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Terra Sem Males

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April 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

FOTOS: Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial

March 13, 2018 23:50, by Terra Sem Males

Oficialmente o Fórum Social Mundial 2018, que acontece de 13 a 17 de março na capital baiana, iniciou na tarde desta terça-feira (13), com a marcha dos povos. Com o lema “Resistir é criar. Resistir é transformar!” várias organizações, coletivos, redes e pessoas expressaram suas lutas por “Um outro mundo possível!”.

O repórter fotográfico Joka Madruga, editor do Terra Sem Males, está na cobertura do FSM a convite da equipe do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que lançará a Teia de Comunicação Popular do Brasil na próxima quinta-feira (15), a partir das 9h.

Confira abaixo algumas imagens do primeiro dia.

Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES Salvador – Bahia – Brasil. Foto: Joka Madruga/NPC/TERRA SEM MALES



FOTOS | Mulheres marcham em Curitiba por direitos

March 9, 2018 20:47, by Terra Sem Males

Confira algumas fotos do repórter fotográfico Joka Madruga sobre a Marcha das Mulheres no último dia 08 de Março em Curitiba-PR.

Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES Foto: Joka Madruga/TERRA SEM MALES



Trabalhadores dos Correios iniciam greve na segunda (12)

March 9, 2018 20:35, by Terra Sem Males

Sucateamento da empresa visando a privatização é o principal motivo

Os trabalhadores dos Correios em todo o Brasil entram em  greve, por tempo indeterminado, a partir de meia-noite, desta segunda-feira (12). No Paraná, a decisão foi tomada, por unanimidade, em assembleias realizadas entre os dias 2 e 5, nas cidades de Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guarapuava e Ponta Grossa.

Os trabalhadores alegam não suportar mais o sucateamento da empresa que visa a privatização. O extremo da crise são as novas regras sobre o plano de saúde dos funcionários, cuja proposta da empresa foi acolhida pelo Tribunal Superior do Trabalho e será julgada no dia 12. Dentre as principais mudanças no plano, estão a cobrança de mensalidade de titular e dependentes, aumento de 300% no percentual de coparticipação de consultas e exames e exclusão de pai e mãe. Tais mudanças, na avaliação dos trabalhadores, irão inviabilizar o direito à assistência médica.

Hoje, 90% dos trabalhadores dos Correios têm um salário médio de R$ 2,3 mil mensais bruto. Já os cargos de indicação política, tanto nos Correios, quanto na Postal Saúde, são acima de R$ 20 mil acrescidos de gratificações. De acordo com os trabalhadores, o Plano de Saúde é fruto de negociações coletivas de décadas e sua implantação foi como uma contrapartida aos baixos salários da categoria (o menor salário das estatais). Foi uma espécie de anestesia à luta por melhorias salariais e uma resposta às condições de trabalho degradantes.

O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sintcom), Marcos Rogério Inocêncio (China), explica que “a mudança o plano de saúde é o limite do insuportável diante dos ataques que a empresa tem feito aos funcionários”. Segundo ele, os trabalhadores não aguentam mais ver a empresa sendo destruída e ainda tendo que arcam com o ódio dos clientes por problemas dos quais eles não são culpados.

Os atuais, recorrentes e crescentes problemas nas entregas de cartas e encomendas são propositais para manipular a opinião pública contra os Correios, reforçando o apoio a favor da privatização, já em andamento, de acordo com China.

“A privatização dos Correios já está acontecendo de dentro para fora. O enxugamento da empresa está se dando por meio de programas de demissões incentivadas, extinção de cargos, fechamento de agências, sucateamento da frota e de maquinário, redução da jornada de trabalho e de salários, terceirização precária de atividades essenciais, aumento no repasse às agências franqueadas em contrapartida ao fechamento de unidades próprias. O déficit apontado pelo atual presidente da ECT, o deputado derrotado em São Paulo, Guilherme Campos (PSD/SP), nada mais é que resultado de má gestão e maquiagem contábil”, esclarece Marcos Rogério Inocêncio (China), secretário geral do sindicato.

China acrescenta que nesta semana, a direção dos Correios acaba de anunciar o fechamento de todas as agências “sombreadas”, ou seja, aquelas que possuem unidades próximas uma da outra, despejando na rua milhares de funcionários concursados por meio de demissão motivada. “O objetivo é enxugar, terceirizar o que restar, acabar com a universalização do atendimento e privatizar os setores mais lucrativos nos grandes centros urbanos, onde gigantes do mercado internacional tendem a concentrar os serviços e criar cartéis com tarifas exploratórias”, denunciou China.

Guilherme Campos teve campanha patrocinada por bancos e operadoras privadas de plano de saúde 

O candidato a deputado federal, Guilherme Campos (PSD/SP) – não eleito – declarou ter gasto R$ 3,2 milhões durante a campanha de 2014. Desse valor, R$ 760 mil foram doados por bancos e empresas de plano de saúde privados, ou seja, um quarto da campanha foi financiada por empresas que têm interesse em acabar com o plano de saúde dos Correios para ganhar o direito de explorar 391 mil vidas de trabalhadores dos Correios e seus dependentes.

Os principais motivos dos atrasos na entrega de correspondências e encomendas

Além da falta de concurso público (o último foi em 2011), algumas medidas em curso estão afetando todos os setores da empresa, sendo os principais:

– Distribuição Domiciliar Alternada: começou em caráter experimental e nesta semana será implantado em todo o Brasil. Agora, as entregas não serão mais diárias, serão em dias alternados, aumentando a abrangência de entrega para cada unidade. Ex. a cidade onde o único centro de distribuição entregava cartas e encomendas num raio de 50 km, passará a entregar em 300 km. Sem funcionários a mais para isso.

– falta de funcionários: Diminuiu de 125 mil (em 2013) para 106 mil (2018). A meta é demitir mais e reduzir para 88 mil empregados. O último concurso foi em 2011. No Paraná, houve redução de 13% no quadro, passando de 6.700 funcionários (2013), para 5.834 em 2018.

– extinção de cargos: acabaram de extinguir o cargo Operador de Triagem e Transbordo (OTT).  Possuem como principais atribuições o processo de tratamento e encaminhamento de cartas e encomendas – incluindo manuseio, preparação, triagem, separação e conferência dos mais de 30 milhões de objetos (cartas e encomendas) entregues pela estatal todos os dias. A empresa pretende extinguir também os cargos de carteiros e atendentes para terceirizar a função.

No Paraná, há 670 OTTs concursados e cerca de 600 terceirizados. Os concursados ficam três meses em treinamento antes de exercer a função e respondem a processo administrativo por atrasos ou avarias na carga. Os terceirizados não recebem treinamento, ficam em média três meses na empresa e são substituídos. Ganham menos, não têm assistência médica (erguem até 30 kg de carga) e estão com salários atrasados. A empresa contratada está sendo acusada de não recolher FGTS e INSS.  

– fechamento de agências próprias: acabaram de anunciar o fechamento de 2.500 agências próprias e cerca de 15.500 funcionários serão demitidos (“demissão motivada”). No ano passado, foram fechadas 200 agências.

– sucateamento da frota e estrutura física: os veículos têm mais de 10 anos de uso e são utilizados 24h por dia, sete dias na semana. Quando quebram, não são substituídos e ficam meses nas oficinas para reparação (no PR, a empresa responsável pelos consertos é a mesma que faz a manutenção nas viaturas de Polícia Civil e Militar do Estado). O teto dos centros de tratamento, de distribuição e agências estão prestes a desabar, com goteiras, os móveis e computadores são velhos e danificados;  

– suspensão de férias: no ano passado, as férias foram suspensas nos meses de novembro, dezembro e janeiro. Neste ano, estarão suspensas a partir de abril por prazo indeterminado. Mas só para os operacionais (carteiros, atendentes e operadores de cargas, os cargos executivos podem tirar férias).

– falta de segurança: retirada de vigilantes onde funcionam os bancos postais, falta de segurança e monitoramento nos veículos de entrega, levando a inúmeros assaltos;

– indenizações: os Correios são condenados indenizar os funcionários vítimas de assaltos por não ofertar segurança, assim como a Postal Saúde a se negar a prestar tratamento médico e descredenciar médicos e hospitais, deixando os trabalhadores sem assistência em diversas cidades;

– contratos milionários sem licitação: os Correios destinarão R$ 930 milhões em 12 meses para empresas e serviços que jamais foram demandados pelos setores específicos da empresa e que não passaram por nenhum tipo de concorrência.  É praticamente o valor que os Correios alegam de déficit em 2017: cerca de R$ 1,3 bilhão. O lucro anual da empresa é de R$ 19 bilhões;

– Campanhas de marketing e patrocínios: Desportos Aquáticos (R$ 5,7 mi), R$ 3 milhões para a Federação Brasileira de Filatelia. R$ 2 milhões são de patrocínio somente para o rugby. Tênis (R$ 2 mi). Handebol (R$ 1,6 mi). Squash (R$ 400 mil);

– repasse para o Governo Federal – repasse de R$ 6 bilhões do lucro da empresa para fazer déficit primário. Sem nenhuma contrapartida;

– maquiagem contábil no Plano de Saúde para alegar déficit – Análise feita pelo Dieese comprovou que mudanças artificiais e repentinas nas regras contábeis aumentaram em 345,80% as despesas com o pós-emprego (aposentados). Uma dessas mudanças coloca como despesa atual o gasto futuro (daqui a 10 anos) com aposentados, considerando que a expectativa de vida será de 84 anos, enquanto o IBGE trabalha com 74 anos.

por Cinthia Alves

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil



“Crenças que nos limitam”, discurso de Silvia Valim no 08 de Março

March 9, 2018 9:35, by Terra Sem Males

Durante o 3º prêmio Sescap de Jornalismo, a Diretora de Cultura do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, Silvia Valim, fez um discurso representando a entidade. Confira abaixo:

“Talvez não precisássemos falar da mulher no histórico 8 de março se já não houvesse desigualdade, violência e preconceito de gênero.
Ainda é preciso provar diariamente que a mulher é merecedora. Mas insistem em criar definições pra nós: “sexo frágil” ou “delicada”. Às vezes “amorosa” ou “caprichosa”.

Nenhum demérito em ser amável.
Mas não são por essas definições que mulheres lutam.
Lutamos por salários melhores.
Lutamos por respeito.
Lutamos para ser quem e como quisermos.
Sem as amarras de uma cultura que insiste em nos colocar em um rótulo.

Crenças que nos limitam.

Não será de um dia pro outro. Não será só com palavras. Não será hoje. Por isso a luta é contínua.

Muitas são homenageadas nessa data. E, pessoalmente, também não vejo problemas nisso.
Mas no dia a dia enfrentam assédio moral e sexual. Suportam a violência de homens que insistem em considerar que nós precisamos nos sujeitar aos seus caprichos.
Não, eu não quero generalizar. Porque seria injusto.
Só que mais injusto seria afirmar que são em poucos locais de trabalho que isso ocorre.

Se uma mulher é dura com as palavras, é porque é “mal amada”. É “descontrolada”. Está “naqueles dias”.
Se um homem é duro com as palavras, “é enérgico. É um “líder nato”. Tem “pulso firme.”
Se um homem é promovido é porque “ele merece”. Porque é “inteligente”, ou “batalhou por isso”.
Se uma mulher é promovida… nós já sabemos o que dizem.

Crenças. Definições que nos limitam.

Conquistamos muito, é verdade! Afinal, nós podemos!
Hoje somos a maioria nas redações. Estamos em altos postos em muitas profissões.
Mas a discriminação ainda existe.
O machismo ainda resiste. Assim como o racismo. Assim como a homofobia. Assim como a xenofobia.

Isso é medo. É injustiça. É impor limites a quem merece liberdade.

Mas hoje, quando não nos silenciamos, trago o que Simone de Beauvoir registrou em seus escritos à nós, mulheres, mas pensando nos homens:
“Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância”.

Em nome de todas as mulheres, obrigada a você que respeita nossa história, que respeita nossa luta.

Aos que não, ainda dá tempo.

Eu, mulher.”

8 de março de 2018

Foto: Adilson Faxina



8 de março é feminista!

March 9, 2018 9:11, by Terra Sem Males

Mulheres ocuparam as ruas em Curitiba para denunciar machismo, violência e opressão do capitalismo mas também para mostrar que nenhuma mulher anda só.

Na noite de quinta-feira, 8 de março de 2018, Dia Internacional da Mulher, as ruas de Curitiba foram palco de um grande ato protagonizado pelas mulheres. As mulheres que são de luta, que se identificam em organizações coletivas, em movimentos de resistência, feministas, sociais, sindicais, estudantis, político-partidários, populares. Grandes coletivos em que o recorte de raça e de classe social têm como ponto de convergência o recorte de gênero.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

As mulheres ocuparam as ruas para denunciar, através de um mar de gente, que o 8 de março é feminista, pois são as mulheres quem mais sofrem com a violência, na “divisão” de tarefas, na responsabilidade pelos filhos e filhas, com o acúmulo de jornada, a de trabalho e a do lar. E também socialista, pois são as mulheres quem mais sofrem com as opressões do capitalismo, desde a desigualdade salarial até a objetificação dos corpos para fins comerciais.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

Essas mulheres ocuparam as ruas representando todas as outras mulheres que lá não estavam, para a realização de uma grande marcha e também de cinco atos temáticos, performatizados em diferentes pontos do centro da cidade. Contra o machismo, contra a violência, contra as opressões do capitalismo, pelo poder feminista, pela soberania de nossos corpos, da vida, do Estado e da natureza, pela pluralidade das mulheres, por mais direitos e nenhum retrocesso. Todas protagonistas de suas lutas diárias se reuniram na coletividade para reafirmar ao mundo o empoderamento de não estar só, de se reconhecer nas condições de sobrevivência de outras mulheres.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

As mulheres são sobreviventes. E as mulheres negras são mais. As mulheres negras ocuparam as ruas de Curitiba para denunciar que os assassinatos, os homicídios de suas irmãs são o dobro do que sofrem as mulheres brancas. Para denunciar que Curitiba é a 9ª capital com mais casos de feminicídio. Porque estamos em 2018 mas a mídia hegemônica ainda insiste em divulgar feminicídio, o homicídio de mulheres pela sua condição de mulher, como “crime passional”. Denunciar que a taxa de feminicídio no Brasil é a 5ª maior no mundo. Que 12 mulheres são assassinadas por dia.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

Neste ato, realizado na esquina da Rua Monsenhor Celso com a XV de Novembro, as mulheres, em coro, contavam até 11, para deitarem ao chão, numa performance para denunciar que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

A marcha seguiu, com batuque das mulheres, com palavras de ordem das mulheres, que querem a democracia, que não aceitam que toda a política do país seja governada massivamente por homens brancos. A busca pela representatividade na política se reflete na perda de direitos. Se os trabalhadores perderam muito após o golpe contra a presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff, as mulheres trabalhadoras perderam mais.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

Em um caldeirão, as mulheres queimaram, no último ato, cartazes que representam todos os retrocessos contra a luta, que é feminista: não queremos segregação nos espaços públicos, não queremos a criminalização da pobreza, não queremos tarifas de pedágio, não queremos a terceirização, não queremos a poluição, não queremos a privatização, não queremos que os governos limitem os investimentos do Estado em saúde e educação, não queremos assédio moral, não queremos agrotóxicos, não queremos golpe, não queremos reforma trabalhista, não queremos reforma da previdência, não queremos intervenção militar, não queremos machismo, não queremos patriarcado, não queremos violência, não queremos trabalho precário.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

As mulheres lutam pela democracia participativa feminista, pela representatividade nos espaços de poder, pelo fim da violência contra as mulheres, contra as mulheres negras, contra as mulheres pobres, contra as mulheres camponesas, contra as mulheres transgênero, contra as mulheres lésbicas. Pelo direito de ir e vir, pelo direto de estar onde quiser, de vestir o que quiser, pela tranquilidade de poder ocupar a rua e os espaços públicos sem sofrer assédio moral ou sexual.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

A Marcha de 8 de março realizada em Curitiba reuniu milhares de mulheres, convocadas e organizadas especialmente pelos coletivos feministas Rede de Mulheres Negras e Marcha Mundial das Mulheres, mas encorpada pelas mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens, pelas Promotoras Legais Populares, pelas camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, pelas Mulheres do Movimento dos Moradores de Rua, de movimentos por moradia, por estudantes, pelo Levante Popular da Juventude, por coletivos feministas de partidos políticos de esquerda, pela Frente Feminista de Curitiba e região, pela Central Única dos Trabalhadores, por mulheres trabalhadoras representantes de sindicatos de diversas categorias.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

O ato das mulheres extravasou o que sentimos todos os dias ao sobrevivermos a todas essas opressões, ao sermos mulheres, mães, trabalhadoras, estudantes, donas de casa, administradoras de nossas próprias vidas e da vida dos outros, ao sermos subjugadas diariamente por atribuídas incapacidades que não temos. Estar na Marcha 8 de Março com essas mulheres é um alento e ao mesmo tempo revitalização de nossa resistência, através da certeza que só andamos bem, mas juntas andamos bem melhor. Empoderamento é resistência.

Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto Marcha 8 de março em Curitiba. Foto: Annelize Tozetto

Por Paula Zarth Padilha, editora e repórter do Terra Sem Males, formada pela turma Dandara dos Santos (2017) do coletivo feminista Promotoras Legais Populares.
Fotos de Annelize Tozetto, fotojornalista, feminista, militante LGBTI.
Terra Sem Males

O Terra Sem Males publicou alguns vídeos na fanpage. Acesse aqui para assistir.



Dia Internacional da Mulher: “Gosto de trabalhar no chão de fábrica, ser metalúrgica”

March 8, 2018 10:11, by Terra Sem Males

Oito de março é o Dia Internacional da Mulher. Durante esse mês acontecem ações em todo o mundo por igualdade de direitos. No Sindimovec não é diferente e quem tem propriedade pra falar sobre isso é Rosi Cunico, única diretora da entidade e que faz parte do Conselho da Mulher de Campo Largo

“Eu gosto de conversar, saber o que está acontecendo em Campo Largo, me envolver. Assim como gosto de trabalhar no chão de fábrica, ser metalúrgica. Eu gosto”. Essas palavras são de uma trabalhadora que este ano completa 17 anos na área metalúrgica. Seu nome: Rosi Cunico, 38 anos, quatro como diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo, o Sindimovec: “gosto de sindicalismo, de defender o direito dos trabalhadores. No meu ponto de vista, o resumo do sindicato é esse: defesa do direito trabalhista. Muitas pessoas não conseguem perceber isso. Assim como não percebem que quem fortalece um sindicato é o funcionário”.

Atualmente ela é a única diretora mulher do Sindimovec, é comunicativa, sempre pró ativa, gosta de ajudar as pessoas e de passar conhecimento para os mais novos. “Mesmo sendo poucas as mulheres que trabalham hoje nessa área, na CAT, em 2013 aproximadamente 30% eram mulheres na produção. Já em 2017, a maioria dos prêmios de qualidade, na empresa, foram entregues para mulheres”, explica a funcionária da Caterpillar (CAT).

Quando questionada sobre como se tornou metalúrgica, Rosi explica que começou a trabalhar na Lorenzetti, em Campo Largo, em 1998: “tinha 18 anos. Entrei como soldadora. Fiquei 11 anos trabalhando lá. Depois saí, procurei outros serviços, mas voltei pra área metalúrgica. Agora vai fazer seis anos que estou na Caterpillar, onde há mulheres que trabalham como supervisoras, gestoras, técnicas de segurança, engenheiras, além de outras áreas dentro da empresa”.

Dia da Mulher

Sobre o Dia Internacional da Mulher (08), Rosi foi direta: “acho que a mulher tem que ser valorizada em todos os sentidos. Antigamente a mulher era privada de muitas coisas, hoje já evoluiu, mesmo assim, deveríamos ser mais participativas”. Para a dirigente sindical, a luta por igualdade de direitos passa pelo enfrentamento da mulher no combate ao assédio e nas denuncias de abusos.

Rosi também vê este ano (2018) como o momento de iniciar uma nova fase na sua vida. Ela agora é Secretária no Conselho da Mulher de Campo Largo: “esse ano comecei no Conselho. Estou achando super bacana. Ali há debates, vemos a dificuldade das mulheres na cidade, principalmente nos bairros, e podemos trabalhar para melhorar isso”. Para ela o Conselho é fundamental, pois pode atuar em questões pontuais como a saúde da mulher.

Sindicato e Conselho da Mulher: luta por adesão

Imagine você, mulher, durante seu trabalho, ter a função de ensinar um aprendiz homem. Até aí tudo bem. Mas e quando essa pessoa não consegue ser ensinada por uma mulher? O que fazer? Rosi explica que isso já aconteceu com ela: “uma vez, quando fui ensinar um menino, ele só observava de longe. Aí depois, quando tinha alguma dificuldade, não perguntava pra mim, perguntava para o menino ao lado. Então isso ainda existe”.

A dirigente do Sindimovec explica ainda que há muito trabalho pela frente: “acho que a mulherada tinha que se envolver mais, enfrentar o desafio de se aproximar de um sindicato”. Mas a dificuldade não está apenas na esfera sindical: “no Conselho Municipal da Mulher também são poucas as mulheres que querem participar. Não sei se ficam com medo, mas não querem se envolver. E é aí que perdemos ponto, porque precisamos mostrar que podemos enfrentar e conquistar direitos”, completa Rosi.

Sobre estar num sindicato, ela explica que gosta muito da experiência. Considera o não envolvimento das mulheres no sindicalismo culpa de alguns homens. “Eles acham que sindicalismo não é coisa de mulher porque tem que viajar, tem reunião aqui, reunião lá, mas não é tudo isso. Acho que o homem põe na cabeça da mulher que sindicato é só dor de cabeça, sendo que às vezes não é”, explica.

Ainda sobre o sindicalismo, para ela o momento é de diálogo com a base: “a mídia mostra totalmente o inverso do que é a realidade sindical e as pessoas vão pela mídia. Precisamos orientar, explicar a versão do Sindicato. Muita gente pega a informação que a grande mídia divulga e ela é totalmente contra nossa atividade”.

Prova disso, conclui Rosi, foi quando ela participou de um protesto promovido pelas centrais sindicais, em Brasília, no ano passado: “eu estava lá. Aí quando entramos no ônibus pra voltar, tivemos contato com o que a mídia estava noticiando. Era totalmente o oposto do que tinha acontecido. Aí a pessoa não está lá vendo o que de fato acontece e acredita em uma versão”.

 

Por Regis Luís Cardoso (texto e foto).



*Jornaldo – Jogos, trapaças e dois jornalistas meliantes

March 7, 2018 23:50, by Terra Sem Males

Você sabe que a coisa tá feia quando sua liberdade começa a ser restringida. Foi assim que eu me senti quando trombei com um dos grandes fanáticos pelo Sindijorzão. O Valkiller.

O extremismo é complicado. Perigoso. E Valkiller é um representante extremo do futsal raiz. Tênis Topper preto, meião verde, caneleira grande, bermuda jeans abaixo do joelho, cofrinho a mostra e camiseta de time justa; devido à largura da barriga. Precisa dizer mais alguma coisa?

Quero registar aqui que esse cara me enquadrou num dos corredores da Stark e exigiu que eu escrevesse algumas linhas sobre sua pessoa. Como me senti intimidado, fui procurar o Sindicato.

Então, rapidamente, as coisas se resolveram. O Sindicato intermediou a situação e me protegeu das arbitrariedades. Agora, com o assunto resolvido, acredito que, no próximo domingo, eu consiga acompanhar a rodada do torneio com segurança.

Outra coisa. Depois desse ocorrido, pensei comigo: “pô, nessas horas o Sindicato está sempre pronto pra me ajudar, mas quando ele me chamou pra última plenária, no dia 1º de março, por exemplo, eu não fui!”.

Não adianta, o sindicalismo é igual um time de futsal: se não houver união e entrosamento, cada indivíduo vai correr pra um lado, atrás do seu interesse, e, no final da partida, vão perder todos juntos de goleada. Essa é a verdade.

E já que falei de Sindicato, gostaria de atualizar uma situação. Venho acompanhando o trabalho do TJD relativo à ação coletiva sobre a jornada excessiva em quadra. A judicialização do torneio tem sua origem na reclamatória dos atletas da terceira idade. Nos bastidores, após iniciar a tramitação dessa ação, uma guerra não declarada se iniciou.

Não é a primeira vez que as facções do torneio se envolvem em temas polêmicos. Alguns times inclusive pagam pessoas treinadas pra espalhar ‘fake news’ e gerar discórdia. Como é o caso da ‘CPI dos Mesários’. Ridículo! Só falta dizer que querem árbitro de vídeo!

Mas voltando ao Master do Sindijorzão, essa é a modalidade em que os grandes pensadores da bola entram em quadra. E digo mais: atualmente, também é o lugar onde os coroas encontram esperança!

Isso mesmo. No último domingo, suspeitei da movimentação que ocorria nas redondezas da ‘mesa da cerveja’ lá no fundão do salão da Stark. Disfarçadamente me aproximei e identifiquei um meliante, vulgo ‘Diabo Loiro’, recolhendo dinheiro de alguns atletas.

Detalhe: após o recebimento do dim dim, ele passava aos coroas uma espécie de cápsula. Havia inclusive uma fila pra adquirir o produto.

Descobri também que se tratava da ‘cápsula do amor’, nome conhecido no submundo. Ou seja, o tal do ‘Diabo Loiro’ comercializa e faz fortuna com uma espécie de Viagra falsificado! Parece que agora a organização do Sindijorzão está avaliando como conter essa epidemia medicamentosa.

Dizem que houve um acordo entre ‘Diabo Loiro’ e Manolo Ramires pra colocar clandestinamente as cápsulas na boca dos atletas. De acordo com fontes que preferiram não se identificar, o objetivo de Ramires é amolecer o coração dos jogadores que compõe a ação coletiva contra a organização do torneio.

Vale lembrar que o nome ‘Manolo Ramires’ surgiu após algumas investigações preliminares. Porém, antes desse processo, ele precisa responder na justiça sobre sua ligação com os jogos de azar.

De acordo com o MP, Ramires é o principal articulador das apostas do Sindijorzão. O cubano, inclusive, estava com prisão decretada, mas após vazamento da informação, sumiu. Obviamente isso explica sua ausência na última rodada do campeonato. Agora ele é um foragido da justiça.

Ressalto ainda que esse indivíduo viveu muito tempo em Cuba. Antes da revolução, ele comandava alguns cassinos em Havana. Por lá, as principais atrações eram Frank Sinatra e Tony Benett. Agora, no Brasil, ele montou um circo! Nomes como Soroca Eterno e Júlio Cambalhota fazem parte da sua trupe.

O fato é que, após a revolução, Ramires precisou fugir. Seus cassinos eram financiados pelos ianques e foram confiscados pelos cubanos. Hoje, no Sindijorzão, ele utiliza estrategicamente a narrativa de admirador do Che. Aí eu pergunto: até quando essa farsa vai continuar?

Um segredo: sei disso tudo porque recebi revelações dos mesmos profetas divinos daquele delegado gaúcho – do caso da seita satânica. Mesmo não tendo certeza e nem convicção, Ramires é sócio do ‘Diabo Loiro’. São dois meliantes de alta periculosidade.

Aliás, pra quem não sabe, o ‘Diabo’ veste Tranqueiras. E se alguém assistiu à partida entre seu time contra o Che, no Master, provavelmente escutou seus urros em quadra. Isso porque ele estava claramente possuído. Chegaram a dizer que merecia um prêmio de melhor ator do Sindijorzão. Infelizmente não existe essa modalidade, mas, de fato, aquilo foi uma possessão.

E já que eu falei em seita, veja como é a tal da superstição no futebol. A Pati Zeni, goleira do time Larga Mão, que o diga. Ela foi dispensada da equipe das Arsênicas e, justamente no enfrentamento entre os dois times, ganhou o prêmio de melhor em quadra. Pra quem acredita na ‘lei do ex’ fica aí o registro.

Mas quando se fala em superstição, muitas vezes entendemos como algo mais profundo. E é verdade. Um exemplo foi o que aconteceu com o ‘Homem Cueca’, jogador que atuou com as bolas “balançando e a cueca enfiada no cu”, como ele mesmo descreveu.

Muitos queriam saber sua identidade… ainda bem que eu preservei minha fonte. Vocês acreditam que, após a notícia da cueca rasgada se espalhar pelo mundo, o ‘Homem Cueca’, mesmo sem ter sua identidade revelada, está com depressão?

Pra minha tranquilidade, o motivo não foi a exposição do ocorrido. Sei disso porque fui até sua casa tentar uma exclusiva. Infelizmente ele não quis falar. Pedi pra tirar uma foto da cueca, mas ele também recusou. “Eu nem a lavei ainda”, disse choramingando.

Fiquei preocupado e, antes de partir, disse pra esposa dele tirar a cueca de perto, pois ele poderia fazer alguma besteira. Afinal, não é sempre que se perde uma cueca da sorte.

 

*Por Jornaldo.

**Conheça a page do Jornaldo no Face!



Justiça cede liminar para crianças com síndrome de down e prefeitura de Curitiba entra com pedido de cancelamento 

March 7, 2018 19:11, by Terra Sem Males

Pedido refere-se à retenção dessas crianças no Pré II da Educação Infantil por orientação pedagógica. Crianças especiais estão sem aula há quase um mês 

A Secretaria Municipal de Educação de Curitiba entrou hoje (06/03) na 2ª Vara da Infância e da Juventude e Adoção de Curitiba com pedido de cancelamento de liminar cedida por este mesmo órgão da justiça para que quatro alunos com síndrome de down fossem retidos, e pudessem cursar novamente o Pré II da Educação Infantil em CMEIs da Prefeitura de Curitiba.

A Secretaria de Educação, por meio do Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado (DIAEE), se reuniu três vezes desde agosto do ano passado com pais desses alunos da Educação Infantil, CMEIs. Em todas as ocasiões, este órgão passou por cima de indicações dos próprios pedagogos e professores que acompanharam estes alunos durante o ano letivo inteiro, além de terapeutas e especialistas que concordam com estes profissionais, de que o melhor para o processo de aprendizagem destas crianças especiais seria a retenção no Pré II nestes mesmos CMEIs. 

Usando a tática de provocar cansaço e contando com o desespero dos pais por não ter escola para seus filhos no começo deste ano, o DIAEE protelou ao máximo conceder as respostas e entregar as atas dessas reuniões, conseguindo que vários pais desistissem dessa luta pelo melhor para seus filhos. Ao final, uma semana antes do início das aulas, sobraram quatro mães e pais que não desistiram e entraram com ação conjunta no Ministério Público (MP). No total, cerca de 250 crianças tinham a mesma necessidade. 

Acatada pelo MP, a ação de “Obrigação de Fazer” foi julgada e concedida tutela provisória de urgência para que os quatro alunos fossem finalmente matriculados no curso Pré II da Educação Infantil. Liminar concedida ontem, dia 5 de março, teve pedido de cancelamento hoje (06/03) pela Secretaria de Educação de Curitiba junto à 2ª Vara da Infância e da Juventude e Adoção de Curitiba. 

Este pedido último da Secretaria de Educação deixa impressionados os pais que já vêem seus filhos especiais sem irem para as aulas desde o começo do ano letivo, no dia 19 de fevereiro passado. Pois sendo alunos especiais terão uma tarefa ainda maior para alcançar os colegas, que estão em aula há quase três semanas.

por Ana Carolina Caldas

Foto: Manoel Ramires



Conselho Nacional dos Direitos Humanos verifica cumprimento de recomendações e visita centros de acolhimento em São Paulo

March 7, 2018 8:05, by Terra Sem Males

O Conselho também irá se reunir com autoridades estaduais e municipais, com conselhos profissionais, de direitos e setores da sociedade civil vinculados ao tema

No dia de hoje, 7 de março, o Conselho Nacional dos Diretos Humanos (CNDH) realiza nova missão à região da Luz, em São Paulo, para vistoriar os novos equipamentos criados pela Prefeitura, verificar possíveis ocorrências de violações de direitos humanos na região conhecida como “Cracolândia” e ouvir a sociedade civil.

A comitiva visitará, na parte da manhã, os Centros Temporários de Acolhimento, e à tarde fará reunião com autoridades estaduais e municipais, dentre eles órgãos do Executivo, Defensoria e Ministério Público, e também com conselhos profissionais, de direitos e setores da sociedade civil vinculados ao tema, como o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas e Álcool (COMUDA) e a Associação de Moradores e Comerciantes do Bairro de Campos Elíseos.

De acordo com a presidenta do CNDH, Fabiana Severo, a missão ocorre como continuidade à visita que o Conselho havia realizado em maio de 2017, logo após a ação violenta da Polícia contra usuários de drogas e pessoas em situação de rua da região.

“Diante da falta de avanço na implementação da Recomendação que aprovamos no ano passado, deliberamos por fazer uma segunda etapa da missão, porque a situação é de violação de direitos das pessoas de diversas ordens. Os problemas permanecem”, declara Severo.

Fabiana acrescenta que, além de verificar in loco a situação da Cracolândia, o CNDH irá observar as violações que têm impactado também o entorno, já que a forma como o poder público tem lidado com a situação vem atingindo diversos segmentos. “Vamos ouvir todos os lados no intuito de, conjuntamente, elaborar e propor soluções que não sejam essas do viés da segurança, da violência, pois elas não promovem direitos humanos. Na verdade, elas contribuem para agravar ainda mais a situação e polarizar essa questão, que é de um enfretamento muito mais complexo do que propõe esse viés da segurança”, completa a presidenta do colegiado. 

 

HISTÓRICO

Missão anterior

Em maio de 2017, logo após a remoção violenta de usuários de drogas e pessoas em situação de rua da região pela Polícia, ocorrida no dia 21 de maio, o CNDH foi a São Paulo em missão emergencial para verificar a situação e realizar reuniões com órgãos públicos com responsabilidade no caso.

Foram identificadas diversas violações, como abordagem policial violenta e intimidação; recolhimento compulsório de pertences e dificuldade no acesso às políticas públicas. O CNDH também destacou a ausência de regulamentação do Projeto Redenção, anunciado pelo prefeito de São Paulo como plataforma de tratamento de usuários de crack.

Recomendação

Antes da missão, o CNDH havia aprovado a Recomendação n° 06/2017, sobre a ação realizada no dia 21 de maio. A recomendação continha vários itens direcionados à Prefeitura Municipal de São Paulo, dentre eles, que suspendesse de forma imediata atos de remoção compulsória de pessoas e bens, assim como o bloqueio e a demolição de edificações na região da Luz.

O documento também recomendava que a Prefeitura não promovesse qualquer iniciativa voltada à internação compulsória coletiva ou em massa, e que cumprisse o Plano Municipal de População de Rua, garantindo os direitos mínimos de acesso às políticas públicas de moradia, saúde e assistência social a população em situação de rua e aos usuários de álcool e outras drogas.

No documento também constavam recomendações ao Governo do Estado de São Paulo, para que criasse procedimentos junto aos órgãos de segurança pública de modo que não houvesse abordagem violenta e fosse assegurado o livre e pleno exercício do direito de ir e vir. Ao Governo do Estado também foi recomendada a criação da Política e do Comitê Estadual de População de Rua.

Por fim, a recomendação solicitava ao Ministério Público de São Paulo que apurasse as violações praticadas contra usuários de drogas e pessoas em situação de rua na ocasião, apresentando os responsáveis pela operação. Aos conselhos municipais de Assistência Social e de Saúde, o CNDH recomendou que assegurassem e fiscalizassem o livre exercício de trabalho, ofício ou profissão dos trabalhadores e as trabalhadoras do SUS e SUAS, evitando qualquer intimidação de órgãos públicos.

Fonte: CNDH

 



CONTO: O pior inimigo, por Pedro Carrano

March 6, 2018 16:02, by Terra Sem Males

Jeremias perdeu a memória com uma porrada na cabeça, que doía, mas ele não se lembrava de nada. Passava então as tardes na sinuca, a pontaria ainda era precisa. O que não acertava mesmo era o lugar onde ele morava, onde trabalhava, onde viveu.

À noite buscava uma marquise pra se proteger da chuva até que o bar do Seu João abrisse no outro dia. Entrava nos comentários sobre política e pensava: como a gente chegou nisso?

Os dias passavam, em meio à cerveja e à chuva de janeiro no aglomerado do boteco. Com o tempo, algo o incomodou: quem era o responsável pelas suas feridas? Desconfiou do dono do bar. Afinal, Seu João se assustou quando Jeremias apareceu ali. Terá sido ele?

Armou o plano. Plantou entre os amigos a notícia de que havia sido morto no bairro. Queria saber a reação. E, escondido atrás dos carros, pressentiu o momento quando Seu João brindou a morte dele.

Jeremias então arrebentou o velho, acertou as contas. Só que mais tarde, recuperando a memória, percebeu que o pior inimigo dele na verdade havia sido ele mesmo.

por Pedro Carrano
Mate, café e letras – crônicas latinoamericanas