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April 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

Retratação de internauta que ofendeu Senadora Gleisi é vitória de todas as mulheres

May 9, 2018 11:08, by Terra Sem Males

Na última sexta-feira, 04 de maio, viralizou na rede social facebook a publicação de um “Termo de Retratação Pública” pelo internauta Fabio Cotrim. Ele foi processado pela Senadora Gleisi Hoffmann, do Partido dos Trabalhadores, ao publicar em suas redes sociais palavras ofensivas, xingamentos e de caráter misógino contra a senadora.

Gleisi publicizou a retratação em suas redes sociais, alertando que a medida judicial tomada por ela levou em consideração a luta de todas as mulheres contra o machismo. “Quem me conhece, sabe bem o quanto combato diariamente o machismo e a misoginia na sociedade, assim como luto cotidianamente para ampliar a participação das mulheres na política e nos espaços de poder e decisão”, esclareceu a Senadora, que também afirmou que diariamente recebe mensagens “insultando minha honra e a honra das mulheres brasileiras”, declarando que faz questão de processar judicialmente “todos aqueles que transformam a facilidade de expressão e suposto anonimato, dados pela internet e pela tecnologia, em facilidade para destilar preconceitos”.

Para a bancária Vandira Martins de Oliveira, diretora da Secretaria da Mulher da FETEC-CUT-PR, os termos misóginos e vulgares utilizados pelo internauta como forma de agredir a Senadora Gleisi também agridem todas as mulheres. A publicização dessa retratação é, portanto, uma vitória de todas as mulheres que sofrem todos os dias com ofensas machistas. “A lição que tomamos e que devemos estender às pessoas de nosso círculo de amizade ou de trabalho é que não se pode admitir, em hipótese alguma, qualquer forma de agressão às mulheres que, por consequência, contribuem para o aumento da violência contra a mulher”, afirma. “Muitos homens ainda não entenderam o alcance potencializado das redes sociais e que isso não pode mais ser tolerado. Para que essas situações enfrentadas todos os dias pela Senadora Gleisi e por todas nós mulheres não se repitam, é vital que a retratação seja amplamente divulgada”.

Gleisi Hoffman ganhou a justiça a publicação dessa retratação pública resultante da condenação de Fabio Cotrim, em acordo judicial, com o objetivo de restabelecer a verdade e a idoneidade da ofendida, nos termos do Processo nº 0710551-51.2018.8.07.0016, que tramita perante o 3º Juizado Especial Cível de Brasília/DF.


Por Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga/Agência PT
FETEC-CUT-PR



Leonardo Boff reafirma que Lula quer voltar ao poder para radicalizar o projeto de soberania a partir dos invisíveis

May 7, 2018 17:53, by Terra Sem Males

O teólogo Leonardo Boff visitou o ex-presidente Lula no cárcere da Polícia Federal, na tarde desta segunda-feira, 07 de maio, em Curitiba. Após a visita, Boff falou com a militância na Vigília Lula Livre, nesta data que marca um mês de resistência contra a prisão política de Lula.

Boff declarou que o ex-presidente Lula está muito bem e que viver numa solitária faz com que ele leia muito e reflita muito. “Ele mandou um recado, que só vai renunciar à candidatura o dia que Moro der uma única prova”.

Amigo do ex-presidente, Boff também transmitiu à militância que Lula governará a partir dos pobres. “Sou candidatíssimo e se ganhar vou repetir aquelas políticas, mas fazer que sejam políticas de Estado, que entrem no orçamento”, declarou em nome de Lula, pré-candidato do PT à presidência.

Leonardo Boff afirmou que a manutenção de Lula preso está sendo utilizada para liquidar candidatura e enfraquecer o PT, para desmoralizar um projeto com dimensão social inegável. “Nunca na nossa história se fez tanto por populações marginalizadas. Ele quer voltar ao poder para radicalizar o projeto de soberania a partir dos invisíveis”.

No dia 19 de abril, Boff tentou visitar o ex-presidente Lula pela primeira vez e foi impedido pela Justiça Federal do Paraná. A primeira visita de amigos foi autorizada na semana passada.

Acesse aqui outras fotos

Edição: Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga/Agência PT
Terra Sem Males



30 dias de resistência em Curitiba na defesa da liberdade de Lula

May 7, 2018 9:35, by Terra Sem Males

Militantes se revezam há um mês em acampamento e vigília na região da sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula é mantido preso

Nesta segunda-feira, 07 de maio, os movimentos sociais e sindicais que militam em defesa da liberdade do ex-presidente Lula completam um mês de resistência com programação diária cultural, política e de formação na Vigília Lula Livre.

Milhares de pessoas, de todas as regiões do país, se revezam em caravanas que chegam a Curitiba para permanecerem acampadas e manterem as atividades da Vigília desde o bom dia, Lula, até o boa noite.

O ex-presidente está mantido isolado, numa cela adaptada na sede da PF, sem convivência com outros presos e com visitação restrita a familiares e advogados. Somente na semana passada ele começou a receber a visita de amigos, sob a condição de negociar seu tempo disponível para familiares.

O Acampamento Lula Livre foi montado na noite de 7 de abril, quando Lula saiu da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, carregado por um mar de gente, para embarcar no helicóptero que o levaria a Curitiba. Naquela noite, uma manifestação de apoio da população ao ex-presidente foi reprimida com violência pela PF e dali na militância não saiu mais.

Respeitando o cordão de isolamento imposto por um interdito proibitório da Prefeitura, que estipula multa diária milionária, os manifestantes batizaram de Praça Olga Benário o entroncamento de dias esquinas onde, desde aquele dia, uma caixa de som, microfones e tendas improvisadas recebem atos políticos e canções de resistência.

Duas semanas depois o Estado interferiu novamente, ameaçando com a aplicação da multa num momento que cerca de mil pessoas mantinham o acampamento nas ruas e nas calçadas, com estrutura de banheiros e cozinhas coletivas, fazendo do acampamento um ponto de referência para todas as esquerdas, justo em Curitiba, antes a terra da Lava Jato.

Com um acordo pela não execução da multa e do interdito, os movimentos sociais foram realocados de forma definitiva num terreno, não tão próximo, mas formalizando por lá o que hoje de configura no Acampamento Marisa Leticia.

Do acampamento anterior, em direção à sede da PF, foram mantidas as barracas de organização e a Vigília Lula Livre. Quem quiser conferir, basta ir até a rua Guilherme Matter, no bairro Santa Cândida, e acompanhar a programação de resistência.

O Terra Sem Males acompanha a Vigília Lula Livre diariamente. As abordagens podem ser lidas na categoria Acampamento Lula Livre e todas as fotos estão disponíveis na fanpage, por onde também são transmitidas as entrevistas da Casa da Democracia.

Por Paula Zarth Padilha
FETEC-CUT-PR

Saiba mais: Um mês de Vigília Lula Livre: números de solidariedade e resistência em Curitiba



Vítimas de desabamento em São Paulo estão acampadas no Largo do Paissandu

May 5, 2018 15:31, by Terra Sem Males

Um Ato em Defesa da Moradia e contra a criminalização de quem ocupa será realizado na próxima quarta-feira, 09 de maio

As famílias atingidas pelo desabamento e incêndio do prédio de vidro que desabou no dia 1º de maio permanecem acampadas no Largo do Paissandu, em frente ao local onde moravam, para reivindicar políticas públicas de moradia. Uma assembleia realizada na última sexta-feira, 04 de maio, definiu uma pauta de reivindicações com necessidades urgentes dos desalojados, como banheiros químicos.

Os ex-moradores do prédio também exigem o cumprimento do que foi prometido pelas autoridades, como auxílio-aluguel e encaminhamento para moradia popular definitiva, que sejam construídas para famílias de baixa renda no terreno da antiga ocupação, “em homenagem e memória de nossos mortos”.

Além de permanecerem acampadas próximas ao local do desabamento, as famílias organizam um ato em defesa da moradia e contra a criminalização das ocupações, que será realizado na próxima quarta-feira, 09 de maio, a partir das 14 horas, na Praça da Sé. Os manifestantes vão realizar uma marcha com destino ao Largo do Paissandu, passando pela Caixa Econômica Federal, CDHU e Prefeitura, e será encerrado com um Ato Ecumênico e Solidário no Largo.

Saiba mais: Organizações emitem nota sobre tragédia de SP

Desabamento Wilton Paes de Almeida: retrato da negação do direito à moradia pelo Estado

Prédio que desabou em SP deixou vítimas. Entre elas, os movimentos de moradia

Por Paula Zarth Padilha
Foto cedida por Daniel Arroyo/Ponte
Terra Sem Males



“A gente não pode permitir injustiças”, declara Sonia Guajajara

May 5, 2018 15:06, by Terra Sem Males

A pré-candidata a vice-presidência pelo PSOL, Sonia Guajajara, visitou a Vigília Lula Livre, em Curitiba, na manhã deste sábado, 05 de maio. A liderança indígena declarou, durante ato político realizado na Praça Olga Benário, que este não é o momento de pensar em partidarismo ao defender o direito do ex-presidente Lula ser candidato e também sua liberdade. Lula é pré-candidato à presidência pelo PT e está mantido preso na sede da Polícia Federal desde 07 de abril.

Confira matéria de Ana Carolina Caldas publicada no Brasil de Fato sobre a visita:

Sonia Guajajara: “Não é hora de pensar em siglas e sim na luta pela democracia”



CNDH promove audiência pública sobre violência contra comunicadores no Brasil

May 4, 2018 11:01, by Terra Sem Males

No próximo dia 8 de maio, às 14h, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) realiza a audiência pública “Estratégias de enfrentamento à violência contra comunicadores/as no Brasil”. A atividade foi idealizada pela Comissão Permanente de Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão do colegiado em alusão ao Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, celebrado mundialmente em 3 de maio. A audiência é aberta ao público e acontece em Brasília, na sede do Conselho.

Dentre os participantes, estão representantes de organizações da sociedade civil ligadas ao tema, além de instituições públicas, como Ministério dos Direitos Humanos (MDH), Ministério Público Federal (MPF), Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Ministério da Justiça (MJ). Participam também representante da Relatoria para a Liberdade de Expressão da CIDH/OEA e comunicadores que já foram vítimas de violência.

A proposta da audiência é fortalecer ações de proteção a jornalistas e comunicadores e de prevenção às diversas formas de violência. O tema foi extensivamente trabalhado pelo Grupo de Trabalho “Direitos Humanos dos Profissionais de Comunicação no Brasil”, criado em outubro de 2012 pelo então Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) e integrado por representantes de diversos órgãos do Estado e por organizações da sociedade civil. Os trabalhos do GT resultaram em relatório com recomendações ao poder público. Segundo avalia a comissão, de 2014 pra cá, data da edição do documento, poucas avançaram o que resultou num cenário de pouco avanço nas medidas de prevenção e morosidades nas investigações dos crimes contra este grupo.

Solicitação de informações sobre assassinatos de jornalistas

No dia 22 de fevereiro, o CNDH encaminhou ofícios a diversas instituições públicas solicitando informações sobre as ações adotadas quanto à morte dos jornalistas Ueliton Bayer Brizon (Rondônia) e Jefferson Pureza Lopes (Goiás), assassinados brutalmente em janeiro deste ano. O documento também questiona as instituições sobre medidas para o enfrentamento da violência contra comunicadores de uma maneira geral.

O Conselho relata no documento que os assassinatos dos dois jornalistas foram amplamente denunciados nacional e internacionalmente por instituições ligadas à temática, e que todas elas afirmaram que os crimes, além de atentar contra a integridade física dos jornalistas, representam uma grave violação do direito à liberdade de expressão.

A coordenadora da Comissão Permanente Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão do CNDH, Iara Moura, destaca que os dois assassinatos não são casos isolados e que o Brasil é um pais extremamente perigoso para a atuação de comunicadores e jornalistas. “Essa situação é muito preocupante porque sabemos que cada atentado desse é, além de um atentado à vida, um crime contra a liberdade de imprensa e contra a democracia”, declara a conselheira.

Audiência pública “Estratégias de enfrentamento à violência contra comunicadores/as no Brasil”

Data: 8 de maio de 2018 (terça-feira)

Hora: 14h

Local: Sala de Educação Corporativa – SCS-B, Quadra 9,  Lote C, Ed. Parque Cidade Corporate, Torre A, 10º andar, Brasília-DF

Fonte: Conselho Nacional dos Direitos Humanos

Foto: Joka Madruga



Lula é obrigado a abrir mão de tempo com a família para receber amigos

May 4, 2018 10:40, by Terra Sem Males

Após 27 dias de prisão e dezenas de negativas judiciais para receber visita de amigos, senadora Gleisi e ex-governador Jaques Wagner conseguem visitar ex-presidente.

Na tarde da última quinta-feira, 03 de maio, a Senadora Gleisi Hoffmann e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner se tornaram os primeiros amigos do ex-presidente Lula a conseguirem autorização para visitá-lo onde está mantido preso, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, desde o dia 7 de abril.

As visitas negadas incluem o teólogo Leornardo Boff, o Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel, a presidenta eleita Dilma Rousseff, uma comissão de 11 governadores, uma comissão parlamentar de deputados federais e uma comissão de senadores.

De acordo com entrevista coletiva concedida após a visita, a autorização foi possível após negociação entre a defesa de Lula e a PF, que foi autorizada judicialmente a permitir as visitas, desde que conciliadas com o dia de visitação dos familiares de Lula. A partir de agora, todas as quintas-feiras, duas pessoas poderão visitar o ex-presidente.

De acordo com Gleisi, Lula fez diversos questionamentos conjunturais: como justifica 20 milhões de empregos formais gerados no governo dele e hoje o país ter 13 milhões de desempregados? Como justifica o salário mínimo subir por 11 anos consecutivos acima da inflação nos governos do PT e há pelo menos dois anos os reajustes não serem de pelo menos reposição da inflação? Como justifica a estagnação do país? O que justifica depois de dois anos de governo Temer ter um PIB que não cresce? Como justificam que a dívida pública pulou de 39% do PIB em 2016 para 52% do PIB agora? Sobre isso, a senadora destacou que ele pediu pra lembrar que o governo do PT pegou a dívida com 60% do PIB e derrubou para 39%.

Outros questionamentos externados pelo presidente Lula foi sobre a justificativa do governo Temer para a queda no consumo das famílias, a queda da produção industrial e dos serviços, a queda dos investimentos públicos e, do outro lado, o aumento dos juros do cheque especial e dos juros do cartão de crédito, o aumento do lucro dos bancos. O ex-presidente também alertou sobre o crescente número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Como essas pessoas voltaram a ser pobres e como justifica o corte no bolsa família nesse momento?

“O presidente está muito preocupado com a situação brasileira e esse é um dos motivadores dele a ser Presidente da República, ele acha que pode voltar a reconstruir esse país”, declarou Gleisi Hoffmann à imprensa. Ela encerrou sua fala dizendo que o ex-presidente pediu para prestar solidariedade às famílias do edifício que desabou em São Paulo após incêndio e pediu para reunir um grupo para discutir a habitação brasileira, sobre o porque dos retrocessos na habitação.

Já o ex-governador Jaques Wagner falou sobre seu contato com o ex-presidente. “Encontrei ele um homem injuriado e indignado com a injustiça cometida, que não se conforma com sua condenação sem provas, ele continua pedindo que mostrem as provas. Ele está muito firme e ele quer que se respeite o patrimônio político dele e a inocência dele”, disse. Wagner reafirmou na coletiva que o Partido dos Trabalhadores não tem “plano B” para a presidência do país. “Nós vamos com ele até o final de linha, que eu espero que seja dia 7 de outubro, pois a esperança dos brasileiros está enjaulada num quarto aqui da Polícia Federal”, declarou.

Desde que Lula foi preso em Curitiba, apoiadores, militantes, amigos, movimentos sociais e sindicais se revesam em caravanas de todo o país no acampamento e Vigília Lula Livre, nos arredores da PF, mantendo programação cultural, de formação e política desde o “Bom dia, Lula” até o “Boa noite, Lula” e diversas autoridades e pessoas com relação notória de amizade com ele foram impedidos de visitá-lo por decisão da Justiça Federal do Paraná.

Por Paula Zarth Padilha
Para a FETEC-CUT PR



A verdade nos libertará

May 4, 2018 10:17, by Terra Sem Males

Neste três de maio celebramos o Dia da liberdade de imprensa. É até irônico o termo “celebração” quando temos sofrido com repressão, censura e violência em pleno século 21. Em pleno 2018.
E não podemos deixar de mencionar o quanto nós jornalistas nos inserimos nesse campo de perseguição.
 
A imprensa tem grande responsabilidade nisso.
 
Embora sejamos uma sociedade heterogênea, bastante diversa – e que bom sermos tão diferentes – temos nos unido a um pensamento único porque nos transformamos no que lemos, ouvimos ou assistimos na mídia.
A mídia tem cada vez mais trocado seu papel de informar por tentar influenciar os rumos da nação, escolhendo a narrativa que mais lhe agrada e, muitas vezes, abrindo mão do jornalismo.
 
Não, não é o único problema. Temos sérias dificuldades na educação básica, na formação das famílias, na cultura, no sistema político e judiciário, mas não podemos nos isentar enquanto imprensa.
É o sonho de muitos estudantes de jornalismo trabalhar em uma empresa célebre, um veículo comercial que dispensa apresentações porque todos reconhecem imediatamente. 
Sim, passar por uma grande redação é importante. Mas existe uma grandiosidade no jornalismo que independe de onde se trabalha. É a relevância social, o olhar voltado para as minorias, a transformação por meio da notícia e de como ela é transmitida.
 
E qual liberdade temos para fazer isso dentro dos grandes veículos? 
O fato de ser minoria impede de termos espaço e voz? Não!
 Por que temos, então, que nos tornar reféns das Hard News? Por causa dos likes?
 
Os meios de comunicação alternativos nunca tiveram tanto espaço, mas ainda são poucos para combater essa sociedade hegemônica. Até quando vamos continuar consumindo notícia só pelo oligopólio da mídia?
 
A espiral do silêncio zomba de nós. Na teoria proposta pela filósofa e política alemã Elisabeth Noelle-Neumann o importante são as opiniões dominantes.
A teoria nos vê assim: Calados, compactuando com os meios de comunicação por medo do que pensa a maioria. E, por estes, temos a formação da opinião pública.
Mas e se a maioria forem outros? E se a maioria silenciosa for o que chamamos de minoria? Permaneceremos assim?
Estamos enraizando o ônus social por medo de admitir uma ideia diferente. E sem pensar, muitas vezes, que a censura começa na autocensura.- “Eu não vou me pronunciar porque vão rir de mim.”
 
E eis que o medo começa a se transformar em um egoísmo desmedido.
– “Eu não vou reclamar que o meu estágio é de seis horas porque senão vão contratar outro!”
– “Não importa se ganho abaixo do piso, o que importa é ter um emprego”.
– “E daí se não sou formado e estou tirando emprego de um profissional?”
– “Não vou denunciar que meu colega está sendo assediado, senão posso me complicar”.
– “Não vou questionar esse governo porque ele paga o meu salário”.
– “Fulano tinha que apanhar mesmo: quem mandou apoiar movimento social?”
 
Estamos assumindo um antijornalismo por covardia e esquecendo-nos da democracia, das leis, do bom senso. Viramos caçadores de cliques. Somos ofensivos, a qualquer custo.
 
Nós, jornalistas e professores, temos papel nessa mudança.
Você, futuro jornalista, tem papel nessa mudança.
 
Vamos chegar onde eles não chegam. Vamos noticiar o que eles não noticiam. Vamos relembrar o papel social do jornalismo.
 
Nós temos uma ferramenta muito mais poderosa que qualquer equipamento, que qualquer câmera filmadora, que qualquer veículo de comunicação: Nós temos ética. E temos também todo o futuro pra revolucionar.
 
Vamos promover a liberdade de imprensa. Mas antes de tudo vamos buscar a verdade.
Curitiba-PR, 3 de maio de 2018.
 
por Silvia Valim
Jornalista, diretora de Formação do Sindijor-PR, professora universitária e integrante da equipe de colaboradores do Terra Sem Males
 


A verdade sobre o que a Gazeta chamou de “custo do acesso”

May 2, 2018 20:44, by Terra Sem Males

Essa semana o Paraná Clube serviu mais uma vez de pano de fundo para a discussão sobre a atuação da grande mídia no país. Diante da divulgação do balanço financeiro do tricolor em 2017, uma matéria da Gazeta do Povo disse ter encontrado o que chamou de “custo do acesso”.

É que em 2017 saíram do caixa do Paraná R$ 45 milhões a mais do que entraram. Mas não é correto chamar isso de déficit. Essa diferença não foi por conta do salário dos jogadores, nem por conta de falta de torcida. Aliás, o Clube arrecadou quase a mesma quantidade com receitas de TV (R$ 7,8 mi) e bilheteria (R$7mi). O que fez a balança ficar assim foi o pagamento de dívidas. Mas a notícia em nenhum momento explica a informação. Afinal, notícia ruim “vende” mais.

Esse blog conversou com a assessoria do Clube que alegou não ter sido procurada para falar sobre o assunto. Não é possível que um tema tão importante seja tratado com tamanha displicência pela Gazeta. Fica aqui a nossa crítica também ao Paraná Clube, que divulgou o balanço de forma crua. São 27 páginas recheadas de termos técnicos.  Isso permitiu a Gazeta a fazer a leitura que bem entendesse.

Insinuar que o acesso trouxe déficit financeiro ao tricolor é subestimar a inteligência da torcida. Tudo em troca de algumas centenas de cliques, o que hoje em dia gera dinheiro. Existe no Clube uma política de salários enxutos, de controle de gastos e busca pelo equilíbrio financeiro. Isso precisa ser abordado quando falamos na campanha do acesso.

E vamos a Chapecó!

Confira aqui o balanço financeiro de 2017

Texto : Marcio Mittelbach

Foto: Geraldo Bubniak/Paraná Clube



Lula, um hóspede do barulho

May 2, 2018 18:49, by Terra Sem Males

A operação Lava Jato tem pelo menos quatro forças tarefas atuando pelo país: Curitiba, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. No entanto, em nenhuma das outras cidades a fetichização da operação é tão grande como na capital do Paraná. Por aqui, não são poucos os carros (já foram mais) e as manifestações em apoio à investigação. Talvez essa sensação de “donos da Lava Jato” ocorra por ela ser berço do processo e porque em Curitiba está situado o juiz de primeira instância, Sérgio Moro, responsável por perseguir Lula e o PT enquanto outros ramos da Lava Jato avançaram sobre outros partidos políticos.

Esse orgulho curitibano cresceu na medida em que o ex-presidente Lula nomeou a cidade como “República de Curitiba”, em uma alusão a “República do Galeão”, onde se atuava contra Getúli Vargas. No entanto, na esclarecida Curitiba, se ignorou o fato histórico apenas para criar o marketing: “aqui se cumpre a lei”. A ideia era propagandear uma cidade diferenciada do restante do país, onde o combate à corrupção e a tolerância aos maus feitos políticos não são aceitos.

Essa turma que se apropria da justiça, ou do justiciamento, é formada pelos mesmos “cidadãos de bem” que ignoram (por má fé ou alienação Santa) que a cidade onde “se cumpre a lei” é a mesma que assiste as impunidades do agora ex-governador Beto Richa (PSDB), investigado em pelo menos quatro processos de corrupção, entre eles desvio de recursos na construção de escolas e de impostos na Receita Estadual. Na “cidade em que a lei é um bem maior” pelo menos meia dúzia de vereadores são investigados pelo Ministério Público por corrupção e uma vereadora aguarda (tranquilamente) decisão na Câmara Municipal sobre denúncia – com provas – de que ela ficava com parte dos salários de seus comissionados. Lá se vão mais de oito meses de impunidade sem se ouvir uma única panela.

Contudo, a República de Curitiba anda incomodada com seu principal hóspede, o presidente Lula. Desde que a operação contra ele foi iniciada, muitos curitibanos festejavam, em tom de orgulho e supremacia, e o aguardavam na cidade para ser enjaulado. Era o extermínio da corrupção. Mas Lula, que não veio a Curitiba, conforme o desejo de Moro, algemado para prestar depoimento em condução coercitiva, esteve livre na cidade por diversas vezes. Duas delas emblemáticas. Uma após sua caravana pelo sul do país, quando chegou à cidade na perspectiva de que seria preso, mas trazia em seu bolso um habeas corpus do STF. A outra quando prestou depoimento pela primeira vez a Moro, num duelo de Bang Bang narrado pela mídia, que terminou em comício na Praça Santos Andrade para milhares de brasileiros. A liberdade dele e a capitalização política do confronto até fizeram com que o juiz paranaense mudasse a estratégia e não quisesse mais ouvi-lo presencialmente.

Meses depois, Lula enfim seria preso em Curitiba, mas sem “o japonês da federal ao lado” ou imagens que pudessem apresentá-lo como um troféu para os denominados coxinhas. Rapidamente, o sonho dessa turma virou pesadelo. Ao encarcerar o sindicalista na PF, os lava-jateiros esperavam poder fazer seu passaporte para os EUA e ainda ter a oportunidade de tirar uma selfie com o ex-presidente atrás das grades. Quem sabe, excursões não seriam organizadas com o roteiro passando pela 13a Vara de Curitiba, no Ahú, e terminando no bairro do Santa Cândida, com o guia clamando que “aqui está o ex-presidente, preso por corrupção e por destruir o país”.

A realidade mostrou-se bem diferente. Excursões estão sendo realizadas e a Superintendência da PF virou ponto turístico das caravanas daqueles que defendem Lula. A estratégia de encarcerar o maior líder da esquerda brasileira e dar tempo ao tempo para que ele fosse esquecido não surtiu efeito. Ainda mais depois de ontem (1o de Maio), quando a conservadora cidade foi tomada pelos vermelhinhos dos movimentos sindicais e sociais. Curitiba se tornou a capital da resistência dos que querem Lula livre. Nem mesmo as bombas da polícia em sua chegada em 7 de abril ou os tiros contra o acampamento removem a ideia dessa gente de que é necessário libertar seu preso político.

Ciente disso, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN) tenta jogar para a torcida. Ele, que, ao invés de recepcionar os adversários políticos, como deve ser feito por um homem educado, civilizado e republicano, como primeiro ato solicitou o interdito proibitório da região. Agora, novamente, solicita que Lula e seus seguidores sejam expulsos do bairro Santa Cândida. Argumenta, e com razão, que o local não tem alvará e estrutura para abrigar importante figura política. Na prática, Greca não conseguiu capitalizar com a prisão e percebeu que o circo da Lava-Jato não rende mais tanta bilheteria.

Mas há um grande problema em retirar de Curitiba seus ares cosmopolitas de centro político brasileiro e retornar ao pacato provincianismo jacú de uma cidade que tinha apenas como rótulos a antiga antipatia de seu povo e as quatro estações em um mesmo dia. Com Lula fora de Curitiba, se encerra a mística da honestidade que embalou tantos discursos oportunistas. A remoção dele para qualquer canto só vai provar que o ex-presidente jamais deveria ter sido trazido para a cidade, reforça o discurso de que Moro era incompetente para julgar Lula e amplia o argumento de um preso político que tem a capacidade de ganhar a eleição e fazer novamente o povo, livre da sanha autoritária e neoliberal que prende o país, subir a rampa do Planalto.

por Manolo Ramires, do Porém.Net

Foto: Joka Madruga