Audiência no TRT constrói proposta de acordo para tentar solucionar a greve na Usina do Xisto
October 5, 2016 20:50Acordo será submetido à diretoria executiva da Petrobras. Nova audiência está marcada para a próxima terça-feira (11)
Por Davi Macedo
Sindipetro PR/SC
Nesta quarta-feira (05), quando a greve na Usina do Xisto completou 35 dias, foi dado um importante passo para tentar resolver o impasse. Uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), em Curitiba, estabeleceu uma proposta de acordo.
A proposta foi referendada pela desembargadora que conduziu a audiência, Marlene Teresinha Fuverki Suguimatsu, vice-presidente do TRT-PR, e pelo representante do Ministério Público do Trabalho, Luís Carlos Córdova Burigo, em acertada ação conciliadora.
O acordo prevê que seja mantido o regime de turno ininterrupto de trabalho com jornada de oito horas e cinco grupos de revezamento. Para a adequação e cumprimento do interstício de 11 horas em seguida às folgas, os dias em que configurar a supressão/redução de intervalo deverão ter uma redefinição da relação trabalho e folgas na tabela de turno, de modo a identificar os dias destinados aos interstícios.
Como sugestão de tabela que o Sindicato considera mais próxima ao ideal, foi indicado o modelo adotado pela Fafen-PR (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná), que traz jornada de oito horas e acarretaria redução considerável do número de dias em que haveria supressão de intervalo interjornada. Mesmo nestes casos poderia haver negociação de forma a não onerar a empresa com o pagamento de horas-extras.
A proposta de acordo ainda prevê que os dias de greve não sejam descontados dos salários e que a empresa não adote medidas que configurem retaliação aos trabalhadores que aderiram ao movimento.
Os termos serão enviados à direção executiva da Petrobras para avaliação e na próxima audiência no TRT-PR, designada para terça-feira (11), às 09h00, os representantes da empresa devem apresentar uma resposta.
A audiência foi acompanhada por cerca de 50 trabalhadores da Usina do Xisto, bem como pelo presidente do Sindipetro PR e SC, Mário Dal Zot, e o assessor jurídico do Sindicato, Dr. Sidnei Machado.
Para assistir a audiência, clique aqui!
Juristas de todo o Brasil participam de ato em defesa da constituição e da democracia nesta quinta-feira
October 5, 2016 16:31Por Gibran Mendes
Instituto Declatra
A defesa da Constituição e da Democracia é o grande mote de um ato que reunirá juristas de todo o Brasil nesta quinta-feira (6) em Curitiba. Cezar Britto, Wadih Damous e Eugênio Aragão são alguns dos nomes que virão até a capital paranaense para tratar de temas centrais no atual cenário jurídico e político pelo qual passa o Brasil.
O funcionamento da justiça no Brasil, violações ao Estado Democrático de Direito, a criminalização dos movimentos sociais, a espetaculização da justiça e as relações de trabalho neste contexto são alguns dos temas que serão abordados pelos cerca de 10 juristas que falarão no ato com diferentes enfoques.
O ato terá início às 18h30 no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Estamos falando de grampos em escritórios de advocacia, espetaculização do sistema judiciário, prisões preventivas que não terminam e uma série de outros aspectos podem levar o Brasil, dentro de pouco tempo, a consolidação de um regime de exceção que contraria diretamente os interesses públicos e o próprio Estado Democrático de Direito”, avalia o advogado Nasser Allan, um dos organizadores do ato.
O evento é realizado pelo coletivo Advogados pela Democracia com o apoio dos movimentos sociais e organizações que atuam em defesa da democracia. Entre eles a Frente Brasil Popular, Povo Sem Medo, a Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares, Direitos pra Todxs, Terra de Direitos, Frente Brasil de Juristas pela Democracia, Instituto Democracia Popular (IDP) e Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra).
Entre as presenças confirmadas estão o ex-presidente da OAB-RJ e deputado federal, Wadih Damous, o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Martins o ex-presidente da OAB, Cezar Britto, o professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Reginaldo Melhado, o professor de direito da UFPR, Ricardo Pazello, o advogado e membro da Comissão Estadual da Verdade, Daniel Godoy, a desembargadora aposentada do TRT4 e professora da Unicamp, Magda Biavaschi e Isabel Cortes, que integra a Turma Especial de Graduação para Beneficiários da Reforma Agrária na UFPR.
::Serviço: Ato em Defesa da Constituição e da Democracia
– Data: Quinta-feira, 6 de outubro
– Horário: 18h30
– Local: Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFPR, na Praça Santos Andrade, em Curitiba.
– Evento no Facebook.
Bancários completam 30 dias de greve resistindo aos ataques do sistema financeiro e judicial
October 5, 2016 16:01Categoria é vitima da intransigência dos banqueiros e de ataques na Justiça contra seu direito constitucional
Por Gibran Mendes
CUT Paraná
Nesta quarta-feira (5) a greve dos bancários completa 30 dias. A mais longa desde a abertura política no Brasil. Neste período a categoria sofre com a intransigência dos banqueiros na negociação. Outro franco atirador que tenta alvejar a categoria é o sistema judiciário. Além de constantes interditos proibitórios, a mobilização dos bancários também foi alvo de diversas ações na Justiça por parte da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para o presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-PR), Júnior César Dias, contudo, a negociação envolve um aspecto mais amplo. Ela diz respeito não apenas a negociação coletiva dos bancários. O objetivo é nortear os ajustes salariais de todas as categorias. “A lógica é simples: se o setor bancário, que nunca tem crise, nega-se a dar reajuste aos seus funcionários, porque os demais empresários precisam ceder? Quebrando a exponha dorsal dos bancários, todas as demais categorias estarão seriamente ameaçadas”, afirmou.
Uma nova negociação está marcada para esta quarta-feira entre o comando nacional de greve e a Fenaban. A expectativa é melhorar a proposta patronal, que até o momento, não chegou nem a reposição do índice inflacionário. “A nossa proposta é de um ganho real de 5%. Não precisamos nem falar sobre a lucratividade dos bancos comparadas a este reajuste, não é? A proposta dos banqueiros é 7% de reajuste e abonos salariais. Mas isso, de qualquer forma, causa uma perda de 2,39%. Ou seja, os bancos querem que seus empregados ganhem menos este ano do que ano passado”, afirmou o secretário geral da CUT Paraná, Márcio Kieller, que é trabalhador bancário.
No caso da Justiça, o principal instrumento utilizado para restringir o direito à greve é o chamado interdito proibitório. Trata-se de um mecanismo previsto no Direito Civil e que é utilizado para constranger os trabalhadores. “Trata-se de um instrumento jurídico previsto no direito civil para impedir a ameaça à posse. Contudo, na greve não há este receio, pois não há ocupação já que a maioria dos atos ocorre em local público como forma da classe trabalhadora enfrentar a força empresarial”, relata o advogado Mauro Auache. Em Curitiba, já foram derrubadas ações ligadas ao interdito proibitório nos bancos Itaú e Santander. Para ele há um desvirtuamento do conceito do interdito proibitório.
“Venho dizendo há muito tempo que os bancos não pretendem discutir a posse das agências nos interditos que ajuizam, mas aniquilar o direito de greve por via oblíqua. O próprio TST já afirmou a inadequação do uso dessas ações para discutir greve. Há verdadeiro abuso do direito de ação por parte dos patrões que, no conflito capital e trabalho, apelam para a defesa do sagrado direito de propriedade, expresso na posse, como direito fundamental prioritário na ordem capitalista. Não há notícia de que os bancários queiram tomar a posse para si. O que querem são melhores condições de trabalho e salário, o que, convenhamos, não é nada difícil de se atender quando se lucra mais de 70 bilhões por ano. O direito constitucional de greve, a meu ver, merece preferência nesse conflito. Só essa ferramenta de pressão garante os trabalhadores na luta contra o capital financeiro”, completa o advogado Ricardo Nunes de Mendonça.
Não bastassem os interditos, neste ano a greve dos bancários ganhou um novo ingrediente jurídico. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ingressou com diversas ações por todo o País que pedia a abertura de agências e postos de atendimentos exclusivos para órgãos judiciais. Em Pernambuco, a seccional da ordem chegou a pedir a prisão da presidente do Sindicato dos Bancários, Suzineide Rodrigues, por descumprimento de ordem judicial. Neste caso específico, a categoria entrou em um acordo na Justiça do Trabalho para que funcionários dos bancos estatais que não aderiram à greve efetuem o pagamento dos alvarás judiciais, entre outros aspectos.
Balanço – Apesar da greve extensa, a categoria segue mobilizada. O último balanço divulgado pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região contabilizava 387 das 532 agências paralisadas. Além disso, 10 centros administrativos e cinco financeiras estão sem atendimento ao público. A estimativa do sindicato é que cerca de 16 mil bancários estão de braços cruzados. Este número representa 85% da categoria na capital paranaense e região metropolitana. Em todo o Estado já são mais de 800 agências paralisadas.
Apoio – A Contraf-CUT, confederação que reúne bancários de todo o Brasil, anunciou que está recebendo mensagens de apoio de sindicatos das mais variadas categorias de diversos países. Argentina, Uruguai, México e Chile são alguns dos países onde os trabalhadores manifestaram solidariedade.
Um vídeo de apoio foi gravado. Confira aqui.
Saiba mais:
Corregedor do TST restabelece interdito proibitório do HSBC
Justiça nega interdito proibitório para o Itaú em Curitiba
Justiça revoga liminar de interdito proibitório do Santander
Secundaristas realizam ato #FORATEMER em Curitiba
October 5, 2016 14:46Protestos são contra MP que mexe no ensino médio
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
Cerca de dois mil estudantes de 17 colégios públicos da capital paranaense fizeram um ato contra a reforma do ensino médio propostas por Medida Provisória do presidente não eleito Michel Temer (PMDB). O estado já tem pelo menos três escolas ocupadas, além de diversas manifestações pelo Paraná. Os jovens também protestam contra o governador Beto Richa (PSDB), que enviou projeto à Assembleia Legislativa promovendo calote no funcionalismo público um dia após as eleições municipais.
O ato realizado no centro de Curitiba reforça a onda de protesto contra a MP 476 que, entre outros, exclui disciplinas do ensino médio das áreas de humanas e educação física. A medida foi encaminhada a Câmara dos Deputados sem debate com a sociedade, professores e estudantes também é acusada de facilitar a privatização da educação pública. Além da manifestação, quatro escolas estão ocupadas. São eles o Colégio Juscelino Kubistchek e Arnaldo Jansen, em São José dos Pinhais, e Colégio Silveira da Motta e Colégio Teobaldo Kletenberg, em Curitiba.
Manifestações também ocorrem pelo estado, como no caso do IFPR de Paranaguá e do Colégio estadual Porto Seguro, que também foram às ruas hoje. Já em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana, cerca de mil estudantes protestaram contra a MP do Retrocesso Educacional. Para o coordenador de comunicação da APP Sindicato, Luis Fernando Rodrigues, entidade que organiza os trabalhadores do ensino médio, somente as ocupações podem parar a medida. “A única chance de conseguir barrar a medida é protestando e ocupando as escolas”, incentiva Luis Fernando.
Na tarde de quarta-feira uma coletiva de imprensa será realizada na sede do sindicato para explicar sobre a organização de atos pelo estado. No domingo, às 15 horas, está sendo convocada manifestação pelos secundaristas contra a MP. O tem concentração na Boca Maldita.

Estudantes protestam na Boca Maldita em Curitiba. Foto: Manoel Ramires/Terra Sem Males
Greve geral
Os secundaristas também se somam ao funcionalismo público do Paraná, que sofre com novo calote do governador Beto Richa (PMDB). O tucano mandou mensagem à Assembleia Legislativa em que congela o reajuste das categorias até que sejam pagas promoções e progressões.
Umas das emendas altera o texto do artigo 33 do PL 153/2016 da Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelecendo que “não se aplica e não gera efeitos o disposto no artigo 3º da Lei 18.493/2015 enquanto não forem implantadas e pagas todas as promoções e progressões devidas aos servidores civis e militares e comprovada a disponibilidade orçamentária e financeira durante o exercício de 2017″.
O calote deve levar o funcionalismo a nova greve geral. O Fórum das Entidades Sindicais do Paraná (FES) orienta aos sindicatos de base a convocar assembleias para discutir a Greve Geral. No dia 10, todos os sindicatos se reunirão em plenária ampliada em Curitiba para discutir as mobilizações. Às 14h, na passarela da Alep, uma coletiva de imprensa apresentará a posição final dos servidores. Na terça-feira, 11, nova manifestações nos corredores da Casa do Povo contra o calote.
Doação de alimentos para as ocupações
Os Advogados pela Democracia estão arrecadando alimentos para levar aos estudantes das sete escolas ocupadas em São José dos Pinhais. Os estudantes precisam de café, açúcar, macarrão, molho de tomate, chá, cebola, arroz, alho, bolacha, pães, margarina, frutas, leite, azeite, filtros para café, copos, guardanapos, papel higiênico, detergente de louça, desinfetante, rodo, vassoura, talheres diversos, panelas, panos de prato, panos de chão.
As doações podem ser entregues na Rua Marechal Floriano, 228 cj.: 1503 no edifício Banrisul, no centro de Curitiba.
Em oito anos, Prefeitura de Curitiba pagou R$ 18 mi à Greca Asfaltos
October 5, 2016 13:37por Phil Batiuk Trindade
Dono é aquele a quem algo pertence. No caso da Prefeitura de Curitiba, 100 empresas concentram a maior parte da dívida do município. Dívida que somava praticamente 1 bi de reais em fevereiro de 2015, para ser exato R$ 927.791.870,82.
A dona da maior parte da Prefs é a Denjud Refeições. É a primeira da lista que a gestão municipal entregou após dois pedidos de informações feitos por este jornalista. Somente em 2015, o investimento rendeu R$ 32,88 milhões à empresa.
Já a Greca Distribuidora de Asfaltos passou 2012, 2013 e 2014 na seca, mas voltou a faturar com obras para o município em 2015, tendo recebido R$ 1,6 mi. Mas em 2016, ano eleitoral, somente entre janeiro e 28 de setembro, já dobrou o lucro e levou pra casa R$ 2.952.007,50.
A empresa existe desde 2003, segundo a Receita Federal, sendo propriedade de sociedade anônima fechada. Presta serviços à Prefs desde 2008, com interrupção nos três anos já mencionados. Em valores brutos, recebeu da administração municipal um total de R$ 12.740.715,70.
Mas, usando o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), o mesmo usado pela gestão municipal para conceder reajuste aos servidores públicos, o valor corrigido salta para R$ 17.935.359,75. Com essa grana, a Prefeitura poderia ter construído sete Cmeis dos mais bem equipados, estimando a obra em R$ 2,4 mi cada.
Terceirizadas
Somente em 2015, R$ 124 milhões foram pagos às dez maiores credoras da Prefeitura. Algumas delas prestam serviços terceirizados, como é o caso da campeã Denjud, mas também da Tecnolimp (8ª). Mas, para além desta lista, o Portal da Transparência revela os gastos do município com outras terceirizações.
Os dados de janeiro a setembro de 2016 apontam empenhos de R$ 80,6 milhões para a Risotolândia. À Tecnolimp estão destinados R$ 54,8 mi e à Cotrans, que aluga os carros brancos da Prefs, outros R$ 42,6 mi. Soma-se a isso os R$ 18,4 mi para a Higiserv e R$ 5 mi para a G5 cumprir funções da Guarda Municipal.
Curitiba gastará com terceirizações, se pagar tudo que está empenhado em 2016, pelo menos R$ 233 milhões.
Com esse valor o município poderia construir 97 cmeis, número muito próximo da meta de 120 estipulada pelo Ministério Público do Paraná para suprir a demanda total por vagas.
Comunicação popular e sindical como ferramenta de mobilização contra as forças retrógradas da sociedade
October 5, 2016 11:22Claudia Giannotti, coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação, fala ao Terra Sem Males sobre os desafios do 22º Curso Anual do NPC, que será realizado no Rio de Janeiro de 16 a 19 de novembro
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Estão abertas as limitadíssimas inscrições para a 22ª edição do Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, entidade de formação da mídia popular e sindical no Brasil, idealizada pelo saudoso Vito Giannotti. Em 2016, são apenas 180 vagas, direcionadas a jornalistas, intelectuais, dirigentes sindicais. A programação deste ano debate o tema central “Fusão da mídia com o Estado e a manipulação de consciências”. De acordo com Claudia Santiago Giannotti, que assumiu a coordenação do Núcleo e decidiu com a equipe do NPC continuar na formação popular após o falecimento de Vito, em julho de 2015, a abordagem vai retratar os desafios da comunicação no Brasil desde a ditadura militar.
“A preparação para a implantação da ditadura militar no Brasil foi precedida de uma forte campanha através do instituto PES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) fundado em 1961 por altos empresários brasileiros para veicular propaganda para desestabilizar o governo do presidente João Goulart. Depois de dado o golpe, coube às organizações Globo a função de mantê-los no poder. Vamos ver isso didaticamente no curso com João Braga Areas. Na mesma mesa, Francisco Fonseca vai falar de uma a mídia sustentou a implantação do projeto neoliberal no Brasil e Luís Felipe Miguel sobre a articulação do golpe de 2016. Tudo isso arrematado pelo conhecimento histórico e filosófico do professor Nilson Lage, que formou centenas de jornalistas brasileiros. Esse tema também vai estar presente na mesa “Os donos da mídia e suas ramificações” com Venício Lima, Maringoni e Eduardo Granja Coutinho”, relata Claudia.
Acesse aqui informações sobre os debatedores
Além da programação oficial, o curso permite aos participantes a integração aos movimentos populares do Rio de Janeiro, como uma visita noturna guiada ao morro Santa Marta. “Já é tradicional a visita à favela Santa Marta, em Botafogo, devido à proximidade que temos com pessoas que moram lá e que são do curso de Comunicação Popular do NPC. Todos os anos o repper Fiell organiza uma turma e leva para conhecer a localidade que tem uma das vistas mais belas do Rio, com direito a parada no Bar do Zé Baixinho, que é um grande amigo nosso. Neste ano de 2016 a manhã de domingo vai estar liberada para que as pessoas possam passear pelo Rio, a cidade maravilhosa. Se quiserem poderão ver de perto as mudanças que ocorreram na cidade em função dos megaeventos e ter a sua opinião a respeito”, convida.
Confira entrevista exclusiva ao Terra Sem Males sobre os objetivos e a importância do Curso Anual do NPC:
Terra Sem Males – Quais são os principais desafios que vão nortear os debates do 22º curso anual do NPC?
Claudia Santiago Giannotti – Análise de conjuntura, análise do resultado das eleições e o papel dos meios de comunicação nisso tudo. São eles onipresentes e onipotentes, como nós afirmamos no Núcleo Piratininga de Comunicação? E a mídia sindical, popular, qual o peso que ela tem na disputa de hegemonia? As questões não são novas, porém estamos diante de um intensivo ataque das forças da direita, das forças retrógradas da sociedade, o que nos obriga a estudar muito, conversar muito e produzir comunicação organizadamente. Com foco, com objetivo e com muita qualidade. E com muita proximidade com os trabalhadores. Fazer juntos a comunicação. Nos sindicatos, nos bairros, nas favelas. Uma comunicação que aglutine, seja participativa, que os leitores sejam também seus produtores.
Quais são as novidades deste ano para quem já participou nos anos anteriores?
Volto na questão da conjuntura. Não estamos mais vivendo o sonho contado no cinema por Oliver Stone e Tariq Ali, no filme “Ao Sul da Fronteira”. Não estamos vivendo momentos de Fórum Social Mundial e de esperança em dias melhores para os trabalhadores. Estamos debaixo de um retrocesso do ponto de vista da perda de direitos laborais, como também do ponto de vista do simbólico, da censura, da Lei da Mordaça que vai atrapalhar bastante a vida dos professores. Estamos em um momento de insegurança institucional. Assim, a novidade é enfrentar esse momento político. Uma das mesas que considero muito importante é a que vai tratar das batalhas da mídia desde 1964 até os dias de hoje. Ou seja, em eu batalhas os meios de comunicação se envolveram de lá para lá. Na verdade vamos pensar desde Vargas e Juscelino Kubitschek. Outra novidade é que vamos trazer Francisco Louça, um dos criadores da Frente de Esquerda de Portugal para discutir com os brasileiros sobre os desafios dos trabalhadores na Europa neste momento.
Qual o objetivo do NPC com a realização desse encontro anual?
Preparar a classe trabalhadora para seus desafios no campo da comunicação. Ajudar os trabalhadores a entender que sem comunicação não tem tesão de mudar o mundo.
Quantas pessoas já participaram do curso em todos esses anos?
Essa é a pergunta mais difícil. Umas três mil pessoas, talvez. Começamos com pouquinhos em um convento, em São Paulo, umas 40 pessoas. Depois viemos para o Rio, outro convento, em Santa Tereza, umas 50 pessoas. Daí pulamos para um hotel com cem pessoas, depois para o Sindipetro com 120 e passou para 300 pessoas por ano. Nos últimos anos têm participado cerca de 300 pessoas, mas algumas se repetem ano após ano.
Qual a importância da participação de dirigentes e jornalistas sindicais nessa oportunidade de formação via NPC?
É uma oportunidade única de encontrar praticamente todos os setores da esquerda brasileira, do rosinha ao roxo, como dizia nosso coordenador Vito Giannotti, falecido em 24 de julho do ano passado. Se encontrar e debater políticas de comunicação com professores, jornalistas, diplomatas, policiais. Sair daqui fortalecido para enfrentar os tremendos desafios que temos pelo frente hoje.
Até quando as inscrições podem ser feitas? Serão aceitas inscrições no local?
As inscrições estão terminando. Temos apenas 180 vagas este ano. Decidimos fazer o curso todo centralizado em um hotel e isso nos obrigou a nos adequarmos ao tamanho do salão. Não poderão ser feitas inscrições no local. Acesse aqui para saber mais e fazer sua inscrição.
O Terra Sem Males realizou a cobertura da edição 2015 do Curso Anual do NPC. Você pode acessar todas as matérias e debates aqui.
CONTO | A céu aberto
October 5, 2016 10:20Por Pedro Carrano, do livro Meninos sem Matilha, a ser publicado em breve.
Terra Sem Males
A água nunca tinha sido ouvida. Ela transbordava da lagoa no alto da chácara do velho Fran, escoava por uma tubulação, contornava toda a vizinhança, as casas dos meus amigos, e passava bem debaixo do quintal de casa.
O mês era de muita chuva.
O muro que separava nossa casa do terreno do velho começava a se inclinar. Não entendíamos como ainda ficava de pé. O muro não tombou, mas em pouco tempo o problema ficou descoberto: a manilha dentro do quintal estava fora do lugar, as águas da enxurrada se espalhavam e comiam a terra, o piso e tudo o mais, destruídos fácil como paçoca. Foi preciso que abrissem um buraco no quintal e outro no muro pra escoar o aguaceiro.
A partir daí não pudemos mais usar a porta dos fundos. A mãe tem horror a qualquer tipo de sujeira, ainda mais pó de construção. Os pedreiros começaram as obras martelando o piso que ainda restava. Quando o buraco já era maior que uma pessoa, uma poça foi crescendo. Não parou mais. Desviaram a enxurrada terreno abaixo, o líquido serpenteava pela grama, procurando caminhos, trovejando de um jeito que os vizinhos se assustaram e vieram ver o que era aquilo.
Quando chegou do trabalho, meu irmão fez pouco caso da novidade do dia, nem foi até o quintal saber do buraco. Ele precisava ler as pilhas de xerox, escrever a tese de doutorado deixada pros quarenta e cinco do segundo tempo. “Estou o dia inteiro sem comer”. Aquele barulho não o deixou nem um pouco curioso.
Nos outros dias a obra continuou e pra gente era a glória, como se um pedaço da lagoa passasse dentro do nosso quintal, carregando folhas peixes galhos. Às vezes um filete de água, às vezes uma enxurrada. Eu e a piazada tivemos a ideia de jogar uma garrafa onde a tubulação começava, com uma perereca viva dentro, lá da lagoa na chácara do velho Fran, e esperar a sua chegada em casa. A navegação que ela faria por dentro da terra e da tubulação cutucava a nossa mente só de imaginar.
A manilha ficava perto da terceira margem da lagoa, era preciso remar até lá. Remamos na chuva. Na chuva não tinha perigo, o Velho Fran não se aproximava e só atirava com a espingarda de chumbo da sacada da sua casa, encoberto pelas árvores.
Depois de horas de espera, quase de noite, só o fundo da garrafa apareceu em casa. A perereca, nosso capitão Jim, não foi feliz. No dia seguinte, empolgados, tentamos de novo, com uma garrafa de plástico e uma perereca menor. A garrafa chegou suja e amassada. A perereca não suportou. Com dois gravetos, nós a crucificamos às margens do buraco de casa, os dois bracinhos pregados com grampo, até que a próxima enxurrada levasse embora o nosso “jesus”. Foi assim que o batizamos.
Eu chamava o meu irmão pra ver, narrava tudo o que acontecia, mas ele não tinha tempo, ainda nem tinha dormido naquela semana, empolgado com os novos capítulos da tese. Eu perguntava se dormir não era bom, “Praquê? Já li oito livros só essa semana, brodinho”. Mas eu guardava um segredo, só dormindo ele iria descobrir.
A correnteza daquela água não devia nada pra força musical dos grandes rios. Eu insistia pro meu irmão relaxar um pouco e fechar os olhos, pra daí sonhar com o que eu vinha sonhando a semana inteira. Não queria dizer o segredo, mas não teve jeito: eu atravessava a cidade em um trem, a toda a velocidade. Ele riu e disse que eu estava em fase de crescimento, era por isso, uma hora os sonhos iam se acabar. “Meu trem é outro”, e mostrou o calhamaço do seu projeto. Fiquei desconfiado do aviso do meu irmão. Pra tirar a dúvida, medi a minha altura. Continuava a mesma. Não podia ser isso. Por vingança, recortei uma reportagem sobre os males do café, do guaraná em pó e do chimarrão em exagero. Mas ele retrucou: “Não tomo mais nada desde o começo da semana, estou num ritmo alucinante, só no fôlego, brodinho.”
Outras coisas aconteceram naqueles dezessete dias de obras: o nosso cão e alguns vira-latas andaram se pegando através da abertura do muro. A mãe ficava neurótica com medo de assaltos. O Velho Fran começou com uma história de que a água das chuvas que transbordava da lagoa também era propriedade sua e não iria mais passar pelo nosso quintal. O velho planejava construir uma piscina e um tanque de pesca, quem sabe até um pesque e pague. Ameaçava fechar a entrada da manilha. Outros vizinhos apareciam pra uma conversa sobre a possibilidade de desviar o córrego pro quintal deles. Mas nada daquilo tocava o meu irmão, ele sempre pensava em algo diferente do exigido.
Eu queria saber apenas do ritmo dos meus passeios de trem. Só que uma noite fui jogado à força pra fora do vagão onde era levado. O trem silenciou e sumiu no trânsito da cidade, sem nem apitar uma última vez, como se fosse um carro comum, obedecendo às leis de trânsito e sumindo rapidamente no horizonte. Tentei correr atrás, mas quem disse que a gente consegue correr nos sonhos? Acordei, com medo de estar com alguma ferida. Fui ao banheiro e achei estranho: pela primeira vez tudo estava em silêncio, nada do barulho das águas, nada dos golpes do meu irmão nas teclas do computador. Passei pela escrivaninha dele e não havia ninguém.
Então fui até o quintal, seguindo um método oposto ao dos cegos: eu caminhava tateando um barulho ausente.
Dei a volta pelos fundos, o cachorro já me esperava no portão, com o jeito de quem quer ser o primeiro a contar uma notícia. O buraco finalmente estava tapado, o muro reforçado, e as propriedades bem demarcadas novamente. Tudo seria como antes, só faltavam os azulejos novos. O estranho foi ver meu irmão ali, encostado no muro, com um cigarro apagado na boca. Nós dois estávamos juntos, olhando o céu daqui deste chão batido. O cigarro apagado. As estrelas também.
Finalmente ele bocejou.
(pra Raquel Carrano, aqueles dias fantásticos)
FOTOS | Ocupação do Colégio Estadual Arnaldo Jansen, em São José dos Pinhais.
October 4, 2016 19:59O Colégio Estadual Arnaldo Jansen, em São José dos Pinhais, foi ocupado na noite de segunda-feira (3) contra a reforma de Temer para o Ensino Médio, definida por Medida Provisória. Confira fotos do jornalista Vinícius Torresan, da Revista Vírus:

Foto: Vinícius Torresan/Revista Vírus

Foto: Vinícius Torresan/Revista Vírus

Foto: Vinícius Torresan/Revista Vírus

Foto: Vinícius Torresan/Revista Vírus
Amanhã é o dia “D” para a greve na Usina do Xisto
October 4, 2016 19:47Audiência no TRT pode pôr fim no impasse entre petroleiros e Petrobras. Acompanhe ao vivo pelo Youtube.
Por Davi Macedo
Sindipetro PR SC
No dia 1º de setembro os petroleiros do regime de turno ininterrupto da Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul, deflagravam a greve que hoje (04) completa 34 dias, o mais longo movimento paredista já registrado na SIX.
O motivo é a imposição de uma nova tabela de turno pela Petrobras que reduz de oito para seis horas o turno, mas que aumenta os dias laborados no mês e, consequentemente, diminui o número de folgas, causando prejuízos financeiros e para o convívio social e familiar dos trabalhadores.
Desde que a greve começou foram feitas muitas tentativas de negociação direta entre as partes, mas sem nenhum avanço. A Petrobras se mostrou irredutível na medida que tanto prejudica os empregados e resolveu ingressar com ação de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª Região. Na mesma ação fez pedido de liminar para julgar a greve abusiva e houvesse o retorno imediato ao trabalho. Porém a desembargadora Marlene Teresinha Fuverki Suguimatsu, vice-presidente do TRT e responsável por julgar os dissídios, considerou o pedido improcedente.
A magistrada ainda determinou audiência sobre a ação para esta quarta-feira (05), às 14h00, na sede do TRT, em Curitiba. O resultado pode pôr fim no impasse que provocou a greve.
Em reunião com a desembargadora ontem (03) ficou estabelecida a adoção de quatro grupos de turnos de revezamento com jornadas de oito horas, em regime de contingência, sendo três deles indicados pelo Sindicato. A reunião teve o objetivo de dar cumprimento ao art. 11 da Lei de Greve (7.783/1989), especificamente para a manutenção dos serviços essenciais e evitar a parada da Unidade durante a greve.
A audiência será transmitida ao vivo pelo canal do TRT-PR no Youtube.
Fórum dos Servidores convoca trabalhadores para greve geral
October 4, 2016 19:05Orientação é para que sindicatos realizem assembleias indicando a paralisação
Por Gustavo Henrique Vidal
Fórum dos Servidores
Em resposta ao ataque do governo Beto Richa (PSDB) ao reajuste dos servidores, o Fórum das Entidades Sindicais do Paraná (FES) orienta aos sindicatos de base a convocar assembleias para discutir a Greve Geral. A definição pela paralisação foi acertada na manhã desta terça-feira (04) pela Coordenação do Fórum aos sindicatos que ainda não têm decisão pela Greve.
O FES realizou, na tarde hoje, manifestação na Assembleia Legislativa (Alep) com a distribuição de nota de repúdio à Mensagem 43 do Executivo, que condiciona a implantação do reajuste, em janeiro de 2017, à liquidação do pagamento de progressões e promoções devidas ao funcionalismo.
A Coordenação do FES irá oficializar ao governo, nesta semana, a pauta de reivindicações que garanta a manutenção da data-base, a retirada do calote da Alep e o pagamento das progressões e promoções.
No dia 10, todos os sindicatos se reunirão em plenária ampliada em Curitiba para discutir as mobilizações. Às 14h, na passarela da Alep, uma coletiva de imprensa apresentará a posição final dos servidores. Na terça-feira, 11, nova manifestações nos corredores da Casa do Povo contra o calote.
As mobilizações também são uma reação às declarações do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, de que o Estado só poderá pagar o reajuste dos servidores em 2018. Para o FES, esta posição indica o real objetivo do governo, que é o de não pagar nem mesmo as progressões e promoções que estão condicionadas ao limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme a proposta, e acaba por tempo indeterminado com a data-base dos servidores.
O FES reforça aos servidores que é inaceitável que a categoria pague a conta, mais uma vez, pela má gestão de Richa. Os servidores já tiveram que engolir bala de borracha a dentro um rombo de oito bilhões de reais na Paranaprevidência, além de negociar um calote no reajuste de 2015. Agora, voltam a ser penalizados por um governo que elevou impostos à população e desconta a falta de competência em quem mantém os serviços do Estado.