Camponeses iniciam greve de fome em Brasília contra a Reforma da Previdência
December 5, 2017 20:16Camponeses do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) iniciam hoje, 5 de dezembro, Greve de Fome na Câmara dos Deputados Federal em Brasília como forma de repúdio a Reforma da Previdência que assombra os trabalhadores do campo e da cidade, e que poderá ser votada a qualquer momento.
As recentes notícias da proposição do relator da Reforma da Previdência, Arthur Maia (PPS-BA), de retirar os trabalhadores rurais da proposta encaminhada para votação é mentira e a não votação da reforma na Câmara do Deputados não desmobilizou os trabalhadores, diante disso o Movimento segue somando nas atividades da Frente Brasil Popular em todo o País. “Para o MPA a Greve de Fome significa que alguns passarão fome por alguns dias para evitar que muitos passem fome uma vida inteira”, afirma Bruno Pilon.
O MPA reafirma sua posição contrária a Reforma da Previdência, posição essa expressa por todas as organizações do campo e da cidade que de fato defendem os interesses da Classe Trabalhadora. “Nem a aparente retirada dos rurais da Reforma Previdenciária nos fará retroceder a luta, essa é uma Luta de Classe. Se nossos irmãos e irmãs urbanos serão atingidos também seremos, vamos nos manter firmes para barrar esses retrocessos”, aponta Pilon.
Os camponeses e camponesas que estão fazendo a Greve de Fome, Frei Sergio Görgen, Josi Costa e Leila Denise Meurer sabem do desafio que é imposto a privação de se alimentar, mas visto o nível de retirada de diretos que se encontra é uma das ações que estão dispostos a fazer para contribuir com a derrocada dessa Reforma, esse é um aviso prévio das ações que eles irão executar caso essa Reforma venha a ser votada.
O Movimento não aceita a manobra do governo golpista e assegura que irá cerrar fileiras junto com todos os companheiros e companheiras urbanos e rurais, junto com suas entidades de Classe para barrar esta votação e derrotar a reforma na Câmara do Deputados.
Foto: Adilvane Spezia/MPA
Pré-Fórum Social e Popular reúne mais de 150 militantes e ativistas
December 5, 2017 19:58Mais de 150 militantes e ativistas sociais das cidades de Foz do Iguaçu, Toledo, Cascavel, Santo Antônio do Sudoeste, Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina) participaram do Pré-Fórum Social e Popular da Tríplice Fronteira, etapa de Foz do Iguaçu. O encontro aconteceu sábado (02), no campus da Unioeste.
O objetivo é construir uma articulação permanente dos movimentos sociais, reunindo organizações e coletivos das Três Fronteiras que atuam no campo popular e democrático. O evento constitui etapa preparatória para o 4° Fórum Social e Popular da Tríplice Fronteira, previsto para acontecer ano que vem, na Argentina.
Participaram do pré-fórum representantes de dezenas de entidades e movimentos. Na abertura do encontro, o professor Dr. Luciano Wexell (Unila) contextualizou as condições da luta política nos países da América Latina. Integrantes da coordenação do fórum, Macarena Mott e Pablo Friggeri, apresentaram o histórico e os objetivos da mobilização.
Para Friggeri, a unidade entre os movimentos sociais e populares da região é fundamental para o enfrentamento das lutas. “Unir é a única forma que temos, a unidade é uma necessidade de todos nós”, disse. “Precisamos buscar caminhos juntos para enfrentar tudo o que está acontecendo na América Latina”, refletiu.
Atos políticos
Durante o Pré-Fórum Social e Popular, aconteceu o ato político contra a Lei da Mordaça, a favor do direito da escola debater gênero, política e cidadania, apresentado por (APP-Sindicato/Foz) e Elaine Bernardes (Sinprefi). Docentes da Unioeste/Foz, Ivanete Schumann e Sebastião Gonçalves fizeram exposição sobre o desmonte das universidades promovido pelo governador Beto Richa (PSDB).
Representando o Sinditest, Warner Lucas Alves denunciou os prejuízos que os trabalhadores dos setores público e privado terão se for aprovada a reforma da Previdência. A trajetória de luta e os enfrentamentos políticos do MST foram apresentados pelas lideranças do movimento na região, Dilce Britez e Nildemar da Silva.
Unir e lutar
Após discussões nos grupos, promovidas no período da tarde, os participantes do encontro apresentaram na plenária propostas de lutas comuns e temas para serem discutidos na Fórum Social e Popular. Também foi aprovado a construção de uma agenda unificada nas Três Fronteiras no Dia Internacional da Mulher. O próximo pré-fórum será em Ciudad del Este.
Cultura e arte
A abertura e o encerramento do encontro contaram com apresentações culturais. O músico Marcos Vinicius apresentou clássicos da MPB em voz e violão. O Maracatu Alvorada Nova encerrou o evento com baque vibrante. Na apresentação, estavam os alunos das oficinas artísticas que recentemente foram atacados por morador da Vila C, que lançou veneno contra o grupo em gesto de racismo, intolerância e violência.
No saguão da universidade, foram instaladas as exposições “À flor da pele”, de Aline Torres, Marcão Oliveira e Jonathan Washington, “Terra”, de Sebastião Salgado e “Brecht”, que pertencem ao acervo da Associação Guatá. A entidade cultural ainda organizou uma banca literária durante o evento.
Clique para ver as fotos do encontro
Fonte: Centro de Direitos Humanos e Memória Popular
Foto: Bianca Gabriele
Gritos do “Fora com a reforma” e “Fora Temer” ecoam pelo país
December 5, 2017 19:48Mudanças na previdência podem ser votadas ainda em 2017
Não foi a greve geral que todos esperavam, mas teve luta por todo o país neste dia 5 de dezembro. Enquanto Michel Temer acelera as negociatas com os partidos para reunir os votos necessários para aprovar a chamada Reforma da Previdência no Congresso, trabalhadoras e trabalhadores de todo o país e de todos os seguimentos foram às ruas.
Em Curitiba a mobilização aconteceu na Praça do casal nu, no centro da cidade. Os manifestantes, a maior parte de servidoras/es públicos federais e estaduais, não perderam a chance de dialogar com a população sobre os perigos trazidos pelas possíveis mudanças na Previdência. Também foi feito o debate sobre os demais ataques contra os direitos das/os trabalhadoras/es.
Outra cidade do Estado onde houve manifestações foi Londrina. Lá o Coletivo de Sindicatos da cidade, que envolve tanto servidores públicos como trabalhadores da iniciativa privada, fez um ato que começou no calçadão e percorreu as ruas do centro da cidade. Como na capital, a linha dos protestos era o Fora com a reforma e o Fora Temer.
Falácia – O governo segue investindo forte em publicidade para tentar convencer a população de que tornar a aposentadoria mais difícil é bom. Serão 100 milhões de reais em propaganda sem falar na verba que é liberada para as/os deputadas/os gastarem em seus redutos. Acabar com a Previdência é prioridade para esse governo, que deve apostar todas as fichas na semana que vem. De acordo com os analistas, se ficar para 2018 vai ser muito difícil a reforma passar.
Adesão – Cidades como Belém, Aracaju, Mossoró, Goiânia, Fortaleza, São João Del Rei, São Luiz, Criciúma entre tantas outras pelo país afora também contaram com manifestações. São Paulo contou com o ato mais expressivo, realizado na Avenida Paulista no final da tarde. No mesmo horário, uma segunda manifestação aconteceu em Curitiba, no Calçadão da Rua XV, organizada pela Central Única dos Trabalhadores – CUT. Ainda na região da capital paranaense, os bancários amanheceram no aeroporto para dialogar com os passageiros e interceptar os deputados federais que embarcavam para Brasília.
Por Marcio Mittelbach
Terra Sem Males
Fotos do ato em Curitiba contra a reforma da previdência, por Henry Milléo
December 5, 2017 13:11Servidores ligados a sindicatos de trabalhadores na área de saúde realizaram nesta terça-feira, 5/12, um ato em Curitiba para dizer NÃO à Reforma da Previdência. Confira abaixo fotos do repórter fotográfico Henry Milléo.






Atos pelo país vão dizer NÃO ao FIM da aposentadoria
December 4, 2017 19:17Curitiba terá manifestação a partir das 9h na Praça do casal nu
Nesta terça-feira, 5/12, serão realizados atos em diversas cidades do país para dizer NÃO à Reforma da Previdência. No Paraná já existem mobilizações marcadas para Curitiba, Londrina e Maringá. Mesmo com a indefinição de algumas centrais sindicais com relação à greve geral, trabalhadoras e trabalhadores de todo o país não vão deixar de ir às ruas.
Vale dizer que o governo abriu mão de levar o assunto ao plenário da câmara dos deputados nessa semana, mas não de aprovar a Reforma ainda em 2017. A mudança de planos se deu porque Temer sentiu que poderia perder a votação. Pediu tempo para negociar com os partidos.
Por isso é tão importante manter as mobilizações. Quanto menos pressão das ruas, mais fácil vai ser para o governo conseguir que os partidos fechem questão em favor da chamada Reforma, que de Reforma não tem nada. Caso consiga isso, as/os deputadas/os que votarem contra a orientação do partido podem perder o cargo.
No Paraná – Estão marcadas diversas mobilizações nesta data. Em Curitiba, sindicatos ligados aos serviços públicos da Saúde e da Educação vão realizar ato a partir das 9h na Praça do casal nu, a 19 de Dezembro. Outro ato será realizado pelos movimentos sociais às 17h no calçadão da Rua XV com a Monsenhor Celso. Já em Londrina, o Coletivo de Sindicatos de lá fará um o ato no Calçadão em frente ao Banco do Brasil. Em Maringá, o Sindicato dos servidores das universidades prepara uma panfletagem nos portões da UEM – Universidade Estadual do Paraná.
Por Marcio Mittelbach
Foto: Joka Madruga
Terra Sem Males
Trecho do livro “Entre Muros e Montanhas”, de Pedro Carrano
December 4, 2017 11:34A obra “Entre muros e montanhas: encontro com os zapatistas no México – e outras histórias dos Andes à América Central” é a reunião de diários de viagem, reportagens e crônicas de 14 países latino-americanos que o autor, Pedro Carrano, atravessou entre os anos de 2005, 2006 e também 2008.
O livro tem 250 páginas e será lançado no dia 7 de dezembro (quinta), às 19h, na APP-Sindicato (Av. Iguaçu, 880 – Rebouças), em Curitiba. O preço é R$ 50.
Confira o trecho abaixo, datado de 9 a 11 de dezembro, na cidade de Perquín, departamento de Morazán, em El Salvador (América Central):
Fantasmas protagonistas
“Homens e mulheres magros, cuja pele é feita de uma casca que combina com a força de suas histórias. O que se vê agora não tem ligação com o que foi. Don Jose era professor dos guerrilheiros da Frente e agora viaja de povoado em povoado, em busca de festas dos padroeiros de cada vila, para alugar sua roda-gigante ou o carro que gira, a batata-frita gordurosa ou o tiro ao alvo do seu parque de diversões. Nahum me dizia que a guerra deixou um saldo de combatentes sem perspectiva. Perderam tudo e o melhor seria ter combatido até a morte. Nada restou. Só a vida. Em Perquín, a brisa gelada não parecia tocar as esquinas por onde andava um deles. A perna manca. Os braços, longos para um centroamericano, buscam a minha mão com ternura de criança. Ele oferece me levar para conhecer onde estão sepultados seus 35 parentes. Queria conversar, onde e como fosse, viver os segundos de criador de si mesmo e de sua história, antes de voltar às sombras e às palavras truncadas com a bebida e as esquinas curtas daquela região. Convidei-o para comer na hospedagem da Abuelita, um dólar por comida boa. Nem precisava. Ele queria explicar suas razões de vida, defendia a guerrilha como quem fala de uma antiga equipe de futebol. Os olhos esbugalhados, a indiferença às cenas de horror que nos remexiam na cadeira. Caminhar duas horas pela montanha com as pernas repletas estilhaços de ferro. Ao chegar ao acampamento, ainda teve de instalar um rádio antes de descansar. Logo, caminhar até o outro lado da fronteira com Honduras, junto a outras duzentas pessoas, em busca de refúgio. Partiram todos para uma igreja e esperaram pela documentação dada pelas Nações Unidas para ser transportados a algum hospital nicaraguense.
Ele explicava, com certo orgulho, as estratégias que usou para estar vivo. Eu tentava transformar em inglês as suas palavras, para duas neozelandezas sentadas à mesa conosco. Impossível. O ritmo, o sangue jorrando, as gírias, a dura ironia salvadorenha. Como traduzir o trecho abaixo:
– Queriam cortar a minha perna e eu lhes disse que só a carne estava em fiapinhos, que não cortasse o osso”.
Por Pedro Carrano
Rio de Janeiro recebe feira com produtos da reforma agrária
December 2, 2017 19:58Missão Correntina: Comitiva verifica “in loco” situação da população de Correntina (BA) após manifestações
December 1, 2017 9:29Moradores denunciam várias arbitrariedades e violações nas investigações.
O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) realiza uma Missão “in loco” para verificar a situação da população ribeirinha e de defensoras e defensores de direitos humanos do município de Correntina, no Oeste da Bahia. A Comitiva é composta por representantes do Ministério Público Federal (MPF), poder público, organizações e movimentos sociais.
Ontem (30), aconteceu uma reunião com moradores e lideranças do município, autoridades encarregadas das investigações referentes às manifestações que ocorreram em prol do rio Arrojado, além de representantes do poder público local. Outra agenda será com a delegada Núncia Zaira Pimentel Neves, responsável pelas investigações.
Na última semana, o Comitê divulgou uma Nota pública onde manifesta preocupação com a crescente onda de criminalização sofrida pelos moradores de Correntina que, para evitar a morte do rio Arrojado, vêm realizando protestos e denúncias quanto ao uso indiscriminado das águas do rio para irrigar grandes plantações do agronegócio.
“Nós só queremos nosso rio preservado. Ninguém vai morrer de sede nas margens do Arrojado”, disse uma moradora da cidade durante manifestação, realizada em 02 de novembro desse ano, na área da fazenda Igarashi (uma das propriedades responsáveis pela retirada de um alto volume de água do rio para irrigar plantações). Os moradores da cidade começaram a ser investigados e intimados a depor sobre sua participação nos protestos, e denunciam várias arbitrariedades e violações.
Os integrantes da Missão participam, ainda, da audiência pública proposta pelo Ministério Público da Bahia, que ocorrerá no ginásio de esportes da cidade, na sexta-feira (01) às 9h, e irá discutir a redução da vazão dos rios da Bacia Hidrográfica do Corrente. Uma marcha, com concentração marcada às 7h na beira do rio Corrente, conduzirá a população até o local da Audiência Pública.
A crise hídrica no município e o desastre ambiental na região não são recentes, começaram na década de 1970, quando grandes empreendimentos chegaram à região. Com outorgas concedidas pelo governo para a retirada de água e sem fiscalização às irregularidades cometidas por esses empresários, os problemas se agravaram condenando, inclusive, vários riachos a extinção.
A Missão contará com representes da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), Ministério Público Federal (MPF); Fórum por Direitos e Contra a Violência no Campo; Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH); Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Comissão Pastoral da Terra (CPT); Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); Via Campesina; Terra de Direitos (TDD); Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ); Comissão de Justiça e Paz; Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural de Brasília.
Fonte: Comissão Pastoral da Terra
Foto: Thomas Bauer/CPT
Depreciaram uma subsidiária da Petrobrás para vender mais barato
November 30, 2017 13:04Cinco razões para crer que o novo diretor da PF foi nomeado para “estancar a sangria”
November 30, 2017 12:36Escolha pessoal de Temer, delegado Fernando Segóvia era o preferido da alta cúpula do PMDB em Brasília
“Tem que mudar o governo para estancar esta sangria”
Há um ano e meio, a frase dita pelo senador Romero Jucá (PMDB), braço-direito de Michel Temer (PMDB), ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, entrava para a história como um dos símbolos do golpe parlamentar de 2016.
A conversa telefônica foi divulgada durante o período de afastamento provisório da então presidenta Dilma Rousseff (PT), e escancarou um dos objetivos do impeachment: frear as investigações de corrupção no Brasil, e não ampliá-las.
Desde que assumiu a Presidência, Temer foi alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR), e investiu R$ 12 bilhões para barrá-las no Congresso Nacional. Conforme previsto no roteiro de Jucá, o presidente golpista também mudou a chefia da PGR, em setembro, e há dez dias nomeou um novo diretor-geral para a Polícia Federal (PF).
Ambas as escolhas são polêmicas. A nova PGR, Raquel Dodge, pertencia a um grupo de oposição ao antecessor, Rodrigo Janot. No caso da PF, o escolhido foi Fernando Segóvia – que não era o preferido de Leandro Daiello, diretor-geral da corporação desde 2011.
Confira abaixo cinco motivos para suspeitar das intenções de Temer ao nomear Segóvia para o comando da PF:
I – Lados opostos
Desde o início do ano, Leandro Daiello deixou claro que pretendia deixar o cargo, e até recomendou um sucessor para o cargo: o delegado Rogério Galloro, então número 2 da corporação. Este também era o nome preferido do ministro da Justiça, Torquato Jardim. Porém, Michel Temer preferiu Segóvia, que logo anunciou mudanças em postos de chefia da PF – responsáveis pelo avanço da Lava Jato.
Nomeado pela ex-presidenta Dilma Rousseff, Daiello pode ser criticado sobre vários aspectos, menos sobre a autonomia em relação ao Poder Executivo. Foi na gestão dele que vieram à tona casos de corrupção no governo federal.
Manter essa autonomia não parece ser a intenção de Temer, que teve a chance de escolher a dedo quem irá investigá-lo e não iria desperdiçar a chance de se proteger. Embora tenha barrado duas denúncias da PGR no Congresso, o presidente golpista continua na mira da PF em Brasília, que apura fraudes durante a elaboração da Lei dos Portos.
Em nota oficial, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) desejou sorte ao novo diretor-geral, mas insistiu para que da próxima vez seja escolhido para o cargo um dos três mais votados pela corporação.
II – Preferido da alta cúpula
A nomeação Fernando Segóvia recebeu apoio da alta cúpula do PMDB, que tinha pressa para trocar o comando da PF desde o início da operação Tesouro Perdido – que localizou a mala com R$ 51 milhões atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
É de conhecimento público que os caciques do partido estavam na mira de Daiello e de seus subordinados. A segunda denúncia contra Temer, barrada no Congresso, foi baseada em um relatório da PF sobre o chamado “quadrilhão do PMDB”.
Por algum motivo, após 22 anos de trabalho na corporação, Segóvia mereceu a confiança de todos eles.
III – O primeiro discurso
Na solenidade de posse, no Ministério da Justiça, Segóvia não falou em frear ou limitar as investigações da Lava Jato. Porém, utilizou um argumento sugestivo no primeiro disurso e nos pronunciamentos à imprensa.
Em nenhum momento, o novo diretor-geral da PF atribuiu centralidade à operação Lava Jato no combate ao crime organizado e aos desvios ocorridos no país. O delegado preferiu dizer que a corrupção é “sistêmica”, e que sua função como diretor não é aperfeiçoar apenas a Lava Jato, mas todas as operações.
Essa linha argumentativa é a mesma adotada por Michel Temer, desde o golpe.
IV – Defesa da PEC 37
Uma das bandeiras das manifestações de junho de 2013 era a rejeição à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37. O texto sugeria que o poder de investigação criminal fosse exclusivo da polícia, em detrimento do Ministério Público. Segundo a interpretação equivocada dos movimentos que saíram às ruas em apoio à Lava Jato, a PEC 37 comprometeria o avanço das investigações de corrupção no Brasil.
Fernando Segóvia assumiu uma defesa corajosa e ferrenha daquele texto. “O Ministério Público começou a investigar sem controle, através de procedimentos que estão inclusive sendo questionados junto ao Supremo Tribunal Federal”, disse o delegado à TV Ajufe, em maio de 2013.
A PEC defendida por Segóvia chegou a ser chamada de “carta branca para a corrupção”, e foi derrotada por 430 votos a 9 na Câmara Federal. Se a proposta fosse aprovada, o Ministério Público não cometeria tantas arbitrariedades e os políticos – corruptos ou não – poderiam apresentar sua defesa, conforme o devido processo legal.
V – Passado condena?
No dia 17 de setembro, Michel Temer recebeu o ex-senador José Sarney (PMDB) no Palácio do Jaburu para conversar, entre outros assuntos, sobre a troca no comando da PF. Na semana seguinte, “vazou” em Brasília a informação de que Fernando Segóvia era o nome preferido de Sarney.
Os dois se conhecem há pelo menos onze anos. Em agosto de 2008, Segóvia assumiu a Superintendência da PF no Maranhão. De 2009 a 2014, o estado foi governado pela filha do ex-senador, Roseana Sarney (PMDB).
Segundo a revista Veja, circula em Brasília um dossiê que mostra as relações íntimas do novo diretor-geral da PF com a família Sarney e com o ex-ministro Edison Lobão (PMDB). O documento aponta que Segóvia morou no apartamento de um empreiteiro ligado a Lobão, e que o delegado costumava frequentar a casa dos Sarney com a esposa – inclusive, o casal teria passado um carnaval na companhia de Roseana.
Este material faz parte da cobertura especial do Brasil de Fato sobre a operação Lava Jato. Clique aqui para ter acesso a outras reportagens sobre o tema.
Por Daniel Giovanaz/Brasil de Fato
Edição: Ednubia Ghisi
Foto: Marcos Corrêa/PR