneiros e que as manifestações devem ocorrer “nos limites da lei”. Ele protestava contra a queima de lixos e de um carro. Em resposta, o senador Lindbergh Farias suspeitou de “infiltrados” na manifestação para justificar a truculência policial. Farias destacou que havia mais de 10 mil manifestantes e que cerca de 20 pessoas que causaram tumulto podiam ter sido identificados e presos. O senador carioca ainda cobrou investigação do caso.
10 medidas de combate à corrupção são aprovadas
Na madrugada do dia 30 de novembro, os deputados aprovaram o texto das 10 medidas contra a corrupção. A votação havia sido adiada após pressão da sociedade para que não fosse anistiado o Caixa 2. O recuo contou com o aval do presidente Michel Temer. O (PL 4850/16), que prevê a tipificação do crime eleitoral ainda aprovou por 313 votos a 132 e 5 abstenções emenda que determina responsabilização de juízes e membros do Ministério Público por crimes de abuso de autoridade. Agora, as 10 medidas vão ser enviadas ao Senado Federal.
Maior tragédia do futebol leva Caio Junior, ídolo e torcedor do Paraná Clube
November 29, 2016 19:28Por Marcio Mittelbach
Terra Sem Males
Maior que a tragédia que levou 76 vidas terça-feira, 29/11, só mesmo a grandeza daquela missão. A delegação da Chapecoense voava rumo ao primeiro jogo da final da Copa Sulamericana. Atletas e jornalistas no auge de suas carreiras, que deviam se beliscar todo tempo pra checar se não estavam sonhando, se aquela viagem à Colômbia era mesmo real.
Uma das trajetórias interrompidas com a queda do avião foi de uma pessoa muito próxima da nação tricolor, o Caio Júnior então técnico da Chape. Querido e respeitado por onde passou e por onde não passou, foi ator decisivo na história do Paraná Clube como jogador, treinador e torcedor.
Sou jornalista. Certa vez, na faculdade, em 2006, quando eu ainda fazia as primeiras matérias para a disciplina de redação jornalística, tive a honra de entrevistar Caio. Foi no improviso. Ele estava abrindo a porta do carro pronto para ir pra casa depois de comandar uma manhã de treino. O carro estava estacionado atrás da arquibancada de visitantes da Vila Capanema, que iria reinaugurar dentro de semanas.
Enquanto eu me apresentava ele já ia dizendo que sim com a cabeça, que topava a entrevista. O papo era mesmo interessante. A pauta era o retorno à Vila, sobre as características da torcida. Foi incrível ver o brilho no olhar e a esperança com que ele falou, como alguém que já havia vivido dias incríveis defendendo a Camisa do Paraná Clube.
Mal sabia ele de tudo de bom que ainda iria viver ali e no mundo!
Obrigado Caio Júnior!