A indignação profética de quem ama
May 15, 2018 9:06Nesta segunda-feira, 14 de maio, monge beneditino Marcelo Barros divulgou texto escrito após visita ao ex-presidente Lula, que é mantido como preso político na sede da Polícia Federal, em Curitiba
Desde que a justiça liberou visitas religiosas, fui o segundo a ter graça de visitar o presidente Lula em sua prisão. (Quem abriu a fila foi Leonardo Boff na segunda-feira passada).
Eram exatamente 16 horas quando cheguei na dependência da Polícia Federal onde o presidente está aprisionado. Encontrei-o sentado na mesa devorando alguns livros, entre os quais vários de espiritualidade, levados por Leonardo.
Cumprimentou-me. Entreguei as muitas cartas e mensagens que levei, algumas com fotografias. (Mensagem do Seminário Fé e Política, de um núcleo do Congresso do Povo na periferia do Recife, da ASA (Articulação do Semi-árido de Pernambuco) e de muitos amigos e amigas que mandaram mensagens.
Ele olhou uma a uma com atenção e curiosidade. E depois concluiu:
– De saúde, estou bem, sereno e firme no que é meu projeto de vida que é servir ao povo brasileiro como atualmente tenho consciência de que eu posso e devo. Você veio me trazer um apoio espiritual. E o que eu preciso é como lidar cada dia com uma indignação imensa contra os bandidos responsáveis por essa armação política da qual sou vítima e ao mesmo tempo sem dar lugar ao ódio.
Respondi que, nos tempos do Nazismo, Etty Hillesum, jovem judia, condenada à morte, esperava a hora da execução em um campo de concentração. E, naquela situação, ela escreveu em seu diário:
“Eles podem roubar tudo de nós, menos nossa humanidade. Nunca poderemos permitir que eles façam de nós cópias de si mesmos, prisioneiros do ódio e da intolerância”.
Vi que ele me escutava com atenção e acolhida. E ele começou a me contar a história de sua infância. Contou como, depois de se separar do marido, dona Lindu saiu do sertão de Pernambuco em um pau de arara com todos os filhos, dos quais ele (Lula) com cinco anos e uma menina com dois.
Lembrou que quando era menino, por um tempo, ajudava o tio em uma venda. E queria provar um chiclete americano que tinha aparecido naqueles anos. Assim como na feira, queria experimentar uma maçã argentina que nunca havia provado. No entanto, nunca provou nem uma coisa nem outra para não envergonhar a mãe.
E aí ele prosseguia com lágrimas nos olhos: Agora esses moleques vêm me chamar de ladrão. Eu passei oito anos na presidência. Nunca me permiti ir com Marisa a um restaurante de luxo, nunca fiz visitas de diplomacia na casa de ninguém… Fiquei ali trabalhando sem parar quase noite e dia… E agora, os caras me tratam dessa maneira…
Eu também estava emocionado. O que pude responder foi:
– O senhor sabe que as pessoas conscientes, o povo organizado em movimentos sociais no Brasil inteiro acreditam na sua inocência e sofrem com a injustiça que lhe fizeram. Na Bíblia, há uma figura que se chama o Servo Sofredor de Deus que se torna instrumento de libertação de todos a partir do seu sofrimento pessoal. Penso que o senhor encarna hoje, no Brasil essa missão.
Comecei a falar da situação da região onde ele nasceu e lhe dei a notícia de que a ASA (Articulação do Semi-árido) e outros organismos sociais estão planejando um grande evento para o dia 13 de junho em Caetés, a cidadezinha natal dele. Chamar-se-á “Caravana do Semi-árido pela Vida e pela Democracia” (contra a Fome – atualmente de novo presente na região – e por Lula livre).
A partir daquela manifestação, três ônibus sairão em uma caravana de Caetés a Curitiba para ir conversando com a população por cada dia por onde passará até chegar em Curitiba e fazer uma festa de São João Nordestino em frente à Polícia Federal.
Ele riu, se interessou e me pediu que gravasse um pen-drive com músicas de cantores de Pernambuco, dos quais ele gosta. Música de qualidade e que não estão no circuito comercial.
Vergonha. Nunca tinha ouvido falar de nenhum e nem onde encontrar. Ele me disse que me mandaria os nomes pelo advogado e eu prometi que gravaria.
Distenção feita, ele quis me mostrar uma fotografia na parede na qual ele juntou os netos. Explicou quem é cada um/uma e a sua bisneta de dois anos (como parece com dona Marisa, meu Deus!).
Começou a falar mais da família e especialmente lembrou um irmão que está com câncer. Isso o fez lembrar que quando Dona Lindu faleceu, ele estava na prisão e o Coronel Tuma permitiu que ele saísse da prisão e com dois guardas fosse ao sepultamento da mãe. No cemitério, havia uma pequena multidão de companheiros que não queriam deixar que ele voltasse preso. Ele teve de sair do carro da polícia e falar com eles pedindo para que deixassem que ele cumprisse o que tinha sido acertado. E assim voltou à prisão.
A hora da visita se passou rápido. Perguntei que recado ele queria mandar para a Vigília do Acampamento e para as pessoas às quais estou ligado.
Ele respondeu:
– Diga que estou sereno, embora indignado com a injustiça sofrida. Mas, se eu desistir da campanha, de certa forma estou reconhecendo que tenho culpa. Nunca farei isso. Vou até o fim. Creio que na realidade atual brasileira, tenho condições de ajudar o Brasil a voltar a ser um país mais justo e a lutar para que, juntos, construamos um mundo no qual todos tenham direitos iguais.
Para concluir a visita, propus ler um texto do evangelho e ele aceitou.
Li o evangelho do próximo domingo – festa de Pentecostes e apliquei a ele – os discípulos que estão em uma sala fechada, Jesus que se deixa ver, mesmo para além das paredes que fechavam a sala. E deu aos seus a paz, a alegria e a capacidade de perdoar no sentido de discernir o julgamento de Deus sobre o mundo. E soprando sobre eles lhes deu a vida nova do Espírito.
Segurei em suas mãos e disse: Creio profundamente que isso se renova hoje com você.
Vi que ele estava emocionado. Eu também fiquei. Abri o pequeno estojo e lhe mostrei a hóstia consagrada que lhe tinha trazido da eucaristia celebrada na véspera. Oramos juntos e de mãos dadas o Pai Nosso.
Eu tinha trazido duas hóstias. Eu lhe dei a comunhão e ele me deu também para ser verdadeiramente comunhão.
Em um instante, eram vocês todos/as que estavam ali naquele momento celebrativo e eu disse a ele:
“Como uma alma só, uma espécie de espírito coletivo, muita gente – muitos companheiros e companheiras estão aqui conosco e estão em comunhão e essa comunhão eucarística representa isso.
Eu lhe dei a bênção e pedi a bênção dele para todos vocês.
Foi isso.
Quando o policial que me foi buscar me levou para fora e a porta se fechou atrás de mim, me deu a sensação profunda de algo diferente.
Senti como se eu tivesse saído de um espaço de liberdade espiritual e tivesse entrando na cela engradeada do mundo que queremos transformar.
Que o Espírito de Deus que a celebração desses dias invoca sobre nós e sobre o mundo nos mergulhe no amor e nos dê a liberdade interior para irmos além de todas essas grades que aprisionam o mundo.
Por Marcelo Barros, monge beneditino.
Após visitar Lula o monge Marcelo Barros levou a mensagem do ex-presidente aos militantes que estão na Vigília #LulaLivre, em Curitiba-PR. Foto: Joka Madruga/Agência PT
O Paraná x Santos que eu não esqueço teve gol olímpico. Qual foi o seu?
May 11, 2018 19:15Depois do primeiro ponto conquistado, o Paraná se dirige para a Vila Belmiro, palco de Pelé e grandes jogadores do nosso futebol. Cenário mais que perfeito para conquistarmos a primeira vitória!
O confronto entre os times das vilas que eu não me esqueço foi na Vila Capanema pelo brasileiro de 2001. O Paraná fazia uma campanha de razoável para boa. Com o famoso pijama – camisa listrada fabricada pela Finta – o time estava invicto há vários jogos. Seis mil guerreiros tricolores encararam um sábado chuvoso para assistir a uma vitória magra comandada pelo craque Maurílio.
Um escanteio batido no primeiro poste surpreendeu o então goleiro em ascensão, Fábio Costa. O gol olímpico do capitão tricolor garantiria os três pontos e a permanência do Paraná Clube na zona de classificação para as quartas de final. Os destaques do peixe eram Marcelinho Carioca e Viola. Já o Paraná, além do Maurílio, tinha o Lucio Flávio na equipe.
Assista ao gol olímpico do Maurílio e comente qual é o duelo entre Paraná e Santos que para você foi mais especial. De quebra você assiste mais alguns golaços da campanha de 2001.
13 de maio não é uma data de comemoração para o povo negro
May 11, 2018 17:10Diretor da Secretaria de Combate ao Racismo da FETEC-CUT-PR, Ivai Lopes Barroso, refuta a celebração de 13 de maio e reafirma o 20 de novembro como Dia da Consciência Negra
Às vésperas do dia 13 de maio, historicamente celebrado como dia da “Abolição da Escravatura”, um debate importante para todos os trabalhadores é entender porquê o povo negro não comemora a data. Ivai Lopes Barroso, diretor da Secretaria de Combate ao Racismo da FETEC-CUT-PR, explica que o 13 de maio foi por muito tempo oficializado através de propaganda institucionalizada de um evento histórico tido como uma bondade humanitária de uma princesa. “Contudo, ao contrário, a abolição não representou a emancipação efetiva da população escravizada. Não houve por parte dos governos medidas institucionais e políticas públicas que promovessem a integração dos negros à sociedade. Os negros foram deixados à própria sorte, sempre desprotegidos e discriminados”, explica o dirigente. Conforme descreve Ivai, esse descaso por parte da falta de políticas públicas de inserção dos negros, resultou na ocupação das periferias das cidades, formando um contingente de marginalizados.
Uma forma de respeitar a luta do povo negro e não fomentar o racismo, diz Ivai, é todo branco reconhecer seus privilégios da branquitude e se solidarizar com a luta dos negros. “Primeiro entendendo historicamente que o racismo não é um resquício de uma sociedade arcaica e sim um elemento central que sempre esteve na formação do capitalismo, principalmente o brasileiro, e isto só já basta para qualquer branco enxergar a opressão racial dentro dessa lógica. Isso pode fazer com que eles enxerguem a necessidade de articular a luta contra o racismo”.
20 de novembro: Dia da Consciência Negra
A data do dia 20 de novembro é o dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder dos quilombos e símbolo da resistência e luta do povo negro escravizado, e por isso é a data que o povo negro brasileiro escolheu para representá-los. “A importância de se respeitar o lugar de fala de um negro é o lugar da resistência. Só quem pode resistir é quem sente a dor. Por mais que a solidariedade se faça, é somente o negro quem pode reproduzir como o racismo se apresenta. É quando ele é parado pela polícia, quando é nitidamente vigiado por seguranças de lojas, quando recebe salário menor na mesma função. Ou seja, quando sofre ataques violentos diretos ou os efeitos da estrutura montada para a a exclusão institucional dos negros”, contextualiza Ivai.
O dirigente também explica como essa situação do povo negro se reflete na categoria bancária. “É simples perceber. É só ir a uma agência bancária e contar quantos negros lá existem ou olhar nas fotos dos Sindicatos nos eventos, ou ainda, a composição das diretorias. A maioria são brancos, é o que reflete fielmente a não representação e explica o processo de exclusão”, define.
Na categoria bancária, existem algumas ferramentas para que se garanta a igualdade de oportunidades, não só para negros, mas para a equiparação de gênero. Mas para Ivai, as garantias estabelecidas na Convenção Coletiva de trabalho, por exemplo, não são suficientes, e não há limites para que se defenda a igualdade de oportunidades. “As instituições são espaços que violentam brutalmente os indivíduos. Quando se assiste uma sessão do Congresso Nacional, quando se tem uma novela ambientada onde a população é 85% de negros e o seu elenco é totalmente branco, quando você vê uma sessão do Judiciário. Nessas ocasiões você é capaz de perceber que nesses espaços geralmente só têm pessoas brancas e que esses espaços são de poder e que eles estão lá somente para a manutenção de seus privilégios, garantindo políticas que não deem oportunidades para os negros. Por isso temos sempre que deixar de ser vistos como elementos passivos. Para nossa luta nos transformar em agentes importantes no processo de transformação da sociedade”.
Edição: Paula Zarth Padilha
Fotos de arquivo pessoal
FETEC-CUT-PR
Programa Democracia em Rede une estudantes e professores de comunicação da UFPR para debater fakenews
May 11, 2018 15:37Programação paralela à Vigília Lula Livre é transmitida diariamente ao vivo e online com produção coletiva de veículos de comunicação independentes
Na tarde da última quarta-feira, 09 de maio, os professores dos cursos de Comunicação da Universidade Federal do Paraná Mário Messagi Junior, coordenador da graduação em Jornalismo, e Ary Azevedo, coordenador da graduação em Publicidade, foram os entrevistados do programa online Democracia em Rede. Nesta edição, o programa também contou com a participação de estudantes do 1º ano de jornalismo da UFPR.
Os dois conceitos, fakenews e pós-verdade, estão conectados, pois um resultou no outro, conforme explicou Mário Messagi. “O que é fakenews? São informações deliberadamente falsas, normalmente produzidas com a finalidade política e se mostram como instrumento poderoso”, definiu. Ele explicou que as fakenews emergem e passaram a ser identificadas em 2016, mas que a prática de produção falsa de notícias é bem mais antiga.
Ary Azevedo comparou as fakenews com fofocas e boatos e explicou que pesquisadores já constatam que as nitidamente falsas têm mais aderência, como se as pessoas preferissem acreditar numa mentira se ela não se confronta com seu pensamento, mas ao mesmo tempo reverberam porque possuem o mínimo de credibilidade.
O tema da credibilidade foi também exposto como o negócio dos jornais, na opinião de Mário Messagi, que afirmou que o Brasil possui “excelentes jornalistas e péssimos empresários de comunicação”.
Os dois professores afirmaram que as fakenews mobilizaram de forma positiva campanhas e ações das empresas de jornalismo via ANJ, por exemplo, em defesa dos meios nesse cenário. “É uma baita oportunidade para os jornais recuperarem credibilidade”, disse Ary.
O programa Democracia em Rede é transmitido ao vivo diariamente via facebook e tem programação produzida por veículos de comunicação independentes na Casa da Democracia, ponto de apoio dos acampados da Vigília Lula Livre, local de militância em defesa do ex-presidente nos arredores da sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula está preso.
Por Paula Zarth Padilha, diretora de Ação para a Cidadania do Sindijor PR, que participou do programa como entrevistadora pelo site independente Terra Sem Males
Foto: Joka Madruga/Agência PT
Curitiba recebe um dos maiores eventos de agroecologia do Brasil
May 11, 2018 13:1517ª Jornada de Agroecologia será de 6 a 9 de junho, no Centro da capital paranaense
O Centro de Curitiba vai receber, entre 6 e 9 de junho, a 17ª edição da Jornada de Agroecologia, um dos maiores eventos dedicados à agroecologia do Brasil. Criado em 2002, o evento tem caráter itinerante e chega pela primeira vez na capital do estado.
Ao longo dos quatro dias, a população da capital e da Região Metropolitana poderá consumir alimentos agroecológicos que estarão à venda em uma feira na praça Santos Andrade. A estimativa dos organizadores é reunir cerca de 60 expositores. Junto à feira, haverá espaço para a “Culinária da Terra”, com barracas de pratos típicos da região sul do Brasil.
A conferência de abertura será no teatro Guaíra, com presença confirmada do teólogo Leonardo Boff e da artista Letícia Sabatella. Dezenas de seminários, oficinas, shows e atividades culturais também estão garantidas na programação, previstas para ocorrer na Reitoria e no Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O Pátio da Reitoria vai receber o “Túnel do tempo“, em que estudantes do ensino fundamental e médio, vindos de assentamentos e acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), vão apresentar a história da agricultura, até chegar ao momento atual e à agroecologia.
A Jornada é organizada por mais de 40 movimentos e entidades do Paraná, entre movimentos do campo, universidades e centros de formação. Entre eles está o MST, as universidades Federal e Tecnológica do Paraná (UFPR e UTFPR), além de entidades como a organização Terra de Direitos e o Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria).
Agricultura familiar, assentados e acampados da reforma agrária, comunidades quilombola e coletivos de economia solidária estarão presentes na Jornada. “São estas experiências que apontam para uma proposta de agricultura diferente, desde o ponto de vista da economia e de uma produção sustentável, até a educação e a cultura“, garante o dirigente estadual do MST, Roberto Baggio.
Para Baggio, esta edição ganha caráter histórico por ser realizada pela primeira vez em Curitiba, em uma parceria com universidades que pulsam a produção científica no estado. “Estaremos no centro da ciência e da capital que, junto com a Região Metropolitana, reúne cerca de 4 milhões de habitantes. Nossa intenção é apresentar a agroecologia para a sociedade como um todo, e também aprofundar o debate nos diversos ramos de pesquisa científica“.
A parceria com as instituições ocorre pela participação de professores e estudantes dos setores de Agronomia, Medicina, Psicologia, Enfermagem, Geografia, Filosofia, Sociologia e Pedagogia.

O que é agroecologia?
A agroecologia é um tipo de agricultura que tem como princípios a humanização e o caráter popular, por ser mais acessível e respeitar o conhecimento tradicional, agregando outros conceitos e tecnologias, conforme explica Ceres Hadich, integrante da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“É mais do que substituição de insumo ou de técnica, é parte de uma postura perante a vida. Para além da produção de alimentos saudáveis, queremos produzir outra forma de vida”, afirma. E reforça o aspecto do respeito à natureza, aos recursos naturais e aos seres humanos, com o olhar para as gerações atuais e futuras.
De acordo com Ceres Hadich, as Jornadas são “grandes escolas populares” para agricultores e para a sociedade em geral, com o objetivo de multiplicar a agroecologia como modelo alternativo à monocultura e ao uso de agrotóxicos.

Alto uso de veneno
A contaminação dos alimentos por agrotóxicos é uma realidade confirmada por um Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), divulgado em 2015. Segundo a pesquisa, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos, e 28% desses alimentos contém substâncias não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os impactos do consumo cotidiano de alimentos contaminados ainda não são mensurados de maneira completa, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que os agrotóxicos causam 70 mil intoxicações agudas e crônicas por ano.
O Paraná é conhecido como estado forte no agronegócio, fato que o coloca na posição de terceiro maior consumidor de agrotóxicos do país. A cada ano, cerca de 96,1 milhões de quilos de agrotóxicos são utilizados no estado, de acordo com dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), de 2013. De todo o estado, a região de Cascavel é a que mais consome veneno na agricultura.
17ª Jornada de Agroecologia
Data: de 6 a 9 de junho
Local: Reitoria e Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Praça Santos Andrade, no Centro da capital.
Mais informações: www.jornadaagroecologia.com.br | facebook.com/jornadade.agroecologia
Ônibus-trailer dos petroleiros chega na Vigília Lula Livre
May 11, 2018 9:52Federação dos Petroleiros traz veículo para somar à estrutura que atende a vigília em Curitiba. “Lula não ficará sozinho”, diz secretário da FUP
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) trouxe na última quarta-feira (9) à Vigília Lula Livre em Curitiba um reforço de peso. Trata-se de um ônibus-trailer que foi estacionado ao lado da Praça Olga Benário, nas imediações do prédio da sede da Polícia Federal na capital paranaense.
O reforço vem em boa hora. Na última terça-feira (8), a Polícia Militar do Paraná rompeu unilateralmente acordo firmado com as lideranças da vigília e abriu para a circulação de veículos as ruas em que está montada a resistência pró- Lula. O presidente do PT-PR, Dr. Rosinha, expressou preocupação com a atitude da polícia, uma vez que abriu caminho para que eventuais agressores passem a circular por ali em veículos em alta velocidade.
“Além disso, o ônibus serve também como espaço de reunião, descanso e banheiro e para os companheiros da vigília, já que estamos impedidos pela prefeitura de montar mais estruturas móveis na rua”, explica Gerson Castellano, secretário de Comunicação da FUP.
Por Vinícius Segalla
Foto Joka Madruga
Fonte: Agência PT de Notícias, em Curitiba
Apresentação do projeto BR Cidades em Curitiba será na próxima terça (15)
May 11, 2018 9:31Diante da atual conjuntura brasileira, marcada pela perda de direitos sociais e fragmentação do direito à cidade, o BrCidades é um projeto que busca a construção social de propostas de médio e longo prazo, para as cidades brasileiras. Neste sentido o projeto visa discutir as contradições urbanas e apontar possibilidades e pautas para um novo ciclo de democratização urbana. O projeto, que surgiu no bojo da Frente Brasil Popular, mas que se autonomizou da agremiação, busca uma construção programática para as cidades, de caráter popular e a partir da contribuição de múltiplos atores.
Acesse aqui e conheça mais sobre o projeto e seu manifesto
Na próxima terça-feira, 15 de maio, a partir das 17h30, Curitiba sedia um debate prévio ao encontro nacional do projeto, terá como escopo sua apresentação e, também, uma primeira sistematização de contribuições feitas por ativistas, lideranças e estudiosos de diferentes temáticas urbanas em Curitiba como ponto de partida para nossas reflexões. Acreditamos que uma construção programática eficiente e voltada à resolução dos problemas urbanos brasileiros deverá emergir, necessariamente, de nossas experiencias e demandas locais, ou seja, das próprias cidades.
Confira programação e convidados:
– Apresentação do Projeto BrCidades
– Breve Balanço da Reforma Urbana no Brasil e em Curitiba
Mesa 01
MORADIA: DIREITO PARA QUEM?
Indianara Barros (Associação de Moradores Canaã)
Maria Eugênia Trombini (Terra de Direitos/Mobiliza Curitiba)
Roland Runtyna (ULNM)
Mesa 2
LUTAS URBANAS E DIREITO À CIDADE
Luca Rischbieter, (Parque Gomm/A Causa Mais Bonita da Cidade)
Luiz Calhau (Senge/PR)
Mayara Vieira de Souza (Observatório dos Conflitos Urbanos de Curitiba)
Renato Freitas (criminalista e ativista dos direitos humanos)
Mesa 3
PARTICIPAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA URBANA
Goura Nataraj (Vereador de Curitiba)
Alexandre Pedroso (Coletivo Trena)
Lafaiete Neves (Concitiba)
O encontro terá início às 17:30, com apresentação do projeto, seguido da roda de conversa com os convidados, com coffe break previsto para as 19:30 e término às 21:30.
Local: Senge/PR, 22º Andar do Edifício Itália. Atenção: a entrada no edifício só permitida até as 20h.
Acesse aqui o evento no facebook para confirmar presença
Fonte: BR Cidades
PERFIL | “Não sei porque tanto ódio de um homem que só fez bem para o povo”
May 10, 2018 16:24Malvina Joana Lima, aposentada de 66 anos, está acampada em Curitiba desde o dia que Lula é mantido preso na Sede da Polícia Federal
Malvina se identifica como petista militante e pode ser vista desde a primeira semana da Vigília Lula Livre circulando entre as tendas, a Casa da Democracia, a Praça Olga Benário e o Acampamento Marisa Letícia, instalações constituídas pelas caravanas de apoio ao ex-presidente Lula e que estão concentradas na região da Sede da Polícia Federal, em Curitiba, desde o dia 07 de abril.
Naquela data, Lula estava há três dias cercado por apoiadores na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em São Paulo, desde que saiu a decretação de sua prisão. Ele foi então caminhando, junto ao povo que formava um mar de gente, até o helicóptero que o desembarcou em Curitiba, onde permanece como preso político.
E Malvina também estava lá, em São Bernardo. O tempo que demorou para se juntar ao acampamento recém formado foi o do trajeto em uma das caravanas. Mas ela contou ao Terra Sem Males que já é a quarta vez que vem a Curitiba, contando com os dias que Lula vinha depor. “A minha família é o PT. Se eu vivo, se eu sou reconhecida como cidadã, eu devo ao PT. Tudo que eu sou na vida hoje foi através do partido e da minha luta. Eu estive com Marisa no hospital. Eu sempre acompanhei Lula desde 1979. Na greve de São Bernardo, eu estive lá”.
A aposentada conta que tem 66 anos e que iniciou a graduação em Pedagogia aos 50, viabilizada pelos programas de financiamento estudantil mantido nos governos Lula e Dilma. Em seu relato, mencionou o sofrimento da Presidenta eleita Dilma Rousseff, cita com respeito Marisa Leticia, esposa de Lula que faleceu em 2017, e disse que saiu do dormitório da casa da democracia e foi se instalar no Acampamento Marisa Leticia, muito mais distante da Vigília, em nome do legado que ela deixou.
Sua rotina na Vigília Lula Livre, de dar bom dia, boa tarde e boa noite ao presidente diariamente também segue as escalas colaborativas do acampamento e vigília. “Eu vou para a cozinha, eu faço almoço, seguindo a escala. Eu atendo as pessoas, oriento quem chega nas caravanas. Eu tenho muito o que fazer aqui e eu espero sair com Lula”.
Ao falar com devoção sobre Lula, cita episódios de sofrimento de sua vida, como a morte da mãe, quando ele estava preso na ditadura; o câncer de garganta; a hipertensão. Denuncia o tempo que ficou sem autorização de visita de rotina dos médicos e atribui essas deliberações da justiça ao ódio.
“Não sei porque tanto ódio de um homem que só fez bem para o povo. Eu não sei se ele não fez muito bem para o Moro, para a família do Moro. Mas eu tenho certeza que quando ele fez bem para o pobre, ele fez muito mais para o rico. Porque quando o pobre melhora a vida, o rico não é atingido em nada. Ele melhora mais, ele gasta mais, ele viaja mais. Mas eles não têm essa noção”, disse Malvina, 68 anos, mais de 50 deles acompanhando o ex-presidente Lula.
Por Paula Zarth Padilha
Foto Joka Madruga
Terra Sem Males
Moradores querem transparência da Prefeitura de Curitiba sobre regularização fundiária da comunidade São Domingos
May 10, 2018 16:00Após Cohab iniciar topografia na comunidade, IDP e associação de moradores pedem audiência na Prefeitura para cobrar transparência no processo de regularização das moradias
O Instituto Democracia Popular (IDP) acompanhou nesta quinta-feira, 10 de maio, uma visita de moradores da comunidade São Domingos à Prefeitura de Curitiba. A audiência com representantes da prefeitura foi solicitada pelo presidente da associação de moradores AMA, localizada no bairro Cajuru, José Floriano da Silva.
“A gente solicitou formalmente informações transparentes sobre qual é o projeto de regularização fundiária que está para acontecer na Comunidade São Domingos”, explicou Libina da Silva Rocha, presidente do IDP. Ela explica que a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) iniciou o processo de topografia na comunidade, mas que os moradores estão curiosos porque ninguém responde suas dúvidas sobre como será essa regularização.
A reunião estava marcada com a coordenação de relações comunitárias da Prefeitura, mas os moradores foram recebidos por um assessor que disse só conseguir anotar e encaminhar demandas para dar retorno oficial posteriormente. Ele informou o IDP e a AMA que entrará em contato com a Cohab para intermediar uma reunião com o órgão ou diretamente com o prefeito Rafael Greca.
“É o mesmo blablabla de sempre. Mandam a gente para um lugar que ninguém resolve. A gente já esteve na Cohab e não deram informações, falaram muito superficialmente, somente confirmaram que existe o projeto de regularização fundiária mas que eles não deixam transparente como vai ser esse projeto, se vai ter realocação, o que vai acontecer”, situou Libina, que é moradora do Ribeirão dos Padilhas, região em que as famílias residentes também estão mobilizadas pela regularização fundiária. Ela aproveitou a audiência para solicitar formalmente à Prefeitura uma visita de Greca à comunidade em que mora, localizada no bairro Xaxim.
Por Paula Zarth Padilha
Fonte: Instituto Democracia Popular
Operação Zelotes: ação penal contra Trabuco, ex-presidente do Bradesco, pode ser reaberta
May 10, 2018 10:55Trabuco foi indiciado em 2016 em investigação de venda de sentenças do Carf para beneficiar empresas que foram multadas pela Receita Federal e TRF trancou ação na segunda instância
O Ministério Público Federal enviou parecer ao Superior Tribunal de Justiça solicitando o prosseguimento da ação penal contra o ex-presidente do Bradesco Luiz Carlos Trabuco Cappi, que foi trancada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª região. Trabuco é réu em denúncia do MPF na denominada Operação Zelotes, que investiga esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Trabuco, que é atualmente presidente do Conselho de Administração do Bradesco, foi indiciado pela Polícia Federal em junho de 2016 pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de influência, com outras nove pessoas, duas delas membros da direção do Bradesco. A denúncia foi aceita pela Justiça Federal de Brasília no mês seguinte, mas caiu na segunda instância.
Para a bancária Cristiane Zacarias, representante de Curitiba na Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, são vários os exemplos de condutas indevidas e indícios de práticas irregulares por parte dos bancos. “As instituições financeiras têm lucros astronômicos, sem nenhuma contrapartida para a sociedade. Exemplo disso foi o extinto HSBC, acusado de lavagem de dinheiro, que foi comprado pelo Bradesco e hoje tenta escapar desse escândalo de anos. As atuais posturas do poder judiciário têm deixado claro que para julgar grandes capitalistas as regras são mais flexíveis”, afirma a dirigente.
De acordo com Valdecir Cenal, representante da região de Londrina na COE Bradesco, a avaliação do movimento sindical bancário é que esse processo deve mesmo ser reaberto. “Nós consideramos que a saída de Trabuco da presidência do Bradesco foi justificativa mais para sair de cena após a denúncia da Polícia Federal nesse escândalo da Operação Zelotes”.
A Operação Zelotes acusa os indicados de venda de sentenças do Carf para beneficiar empresas que foram multadas pela Receita Federal e a negociação de medidas provisórias a favor de empresas do setor automobilístico. O Carf é um órgão do Ministério da Fazenda ao qual contribuintes recorrem contra multas. No caso do Bradesco, no âmbito da Zelotes, o passivo do banco com a Receita Federal seria uma multa de R$ 3 bilhões.
A posição defendida pelo MPF em parecer enviado ao STJ como recurso especial destaca que o trancamento da ação penal é “medida excepcionalíssima” que só pode ser admitida se comprovada a ausência de indícios de autoria ou materialidade do crime, a atipicidade da conduta praticada ou a presença de quaisquer das hipóteses de extinção da punibilidade e que nenhuma dessas possibilidades se aplica contra Trabuco.
Em nota à época da denúncia, o Bradesco afirmou que perdeu o processo que tinha no Carf e que o presidente do banco não praticou acordo ilícito para se beneficiar junto ao órgão. “A companhia informa que jamais prometeu, ofereceu ou deu vantagem indevida a quaisquer pessoas, inclusive a funcionários públicos, para encaminhamento de assuntos fiscais ou de qualquer outra natureza”, dizia a nota.
De acordo com informação oficial divulgada pelo MPF, em 2014, membros da diretoria e do Conselho de Administração do Bradesco, “com conhecimento, anuência e participação” do então presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco, prometeram vantagens indevidas a servidores do Carf e da Delegacia Especial de Receita Federal e Instituições Financeiras em São Paulo para interferir no julgamento de processo administrativo fiscal que envolvia crédito tributário de R$ 3 bilhões. O valor refere-se a pedidos de compensação de créditos decorrentes de PIS e Cofins incidentes sobre juros de capital próprio do conglomerado que controla o Bradesco e de revisão tributária relativa aos últimos cinco anos de interesse do banco.
O trancamento da ação penal no TRF1 teria sido pela justificativa de um habeas corpus concedido a Trabuco pela falta de justa causa para abertura da ação penal.
O recurso especial junto ao STJ para reabrir a ação penal contra Trabuco foi divulgado pelo MPF na última segunda-feira, 07 de maio, mas no documento anexado à divulgação consta que o parecer foi recebido pela 6ª turma da corte superior ainda no dia 01 de março de 2018.
Curiosamente, a única menção do ex-presidente do Bradesco no portal de notícias do STJ foi a solenidade do “Troféu Dom Quixote”, que Trabuco recebeu em 2009 ao lado de cinco ministros do STJ e de outros representantes da magistratura, como a atual presidente do STF, ministra Carmem Lucia; membros da administração pública e da iniciativa privada, oferecido pela revista “Justiça e Cidadania.
Por Paula Zarth Padilha, com informações do MPF
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